Os pais de Fernando voltaram para casa na segunda feira, mas Rosa ficou para ajudar um amigo a decorar a casa. Embora reclama-se muito.
- As pessoas pensam que ser decoradora é fácil! - Atirou com o telemóvel para dentro da mala - Mas não é! Temos de adivinhar os gostos dos outros, o que combina melhor... O quarto da Rita por exemplo, foi fácil.
- E ficou lindo.
- Eu sei, conheço os gostos dela. A casa também foi fácil, o meu irmão tem gostos simples.
Rosa adorava falar, e ela acabou por ficar a saber algo mais sobre eles. Quando eram jovens,os pais não os criaram num mundo de facilidades. Se quisessem ter dinheiro para sair com os amigos durante o verão, tinham de trabalhar. Por isso, hoje dão valor ao trabalho dos demais. Trabalham lado a lado com os seus empregados. Nunca mandam fazer algo, que saibam de ante mão, ser impossível de executar. Embora distantes são muito unidos. Fernando casou, ela preferiu gozar a vida. Sempre apoiou o irmão em tudo, menos no casamento. Mas a vida era dele, e Rita acabou por ser a luz dos olhos deles. Antes de sair acrescentou que não gostava da mãe da menina.
Rita dormia e ela fazia a lista das compras. A chuva caía lá fora. Felizmente, Ana ia dormir em casa de Filipa, não gostava de a deixar sozinha quando o tempo estava assim. Ela própria não via a hora de ir para casa... A chuva aumentava de intensidade e Fernando, apesar do adiantado da hora, ainda não tinha regressado. Detestava conduzir debaixo de chuva e ser de noite não facilitava.
A luz dos faróis iluminou a sala. Finalmente! Guardou a lista e apanhou as suas coisas.
Fernando entrou em casa completamente encharcado e sujo de barro.
- Mas, que se passou?
- O jipe do Artur atolou-se na lama.
Não teve tempo de perguntar nada, ele já tinha desaparecido escadas acima. Agora não podia ir. Ele devia de estar com fome.
Voltou a deixar as coisas na cadeira e amaldiçoando o seu feitio, sempre preocupada com os demais, e ele não era excepção. Foi para a cozinha fazer panquecas. Olhou pela janela, a chuva estava muito forte.
- Que coisa... detesto este tempo!
- Não sabia que falavas sozinha.
- Tem dias. Fiz algo para comeres.
- Obrigada. Senta-te e faz-me companhia.
-Tenho de ir para casa.
- Com esta chuva?! Porque não dormes cá?
- Cá em casa?!
- Não estava a pensar em deixar-te dormir com Black. Há dois quartos vazios. Com o que tem chovido as estradas estão perigosas. Aqui estás perfeitamente segura.
- Estou?!- Disse-o sem pensar.
- Se te referes a mim, podes ficar descansada que não vou forçar a entrada no teu quarto.
- Desculpa, não queria dizer isso...
- Não?! - Lavou o prato - Vou deitar-me. Faz o que entenderes, mas espero que fiques. Até amanhã.
Não devia de ter dito aquilo, Ele tinha razão, a noite estava horrorosa. Não tinha camisa de dormir, mas preferia dormir sem camisa do que arriscar uma viagem com esta chuva.
Subiu, algum tempo depois. Dormiu no quarto que Rosa ocupava quando vinha. Demorou a adormecer, atenta a qualquer barulho no corredor. Algum tempo depois, começou a recriminar-se por desconfiar dele. Deixou-se vencer pelo cansaço, acordou algum tempo depois, com a sensação de ter dormido demais. Lá fora continuava de noite, o relógio marcava 4 da manhã. Sentou-se na cama, ficou escutando a chuva lá fora, leu uma revista, deu voltas e acabou por se levantar. Dormir novamente estava fora de questão. Andou pelo quarto até que resolveu descer, devia de estar a passar algo de interessante na televisão. Desceu o mais silenciosamente possível.
- Não consegues dormir?
- Que coisa! Assustaste-me! Pensei que estivesses a dormir.
- Eu também pensei. Queres um café? Vou fazer outro para mim.
- Obrigada.
Sentou-se no sofá enquanto ele foi fazer o café. Amaldiçoou o seu medo. Devia de ter arriscado a viagem, evitava esta situação incomoda.
- Aqui tens. Estás preocupada com a tua filha?
- Obrigada. Não, hoje está com a madrinha.
- É bom poder contar com alguém. Já se conhecem à muito?
- Sim. Desde a escola.
- Os meus amigos desse tempo, nem sei onde andam.
- Geralmente é assim, vai cada um para seu lado.
Nem deram pelo tempo passar, pararam a conversa quando um tímido sol tentava furar as nuvens negras.
- Já é dia?
- Assim parece.
Os dois tentaram agarrar a chávena que tinha ficado em cima da mesa, as mãos tocaram-se. Ela sentiu um tremor no sitio onde a mão dele a tocava. Olhou a mão dele em cima da sua. O que sentiu a seguir foi o braço forte dele, a puxa-la para mais perto. Depressa ficou aprisionada pelas mãos dele, uma na cintura e a outra na nuca evitavam que ela se afasta-se. Olharam-se antes de se beijarem. O sabor a café forte, misturado com o cheiro do afther shave dele, entranhava-se pelas suas narinas entorpecendo os sentidos. Só quando a língua dele se tornou mais atrevida é que ela o afastou.
Não tinha raiva dele, estava desiludida com ela mesma. Não devia de ter permitido que voltasse a acontecer.
- Desculpa...
Não sabia porque lhe pedia desculpa. Ele era tão culpado como ela daquela situação! Sentia-se a pior mulher ao cimo da terra. Invadindo o território de outra, ficando com uma coisa que não lhe pertencia. Agarrou o tabuleiro e foi para a cozinha.
- Porque me evitas? Sei que queres tanto quanto eu!
- Porque és casado. Alguém tem de se lembrar disso.
- Por acaso já a viste por aqui?
- Não, mas isso não altera o facto de estares casado!
- Sinceramente não entendo, a serio que não!
- Não é assim tão complicado, quando casas-te não juras-te ser-lhe fiel?!
- Isso é irrelevante.
- Não para mim.
Mais uma vez voltou a sair irritado. Quando voltou ao fim da tarde parecia mais calmo.
Há um mês que Rita andava na escola, e para surpresa de todos adorava.
- Achas que o pai me deixa convidar uns amigos para lanchar?
- Penso que sim.
- Sabes, a Sara, a das tranças cor de fogo?!
- Sim?!
- Hoje deu um beijo no Eduardo. Que nojo!!! - Fez uma cara de nojo - Eu nunca, mas nunca, nunca, nunquinha vou beijar um rapaz!
- Nunca?! Isso é muito tempo!
- Oh, não quero saber. Os rapazes são tontos!
- Todos eles? - Tentava manter-se séria - Deve de haver algum que não seja tão tonto.
- Hum! - Pensou um pouco - Bem, o Bernardo não é tonto, e é giro...
- Vês? Agora faz os trabalhos. Vou fazer-te o lanche.
Ainda se lembrava de uma conversa parecida, com a filha, à alguns anos atrás. A campainha tirou dos doces pensamentos, quem seria com este tempo?
Ana olhava para ela sorridente.
- Espero que não te importes. Esqueci-me da chave.
- Mas onde andas com a cabeça rapariga?! Com quem vieste?
- O pai de uma colega ofereceu-se para me trazer. Não me apetecia ficar na pastelaria à espera, e como a madrinha não está, lembrei-me de vir ter contigo. Não te importas pois não?
- Claro que não. A Rita ia lanchar agora, senta-te e lanchas com ela. Vou chamá-la.
Olhava as duas a comerem e a conversarem. Parecia que se conheciam de toda a vida.
- Chega de conversa, vamos acabar os trabalhos. E tu podes fazer os teus também.
- Oh! Eu ia mostrar o meu quarto.
- Depois. Agora os trabalhos. Depois podes mostrar a casa toda se quiseres.
- É melhor fazer-mos o que ela diz. - Rita segredava para Ana - Se diz para fazer, é para fazer.
- Eu não sei?! É minha mãe! Estás esquecida?
E nesta conversa voltaram para a sala. Ás vezes, chegava até ela a voz de Ana, a explicar algo.
A chuva tinha parado, aproveitou para ir dar de comer a Black. Assim que a viu saiu da casota, e sacudiu o pelo meio molhado.
- Pára, Black. Molhas-me toda.
Do outro lado da casa ouviram-se as vozes das miúdas. Estavam a ver o cavalo. Ela voltou para dentro, tinha o jantar no forno.
Observou-as pela janela. As pessoas deviam de ter razão, Ana tinha o mesmo jeito que ela para as crianças. Pareciam irmãs, de mãos dadas a passear no jardim... irmãs... pensou em Fernando, nos seus beijos...
- Rita trouxe uma amiga? - Deu um salto ao ouvir a voz dele.
- É a minha filha. - Agarrou um pano, que fingiu estar a arrumar, mesmo afastado podia senti-lo atrás dela - Espero que não te importes. Ela esqueceu-se da chave.
- Mesmo que não se tivesse esquecido. É sempre bem vinda!
- Obrigada.
- Parece que simpatizaram uma com a outra.
- Sim. - Afastou-se dele - Já fez os trabalhos. O jantar está no forno. Nós vamos agora para casa.
- Porquê? Fiquem para jantar, Rita deve de ficar contente por ter companhia.
- Acho melhor não. Outro dia a Ana vem brincar com ela.
- Qual é a diferença? Hoje já cá está.
Ele tinha razão, sabia disso mas preferia afastar-se dele, das coisas que sentia quando estava junto a ele.
- Pai! Olha. A minha amiga Ana. - Puxou Ana pela mão - Pode ficar para jantar? Pode?!
- Prazer em conhecer-te Ana. Que dizes?- Fernando dirigia-se a ela - Queres?
- Se a minha mãe não se importar.
Rita agarrou-se a ela.
- Por favor, deixa... deixa lá. Só hoje... Prometo fazer os trabalhos durante um ano, sem me queixar.
Não tinha como negar um pedido daqueles.
- Está bem. Mas só hoje.
O jantar normalmente calmo, acabou por se tornar uma festa. Depois do jantar, jogaram um jogo de cartas em inglês, que Rita tinha recebido no Natal passado. Ao som das palavras em inglês, eles arrumaram a cozinha.
- Porque não me disseste que te mudas-te?
- Não sabia que tinha de avisar.
- Não foi isso que quis dizer! Sei o que custa uma mudança. Tiravas uns dias...
- E a menina ficava sozinha? Não foi preciso, tenho bons amigos.
- Não digo o contrário.
- Eles sabem que não tenho um horário normal.
- Por isso mesmo, devias de...
- E além disso, mal tinha começado a trabalhar para ti.
- Isso não é motivo para guardares segredo.
- Agora já está. Para a próxima vou avisar. - Dobrou o pano com rispidez - É tarde, vou deitar a Rita.
- Elas estão a jogar, deixa-as.
- Amanhã...
O que havia amanhã ficou por dizer. A boca de Fernando explorava a dela, as línguas tocaram-se e ela gemeu. Entregou-se ao beijo. As mãos dela cruzaram-se no pescoço dele. O beijo que tinha começado de forma abrupta tornou-se suave. As mãos dele procuravam a sua pele...
- Ganhei!
O grito de Rita caiu sobre eles como um balde de água fria. Fernando foi ao encontro delas na sala. Ela precisou de uns minutos para se recompor. Lavou a cara e respirou fundo antes de ir ter com eles.
Minutos depois estavam de saída, Ana estava eufórica.
- Adorei o quarto dela... e a piscina?! Tu viste a piscina? Ai mãe...que casa...Posso voltar no verão?
- No verão? Ainda nem começou o inverno.
- Sabes, tenho pena dela - Ana ficou de repente muito séria - Sabes o que ela me disse? Que na escola diz que tu és a mãe dela. Tive vontade de lhe dizer que não és... mas depois olhei para aqueles olhinhos tristes. Ela não tem mãe? Bem, todos temos.
- Não sei bem, mas tenho de falar com ela.
- Ah não! Depois vais dizer que te contei...
- Não vou dizer... prometo.
Dormiu mal, os pensamentos voavam entre a pequena mentira de Rita e os beijos de Fernando...
A cada dia que passava sentia mais dificuldade em fugir dele. E muitas vezes pensava na mulher dele... Em que faria se estivesse no lugar dela... Mas depois lembrava-se das palavras da mãe: Quem ama cuida. E ela não cuidava dele, nem da filha!
Sabia que era apenas uma desculpa, pequena, mas uma desculpa para não se sentir culpada.
- Bom dia, hoje já estamos levantadas?
- O pai fez barulho...
- Muito? -Ela abanou a cabeça em sinal de concordância - Onde está o pai agora?
- Com o tio Vitor no escritório.
- Já tomas-te o pequeno almoço? - disse que não com a cabeça - Então vamos. Não queres chegar atrasada à escola.
- A Ana pode vir logo?
- Hoje não, mas prometo que ela vem no Sábado. E fica contigo todo o dia.
Com esta promessa ficou mais animada.
A caminho da escola, falava sem parar. Ela pensava numa forma de abordar o assunto, da pequena mentira, sem meter Ana no meio.
- Ontem um menino da tua escola disse-me que gosta da tua mãe. Ela já lá foi? - Rita, baixou a cabeça e ficou muito calada. - Algum problema? Sabes que podes contar-me.
- Não.
- Ainda bem, um dia tens de me apresentar à tua mãe. Melhor, hoje vou ficar à espera dela. Achas bem?
- Não podes! - Começou a chorar
Parou o carro na berma e tirou o sinto para se sentar junto a Rita.
- Não precisas chorar. Mas espero que me contes o que se passa.
Uns minutos depois, disse muito baixinho.
- Eu disse que és minha mãe.
- Mas porquê linda?!
- Não gosto da minha... preferia que fosses tu.
Rita começou a chorar descontroladamente. Abraçou-a e embalou-a como fazia à filha.
- Pronto...já passou. Olha, fazemos assim. - Limpou-lhe as lágrimas e beijou-a - Lá em casa podes fingir que sou tua mãe, mas na escola não podes. Sabes que isso é mentira. E não se deve mentir. Combinado?
- Sim... não me vais por de castigo?
- Claro que não! Vá, limpa bem essa carinha linda, vais chegar atrasada.
Coitada da menina, não admirava que Ana tivesse pena dela. Que lhe teria feito a mãe para ela estar assim? E que se tinha passado para ele fazer barulho a ponto de acordar a filha? A culpa seria do tio Vitor?!
Anita já estava a estender a roupa quando ela chegou com as compras.
- Hoje estou atrasadíssima.
- E vais ficar mais. O sr engenheiro telefonou. Para mandar-mos o computador dele pelo António. Ele tem de ir às vinhas. E como passa ao solar, é para deixar lá o computador.
- Já procuras-te o António?
- Sim. Mas já tinha saído. O filho ainda está aí a tratar do cavalo.
- Vou lá falar com ele. Podes levar esses sacos para dentro e ir arrumando isso? Obrigada.
José disse que o pai já tinha saído, queria chegar antes dos homens à vinha. E ele não tinha carta mas sabia onde era a herdade. Podia dizer-lhe onde era. Depois de anotar as indicações, foi apanhar o computador. Não lhe restava outra alternativa se não ir ela levá-lo. Não devia de ser assim tão longe.
Depois de deixar instruções a Anita, sobre o que fazer, meteu-se no carro.
Ligou a rádio: Estava a falar uma psicóloga: A maioria das pessoas que me procura são pessoas que tem medo, pessoas que estão frustradas por não fazerem o que queriam fazer...Por medo do que possa acontecer... Do que os demais possam falar...
Bela reportagem! Escolheram o tema propositadamente?! Desligou a radio, ligou o leitor de cd. Não gostava de viajar em silêncio, e já percorrera mais de 40 km. Começava a chover novamente. Se a indicações estavam certas, não devia de demorar a ver a entrada. Ali estava ela: Solar por do sol.
Era um nome bonito... a estrada estava em boas condições, velha mas arranjada. Quinze minutos depois avistou a casa...se aquilo era uma casa! Enganou-se em alguma estrada,.. O edifício que se erguia à sua frente mais parecia um castelo que uma casa. Toda em pedra castanha, três torres enormes emergiam do telhado a cada duas janelas enormes, como que dividindo a casa em secções, numa das torres um relógio...ainda funcionaria? A casa não tinha aspecto de estar habitada... tinha-se enganado. Estacionou junto à entrada e ligou para Fernando.
- Bom dia.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não. Bem, acho que me perdi.
- Como perdeste-te?
- O António já tinha saído e como a Rita está na escola resolvi ir levar-te o computador. Mas acho que me enganei em algum lado...
- Onde estás?
- Nem sei bem, entrei onde diz, solar por do sol. como disse o José, e estou junto a uma casa que mais parece um castelo...
- Vai para as traseiras da casa, vês logo o meu carro. A porta está aberta.
Assim fez. Deu a volta à enorme casa e lá estava o carro dele. Desceu do carro a correr, tapando o computador com o casaco.
- Estás molhada, vou acender a lareira. Se encontrar lenha...
- Não te preocupes, é só o casaco que está molhado.
- Então tira-o. Veste o meu.
- Não é preciso, seca num instante.
- Não sejas teimosa, vais constipar-te- Ajudou-a a vestir o casaco - Gostas da casa?
- Casa?! Nunca lhe chamaria casa.
- Era da minha avó. Herdei-a... Ainda estou indeciso... Não sei se fico com ela...
- É enorme...
- Sim. - Olhou para os candelabros distraidamente - Já que aqui estás, vou mostrar-ta.
Nunca tinha visto salas tão grandes, todas tinham janelas, que chegavam ao chão e davam para o jardim, a mesa e cadeiras estavam cobertas de pó, o pano que as cobria, estava no chão, os louceiros, guardavam a porcelana da família. A cozinha, fazia lembrar as cozinhas dos filmes americanos, com duas chaminés e uma mesa comprida de madeira. Alguns tachos ainda estavam pendurados. Noutra ala, ficavam os quartos, enormes como as demais divisões, as janelas tinham vista para o jardim das traseiras, as camas de estilo rústico, estavam tapadas com panos brancos, assim como toda a mobília.
- Ainda está em bom estado.
- Os meus avós sempre viveram aqui. A minha avó morreu à dois anos...
- Dois dias... - Lembrou-se da conversa de Rita
- Desculpa?!
- Nada. É tudo muito bonito. Vais vende-la?
- Prometi à minha avó que ficava com ela. Mas agora... tudo parecia mais simples quando era criança. E mais pequeno.
-Duvido que tenha aumentado de tamanho. Assim com duvido, que arranjes quem queira uma casa tão grande.
- Se vender, vão destruir isto tudo e a salinha que ela tanto gostava desaparece.
- A salinha?!
- Anda.
Desceram a escada de pedra mármore e entraram num espaço, ligeiramente mais pequeno que as demais divisões, decorado com todo o cuidado. Num canto uma secretária, onde ainda estavam algumas cartas, e canetas cuidadosamente guardadas. Por cima desta fotografias de crianças. A cadeira forrada a veludo, gasto pelo uso. Notava-se que gostava de estar ali. No outro lado da sala uma lareira, com o cesto dos aparelhos do lume... Uma estante com livros, e um cadeirão ocupavam outra parede, assim como um banco para os pés... a janela dava para uma fonte no jardim, e embora estivesse muito suja, noutros tempos devia de dar uma luminosidade especial ao espaço. Uma arca de madeira toda trabalhada, com o tampo almofadado, possivelmente para servir de banco, estava debaixo da janela mais pequena, podia imaginar a velha senhora sentada ali a ver os netos brincar no jardim.
- Parece um castelo dos contos de fadas...
Tropeçou no tapete enorme que estava em frente à lareira, ele tentou agarrá-la mas acabou por cair juntamente com ela, levantando uma enorme nuvem de pó.
- Magoaste-te?
- Não...- Dificilmente se magoaria, visto metade do seu corpo, ter ficado em cima dele. Tentou apoiar as mãos no chão para se levantar, mas ao retirar as mãos do peito dele, acabou por ficar com a boca a escassos milímetros da dele. Acabou por não sair, as bocas uniram-se, a língua dele procurou a dela, as mãos dele acharam finalmente a pele dela, nem soube como, mas quando deu por si estava deitada no tapete, ele acariciava-a e beijava-a, enquanto ia retirando a roupa dela. A roupa dele acabou no chão juntamente com a dela. Estremeciam de frio mas não se importavam com isso, as bocas ávidas de carinho aqueciam os corpos. A mão dele separou as pernas dela, ela gemeu de desejo. Nem o marido a tinha tocado...
- Bolas! Raios! - Que se passava agora? - Não importa...
E voltou a beijá-la e a acariciá-la. Ela depressa esqueceu a breve interrupção. Segundos depois sentiu-o entrar dentro dela, primeiro sentiu uma pontada de dor depois o corpo relaxou e entrou no ritmo dele. Os movimentos sensuais despertaram nela sentimentos que tinham adormecido à muito. Entrou numa espiral de emoções, quando atingiu o clímax uma lágrima escorreu pela sua cara. Não sabia interpretar aquilo, saiu involuntariamente. Nunca lhe tinha acontecido. Instantes depois, ele abraçava-a mantendo-a bem junto a ele. Permaneciam calados. Como se, o simples facto de falarem, acaba-se com a magia do momento.
Um arrepio percorreu-lhe o corpo, ele riu-se.
- Acho melhor vestirmos-nos. Ainda apanhamos uma pneumonia.
Ela começou a vestir-se sem dizer nada, estava confusa. Nunca foi de se deixar levar por estes instintos. Mas ele tinha o dom de a fazer esquecer, os valores que lhe tinham sido incutidos quando pequena.
Olhava lá para fora simplesmente por olhar, não sabia que dizer-lhe. Os seus pensamentos também não estavam claros. Não podia voltar atrás, nem queria! E no seu intimo não se arrependia. E isso deixava-a ainda mais confusa.
- Estás muito calada. Não planeie nada disto.
- Não pensei que tivesses planeado. Apenas aconteceu. Estás sozinho há muito tempo e eu estava aqui.
- Achas que foi por isso? - Parecia-lhe ofendido - Posso ter companhia feminina, se assim o entender.
- Não disse o contrário. Apenas disse que eu estava...
Beijou-a com ligeira violencia. Segundos depois, a respiração tornou-se agitada. Separaram-se a custo.
- É melhor voltares para casa, tenho muita coisa para fazer.
Passou a tarde pensando no que aconteceu. A confusão mental, que se tinha instalado nessa altura, ameaçava ficar. Tinha de repetir-se amiúde que não foi a primeira, nem seria a última a dormir com o patrão. Era melhor esquecer ou a cabeça iria explodir de tanto pensar. Tinha de ver a situação pelo lado positivo. Podiam ter sido apanhados. Podia correr o risco de ficar grávida, ainda bem que a médica a aconselhou a continuar com a pílula para controlar os ciclos menstruais. Até Rita a achou estranha.
- Não estás zangada comigo?
- Claro que não linda! Porque haveria de estar?~
- Por dizer na escola aquilo...
- Não, estou apenas preocupada. Tentas distrair-me, para ver se me esqueço de ver os teus trabalhos... Já estão feitos?
- Quase. Falta a matemática. Ajudas-me?
- Vamos lá.
Distraiu-se com os trabalhos dela, quando Fernando chegou estava a ajudá-la a ler.
- Não. Olha aqui. Este que parece uma bola é um o. Agora, um a e um o lê-se?!
- AO
- Isso, ao, mas não precisas gritar. A menos que a professora seja surda.
Rita riu-se, ela levantou-se e viu-o na entrada a olhar para elas.
- Pai! Já sei ler.
- Já vi que sim.
Rita arrastou o pai para o sofá, e iniciou a sua leitura forçada. Deixou-os a sós.
Anita tinha-a convidado para madrinha de casamento, amanhã iam escolher o vestido. Tinha insistido em oferecer-lho. Também tinha de comprar o vestido dela e o de Ana.
- Ainda pensas no que aconteceu?
- Não. Não adianta pensar muito, pelo menos, no que não se pode alterar.
- Isso quer dizer que se pudesses alteravas? - Estava muito perto dela, podia sentir o calor que emanava do corpo dele, corpo que beijou e acariciou não fazia muito tempo, fechou o olhos e abanou a cabeça.
- Não sei, sinceramente não sei! - A voz começou a ficar mais rouca, quando ele beijou o pescoço nu dela.
- Fica a dormir esta noite.
- Ficar?! - O convite, tão descarado, tirou-a do entorpecimento. - Não. aconteceu uma vez, isso não quer dizer que...
Calou-a com um beijo. Quando se apercebeu estava entalada entre a bancada da cozinha e o corpo dele. E o corpo dela, reagia ao convite com uma rapidez inebriante. Parou de a beijar, mas manteve a testa apoiada na testa dela.
- Continuas a fugir de mim. Não deves lutar, pelo menos quando sabes que vais perder a guerra. - E voltou a beijá-la por mais uns instantes - Vou ver a Rita.
Bolas! Até o seu corpo conspirava contra ela, traiçoeiro, tinha respondido às caricias. Mas, estava fora de questão dormir lá em casa. E se a mulher entra-se em casa durante a noite?! Essa era uma parte, que costumavam esquecer com frequência.
Deitada na sua cama, dava voltas sem conseguir dormir, a sua pele pedia o toque dele, a sua boca desejava os seus beijos...todo o seu corpo gritava por ele. Não podia continuar assim! Ele era casado e ela tinha de se afastar dele. Se bem que podiam encontrar-se ás escondidas, quem iria saber?!
- Pára com isso! - Ordenou-se a si própria.- Estás a ficar doida.
Finalmente adormeceu, e sonhou com ele.
Rita estava novamente acordada quando chegou.
- Olá linda, outra vez acordada?
- Tive um sonho mau.
- Porque não chamas-te o pai?
- Está a tomar banho.
- Queres contar-me?
- E não vais ficar zangada comigo.
- Não. prometo.
- Sonhei que a mãe voltava para o pai.
- Um dia ela vai voltar. Esta casa também é dela...
- NÃO.NÃO QUERO
Rita subiu as escadas a chorar e ela foi atrás dela. Não percebia esta reacção dela. Definitivamente tinha de falar com ele. Rita fechou-se no quarto.
- Abre a porta linda. Deixa-me entrar.
Mas ela não abria, podia ouvir os soluços dela. Bateu na porta do quarto dele, não respondeu. Ainda estaria no duche?! Quando ia abrir a porta do quarto dele, Rita abriu a dela.
- Oh linda, sabes que me deixas-te preocupada.
- Não quero falar nisso. Posso ir para a escola agora?
- Agora? Ainda é cedo, mas podemos passear antes. Vamos comer bolo na pastelaria que tu gostas?
Rita assentiu em silencio, aqueles acenos estavam a ser cada vez mais frequentes. Principalmente depois da visita do tio Vitor. Deixou mensagem no telemóvel dele, precisavam de falar. Tinha de saber que se passava com a mulher dele.
Encontrou Filipa na pastelaria, era a folga dela. Tomaram café juntas e Rita animou-se um pouco. Deixou Rita na escola e foi para casa.
Um carro estava junto à entrada. Um homem de aspecto jovem estava dentro a ver uns papeis. Talvez estivesse perdido.
- Bom dia, precisa de ajuda?
- Bom dia. - Ele sorriu - Não, obrigada. O Fernando está à minha espera. Deve de ser Catarina.
- Sim.
- Vitor. Amigo e advogado da família.
- O tio Vitor.
- Já vi que andaram a falar de mim. Espero que bem.
- Sim, mas entre.
- Obrigada.
- Aceita um café?
- Não querendo abusar, aceito sim.
Fernando apareceu nessa altura.
- Vejo que já conheces a Catarina. - Cumprimentou o amigo - Como estás?
Vitor parecia simpático. Levou os cafés ao escritório e deixou o tabuleiro em cima da secretária. Fernando chamou-a.
- Querias falar comigo?
- Sim, é sobre a Rita. Mas, quando tiveres tempo. Com licença.
Algum tempo depois, Vitor abandonou a herdade. Ela estava na cozinha com Anita a planearem as tarefas da semana.
- Achas que ficava bem convidar o patrão?
- Ah?! Para quê?
- Para o meu casamento. Não sei, ficava bem?
- Era bonito.
- Eu ainda o acho bonito mas prefiro o meu marido.
- A coisa esta a melhorar...já brincamos. Ou são nervos do casamento?
- Possivelmente. Gostava que a menina fosse, e ele também. É simpático.
- Hum, bonito, simpático... não tarda nada estás a almoçar connosco.
- Isso não.
Fizeram-se boas amigas, Anita falava com ela como se a conhece-se desde sempre e já não se envergonhava tanto diante dele. Hoje tiravam a tarde para ela ir experimentar o vestido. Mas tinha uma coisa mais importante para resolver agora. Subiu com a roupa das casas de banho. Depois ia falar com ele. Cruzou-se com Anita na sala, estava toda vermelha. E pela velocidade com que passou por ela, duvidava que a tivesse visto. Entrou no escritório depois de bater à porta. Ele estava de pé com um envelope na mão.
- Recebeste convite.
- Meio atrapalhado e envergonhado mas recebi. Vais?
- Fica mal se a madrinha não aparecer.
- Concordo. - Meteu o envelope em cima da mesa - Querias falar-me da Rita.
- Preciso de saber que se passou com a mãe dela. - Ele meteu as mãos no bolsos e ficou de costas para ela - Não quero intrometer-me na tua vida. Mas hoje, quando lhe disse que a mãe, um dia destes voltava para casa, começou a gritar que não quer, e a chorar. Preciso de saber o que se passou, para a preparar para a chegada da mãe.
Dizer aquilo, fazia-lhe uma ferida por dentro que ia do coração à alma. mas era a realidade, um dia ela ia voltar.
- Lembras-te de te dizer que o facto de ser casado era irrelevante?
- Sim! - Como esquecer?!
-Há dois anos que tenho o processo do divorcio em curso.
- Sinto muito, não sabia.
- Sentes?!
- Claro que sim, os divórcios são complicados para todos, mas principalmente para as crianças. Mas isso não explica o facto de ela não querer ver a mãe.
- Tu também reagirias assim, se a tua mãe te deixa-se sozinha, numa pastelaria do centro comercial.
- Sozinha? Quem deixa uma criança sozinha?
- E não era a primeira vez.
- Que horror!
- Quando a Rita nasceu, teve depressão pós parto. Não a queria ver, nem tocar. Negou-se a amamentar, disse que lhe causava náuseas... - Catarina sentiu o coração encolher, era o maior elo de ligação entre mãe e filho. - Arranjava sempre uma desculpa, para não estar com ela. Quando ela fez três anos, levou-a ao centro comercial, para comer um gelado. Uma das amigas ligou-lhe, e ela deixou a filha sozinha numa esplanada. Quando o dono da pastelaria me ligou a dizer que Rita passou a tarde sozinha numa mesa... - ele abanou a cabeça, como se assim afasta-se as más recordações. Tocou-lhe no braço, mas ele continuou imóvel, olhando o jardim.
- Desculpa. Não era minha intenção.
- Não te preocupes. Aprendi a lidar com isto à muito.
- Devias de a amar muito.
- Se lhe queres chamar assim.
Fernando continuava em silêncio, olhando o jardim, era melhor deixá-lo sozinho. Mexeu com coisas que não devia.
- Podes ver, se descobres onde Anita gostava de passar a lua de mel?!
- Anita?! - A pergunta deixou-a desconcertada.
- Ela, disse que não vai tirar dias quando casar, para a lua de mel, mas acho que devia de tirar. É um dia importante. Se lhe perguntar vai envergonhar-se... a ti diz-te.
- Claro, assim que souber digo-te.
Descobrir aquilo deixou-a muito preocupada. Nem as compras com Anita a faziam esquecer o assunto. Como é possível uma mãe fazer uma coisa daquelas?!
Já tinha ouvido falar em depressão pós parto, mas chegar a este ponto... sempre pensou que era invenção das pessoas! Rita era pequena, mas isso são coisas que nunca se esquece e marcam para toda a vida.
- Gostas deste?! Eu acho muito decotado.
- Continuo a achar que devias de vestir um vestido de noiva.
- Não acho apropriado. Um vestido de gala é o ideal. E sempre o posso vestir, para o baptismo do meu filho...quando nascer.
- Desde que gostes. Olha este, não gostas desta cor?
- Salmão... nunca pensei nessa cor.
Depois de experimentar, acabou por ficar com ele. A cor era suave, o corte, de linhas direitas, favorecia a figura de Anita, a parte de cima era de renda, deixando antever os ombros. E dando um ar de sensualidade ao vestido. A parte de trás era ligeiramente mais comprida. Conseguiram arranjar umas luvas iguais. Optou por uns sapatos com pouco salto. Faltava arranjar uns enfeites para o cabelo. Quando Ana tivesse a tarde livre de aulas iam escolher os dela. E já tinha em mente o vestido para Rita.
- Achas que a tua filha gostava de levar as alianças?
- A Ana?
- Pensei em pedir ao patrão, mas depois achei que era pedir demais.
- Também acho, e não me parece que ele gostasse de levar as alianças!
- Oh, não foi isso que quis dizer. Referia-me à menina. Foi tão simpático quando lhe dei o convite, achas que a mulher virá?
- Não me parece. Mas a Rita era uma boa escolha, e é mais pequena. Não tens uma sobrinha ou prima que queira levar as alianças?
- Não tenho ninguém.
Teve pena dela, sabia que a mãe tinha morrido, quando ela era pequena, deixando-a com uma tia que também já tinha falecido. Restava-lhe um primo solteirão do qual não gostava muito. Mas que por ser quem lhe restava, convidou para padrinho.
- Vou falar com ela, se ela mostrar interesse eu digo ao Fernando.
- Serio?! Obrigada... nem sei como te agradecer.
- Tenho uma certa curiosidade. Se pudesse ir de lua de mel, onde ias? Eu ia para as Maldivas, praia, sol...
- Eu não, preferia ir a Paris... visitar a torre Eiffel, os museus... enfim, sonhar não custa.
- Pois não.
Depois de deixar Anita em casa, apanhou Ana, e levou-a para brincar com Rita, que ficou entusiasmada por levar as alianças. Se Fernando autoriza-se. Depois da conversa não se tornaram a encontrar. E estava um pouco reticente em pedir-lhe, autorização, mas tinha prometido a Anita. Ana e Rita brincavam no quarto. Ela perdia-se nos seus pensamentos, ao mesmo tempo que fazia o jantar. Ver um doce de menina com Rita com uma mãe assim, enquanto outras mulheres, desejam desesperadamente ter um filho e não conseguem!
- Bolas... - Estava a chover novamente, lembrou-se da roupa no estendal. Era melhor apanhá-la, antes que ficasse completamente encharcada. Anita bem disse que vinha chuva...
A água escorria pela sua cara, a camisa pegava-se ao corpo. Mas não ia sem apanhar a roupa toda.
Levou tudo para a garagem que era o que ficava mais perto. Bem que podiam ter feito um corredor da garagem até casa... Fernando acabava de entrar com o carro na garagem.
- Devo de ficar sem ti muito cedo.
- Porque dizes isso?
- Tens um gosto esquisito pela chuva. Estás toda molhada.
Não tirava os olhos do peito dela, que com a camisa molhada, deixava muito pouco à imaginação.
Ela estremeceu, ele estava muito perto. O corpo dela não obedecia às ordens da sua cabeça, quando estava com ele.
- Anita ainda está em casa? - Falava sem desviar o olhar
- Não, a Rita e a Ana...
Mal ele lhe tirou um cabelo da cara, ela atirou-se nos braços dele. Não queria pensar em nada mais. Entre beijos e caricias, sentou-a na parte frontal do carro e despiu-lhe a camisola.
- Desejo-te. Fica...
Os beijos impediam que as palavras formassem frases.
- Não posso... As miúdas...
Os beijos começaram a traçar um caminho de fogo em direcção à sua barriga. Estremeceu, não sabia se era desejo, se era frio... Fernando interpretou-o como frio e parou de a beijar.
- Veste o meu casaco.
Fernando deu-lhe uma camisa dele. Pelo menos estava seca. Quando Ana desceu achou estranho a mãe estar com a camisa do patrão. Mas deixou-se rir quando Fernando contou o sucedido. Ofereceu-se para ajudar Rita a tomar banho, pois a ela já tinha "visto água a mais".
- A tua filha tem sentido de humor.
- Duvido que acha-se piada se visse a mãe na garagem à pouco...
- Ás vezes as crianças surpreende-nos. Por falar em surpresas, conseguiste saber o que te pedi?
- Sim, ela gostava de ir a Paris.
- E tu, onde gostavas de ir?
- Eu? Não sei e como não penso voltar a casar não quero pensar nisso.
- Mesmo sem casar, não tens um sitio que gostasses de conhecer...
- Desde que fosse sossegado,longe do mundo e pudesse ter a minha filha comigo, qualquer lugar era bom.
- E se quisesse visitar-te?
A chegada de Ana e Rita evitou que respondesse.
Na semana seguinte foi com Ana e Rita comprar os vestidos. Rita gostou do vestido que tinha escolhido para ela. Um vestido branco, com uma fita rosa a fazer um laço atrás. Tinha duas pregas de cada lado o que dava alguma roda ao vestido. Não tinha mangas. Comprou um casaquinho branco e uma flor para colocar no cabelo e sapatos a condizer. Ana preferiu algo mais sóbrio,um vestido liso, azul escuro, pelo joelho com meia manga e com bolsos invisíveis. "Uma rapariga tem de ter onde esconder as suas coisas" Ela deixou-se encantar por um vestido preto acinzentado de apenas uma alça. Tinha uma fita cruzada, por baixo do peito, o que dava ao vestido um ar de deusa grega.
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