domingo, 15 de maio de 2016

SEDE DE VINGANÇA 13ª PARTE



Liz sentia os olhos de Ariane fixos nela enquanto falava ao telefone com Alex.
- Alexandros fez boa viagem?
- Sim, vai agora para uma reunião. Diz que volta a telefonar à noite. - Liz sentia-se perdida sem ele, mas aquela reunião era inevitável - Podíamos aproveitar e dar um passeio, que acha?
- Gostas de igrejas?
- Sim, gosto.  - A pergunta apanhou-a de surpresa - Há alguma aqui perto?
- Não, mas vais gostar. Chamas Dorian?

Uma hora depois estavam a caminho.
- Amanhã tenho de apressar os pedreiros, já está na hora de voltar à minha casa. - Disse depois de passarem por um casal que iam abraçados - Não estão à vontade comigo lá em casa.
Ariane aproveitava cada minuto para tentar convencê-la que a melhor coisa a fazer era ela ir viver para a casa dela.
- Acha que a deixo ir viver sozinha para aquele casarão?! Nem o seu filho concorda! - Ela não queria pensar em Ariane a viver sozinha - E acha que a sua companhia nos impede de andar abraçados ou de fazer outra coisa qualquer?
- Sei que não mas...
- Se sabe não compreendo a razão desta conversa! Olhe, ali ao fundo, o que é?

Durante o resto da viagem foi descrevendo o que iam vendo. Ariane dispensou Dorian quando deixaram a parte nova da cidade. Caminharam por uns instantes lado a lado, até chegarem a um largo.
Uma capela tomava forma mesmo à sua frente, Liz parou abruptamente. Conhecia aquela capela! A sua irmã esteve nessa mesma capela à alguns anos atrás! Esteve ali com Petros... mandara-lhe uma fotografia! Ainda a tinha no seu telemóvel.
Sentia as suas pernas estremecerem, sentou-se no muro e fechou os olhos!
- Estás bem? - Ariane estava preocupada - É melhor entrarmos.
Liz entrou com ela e sentou-se num dos bancos da capela deserta.
Tinha aquele segredo à tanto tempo... Prometera a Alex, mas não achava justo, ele iria entender.
- Preciso de lhe contar uma coisa. - Olharam-se por uns instantes - Eu... Nem sei como dizer isto sem parecer estúpido... - Rebuscou na sua mala e tirou o telemóvel. Depois estendeu-o a Ariane

Ariane olhou o aparelho na sua mão e ficou em silêncio olhando a imagem que ocupava o ecrã.
- É a minha irmã! - Ariane não proferia palavra alguma, sem saber o que dizer optou por ficar calada também. Deixou as lágrimas escorrerem livremente pela sua face.
- Parecem felizes... - Grossas lágrimas começaram a brotar dos olhos de Ariane. - Quero acreditar que foram felizes. - As lágrimas aumentaram de intensidade impedindo-a de continuar a falar.
- Sim, acho que sim. Pelo menos assim me parecia quando falava dele.
- O meu Petros também falava nela com muito carinho.
- Desculpe por nunca lhe ter contado! Mas pareceu-me desnecessário.
- Nunca o culpas-te?
- Sim...  - Optou por não dizer mais nada. Não sabia como contar-lhe sem dizer o que não queria.
- Sempre me tratas-te tão bem...
- Apenas retribui o que recebia.
- Alexandros sabe? - Ariane olhou-a nos olhos enquanto lhe entregava o telemóvel.
- Sim, concordámos em não lhe dizer. Não adiantava mexer numa ferida que não vai sarar nunca. Mas dado o contexto actual, parece-me mais que justo contar-lhe.
- Sim.
- Entendo se ficar ressentida comigo...
- Filha, posso chamar-te assim? -Não esperou resposta - Nada os vai trazer de volta, assim como não há um único dia em que não pense nele e tu na tua irmã. Apenas podemos aceitar e pensar que foi graças ao infortúnio deles que vocês encontraram a felicidade.

Abraçaram-se e deixaram as lágrimas aliviar as mágoas. Quando deixaram a capela estavam mais unidas. Agora a dor e o desgosto unia-as num elo invisível.

Como se tivessem feito um pacto silencioso não voltaram a falar no assunto.

Na manhã seguinte Ariane pediu a Dorian que as leva-se até à praia. Estendidas nas cadeiras aproveitavam o sol e falavam de tudo e nada. Ariane ria-se das traquinices dela quando era pequena e contou algumas de Alexandros. O dia estava quase a acabar mas não queriam ir para casa sem apreciar o por do sol. Deixaram-se ficar sentadas à espera do tão aguardado momento.
- Kátya convidou-nos para lanchar amanhã. Agora que Mateus não está sente-se sozinha. - Soltou uma risada contida - Sabes, quando éramos mais novas queríamos viver juntas. Não era má ideia!
- Deixe-se de ideias. E a mim quem me faz companhia quando o seu filho não está?!
- Pois. Quem?! - As duas voltaram-se ao ouvir a voz de Alex
- Voltas-te mais cedo! - Liz abraçou-o - Não estávamos a contar contigo.
Deu um beijo à sua mãe sempre agarrado a Liz. O olhar de Ariane brilhava de contentamento.
- Vêem porque quero ir para casa?! Agora fico a incomodar.
- A mãe nunca incomoda. - Deu-lhe um beijo na face antes de se levantar e levantar Liz com ele - Quer andar um pouco junto à água?
- Não, vão vocês. Fico a apreciar o por do sol e os apaixonados.

Caminharam até à beira mar abraçados, o sol ainda brilhava ao fundo dando ao horizonte uns tons dourados.
- O que te preocupa?
- A insistência da tua mãe em ir para casa dela. Sei que está no seu direito, mas sabes tão bem como eu que ela não pode viver sozinha.
- Eu sei. - Chegou-a mais perto, e deu-lhe um beijo no nariz - Tu és daquelas mulheres que se dão bem com as sogras
- Não sei! Nunca tive nenhuma! - Ela tentava manter a compostura mas não tinha a tarefa facilitada com ele ali tão perto.
- Acho que está na hora de te arranjar uma - Alex olhou-a nos olhos
- Estás a pedir-me em casamento?!
- Aceitas?! - No olhar dele uma sombra apareceu perante a demora dela - Já vi que...
Não terminou a frase, a boca dela tapou a dele.
- Sim... sim... aceito.

Dois meses depois, Liz voltou a entrar na capela onde revelou a verdade a Ariane.
 Alex esperava-a no altar, na capela estava apenas a família dele que a partir de agora seria a sua também. A neta de Maria levava as alianças, parecia uma bonequinha de vestido branco com laços rosa e com uma flor no cabelo. Liz parou na entrada para ajeitar o vestido, escolhera um vestido justo com folho duplo em baixo e uma flor aplicada na única alça do vestido. Em vez de véu optou por uma tiara simples.
Alex, veio ao seu encontro a meio da capela. Ela pensou que nunca o tinha visto tão bonito. Olhou para Ariane, estava de lágrima no olho assim como Kátya.

Após a cerimonia, deixaram os convidados no salão de festas e subiram para o terraço.  O céu e as estrelas eram testemunhas do seu grande amor. Amor que superou o desejo de vingança que os tinha unido.

                                          FIM

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