domingo, 6 de março de 2016

PERFEITO ESTRANHO 1º PARTE







A discoteca estava cheia, o habitual da sexta feira à noite. Cristy brincava com o seu copo de sangria. Mais um dia se vira arrastada por Ana para a farra. Ela preferia estar no seu cantinho sossegada a ler um livro, mas depois de um dia de trabalho, não tinha forças para discutir com Ana. Por isso ali estavam, a musica alta mal permitia manter uma conversa sem ser aos gritos.

- Isto está animado, vamos. Anda dançar. - Ana insistia pela quarta ou quinta vez.
- Vai tu, já te disse que estou cansada. nem devia de ter vindo, não sou boa companhia. Vai tu, estás mortinha por dançar com o loirinho.
- Não te importas? -mas nem esperou resposta

Cristy olhou a amiga dançando, eram amigas desde a primaria. Embora com gostos muito diferentes sempre se mantiveram unidas. Nos tempos da faculdade, Ana tinha todos os rapazes atrás dela, o corpo bem torneado e os seus olhos verdes faziam um conjunto explosivo. Não havia rapaz algum que lhe fosse indiferente. Se bem que, o facto de ter os peitos mais avantajados de todas também contribuía! Cristy, bem, na verdade Cristina, Cristy fora o diminutivo que Ana lhe colocara por volta do terceiro ano e ficara até hoje. Ela até gostava do nome. A mãe dela é que não gostava, dizia que não ligava com ela. Mas ela via-se no espelho e achava que tinha cara de Cristy. Os cabelos castanhos escuros, com reflexos alourados emolduravam um rosto alongado, com uns olhos castanhos quase negros e nariz pequeno. Gostava da boca, tinha os lábios carnudos, essa era a única coisa que lhe elogiavam os rapazes. O seu corpo não era feio mas não era tão prendada como Ana, embora a mãe insistisse que ela só não era atraente, porque insistia em esconder-se debaixo das jeans e das camisolas largas, se ela se decidisse a mudar de vestimenta, o patinho feio transformava-se em cisne! Pois sim! E os seus peitos?! Não eram pequenos, mas também não eram volumosos como os da amiga. Definitivamente tinha cara de Cristy ! Ela era mais pacata, gostava de ler. A sua vida social resumia-se aos passeios com  napoleão, o seu molengão mastiff, no parque ou  na praia. Ana adorava a noite, e tudo o que pertencia ao mundo nocturno. E fazia questão de a arrastar para a noite, todas as sextas feiras. Olhou as pessoas, todos estavam acompanhados, sentiu-se um bicho raro. Levantou-se com intenção de ir para casa, mas Ana dirigia-se para a mesa.

- Não estavas a pensar em ir embora, pois não?
- Por acaso estava. Que aconteceu à conquista?
- Foi ter com um amigo... olha ali vem ele.

Cristy nem teve tempo de olhar, quando percebeu estava sentada com um estranho... Ana já tinha arrastado o "loirinho" para a pista, deixando-a a sós com um estranho! Do qual nem sabia o nome!

Ficou olhando a amiga por uns minutos sem saber que dizer!

- Desculpa, mas estava mesmo de saída.- acabou por dizer. Um dia tinha de dizer não à amiga, e era hoje.- Aliás já devia de ter saído...
- Então já somos dois! Detesto discotecas.- aquela voz rouca fez Cristy observa-lo , sentiu a sua pele arrepiar. O homem que tinha na sua frente era moreno, de olhos verdes acastanhados, as calças de fato e a camisa negra, fazia-na lembrar uma pantera prestes a saltar sobre a sua presa, e deu por si desejando ser ela a sua presa...todo ele emanava sensualidade.
- Bem,eu vou. - Cristy abandonou a discoteca,sentia-se uma adolescente que estava pela primeira vez diante de um homem. E era, nunca tinha visto um homem como aquele.
- Desculpa! - um formigueiro traquinas percorreu o seu braço, desde a mão que ele agarrava até ao seu pescoço onde os cabelos se arrepiaram.- Podes indicar-me um sitio, onde possa tomar um café sem ficar surdo?
Cristy olhava a mão dele na sua. Não fez movimento algum para a retirar. Gostava do toque... Há tanto tempo que um homem não a tocava...
- Eu vou tomar café no Livros com sabor, mas possivelmente não gostas. - até ela estava admirada de ter dito aquilo. Tinha-o convidado?! Porque era um convite...não?!
- Qualquer coisa é preferível a isto...

Saíram juntos em silencio, embora já não a tocasse, Cristy ainda sentia o calor da sua mão na dela.
O silencio da noite foi um balsamo para ela. Precisava de apanhar ar. Clarificar as ideias. Mas só conseguia pensar naqueles olhos verdes. Sentia-se na obrigação de dizer algo mas o quê?

- Não estou a incomodar-te?!- foi ele que quebrou o silencio
-Não...- calou-se não sabia que dizer. Definitivamente tinha de sair mais.
- A tua amiga, não vai andar à tua procura?
- Não me parece.- a amiga já tinha companhia mais agradável - Preciso de parar de vir com ela... prefiro os meus livros.
- Gostas de ler? Não tens cara de quem lê
- Adoro...- ele olhara bem para ela?! Tinha cara de rato de biblioteca! Só lhe faltavam os óculos.
- E que tipo de livros lês?
- Policiais principalmente. É aqui.

Envergonhou-se de dizer que preferia romances, entraram num café fora do convencional. As paredes ao invés de quadros tinha estantes cheias de livros. As mesas baixas e os cadeirões de aspecto confortável, davam um ar de sala ao ambiente. Ouvia-se uma musica calma, em tom baixo, de modo a não interferir com as conversas.Uma rapariga dirigiu-se a eles assim que entraram, e acompanhou-os a uma mesa livre. Deixou-lhes um cardápio  e afastou-se.

- Aqui tens vários tipos de café e chás entre outras bebidas. Adoro este sitio, venho aqui todas as noites.- calou-se. Porque raio estava a dizer-lhe aquilo?
- Então se quiser voltar a ver-te basta vir aqui?

Ela mordeu o lábio envergonhada e fingiu não ter ouvido

- Desculpa, não ouvi.- ele riu-se
- Estavas a falar dos teus livros favoritos...- outra rapariga dirigiu-se a eles
- Boa noite a ambos, trouxe-te o costume mas para si não sei que prefere. Já decidiu?
- O que recomenda? É a minha estreia.
- Então vou trazer-lhe o mesmo, uma explosão de verão.
- Explosão de verão?!

 Cristy riu-se da cara dele. Fazia uns bons anos que não saia com um homem...aquilo era considerado uma saída?! Não sabia, nem queria saber. Aproveitaria o resto da noite, afinal ele depressa se cansaria dela. Todos se cansavam, principalmente, quando sabiam como ia acabar a noite... cada um na sua casa!!! Para sua surpresa, acabou por gostar da companhia dele. Passava das onze da noite quando deixaram o café. Ele insistiu em acompanha-la a casa. Foram a pé, a casa dela ficava perto. Durante o percurso, estiveram um pouco em silêncio,ela sentiu-se incomodada. E se fosse um assaltante?  Afastou aquela ideia absurda, se os assaltantes tinham aquele aspecto, ela queria ser assaltada todos os dias. Mas que se passava com ela?! Estava completamente apanhada!

- Chegamos.- disse ela parando no meio do passeio.
- A minha mãe sempre me disse que, quando se leva uma donzela a casa, devemos esperar que ela entre.

Ele estava a gozar com ela?! Só podia!Pois não gozaria por mais tempo, sentiu-se enrubescer de raiva. Os homens são mesmo uns idiotas, sejam bonitos ou feios!

- Obrigada pela companhia. Gostei muito. - a voz saiu-lhe mais agressiva do que pretendia.
- Claro, qualquer coisa é melhor que o barulho da discoteca... inclusive a minha companhia.
- Não foi com essa intenção- sentiu-se corar- Gostei mesmo. Obrigada.

Cristy subiu os degraus e parou junto à porta antes de entrar, olhou para trás,ele ainda ali estava no meio do passeio. Bolas!! Estamos em pleno século XXI... ela devia de ser a única mulher ao cimo da terra, que sai com um homem e o manda para casa!

- Boa noite, mais uma vez obrigada.

Como ele não se mexia ela fechou a porta. Encostou-se a ela por dentro e deixou-se escorregar até ao chão, e se ele batesse à porta? Abriria?! Teria coragem?! Fazia tanto tempo que não estava com um homem, que possivelmente já esquecera como são!
Um Napoleão molengão veio deitar-se nos seus pés.

- Pois é Napoleão, lá vai mais um.

O cachorro latiu em ar de choro. Afagou-lhe a cabeça e foi deitar-se, era tarde e amanhã tinha de trabalhar.
Mas a noite foi povoada com sonhos, onde um lindo estranho a visitava...
Exactamente como nessa noite, ele foi acompanha-la a casa mas ela não entrou, deixou a porta entreaberta e olhando para trás voltou a colocar a chave no bolso do blusão, dirigiu-se a ele e pendurou-se do pescoço dele, beijaram-se, ele sabia a mar...a homem... ele pegava-a ao colo e levava-a em braços para casa, entre beijos ele acariciava a sua pele por baixo da sua blusa. Depressa lha arrancou e com todo o carinho beijou-lhe os seios, a sua mão desceu até às suas pernas que separou com mestria. Começou a acariciá-la e a beijá-la ao mesmo tempo... cada vez com mais intensidade. Começou a doer-lhe  cabeça... mas porque lhe doía a cabeça? Estavam na cama...

Rectificou, estava na cama, sozinha! Doía-lhe a cabeça porque a tinha em cima da sua mesinha de cabeceira! Tinha dado assim tantas voltas?   Ficou sentada na cama, estava excitada...e com a respiração acelerada. Levou a mão à boca, os seus lábios tremiam de excitação. Que se estava a passar com ela? Nunca conhecera um homem que tivesse aquele efeito nela. Um conhecido não, mas um desconhecido...

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