Mais uma festa da cidade e mais uma vez ali andava ela com as primas passeando de braço enfiado no do marido fingindo que era feliz. Desejava que aqueles dias passassem rápido e elas fossem à sua vida para ela voltar à sua solidão e o marido à sua amante. Sabia que nunca o amara e confirmou isso no dia em que os viu juntos. Quando se morre por dentro isso não importa, não doí. As primas paravam em todo o lado, de repente seu coração bateu acelerado como à muito tempo atrás, uns olhos negros cruzaram-se momentaneamente com os seus... não, não podia ser... procurou novamente mas não os viu, ia jurar que ele também a vira... o resto da tarde pareceu uma eternidade, tinha de sair dali... precisava de ter a certeza... inventou uma dor de cabeça, insistiu para que ficassem, não queria estragar a festa a ninguém.
Correu o mais rápido que pode rumo à mata, se fosse ele, estaria lá. Pelo caminho lembrou a última vez que o viu, o quanto chorou por sua mãe a meter no comboio rumo à capital, tinha apenas 16 anos e ele 22 mas sabia que o amava e iria amar para sempre.
Quando se conheceram ficou fascinada com aqueles olhos negros, depressa se perdeu de amores por ele. Encontravam-se numa cabana na mata às escondidas. Não passaram de beijos trocados, ele dizia que sabia esperar. E esperou,até a sua mãe descobrir...
Durante muitos anos quando vinha a casa dava por si procurando esses olhos no meio da multidão até que acabou desistindo... casou, pois (segundo sua mãe) mulher séria casa antes dos 25! Dias a fio que passou na cabana chorando... cabana essa que estava vazia... lágrimas de frustração ameaçavam ... voltou costas de olhos inundados e aí viu-o, parado na porta. Seu coração parecia querer sair do peito.
Ele entrou fechando a porta já velha, beijou-a sem uma palavra sequer. Não eram precisas palavras, esperaram demasiado por este momento. A cada beijo respirava com mais dificuldade... as mãos dele percorreram o corpo tremente dela. Acariciando os seios e beijando-os ao mesmo tempo, levando-a à loucura. Ajudou-o a tirar a camisa que parecia atrapalhar e acariciou o peito dele, beijou-o meio sem jeito mas depressa se deixou envolver. Quando a pegou ao colo e a encostou à parede conteve a respiração, ele notou e parou. Com olhos suplicantes e cheios de paixão apenas disse : não pares, esperei tanto por ti. Não precisou de dizer mais nada, com todo o carinho que o local permitia fez amor com ela, levando-a a sentir coisas que ela pensava nunca sentir... coisas que lia nos seus livros. Sentiu uma paz interior tão grande quando ele a abraçou no meio daquela confusão que ela sentiu que estava onde sempre devia de ter estado. De onde nunca devia de ter permitido que a arrancassem.Era ali o seu lugar.Deixaram-se ficar assim como se o mundo fosse deles. Os foguetes da festas ouviam-se ao longe parecendo festejar o tão aguardado encontro.
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