Colocou o vigia bebés em cima da mesa e fez café. Não conseguia dormir, lá fora uma chuva miudinha caía. Ficou a olhá-la. Sempre gostou da chuva, desde pequena que tinha um fascínio pela chuva, as brincadeiras de criança, deram lugar a passeios à chuva, gostava de sentir a água no rosto... acalmava-a, levantou-se e abriu a porta que dava para o jardim. Estendeu a mão... e se desse um passeio?!
- Queres constipar-te?! - Michel segurou-a antes que ela saísse.
- Seria a primeira vez. Vou ver se...
- Não vais não, andas a evitar-me. Mas temos de falar.
- Não te ando a evitar.
- Não?! Então senta-te, temos uma conversa pendente. Precisamos de falar, sobre ontem.
- Não foi nada demais. Por isso não...
- O que te fizeram?! - Su olhou-o surpreendida.
- Como assim?!
- Algo tiveram de te fazer, para te retraíres assim, respondes aos beijos de forma tão apaixonada e no minuto seguinte foges!
- Apaixonada! Pois... - Su olhou para a mesa, queria aparentar uma calma que não sentia - Costumas falar com todas as mulheres que beijas?!
- Não, nenhuma reagiu assim!
- Acredito. Aposto, que chegam primeiro que tu à tua cama! - O aperto característico dos ciúmes nasceu no peito -E até devem, agradecer efusivamente o facto de lhe dedicares um pouco do teu tempo!
- Que queres dizer com isso?
Timy fez-se ouvir pelo interfone.
- Tenho de ir ver Timy, e não me fizeram nada. Eu é que... esquece!
Calou-se, era melhor, antes que começa-se a chorar e dissesse o que nunca contou a ninguém. Se à alguns anos, estava disposta a casar com Martim e permitir que ele estivessem com outras mulheres, agora não estava tão segura de querer dividir Michel!
O dia tão aguardado chegou, Timy fazia um ano! Os planos para passarem o dia no jardim zoológico, foram cumpridos. Timy adorou os elefantes, mas ao invés das outras crianças não gostou dos macacos. Estavam junto aos tigres quando alguém chamou Michel.
- Michel?! Tu aqui?!
Um homem aproximou-se deles e abraçou Michel, uma morena curvilínea aproximou-se deles. Usando Timy como desculpa afastou-se, e sentou-se num banco, onde uma senhora idosa iniciou conversa com ela.
- Oh, que lindo. Faz-me lembrar os meus netos. - Acariciou a cara de Timy - É uma idade linda, quantos meses tem?
- Faz hoje um ano.
- Oh! Muitas felicidades! Os meus netos já estão grandes...
Su deixou de prestar atenção ao que ela dizia, ao ver que a morena estava a atirar-se literalmente a Michel! Não teria vergonha?! E o marido ou namorado, não via aquilo?!
- ... vai ver quando ele for para a escola. O seu marido já ali vem. - A senhora levantou-se e afastou-se calmamente - Não quero atrapalhar, um resto de bom dia.
- Obrigada, para si também.
- Conheces?
- Quem? A morena, o marido ou a senhora que estava aqui? - Agarrou Timy ao colo e ignorando-o, virou-lhe costas, sabia que estava a fazer uma cena típica de adolescente, mas não conseguiu esconder a raiva que sentia. - Não conheço nenhum, mas a senhora é uma simpatia.
- Então não percebo, para quê esse tom?!
- Nada não, acho que estou cansada.
- Então vamos para casa.
- Claro que não!
Timy estava a divertir-se tanto, e ela não queria estragar a primeira visita dele ao zoológico. Com o passar do tempo acabou por ir esquecendo a morena, e acabou por aproveitar a companhia dele. Timy estava tão cansado que adormeceu na viagem. Michel olhava para ela, podia sentir o seu olhar nela, mas estava absorta noutros pensamentos. O facto da senhora, pensar que ele era sua marido, aliado ao facto de sentir ciumes da morena que se esfregou nele, levou-a a pensar seriamente no que sentia. Tinha de decidir que fazer, se queria Michel, tinha de deixar o medo de lado. Ou então esquecia-o definitivamente e arriscava-se a perdê-lo mesmo antes de o ter. Os ciúmes que sentia, apenas significavam uma coisa, amava-o! Pelo menos acreditava que sim! Mas ele, apenas queria estar com ela. O que levantava outras questões. Ela contentava-se com isso? Estava disposta a ser mais uma?
Pensamentos que a atormentaram por dois dias.
Estava mal humorada, sorrindo apenas quando estava com Timy, quando Michel, não conseguia dela mais que umas respostas forçadas, dizia que ela era complicada. Ás vezes, ela tinha a sensação que ele ia dizer algo, mas depois voltava costas, como se tivesse medo de dizer algo que se arrepende-se depois, e deixava-a sozinha, enquanto ele passava o resto da noite no escritório.
E era aí que estava quando ela subiu, deitou-se mas não dormiu, estava sempre a ver a morena a atirar-se para cima dele. Ás duas da manhã estava no duche, a sua cabeça latejava, o facto de dormir pouco ajudava a que a enxaqueca fosse recorrente. A água fria ajudou-a a relaxar, antes de tentar dormir novamente foi ver Timy, mexeu-se muito nessa noite, ao ajeitar a roupa percebeu que tinha febre! Tirou a temperatura, 38! Deu-lhe o remédio e sentou-se na cadeira com ele no colo. Duas horas depois a febre não cedera!
- Michel! - Su chamou-o da porta do quarto.- Michel!
- Su?! - Ele estava admirado por ela estar ali
- Temos de ir para o hospital, Timy está com febre. - Ele saiu da cama inesperadamente, e ela ficou a olhar aquele corpo bem proporcionado vestindo apenas uns boxers. baixou a vista. - Vou vestir-me.
Não falaram durante o trajecto, ela estava preocupada com Timy e ele também, ela percebia isso no semblante carregado dele. Felizmente havia uma pediatra de serviço. Auscultou Timy com toda a atenção e depois sorriu para eles.
- Nada de preocupante. Uma otite, quando nascer o segundo já não se assustam tanto.
Su abriu a boca mas Michel interrompeu-a
- Uma otite?
- É uma infecção no ouvido, muito comum nas crianças pequenas - A médica deu um brinquedo a Timy e olhou para ela - Deu-lhe algo antes de vir para cá?
- Sim, um antipirético. Mas como não cedeu duas horas depois...
- Vês?! - Segurou a mão de Timy - A mãe sabe o que faz. - Voltou a olhar para ela - Vou dar-lhe um antibiótico. Juntamente com o antipirético será suficiente, quando acabar volte cá para ver se a infecção cedeu. As melhoras Timy, gostei de te conhecer.
O silêncio parecia mais pesado no regresso. A doutora pensou que estavam casados e ele não a tinha desmentido, nem lhe deu oportunidade que desmenti-se.
- Diz, ou vais explodir.
- E não tenho razão?! Achas bem deixar a médica acreditar que sou a mãe de Timy? Que somos...
- Que somos casados?! Não vejo no que beneficiaria estar com explicações, ela apenas precisava de informações referentes a Timy, e nesse aspecto não menti! Aliás, não menti em nada, apenas omiti.
- É a mesma coisa.
- Desagrada-te assim tanto a ideia?
- De quê?! - Su fingiu não entender. Agarrou em Timy e entrou em casa, mas ele não desistiu.
- Que somos casados, é assim tão desagradável?
- Não gosto que me envolvam numa mentira!
- Não respondeste.
- Nem vou responder.
- A forma como me olhas-te naquela manhã, no dia que nos conhecemos, debaixo de chuva, fiquei com a ideia que não tinhas medo de nada. Mas parece que me enganei.
- Todos temos medo de algo. - E a lista das coisas, das quais ela tinha medo, acabava de aumentar!
Subiu com Timy que continuava a dormir tranquilamente por causa do medicamento. Deitou-se um pouco, precisava de descansar. Dormiu mas o sono não foi tranquilo, sonhou que ia procurá-lo para irem com Timy ao médico, a morena estava na cama dele, e ele estava de boxers no meio do quarto. Acordou sobressaltada. Desceu horas depois com Timy, que felizmente, parecia já não ter nada. A medicação fizera efeito, e era outra vez o menino alegre e bem disposto de sempre. Nessa manhã Michel recebeu um telefonema e saiu. Dizendo apenas para telefonar se Timy piora-se. Passou o dia todo de mau humor, imaginava-o nos braços da morena, e sentia vontade de gritar. Ele nunca se ausentou tanto tempo, a noite chegou e ele não veio jantar. Estava na cama a ler quando ouviu a porta do quarto dele. Nem sequer foi ver o filho! Que ódio daquela mulherzinha! Adormeceu e voltou a sonhar com a morena na cama dele, rindo-se dela. Olhou para o relógio, apenas tinham passado vinte minutos desde que se deitou! Sentou-se na cama, o coração parecia querer sair do peito. Estava decidida, não importava os dias que ele fosse interessar-se por ela, ela ia aproveitar cada segundo. Não ia deixar que aquele estúpido medo, a acorrenta-se.
Bateu à porta do quarto dele, mas não obteve resposta. Voltou a bater, nada. A insegurança voltou! Que estava a fazer?! Quem lhe garantia que ele estava sozinho?! Se a sua avó... a porta abriu-se, ele estava enrolado numa toalha.
- Timy está bem?!
- Sim, não teve febre todo o dia - Agora que o tinha ali à sua frente não sabia que fazer, como agir.
- À algum problema?!
- Não, eu... - Su olhou-o, estava a ser idiota, não tinha experiência, ele estava acostumado a mulheres sensuais que sabem como cativar um homem, ela não sabia que dizer, quanto mais que fazer. Deu um passo para trás.
- Sabes que és muito complicada?! - Sem desviar a vista dela, Michel agarrou-lhe a mão e puxou-a para junto dele. - Muito mesmo...
O beijo terno e carinhoso, fez Su esquecer todas as dúvidas que anteriormente estavam na sua cabeça. Michel, levou-a até à cama e entre beijos, tirou-lhe a camisa. Continuou beijando o seu corpo nu, as mãos experientes dele exploravam o corpo dela, que arqueava a cada caricia. Quando ele lhe tirou as cuecas ela encolheu-se, ele parou e olhou-a nos olhos.
- És virgem?!
- Esquece... - Su sentou-se na cama e tentou agarrar a sua roupa- Isto foi um erro.
Su levantou-se mas ele agarrou pela cintura e aprisionou-a entre ele e a cama.
- Desta vez não! Fomos demasiado longe, para fingir que nada se passou. O que sinto não vai desaparecer, apenas quero saber o que te fizeram, depois disso... Bem, depois depende de ti!
Ficou a olhá-lo uns instantes antes de falar, começou com voz trémula mas aos poucos ganhou confiança e contou-lhe tudo. Durante o relato ele manteve-se em silêncio, apoiado num dos braços e mantendo o outro em cima do corpo dela, aparentemente estava calmo mas ela sentia os músculos dele relaxarem e ficarem tensos consoante o que ela ia dizendo. Quando terminou as lágrimas que caiam foram carinhosamente retiradas pela mão dele, beijou-a rapidamente nos lábios.
- Esse idiota não soube o que fazer contigo, e acabou por culpar-te!
- Soube sim, Tanto que fez!
- Isso não é sexo, e muito menos é amor! Porque acreditas-te nele?
- Porque tinha medo e não estive com mais ninguém! Não achas que ele pode ter razão, e eu não consiga... - Ele calou-a com um beijo.
- Duvido, e muito. Mas deixa-me julgar a mim!
- Não sei que fazer.
- Deixa-te levar pelo que sentes. O resto deixa comigo... - Su sentiu a mão dele na sua coxa e estremeceu.
- E não te vais aborrecer de me ensinar?!
- Será um prazer.
Voltou a ajeitá-la debaixo dele e começou a beijá-la desta vez com mais calma e carinho, Su era invadida por uma avalanche de sentimentos, cada um mais forte e intenso que o anterior. Sentia um calor inundar-lhe o seu interior, e pensava que ia terminar em breve, mas enganou-se, ele continuou, beijando-a e acariciando-a, mantendo-se firme na sua intenção de lhe dar prazer. Su sentiu tanto prazer, que pensou que ia enlouquecer.
- Por favor... pára... não aguento mais...
- Queres que pare?!
- Sim... não... ai, não sei.
Ele sorriu e afastou-lhe as pernas, Su encolheu-se um pouco, mas bastou sentir a boca dele sobre a sua e esqueceu tudo o resto, sentiu que ele estava dentro dela, quando ele iniciou um vai e vem suave e cadenciado, desta vez não teve qualquer dor, apenas sentia um calor reconfortante. Su deleitava-se com cada movimento como se fosse uma descoberta, mas pouco tempo depois queria mais, precisava de mais, e ao primeiro pedido, ele fez-lhe a vontade, e ela pode constatar que ele tinha razão, foi realmente um prazer.
Algumas horas depois acordou, estava nua e estava deitada no peito dele. Sorriu, afinal não foi nada parecido com a sua primeira vez! Nunca imaginou que seria assim. Pensar no que tinha acontecido entre eles, fez crescer dentro dela o desejo. Queria-o outra vez! Aquilo seria normal?! Lembrou-se do que ele disse: segue o que sentes. Foi o que fez, seguindo o desejo, começou a acariciar o peito dele e a dar-lhe pequenos beijos até que ele acordou.
- Tens noção do que estás a fazer comigo?!
- Estou apenas a deixar-me levar...
Ele tentou puxa-la mas ela evitou-o, e voltou a beijá-lo. Desta vez foi ela que percorreu o corpo dele com beijos e caricias, ela gostava de ver que tinha um certo poder sobre ele, podia ver como ele se controlava, sentia os músculos dele ficarem tensos a cada caricia mais atrevida, mas deixou-a explorar o seu corpo, até que achou que ela estava a demorar demais...
- A paciência de um homem tem limites...
Rolou sobre ela e beijou-a mas desta vez com mais urgência, o desejo era bem visível nos olhos dele. Adormeceram extasiados nos braços um do outro.
Su estendeu o braço, a cama estava vazia. Deixou-se ficar na cama, a apreciar aquela languidez. Ouviu Timy a rir, vestiu-se e foi ver o menino. Michel já lhe tinha dado banho e estava a vesti-lo. Timy viu-a e começou a ficar agitado, ele só notou a sua presença nessa altura, quando o menino esticou os bracinhos para ela.
- Mamã...
Ficaram os dois a olhar para ele, tinha dito as sua primeiras palavras. Mamã! Su sentiu os olhos encherem-se de lágrimas.
- Acho que a mãe ficou emocionada!
- Não digas isso, ele vai repetir.
- O quê? Mãe?! E porque não?! Incomoda-te?!
- Não, é que sabemos que não sou e não é correto. - Mas ela desejava ser, como desejava! - Vou vestir-me.
Michel estava a fazer o pequeno almoço, e Timy estava sentado na cadeira dele à mesa.
- Já lhe deste o pequeno almoço?
- Não, podes fazer isso?!
- Pensei que fosse essa a razão da minha estadia nesta casa.
Ele não gostou do tom dela, nem ela gostou de se ouvir, estava irritada, e não sabia porquê! Sabia! Queria ser a mãe de Timy, mas uma mãe permanente, não uma que ele trocaria quando se cansasse. E saber que podia ser substituída na vida de Timy e na dele, por outra qualquer irritava-a.
- Aconteceu algo durante a minha ausência na cama?!
- Não. Porque devia de ter acontecido?!
- Não sei. Estás diferente. Acaso estás arrependida?
- Claro que não! - A resposta saiu-lhe rapidamente, talvez até mais rápido demais.
- É bom saber. A nossa cozinheira está doente, acho que apendicite. Já pedi outra, mas até lá temos de cozinhar.
- Temos?! - Ela olhava divertida para ele, imaginá-lo de avental devolveu-lhe a boa disposição - E sabes fazer o quê?!
-Tanta coisa... ao almoço vais comer o melhor frango à Toscana que já comeste na tua vida.
- Isso é fácil, nunca comi.
Ele deixou o prato das torradas em cima da mesa e agarrou-a pela cintura, olhou-a nos olhos.
- Estás a duvidar das minhas aptidões como cozinheiro?! - Quando ele a encostou ao seu corpo, sentiu o desejo crescer dentro dela, abriu a boca um pouco a jeito de convite, convite que ele não recusou. Separaram-se quando Timy reclamou a sua atenção.
- Acho que temos um sério problema. - Ele parou de a beijar mas não a soltou.
- Que é...
- Tenho de te dividir com outro homem! Podes considerar-te sortuda, não gosto de dividir o que é meu.
Su ficou sem palavras. Ele considerava-a dele?! Mas por quanto tempo?! Quanto tempo demoraria a cansar-se dela e substituí-la por outra mulher?!
Nessa noite ela foi deitar-se, ele ficou no escritório como sempre. Foi para o seu quarto, o facto de terem dormido uma noite, não significava que passavam a dormir juntos. Estava a sonhar com ele, as suas mãos fortes aconchegavam-na junto a ele, dava-lhe um beijo docemente na testa e desejava-lhe boas noites. Ela aninhava-se nos seus braços e adormecia sorrindo. Na manhã seguinte viu que não tinha sido um sonho, ele estava ali, na cama dela. Teve de concordar que ele foi um cavalheiro, não a acordou, apenas a aninhou junto a ele. Ele mexeu-se, e ela fechou os olhos fingindo dormir. Com todo o cuidado ele tirou a mão dela de cima do seu peito e saiu da cama, ela abriu um pouco o olho e viu-o abrir a porta que ligava o quarto ao de Timy, voltou instantes depois. Ela não teve tempo de fechar os olhos, ele sorriu ao perceber que ela estava acordada.
- Logo temos de voltar para a minha cama, esta é um pouco pequena para nós os dois. - Sentou-se na cama e deu-lhe um beijo. - Sabes que ficas linda quando dormes?!
- Não, e não sei se gosto disso.
- Do quê? De seres linda?
- Não, do facto de dormirmos juntos.
- Porque?!
- Porque... porque...sei lá! - Su queria dizer-lhe que o facto, de dividir uma cama com ele todos os dias, dava um ar de compromisso a toda aquela situação. Mas apenas saiu da cama e vestiu o roupão, ao passar junto a ele, viu-se carregada pelos braços onde passou a noite...
- Que fazes?! Põe-me no chão...
- Não faças barulho... Vais acordar Timy. Não és tu que gosta de andar na chuva?! Não é bem chuva, mas é o mais parecido, e assim não corremos o risco de sermos presos. Um dia, fazemos um passeio à chuva.
Deixou-se levar por ele até à casa de banho, depois de abrir a água do chuveiro começou a despi-la lentamente sem lhe tocar, apenas lhe dava um demorado beijo a cada peça que tirava, quatro tortuosos beijos... Quando entraram na cabine, uma vez debaixo da água, começou a ensaboá-la, as mãos dele percorreram o corpo dela, espalhando o gel de banho numa deliciosa tortura, segundos depois ela estremecia de desejo. Nunca imaginou que um duche podia ser tão sensual. Desejava-o! Não estava disposta a esperar mais, tirou-lhe a esponja da mão e atirou-a para o chão.
- Pensas torturar-me mais tempo?! - Ela entrelaçou os braços em redor do seu pescoço e roçou os seios pelo peito dele, os seus olhos brilharam de desejo. - Não sei se aguento...
- E achas que a tortura é só tua?!
A tarde estava fria, ela fazia o jantar enquanto Timy brincava. Michel, protestou mas deixou-se convencer por ela a deixa-la cozinhar. Começou a cheirar a tomate e especiarias, ela sorriu, a sua avó ficaria orgulhosa. Aquela receita de peixe estava na família à gerações. O molho raramente ficava como o da avó, mas desta vez parecia ter conseguido.
Umas mãos abraçaram-na e sentiu a respiração dele no seu pescoço.
- Não sabia que cozinhavas tão bem.
- Não tens o monopólio da culinária. - Ela voltou-se para ele - Se quiseres posso cozinhar.
- A cozinheira já vêm amanhã. Prefiro ter-te livre para mim.
- E que pensas fazer com Timy?! Vais arranjar outra ama?
- Terei de aprender a dividir-te.
- Não tarda cansas-te de mim e...
- Quem disse que me vou cansar de ti? - Ele apertou-a mais e beijou-a, mas um beijo urgente, com alguma fúria até - Casa-te comigo.
- O quê?! - Ela estava abismada, tinha-a pedido em casamento?!
- Casa-te comigo.
Voltou a beijá-la com urgência, como se dependesse desse beijo a resposta dela. Casar?! Não hesitaria se a ama-se! Afastou-se um pouco, e tentou falar calmamente.
- Porque queres que me case contigo?
- As pessoas casam porquê?
- Infelizmente pelas mais variadas razões. Quando me casar, será com um homem que me ame, e que eu ame!
- Pensei que querias que arranja-se uma mãe para Timy.
- Isso não é motivo para nos casarmos!
- Porque não?! Entendemos-nos bem, em todos os aspectos, gostas de Timy, ele adora-te. Que mais queres?!
Que me ames. Respondeu mentalmente, apenas que me ames, como te amo a ti.
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