A festa acabou tarde, Rita rendeu-se ao sono no colo do pai. Ana e Miguel foram para casa, com um dos pais de uma amiga de Rita, precisavam estudar. Maria e Alfredo deitaram-se pouco depois. Fernando subiu para deitar a filha e Rosa foi ajudá-lo, mas já não desceu. Com a ajuda de Filipa a sala ficou arrumada num instante. As máquinas estavam a lavar, a comida que restou estava no frigorífico.
- Queres um café antes de irmos?
- Um café?! Só se for um chá. - Filipa acenou na direcção da sala- Ele não se vai importar?
- Não. - Ela riu-se da amiga - Vá, senta-te. Queres só chá ou queres bolo?
- Só chá. São simpáticos. Pensei que eram snobes...assim, tipo nariz empinado.
- Não, são muito acessíveis. - Deu-lhe a chávena e sentou-se olhando o liquido quente. O olhar triste não passou despercebido à amiga.
- Cada dia que passa é mais complicado, verdade?
- Sim, e descobrir certas coisas não ajuda.
- Tais, como...?!
- Coisas. - Ali não era o sitio indicado para falar do que a preocupava - Vou verificar se está tudo fechado e vamos embora. Amanhã... - Olhou o relógio - Hoje é outro dia.
Filipa ficou sentada a acabar o chá. Apagou a luz da sala de jantar e da sala de estar. Havia luz no escritório. Deu dois passos na direcção da porta, mas parou, não iria ter com ele! Se fosse, acabava nos braços dele. Tinha coisas a assimilar. E a amiga estava à espera. Como a noite já ia adiantada, resolveram ir no carro de Filipa, amanhã viria de táxi.
- Estou estourada! - Reclinou-se no banco do carro - Se adormecer, não me acordes.
- Prometo, mas se acordares congelada não me processes.
As duas riram, começaram a reviver as viagens dos tempos de escola. E entre risadas e muitos "lembras-te?!" chegaram a casa dela. Despediu-se da amiga e subiu.
Ana dormia, aconchegou-a e deu-lhe um beijo. A sua menina estava uma mulher. Para a semana ia para outro país ajudar quem mais precisa. No fundo estava orgulhosa dela. O orgulho era maior que a preocupação.
Quando se deitou a conversa que Rosa fez na cozinha encheu a sua cabeça com suposições. Ju tinha dormido com outro homem, e ele nem se importou com isso. Era por isso que ele dormia com ela? Queria vingar-se da esposa? Se assim fosse, porque não lho disse?! Podia regozijar-se na cara dela! Talvez lhe basta-se saber que também lhe era infiel! Era uma vingança doce. Possivelmente tinha medo que ela usa-se isso contra ele no processo de divorcio. Se, houvesse divorcio, começava a duvidar disso. É preciso amar muito uma pessoa para perdoar uma traição! Ela nunca o faria, era capaz de perdoar qualquer coisa, mas uma traição?!
Na manhã seguinte, estava mais confusa que na noite anterior. Não podia ser amante dele para o resto da vida. Tinha de se afastar dele. Por muito que isso a magoa-se, ser amante dele ia magoá-la ainda mais. Mas sabia que se falasse com ele acabava por se entregar a ele, e tudo ficava igual. E estava Rita, tinha prometido a Maria que não a ia abandonar. Se Ju voltasse quem a defenderia?! O pai estava quase sempre fora. Com a avó e a tia longe, restava ela. Enquanto tomava café com Filipa comentou esses aspectos todos.
- Nunca te vi entregares-te tanto. Já estamos habituados a que te apaixones pelos filhos, mas desta vez incluíste o pai! - Fez uma pausa -E estas a esquecer uma parte muito importante.
- Qual?!
- A financeira.
- Essa pouco me importa, tenho algum dinheiro guardado. Dá para viver uns tempos.
- E se tiveres de lhe pagar uma indemnização?!
- Não acho que ele fosse capaz - Mas os seus olhos demonstravam que não estava segura disso.
- Tens de te colocar na pele dele. Será como se fosse duplamente enganado. E uma coisa é ser enganado pela mulher, outra, pela empregada. Porque, quer queiras quer não, és, uma empregada! Vê em ti, a forma de se vingar da mulher sem dar nas vistas, sem manchar a sua honra. Aos olhos dos pais é o homem ideal, que só pensa na filha. Para o resto do mundo é um homem que suporta um par de cornos em prol do bem estar da filha! Lembra-te, apenas a família sabe o cruel que ela é para a menina. Não me parece que ele queira abdicar assim, da sua vingança silenciosa!
Quando deixou a amiga, estava mais temerosa que nunca. Se Filipa tivesse razão, estaria arruinada em pouco dias. E com a filha em viagem não podia dar-se ao luxo de ficar sem emprego. Apenas restava uma opção, aguentar. Por Ana, e por Rita, que amava como a uma filha seria capaz de suportar tudo!
Maria já estava acordada e fazia o pequeno almoço.
- Espero que não te importes. Mas acordei e apeteceu-me cozinhar.
- A casa é sua. - Colocou o pão na mesa - Rita já acordou?
- Está tudo bem? Pareces preocupada. Ou não gostas-te de me ver a cozinhar?!
- Claro que não. Pode cozinhar se assim preferir.
- Magda, a minha cozinheira, não admite que entre nos domínios dela. Mas há algo mais. Queres falar do que te preocupa?
- Estou preocupada com a minha filha, vai para fora por três meses. - Desabafou com Maria- Nunca me afastei dela. Mas com o trabalho vou afastar essas preocupações. Vai correr tudo bem.
- Ainda me lembro da primeira vez que Fernando foi para Londres. Não dormia sem falar com ele. E com Rosa as coisas não foram mais fáceis.
- Acredito. O facto de termos mais filhos não implica que deixemos de nos preocupar.
- Pensei que só tivesses a Ana.
- Sim, é apenas a Ana. Mas costumo adicionar "filhos" à minha lista, tenho o Rui, a Mara,a Tatiana, o Ruben, a Mariana,a Carolina... entre outros, até chegar à Rita. As pessoas acham estranho, mas quero-lhes como se fossem meus.
- É preciso um grande coração minha querida.
- Ou como diz uma amiga minha, ser muito parva.
-Quem é parva? - Uma voz ensonada meteu-se na conversa - Eu?
- Não linda. São coisas minhas. Dormiste bem?
- Sim, mas tenho fome. - Deu um beijo à avó e abraçou Catarina. -Ainda há bolo?
- Não comeste suficiente ontem?
- Deixa lá Caty...só um pouquinho. Prometo não comer chocolate durante uma semana.
- Uma semana?! Muito tempo, não te parece?
- E bebo leite sem chocolate. - Como Catarina não lhe fazia a vontade, centrou o pedido noutra direcção - Tu deixas, não deixas avó?
- Se a Catarina diz que não... - A avó piscou o olho a Catarina
- Só uma fatia pequenina. Por favor...
- Pronto, vences-te. - Catarina cedeu, como negar um pedido a uma carinha tão linda?
- Obrigada. O pai queria falar contigo Caty.
- Vai lá que fico com ela. Na certa vai tentar enganar a avó, já está velha e cansada...
Deixou as duas a rir. Rita precisava de estabilidade, de se sentir segura. Fazia-lhe bem estar com os avós. Bateu na porta do escritório antes de entrar.
- Bom dia, querias falar comigo?
- Bom dia. Ontem, achei-te preocupada. Passa-se algo com Ana?
- Sim. Bem, não.
- Sim?! Não?! Em que ficamos?
- Com ela não se passa nada. -Sentou-se no cadeirão junto à porta - Está tudo bem mas vai fazer voluntariado por três meses.
- Isso é bom. - Ele juntou-se a ela,e segurou-lhe a mão - Alargar horizontes, ver o mundo de outra perspectiva.
- Não digo o contrário.
- Parece que aceitas-te contrariada a ideia. Não sabias disso?
- Sabia. - A mão dele transmitia-lhe segurança- Mas nunca pensei que fossem escolhidos.
- Fossem?!
- Ela e Miguel. O filho de Filipa.
- Mas como se meteram nisto?! Ainda estão em tempo de aulas.
- Um professor deu uma palestra na escola, para chamar a atenção sobre as dificuldades em certos países. Desafiou-os a apresentar um projecto sobre que melhorias podiam ser implementadas. Os melhores projectos tinham a possibilidade de provar a viabilidade do projecto no terreno. Nem é preciso dizer que eles ficaram empolgados com tudo isto. Viajar para fora, conhecer novas pessoas... Já está nas redes sociais e tem muitos seguidores. " Se todos quisermos, juntos podemos" Um nome muito visto, mas parece que pegou.
- Vais ver que tudo vai correr bem. - Ele continuava a acariciar-lhe a mão - Se puder ajudar em alguma coisa.
- Sei que vai. - Ele desviou-lhe uma madeixa de cabelo que caiu na cara dela quando baixou a cabeça. Ela estremeceu ao toque. - Tenho de ir, se não precisares de mim.
- Gosto de te ver assim, de cabelo solto. - Ajudou-a a levantar-se, e beijou-lhe a testa - Lembra-me a tua visita ao solar.
Ela corou, lembrava-se bem dessa visita. O beijo repetiu-se na testa, e quando os olhares se cruzaram não foi preciso recordar nada mais. As suas bocas tinham sede uma da outra. O corpo dele aprisionou o dela contra a porta do escritório.
- Se soubesses como... - o telemóvel dele tocou.
Ele atendeu ríspidamente, e ela aproveitou para subir. Tinha de se acalmar, não podia encarar Maria com o desejo estampado no rosto.
Nessa tarde Maria e Alfredo voltaram para casa. Rosa ficou para visitar um amigo, o que não agradou ao irmão.
- Mário sabe que vens visitar esse "amigo"?
- Quem visito não é da conta dele, e muito menos da tua. Ninguém conta as amigas que visitas!
- Apenas espero que saibas o que andas a fazer. - E dito isto saiu, batendo com a porta
Rosa atirou o casaco ao chão e subiu a chorar.
Devia de ser difícil, lidar com esta doença. Sentiu pena dela. Compreendia o que ele sentia, mas ele estava a fazer o mesmo. Não tinha moral para julgar a irmã. E talvez por isso na manhã seguinte Rosa partiu.
A semana seguinte chegou depressa demais. Ela e Filipa foram despedir-se dos filhos ao aeroporto. Muitos beijos e abraços, entre promessas de telefonemas todos os dias, foram repetidos vezes sem fim. Deixaram o aeroporto quando o avião levantou voo. Fizeram a viagem de regresso com lágrimas nos olhos.
No trabalho as coisas complicaram-se, o médico aconselhou Anita a deixar de trabalhar, tinha um ligeiro descolamento na placenta. Se queria levar a gravidez até ao fim tinha de fazer repouso. Tentou fazer tudo sozinha, e conseguia fazer o básico, mas a roupa começava a acumular-se. A casa era grande demais para ela cuidar sozinha, tinha de arranjar alguém. Uns dias depois arranjou uma senhora para tratar da roupa. Dona Joana. Embora fosse mais velha que ela, mostrou ser muito ágil, mas pouco dada a conversa. Trabalhava apenas durante a manhã e o seu serviço restringia-se à roupa e nada mais.
Quando chegava o fim da tarde estava aborrecida. E Fernando notou isso poucos dias depois.
- Já sentes a falta de Anita? - Espreitou por cima do ombro dela - Podias convidá-la para vir até cá.
- Ela está de repouso. Mas vou visitá-la com a Rita um dia destes. - Anotou outra coisa no bloco, a respiração dele no seu pescoço fazia-a arrepiar-se - Já tinha tudo orientado com ela. Mas enfim, primeiro está ela e o bebé.
- Nunca tiveste vontade de ter outro? - Ele beijou o pescoço dela, que automaticamente fechou os olhos.
- Outro?! - Fingiu não perceber - Quando o bloco se gastar logo compro outro.
- Percebes-te o que disse. - Ela mantinha os olhos fechados e ele dava pequenos beijos no pescoço e no inicio das costas dela - Gostavas?!
- Estou atrasada. - Tentava evitar a pergunta. Não queria falar em filhos com ele.
- Ainda falta pelo menos uma hora. Senta-te um pouco, e conta-me como te dás com a... como se chama mesmo?!
- Joana, dona Joana. Insiste em ser chamada assim.
- Bond. James Bond. - Os dois riram - Sabes que podes arranjar mais pessoas para te ajudar.
- Sei. Mas gosto das coisas assim. -Parecia sinceramente preocupado - Não gosto de estar sem nada para fazer, aborreço-me.
- Já reparei. Mas podias delegar mais tarefas. - Fez chá para os dois e sentou-se.
- Não me parece justo mandar fazer isto e aquilo e sentar-me a observar. Aposto que não pedes ao António que delegue tarefas. Vejo-o sempre de um lado para o outro, com caixas, fardos para o cavalo... A vida não é um mar de rosas, apenas acho que devemos merecer o salário que ganhamos.
- Tens razão. - Manteve o olhar fixo na chávena uns instantes -Sei que a vida não é fácil. Mas não sou hipócrita, gosto da vida que tenho, de poder sair sem me preocupar com o dinheiro, de proporcionar à minha filha uma vida sem preocupações, pelo menos económicas, mas sei dar valor ao trabalho. Sei o que custa trabalhar debaixo de sol em pleno mês de Agosto, ainda faço isso, por isso trato de pagar aos meus funcionários um salário digno. O meu pai diz que ter pessoas de confiança ao nosso lado não tem preço. E tem razão. Desde pequeno, que me ensinou a tratá-las com o devido respeito. A melhor maneira de manteres as pessoas a teu lado é respeitá-las. E o respeito passa também por aí, pagar mal a uma pessoa por um trabalho que tu não fazias nem recebendo o dobro é uma falta de respeito. Posso sair e deixar tudo entregue a António, com a certeza que quando voltar ele cuidou das coisas como se fossem dele. - Calou-se novamente, sorriu levemente - Nem sei porque te disse isto.
- Talvez precisasses.
- Talvez.
Saiu, deixando-o a sós na cozinha. Quando voltou, ele não estava. Rita sentou-se a fazer o trabalhos e ela a fazer o jantar. Algum tempo depois ele voltou, mas vinha acompanhado.
- Olá princesa. Como vai a escola? - Vitor,dirigiu um aceno de cabeça para ela- Catarina...
- Dr...
- Tio Vitor.- Rita abraçou Vitor - Olha, já sei fazer o meu nome.
- O tio já vem ver isso depois. -Fernando interrompeu a euforia da filha.
- Prometes?!
- Claro princesa.
Pediu para fazer um café para eles e foram para o escritório. Apagou o fogão e foi levar os cafés.
- Tens a certeza que é isso que queres? - Vitor parecia duvidar da decisão dele, fosse lá ela qual fosse.
- Sim. Trata de tudo. - Deixou as chávenas em cima da secretária e saiu.
Nenhum deles parecia incomodado com a presença dela, mas ficou curiosa com a conversa. Que queria ele, para o amigo estar a duvidar dele?!
Achou melhor afastar esses pensamentos, não lhe diziam respeito. Acabou o jantar e foi com Rita para o quarto para esta terminar os trabalhos. As duas brincavam sentadas no chão, quando ele apareceu no quarto.
- Vitor fica para jantar. Há algum inconveniente? - Os olhos dele cravaram-se no botão aberto da blusa dela - Podemos ir jantar fora.
- Não tem inconveniente algum. Vou fazer a salada. - Levantou-se e chamou Rita - Queres ajudar?
Dois dias depois a Dona Joana, gritava no hall.
- Oh menina, não pode entra assim. Menina Catarina!! Menina Catarina!!
- Mas que... - Ju acabava de se acomodar no sofá. - Dona Ju!
- Deixe de olhar assim para mim e traga-me um café. Estou à espera do meu marido. Ele não a informou sobre a minha chegada?
- Pode deixar Dona Joana. Obrigada. - Não, não tinha informado! -Vou fazer-lhe o café.
-Este mundo está perdido. - Dona Joana retirou-se resmungando.
Uma vez sozinha na cozinha, apoiou-se na bancada e respirou fundo antes de tirar o café. O que é que aquela mulher estava a fazer ali?! Não gostava dela, e não era por tratar mal Rita, nem por causa de Fernando. Não gostava dela e pronto.
Estava a voltar à sala quando Fernando entrou.
- A tua mulher está na sala.
- Já?! - Tirou-lhe o café e bebeu-o - Obrigada, estava mesmo a precisar.
- Era para...
- Não é uma visita de cortesia. - Não a deixou terminar a frase.
Algum tempo depois, Ju passou por ela sorridente.
- Quando se quer muito uma coisa, acaba-se por conseguir. - Viu-a entrar no táxi que estava à espera e partir.
Dias depois, ela começou a notar que Fernando estava cada vez mais distante. Chegava tarde e não jantava. Tomava duche e deitava-se pouco tempo depois. Raramente tinha tempo para Rita, que começava a ficar irascível.
Fazia uma semana que o cenário se mantinha, jantavam sozinhas, e viam televisão. Deitava Rita e esperava que ele chega-se. Ela regressava a casa algum tempo depois. Mas isto não podia continuar, amanhã ia falar com ele. Rita começava a sentir a falta dele. E ia dizer-lhe isso mesmo! Era sábado, e não ia deixá-lo sair de casa sem lhe dizer o que pensava.
Levantou-se mais cedo para estar antes de ele sair. Mas a casa estava silenciosa e assim ficou até que Rita acordou. A porta do quarto dele mantinha-se fechada.
Serviu o pequeno almoço à menina e arrumou a cozinha. Rita brincava no quintal e ela estendia a roupa quando o carro de Vitor entrou na herdade.
- Bom dia.
- Bom dia Sr. Doutor.
- Olá tio. O pai está a dormir.
- Acho que não, ele é que me pediu para vir cá. Posso entrar?
- Claro! Quer que o...
- Obrigada Catarina, mas não é preciso.
Viu Vitor entrar em casa, acabou de estender a roupa. Rita preferiu ficar mais um pouco a brincar com Black. Ela foi abrir a janela do quarto dele. Quando passou em frente ao escritório conseguiu ouvir a conversa com nitidez.
- Ainda posso voltar atrás?
- Como não assinaste os papeis do divorcio, podes sempre voltar atrás.
Sentiu o chão fugir-lhe debaixo dos pés. O coração batia descompassado. Queria voltar atrás! Onde estava o homem que apenas pensava na filha?! Rosa tinha razão, Ju voltava, pedia desculpa, ele aceitava e tudo voltava a ser como antes. Mas como ficava a menina no meio disto tudo?! Os joelhos tremiam-lhe... As lágrimas turvavam-lhe a vista...Subiu as escadas como pode e sentou-se no chão do quarto de Rita. Chorou tão silenciosamente como pode, abafando os soluços. Tinha sido uma idiota. Como pode alimentar uma ilusão?! Tinha de pensar... Não podia continuar com isto.
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