- Importas-te de sair da cama?! - Liz insistia sem êxito - A tua mãe está à nossa espera.
- Só depois de um beijo. - Ela sorriu mas fez-lhe a vontade.
Assim que as bocas se tocaram ele pegou-a ao colo e levou-a em braços até ao duche. Quando percebeu o que ele pretendia, tentou protestar, mas em vão. Entrou com ela dentro do duche e ligou a água, a suas roupas ficaram encharcadas num ápice e ele sorria.
- Estou toda molhada. - Os fracos protestos dela eram sufocados pelos beijos e pela água que corria pelos corpos.
- É melhor despires-te não te vás constipar- Brincava com os seus cabelos- E eu até te prefiro sem roupa.
Com mãos habilidosas começou a desabotoar-lhe a blusa e a sua boca procurou a dela. As roupas encharcadas ficaram num canto enquanto ele a ensaboava, as mãos dele percorrendo o seu corpo cheio de espuma estavam a deixá-la louca. Desviou-lhe os cabelos da nuca e beijo-lhe o pescoço.
- Alex, a tua...- Mas as caricias dele não a deixavam pensar - Não podemos... - Calou-se ao sentir o frio da parede nas suas costas e quando começou a beijar-lhe o corpo molhado esqueceu os protestos e entregou-se a ele novamente.
- Sai daqui - Ela agitava a escova na frente da cara dele - Já estamos mais que atrasados.
- Queria apenas dar um beijo no teu lindo pescoço - Ele fingia que estava ofendido - Mas se não queres...
- Vê só onde nos levou o último beijo.
- Alguma reclamação a apresentar? - Ele brincava com ela- Se bem me lembro foi bastante agradável.
- Não é isso que está em causa. Quero falar com a tua mãe, e nós temos todas as noites por nossa conta.
- Espero que alguns dias também.
Kátya e Ariane estavam no jardim a tomar um refresco. O seu rosto iluminou-se ao vê-los.
- Não sabem como estou feliz. - Ariane abraçou Liz - Começava a pensar que as coisas não tinham corrido bem quando não apareceram à hora marcada.
- Mas já aqui estamos. - Ela retribuiu o abraço - Desculpe o atraso.
- Ainda bem que tudo se resolveu. Kátya convidou-nos para almoçar - Olhava para o filho - Acham bem?
- Mateus não está? - A pergunta caiu como uma bomba
- Não posso crer! Ainda andam nisso? - Ariane estava indignada com o filho
- Apenas quero falar com ele. Pensei que podíamos aproveitar o almoço para estreitar os laços familiares. - Abraçou Liz pela cintura e deu-lhe um beijo - E dizer-lhe que és minha.
As duas mulheres entraram em casa numa conversa animada alheias ao pequeno tornado que se estava a formar no quintal.
- Ele soube primeiro que tu. - Ela não gostou da conversa - Vê lá se não queres colocar-me um letreiro na testa.
- Nunca é demais lembrar-lhe isso. - Ele mantinha-a entre os seus braços mas os seus olhos perderam o brilho que tinham até esse instante
- Não queres fazer algum anuncio oficial?! Afinal posso ter de entrar em contacto com outro homem sem a tua presença.
- Desde que não seja Mateus. - Ele encolheu os ombros - Não confio nele.
- E em mim? - Ela olhou-o nos olhos- Confias em mim?
- De olhos fechados. - Começou a beijá-la.
- Desculpem. - A voz de Mateus interrompeu-os - Quando quiserem o almoço está na mesa.
Liz percebeu que nenhum deles estava à vontade, Seria complicado se aquela situação se mantivesse por muito tempo. Eles evitaram-se o mais que puderam e conseguiram almoçar em paz.
Despediram-se de Kátya e prometeram voltar outro dia com mais calma.
Depois desse incidente as coisas entre eles corriam bem. Embora não estivesse à vontade em dormir com ele na presença de Ariane esta parecia não se importar com isso.
- Para a semana já volto para a minha casa. - Falava como se isso lhe fosse penoso
- Mas porquê?! Alex sabe que vai?
- Não precisa de saber tudo. Vocês precisam de espaço. E de privacidade.
- Estamos bem assim. - Ainda não sabia como Ariane percebia o que ela pensava- E não gosto de pensar em si sozinha naquela casa enorme.
- Não estarei sozinha.Tenho as pessoas que toda a vida trabalharam para mim.
- Está a dispensar-me? - Tentava brincar com a situação - Mas falaremos com Alex assim que ele chegar. Agora descanse um pouco. Vou até à piscina mas volto daqui a pouco.
A água da piscina estava fabulosa, por uns instantes esqueceu a questão de Ariane, estava a apreciar aquela calma quando uma sombra lhe tapou o sol. Pensou ser Alex, sorriu mas o sorriso esmoreceu ao ver Mateus.
- Se soubesse que ia ser recebido assim não tinha vindo.- Mateus deu-lhe a mão para a ajudar a sair da água mas ela ignorou-a.
- Desculpa. Não estava à espera de ninguém.- Saber da doença dele apenas serviu para compreender as mudanças de humor dele. Vestiu o roupão sob o olhar dele - Queres beber um café? A tua tia está a descansar mas Alex não deve demorar.
- Não obrigada. Queria falar contigo. Podemos dar um passeio? - Olhava à volta como se tivesse medo que o ouvissem - Estou de partida para Inglaterra. Mas agora tu não vais estar lá.
Parecia realmente triste com aquilo, ela tinha prometido ajudá-lo e agora ficava ali.
- Desculpa. Mas como deves de compreender não posso ajudar-te.
- Isso quer dizer que ele vence?
- Que queres dizer? - Ela não estava a seguir o raciocínio dele - Sou tua amiga, mas como deves de compreender, não posso fazer mais nada. Já te dei o endereço de um amigo para te ajudar.
- Não quero a tua amizade! - Mateus estava nervoso. - Tentei fazer-te entender como ele é, mas não me deste ouvidos. Preferes sofrer ao lado dele que ser feliz comigo.
- Isso não te diz respeito. Pensei que já tinhas abandonado essa fixação.
- Não é uma fixação. Quero-te. Quero-te com todas as minhas forças. - Mateus tentou beijá-la sem êxito - Se me deixares posso provar-te que sou melhor amante que ele.
Liz sabia que as pessoas que sofrem de bipolaridade têm constantes variações de humor, e não convêm forçá-las a nada. Tentava parecer forte quando estava assustada.
- Vai-te embora Mateus. - Ela tentava convencê-lo sem discutir -Sai daqui antes que o teu primo volte. Não vou contar nada disto, nem a ele nem a Ariane desde que não voltes aqui, sem a presença do teu primo.
- Vais arrepender-te! - Ele estava vermelho de raiva - Escreve o que te digo, vais arrepender-te.
- Mateus, não compliques as coisas.
- Ele vai fazer-te sofrer como a todas.
Mateus finalmente saiu e ela sentou-se na relva incrédula com isto tudo. As frequentes variações humor dele eram evidentes, mas ela obcecada como estava com Alex não tinha reconhecido os sinais. Se tivesse percebido antes seria mais cuidadosa.
Algo a fez olhar para a janela do quarto de Ariane, esta estava a olhar cá para fora. Teria ela presenciado a cena?!
Ariane estava sentada junto à janela, observando o jardim.
- Está com fome? - resolveu ignorar o assunto, pelo menos até Ariane dar sinal de que viu algo - Eu já comia algo.
- Sabes que as coisas não desaparecem pelo simples facto de fingires que não aconteceram?
- Viu o que se passou?
- Vi o suficiente.
- Preferia que tal não tivesse acontecido.
- Procedes-te bem. Mesmo sabendo do pequeno problema dele, nunca pensei que Mateus fosse capaz de uma coisa assim. Se tivesse imaginado nunca te teria empurrado para ele.
- Como podia saber? As pessoas com esta patologia são imprevisíveis. Alex disse que não confiava nele.
- Vais contar-lhe?
- Devia mas não sei. Não gosto de lhe esconder coisas. - Ariane mantinha o olhar no jardim- Agora que voltou a fazer as pazes com a sua prima, não vamos minar uma amizade reiniciada e além do mais, ele está de partida.
Ariane mantinha-se calada sem sequer olhar para ela.
- Sabe que mais? Vamos mas é ver se a Maria ainda tem um pedaço daquele bolo de chocolate fantástico e vamos aproveitar a vida. Vá vamos.
A custo lá a convenceu a ir até ao jardim onde aproveitaram o resto do dia e ainda aí estavam quando Alex chegou.
Como sempre dava um beijo à mãe, depois beijava-a a ela antes de se enfiar no escritório por mais ou menos uma hora.
- Decididamente tenho de voltar para minha casa.
- Decididamente isso está fora de questão. Com quem vou falar enquanto o seu filho não está? Conto consigo para me integrar na comunidade grega. E ainda não me esqueci do que me prometeu.
- O quê?
- Que me ia levar a ver os seus sítios preferidos. E vou certificar-me que cumpre a promessa.
Jantaram no jardim sob a luz da lua. Depois de beber café Ariane ficou na varanda e Liz foi passear um pouco enquanto Alex foi atender um telefonema. Tirou os sapatos para aproveitar a frescura da relva húmida, andava descalça sobre a relva quando ele a alcançou.
- Pareces uma deusa assim descalça. - envolveu-a num abraço - A minha deusa
- Hum! Gosto da ideia de ser uma deusa... - Beijo-lhe a face e aconchegou-se no peito dele. - Mas gosto mais de estar assim.
- Eu também.
Nesse instante os aspersores do jardim ligaram-se, apanhado-os desprevenidos. Mas deixaram-se ficar abraçados, sem se importarem com a chuva improvisada. Alex levantou-lhe o queixo e ficou a ver as estrelas reflectidas no olhar dela.
- Sabes que te amo?!
- Sei, mas podes repetir sempre que quiseres.
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