segunda-feira, 5 de setembro de 2016

DESTINOS CRUZADOS 1ª PARTE





- Ei! - Su travou a tempo, evitando atropelar um cão que se atravessou à frente do carro, mas não conseguiu evitar ser projectada contra o para brisas - Era só o que me faltava! Azelha!

Olhou-se no espelho retrovisor, a julgar pelo ardor que sentia, amanhã teria um hematoma! Nem a chuva que caia sem cessar, a fez pensar duas vezes, saiu apressada e dirigiu-se para o carro que acabara de amolgar, e bem, a parte traseira do seu!
Um homem de olhar furioso, saiu do veículo e dirigiu-se a ela.

- Está louca?! Podia ter provocado um grave acidente.
- Eu?! Você é que quase  me mata. Devia de ter mais cuidado!
- Está a acusar-me?! Está a dizer que a culpa é minha?! - Su viu-o levantar as mãos aos céus -Típico de uma mulher!
- De uma mulher?! - Aquele machista empertigado estava a acusá-la de provocar o acidente?! - A culpa é sua! Bateu-me por trás!
- Isso porque travou de repente!
- Acaso queria que atropela-se a criatura?!
- Qual criatura?!
- Agora vai dizer que não viu o animal a atravessar a estrada?
- Com esta chuva, admira-me que você o tenha visto!
- Que quer dizer com isso?!
- O meu carro é maior e não o viu.

Su começou a respirar mais rápido, estava a começar a ficar nervosa, e isso acontecia muito raramente. Aquele machista arrogante, batera no seu carro e agora queria livrar-se da culpa! Deitou um olhar dissimulado à viatura dele. A julgar pela aparência, uma roda do carro dele, valia mais que o carro dela inteiro, mas isso não invalidava o facto de ele lhe ter batido!  Viu o seu reflexo no vidro do carro, a chuva que caía, fazia-a parecer uma pedinte! O cabelo, que costumava estar sedoso e encaracolado, estava escorrido e agarrado à sua face. A roupa pegava-se ao seu corpo, como uma segunda pele. Percebeu que ele a observava, o que a deixou mais indignada!
Ele olhava para ela de cima a baixo, Su devolveu-lhe o escrutínio, se ele se achava no direito de a avaliar, ela também o podia fazer. A julgar pelo corte, o fato preto e a camisa cinza deviam de custar mais do que ela ganhava num ano. Nada que se compara-se com a triste, e desbotada, calça de ganga dela e a camisa aos quadros. Os olhares cruzaram-se, o dele de um negro profundo. Estremeceu ao constatar o frio que emanava deles. Teve a sensação que era o tipo de homem, que não pára perante nenhum obstáculo para conseguir o que quer! Um arrepio percorreu-lhe a espinha, tinha pena da pessoa que lhe tentasse fazer frente.  Que neste caso, era ela!

Estavam tão envolvidos na mútua avaliação, que não viram a multidão que se formava à sua volta.
O burburinho e a confusão acabou com a chegada da policia. Depois dos trâmites legais resolvidos, Su subiu ao carro. encostou a cabeça ao banco do carro e fechou os olhos. Um latejar conhecido e persistente, aumentou a sua dolorosa melodia. À muito que não tinha uma enxaqueca, e a culpa era daquele homem arrogante, que mesmo perante as autoridades insistia em dizer que a culpa era dela! Ficou a saber que se chama Michel Vaillan, aquele nome não lhe era estranho, mas não se recordava onde o tinha ouvido! O esforço que fez para se lembrar aumentou a dor de cabeça, procurou na sua mala um comprimido que alivia-se os sintomas.

- Está bem?

Assustou-se ao ouvi-lo. Pensava que ele tinha seguido atrás da policia, podia jurar que assim era. Abriu o vidro do carro.

- Um pouco tarde para isso, não acha?! - A dor de cabeça acabou com o que restava da sua simpatia.
- Não seja orgulhosa. Posso fazer algo?
- Já fez mais que suficiente.
- Não está em condições de conduzir.
- Eu é que sei...
- As chaves do carro?! - Ele interrompeu-a -Ah, estão aqui.

Sem lhe dar tempo, retirou as chaves do carro e meteu-as no bolso do casaco dele. Agarrou o telemóvel e falou num italiano perfeito.  Era só o que lhe faltava, um machista arrogante e ainda por cima italiano!

- Devolva-me as chaves! Preciso ir para casa, estou...
- Está gelada, com dor de cabeça e a julgar pelas pupila dilatadas, com vontade de me matar. Mas isso terá de ficar para depois. Venha, o seu carro será deixado numa oficina, e você vai para o hospital.
- Ora essa! Agora pensa que é meu pai?! - Su deitou-lhe um olhar desafiante, à muito que cuidava de si sozinha, não precisava que lhe dissessem que deve ou não fazer. E muito menos um italiano!
- Se fosse seu pai, sentava-a no colo e dava-lhe uns bons açoites. Está a ser insolente. Mas quer ou não o seu carro arranjado?
- Posso levá-lo à oficina de sempre. Depois envio-lhe a factura.
- Se vou pagar, vai ser na oficina que eu disser.

Olhou-a desafiante, Su susteve o seu olhar por uns instantes, desistiu, era mais urgente encontrar um comprimido. Voltou a procurar na sua mala. A cabeça latejava com mais força, queria chegar a casa, e rapidamente. Embora a claridade fosse reduzida devido à chuva, tinha de se deitar no quarto, ficar na mais profunda escuridão. Só assim venceria, a enxaqueca.

Um reboque chegou para levar o carro dela. Ainda tentou argumentar com o homem do reboque, mas sem grande êxito! Se pudesse considerar êxito, ele ter-lhe dado os bons dias! Sem saber como, viu-se sentada no luxuoso carro de Michel, que conduziu habilmente pelas ruas, parecia conhecer bem a cidade, possivelmente visitava-a regularmente. Em pouco tempo estava à porta do hospital.  Pensando que ele ia deixa-la, agradeceu por tê-la acompanhado, e esperou que ele estacionasse e partisse, queria livrar-se dele o mais rapidamente possível. Mas tal não aconteceu, apesar dos protestos dela, ele não parou na entrada do hospital. Dirigiu-se ao estacionamento e aí ajudou-a a sair do carro. Uma vez dentro do hospital,viu-o dirigir-se ao balcão de atendimento, onde falou com a assistente e para seu espanto, não demorou a ser atendida. Depois de lhe terem feito um RX ,  para descartar possíveis fracturas, deram-lhe uns comprimidos para a enxaqueca e uns para o caso de sentir dores generalizadas e enviaram-na para casa.  Quando voltou à sala de espera, ele estava à sua espera.

- Não precisava esperar. Certamente terá coisas mais urgentes a resolver.
- Vou deixá-la em casa. Quero ter a certeza que chega em segurança.
- Se é uma alusão à minha forma de...
- Não tem carro, e duvido que o taxista a deixa-se conduzir. - Deixou a revista em cima da mesa com alguma rispidez - Procura sempre um segundo significado a tudo o que lhe dizem?!

Agarrou o casaco dela de cima da cadeira e começou a andar, Su não teve outra alternativa se não segui-lo e aceitar que a leva-se a casa. Uma vez dentro do carro, e dissimuladamente, observo-o enquanto conduzia. As mãos bem cuidadas, lembraram-lhe as mãos de um artista... De repente lembrou-se, ela, juntamente com uma amiga, tinha visitado uma galeria à poucos dias, era daí que reconhecia o nome dele?! Continuou a observá-lo, a ausência do casaco, deixava transparecer uns braços fortes, o cabelo, embora molhado pela chuva, mantinha-se no lugar. Os lábios finos...

- Já terminou?
- O que fiz agora?  Estou apenas sentada. Contrariada, mas sentada e quieta.
- Sei quando estou a ser observado, e não gosto. É alguma jornalista?! - O carro aumentou de velocidade.
- Claro que não! -  Su envergonhou-se - Pode abrandar?!
- Não quer chegar a casa urgentemente?
- Mas de preferência viva! Ou é algum plano para me castigar por ter travado à pouco?!
-Neste momento, ocorrem-me umas quantas ideias para a castigar, mas nenhuma delas passa por aí.
- E passam por onde?! - Su fulminou-o com o olhar, mas depressa se encolheu no banco perante o olhar que ele lhe deitou.
- Um dia talvez lhe diga.

Su optou por ficar calada, percebeu que esta era uma batalha que ele venceria com facilidade. Apenas falava quando ele lhe pedia indicações. O ambiente estava tão pesado dentro do carro, que ficou com a sensação que o caminho até casa, aumentou de distância. Quando ele parou o carro à sua porta, saiu murmurando um obrigada. Su ouviu o chiar dos pneus, instantes depois de fechar a porta.

Tomou um duche para entrar em calor, e sentou-se frente à lareira. Ele era certamente o homem mais misterioso que ela tinha conhecido. Primeiro parecia querer matá-la quando bateu no carro dela, depois insistiu em acompanhá-la ao hospital. Parecia mudar de humor com rapidez, o que tornava difícil uma avaliação correta do tipo de homem que era. Conhecera-lhe várias facetas, furioso, arrogante, machista. mas também lhe parecera preocupado com ela.
Ao longo da sua vida aprendeu a lidar com vários tipos de pessoas, embora o seu trabalho fosse cuidar de crianças, muitos pais acabavam por levar certas coisas muito a sério, já se tinha envolvido numa ou outra discussão, não directamente, mas teve de separar umas mães que, por causa da festa de fim de ano, entraram numa acesa discussão. O que lhe valeu um olho negro! Nunca imaginou que trabalhar com crianças fosse tão complicado. O trabalho! Repentinamente lembrou-se! No dia seguinte tinha de ir trabalhar! E estava sem carro. Rita! Ela era a sua salvação. Pegou no telemóvel e marcou o numero da amiga.

- Olá. Mudas-te de ideias e queres ir connosco?
A voz animada de Rita fez-se ouvir do outro lado do telemóvel.

- Olá. Antes fosse. Estou sem carro. Amanhã podes dar-me boleia?
- Claro, mas que se passou?! Estás bem?

Explicou à amiga o que se tinha passado e ouviu a outra rir-se do outro lado.

- Só tu! Mas quem te manda parar para um cão passar?!
- Querias que o atropela-se?! Coitado do animal.
- Ficou muito danificado? O carro.
- Não, mas como o irritante homem me tirou as chaves e chamou o reboque, sem me deixar falar com o mecânico, não sei quando está pronto.
- Um homem irritante... Todos os homens são irritantes para ti!
- Este é mesmo irritante!  O carro andava, simplesmente não podia abrir o porta bagagens. Podia arranjá-lo mais tarde, mas nem me deu tempo a falar. E o do reboque, esse, parecia que eu não existia! Outro machista! Não olhou para mim uma vez sequer! Não tirava os olhos daquele italiano irritante.
- Italiano?! Porque não disseste logo?! Os italianos são deliciosamente irritantes e sedutores...
- Sei, os italianos são a perfeição da espécie humana.
- Vou aí agora. Levo o lanche e quero que me contes tudo, por isso vai revendo tudinho! Não quero que esqueças o mais pequeno detalhe.

Su ouviu o telemóvel desligar, sorriu a olhar para o parelho. A amiga, embora comprometida, não conseguia evitar uma paixão cronica por Itália, e pelos italianos. Segundo ela, o homem italiano era o homem perfeito! Sem qualquer tipo de defeito... Se bem que, à primeira vista, ela também não lhe encontrou nenhum! Musculado, lindo, os olhos, embora escuros, tinham algo que cativava...
Irritada consigo mesma levantou-se e foi ver dar de comer a Bublle, o seu peixe vermelho. Era melhor ocupar-se com outra coisa, e dar de comer a Bublle era primordial, não podia morrer! Com este já era o sexto que tinha, e o ano ainda não tinha terminado!
Voltou a encher a chaleira e esperou por Rita, que não devia tardar.

Minutos depois, o carro de Rita parou junto ao jardim.

- Quero saber tudo! - Rita entrou, colocou a caixa dos bolos em cima de mesa e sentou-se no sofá, aguardando o relato de Su - Vamos. Que esperas?! Desembucha..
- Não há muito a contar.
- Como não?! Tenho de arrancar-te tudo?! Como é?!
- Alto, forte e bem vestido.
- Só isso?! Detalhes amiga, quero detalhes!
- É... - Su hesitou
- Eu ajudo. - Rita continuou - Gordo?! Magro?! Bigode?! Barba?! Musculado?! Músculos nem vê-los?! Musculado de mais?!
- Tem os músculos no sítio certo. - Rita olhava divertida para ela - Os cabelos negros, olhos mais negros que o cabelo, pelo menos assim me pareceram. De olhar frio. Machista, petulante e arrogante.
- Estávamos a ir bem... Não o achas-te lindo?!
- Sim é lindo. - Admitiu - Mas que serve ser lindo, se o coração é mais preto que uma noite de trovoada?!
- Até as noites de trovoada têm rasgos de luz.
- Deixa-te disso! Se Guy te ouve.
- Estou comprometida, não cega! Ou achas que ele não olha para as outras mulheres?! Principalmente se tiverem a parte frontal mais avantajada que eu.
- Nem todos os homens se prendem por uns seios.
- Dizes isso porque a mãe natureza foi generosa contigo!
- Nem sempre as coisas são como as imaginamos. E convence-te, tens outros atributos.

Depois de Rita sair, viu televisão. Mas a sua cabeça estava noutro lado, a conversa com a amiga levou-a a recordar coisas que não gostava de recordar.

Quando os seus pais faleceram, foi viver com a avó, mulher vivida, de mão firme. Suzane, Su para os amigos, foi criada com rígidas regras de conduta, tinha hora de regressar a casa e se esse horário fosse desrespeitado, no dia seguinte o castigo seria severo! Quando fez 15 anos, Martin começou a mostrar interesse nela, a avó achou aquilo muito natural. Estava na idade de procurar marido e assentar, ela mesma tinha casado com 17 anos! O namoro, sempre debaixo da vigilância da avó, durou até aos 19 anos. Altura em que a avó, com 87 anos, teve de ir visitar uma amiga que estava doente. Perante a insistência de Martin, e com a ausência da avó, Su deixou-se convencer e teve a sua primeira e única noite de amor com Martin! E mantinha-se única até hoje!
Preferia estar só, aquela tarde, não era para ser repetida. Nunca contou à avó o que se tinha passado, nem a ninguém, apenas disse que se tinha cansado de Martin, quando a avó faleceu dois anos depois, prometeu-lhe que iria casar, quando encontra-se o homem certo! Frisou bem essa parte, não queria faltar à promessa. Mas também não queria reviver aquela experiência. Assim, sempre podia dizer que não encontrara o homem certo. O que não andava muito longe da verdade, os que conhecera apenas pensavam numa coisa! Sexo! Os homens são todos iguais! Sacanas, egoístas!
A dor de cabeça ameaçou voltar, era melhor ir para a cama. Uma boa noite de sono, era mais produtiva que estar a recordar coisas que a magoavam e não resolviam nada. Os homens não são dignos de confiança,o seu celibato tinha razão de ser, e foi isso que se repetiu até adormecer.


Na manhã seguinte, nem deu tempo a Rita de buzinar, assim que a amiga parou, ela saiu de casa.

- Bom dia.
- Bom dia, com pressa para voltar ao trabalho?!
- É sempre bom estar com as crianças.
- Nunca conheci uma pessoa que gosta-se de voltar ao trabalho.
- Tu também gostas de voltar ao trabalho.
- Sim. Tens razão. - Rita acabou por admitir, adorava aquele trabalho - E novidades?!
- Novidades?!
- Sim. Noticias de... como e que ele se chama?
- Michel Vaillan.
- Michel Vaillan?! - Rita ficou pensativa - Já ouvi esse nome em algum lugar.
- O mesmo penso eu, mas não sei dizer onde.
- Michel Vaillan, Michel Vaillan - Rita sussurrava o nome - Oh, não me lembro! Mas, escreve o que te digo, vou lá chegar. Então, pergunto de outra forma, e já tiveste noticias do italiano?!
- Nada. E pode continuar assim, que fique bem longe. Aliás, agradecia que nunca se tivesse cruzado no meu caminho.
- Que mázinha.
- Porquê?! Estou a ser sincera.
- Sim, eu acredito mesmo.- Rita riu-se - Ao menos sonhas-te com ele?!
- Porque haveria de sonhar?
- Porque é lindo, italiano e não tens namorado. Já está na hora de perderes a tua... Oh tu sabes!

Su preferiu não dar seguimento à conversa. À muito que Rita pensava que ela era virgem, e ela achou melhor não o negar. O que originava muitos convites para sair, todos com a intenção de por fim a essa situação.

Tinham passado três dias desde o acidente, e ela não sabia nada do seu carro. Telefonou para a companhia de seguros e pediu o número da oficina. O seu carro estaria pronto no dia seguinte, e ser-lhe-ia entregue em casa. Respirou fundo, finalmente teria o seu carro de volta, gostava de ir com Rita mas as constantes conversas sobre Michel, estavam a transportar-se para os seus sonhos!  E ela não gostava nada disso! Acordava frequentemente toda suada e a respirar com alguma dificuldade. O que lhe estava a causar uma olheiras enormes.
Estava no duche quando a campainha tocou insistentemente.

- Estou a caminho...
- Eu sabia! - Rita irrompeu sala a dentro com o tablet na mão.- Michel Vaillan. Senta-te. - Rita falava sem parar - Lembras-te do acidente que houve à três meses na ponte? Aquele em que morreu um casal jovem deixando um bebé com meses?!
- Não me vais dizer que ele é o morto!
- Parva! Ele é o padrinho do bebé! Aquele que se negou a criar a criança! Não te lembras? Na televisão não falavam de outra coisa.
- A especialista em escândalos és tu.
- Bem, olha aqui. - Deu-lhe o tablet - Este é ele em pequeno, o pai teve um caso com uma criada, do qual surgiu uma gravidez indesejada. Como o pai estava noivo, e seria um escândalo, abafaram o assunto, só se soube mais tarde quando a mulher dele faleceu. Claro que reconheceu o filho, mas apenas quando este tinha 10 anos. Por isso Michel foi criado pela mãe cá e morou na mesma rua do pai desse bebé. Eram grandes amigos, segundo dizem, até mesmo inseparáveis. Quando o casal faleceu, como já vivia com o pai, o advogado procurou-o, queria que ele cuida-se da criança, mas ele negou-se, acho que a criança está numa instituição do estado.
- Mas esse homem não tem coração?!
- Depois de tudo o que ele passou... acho que qualquer um fica mais duro!
- E achas que isso o desculpa?!


Aquela conversa ficou na sua cabeça muito tempo depois de Rita sair, não conseguia perceber como uma pessoa pode ser tão fria com outro ser humano.
Mas saber isso, não alterou os seus sonhos, continuava a sonhar com ele, e a acordar toda suada de respiração agitada. E depois ficava muito tempo acordada a pensar nele.

Ela tinha motivos para não admitir, perante os demais, o que pensava dele, mas não podia mentir a si própria. Ele tirava-lhe o sono, tinha algo que a levava a pensar nele dia e noite, a desejar perder-se naqueles olhos negros.

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