quarta-feira, 16 de novembro de 2016

MEDO DE AMAR 2ª PARTE


As revelações sobre o seu pai, deixaram-na desconcertada. Não que fosse totalmente uma surpresa. Mas insinuar-se à cunhada?! Parecia-lhe demais, até para ele, um mulherengo incurável.

Lembrava-se da primeira vez que o viu com outra mulher, regressava da escola, quando os viu. Estavam num café, uma amiga, dissera-lhe então. E ela acreditou, mas o pai tinha imensas amigas, e elas começaram a frequentar a sua casa depois da mãe falecer. Quando ficou mais velha, percebeu que as amigas eram mais que isso. Queria sair dali, mas não podia. Obrigou-se a "aceitar" o pai. Um dia iria sair daquela casa...
E anos depois esse dia chegou quando entrou para a faculdade, isso deu-lhe a oportunidade que precisava, mudou-se para a residência sem dar grandes explicações sobre a permanencia lá durante os fins-de-semana e quando terminou os estudos, com o pretexto de ficar mais perto do trabalho, alugou um apartamento. Os anos passaram e nunca mais regressou a casa. Não queria viver com o homem, que ela considerava responsável pela morte da mãe. No ano seguinte a terminar os estudos, abriu a joalheria, e começou a namorar Mike. Meses depois ele mudou-se para o seu apartamento, achava normal desejar fazer amor com ele, afinal era seu namorado. E pensava que ele também gostava de estar com ela, mas um dia Mike disse-lhe que não era normal uma rapariga ter tanto desejo. Dias depois terminaram o namoro, e por uns dias sentiu-se sem rumo. Estava a transformar-se na versão feminina do pai, assim como o pai, ela também precisava de estar com alguém constantemente. Um dia, entre lágrimas, percebeu que também ela iria destruir a vida de alguém, como o pai destruiu a da sua mãe! E isso ela não ia permitir. Tinha de arranjar um namorado, alguém que a fizesse manter os pés no chão e que não se importasse de apagar o desejo que a consumia. Nesse turbilhão de desespero conheceu César e simpatizou com ele,César era calmo, e transmitia-lhe alguma serenidade, não lhe despertava desejos incontroláveis, e era isso que ela precisava. Uma relação calma e tranquila. Quando este oficializou o pedido de namoro aceitou sem reservas. Com o tempo César começou a passar algumas noites com ela, todas elas decididas por ela. Mas, o que ao inicio a levou a gostar dele naquele momento irritava-a. Já não desejava estar com ele, Estava cansada daquela pacatez, achava-o aborrecido, patético até. Seria isso que o seu pai sentia a respeito das mulheres que levava para casa?! Novamente começou a perguntar-se se não estaria ela cada vez mais perto de ser igual ao seu pai?! Pensava constantemente sobre o assunto, e isso tirava-lhe o sono.

O relincho de um cavalo afastou aquelas recordações. Agarrou um álbum e, pensando distrair-se, sentou-se no sofá mas tal não aconteceu. Os seus pensamentos voavam até o seu maior medo. Transformar-se no seu pai. Ao ver a foto da sua mãe magra e sem brilho no olhar fechou o álbum com fúria.
Não podia mergulhar novamente nesse desespero, tinha de fazer algo, de lutar contra esses pensamentos, e o trabalho era a única coisa que a fazia esquecer. Entregava-se de tal forma ao trabalho que se esquecia de tudo o que a rodeava. E era isso mesmo que estava a precisar, abstrair-se de tudo o que a atormentava

Anoiteceu e ela permanecia no escritório. Contratos, guias de remessa... Tanta coisa para rever... Talvez não fosse má ideia aceitar a oferta de Ryana. Um fim de semana longe da joalharia, ia fazer-lhe bem, a ela e ao pequeno Frank, o seu lindo afilhado. Com isso em mente, agarrou no telemóvel, a voz da amiga não tardou a fazer-se ouvir.

- Ainda estás viva, ou já foste abalroada por algum cavalo?
- Consegui sobreviver.
- Com esse feitio ainda tinhas alguma dúvida?! Espera aí, não estás a pensar voltar, pois não?!
- Não, pelo contrário. Quero que venhas com o meu afilhado este fim de semana.
- Passar um fim de semana aí?! No meio do campo?!
- Claro, acho que Frank ia gostar.
- E qual é a contrapartida?!

Bea sorriu, a amiga conhecia-a demasiado bem.

- Não consigo enganar-te.
- Nem sei porque tentas...
- Tenho demasiadas coisas para rever, uma ajudinha profissional dava jeito.
- Chamaste-me profissional?! Estás a dar valor ao meu trabalho?!
- Sabes que sempre dei.
- Pois... E tu sabes que a tua sorte é eu conhecer-te desde sempre?! Bem, mudando de assunto, isso é fácil de encontrar ou tenho de arranjar um GPS?

Depois de dar as indicações a Ryana ficou mais animada, ter a amiga por perto seria bom. Podiam dormir no quarto que fora dela em tempos, se não estava enganada, era o único com duas camas. Lembrou-se que ainda não conhecia o pessoal doméstico e que Mima ia deixar a herdade.

Olhou o relógio, ainda ia a tempo de falar com ela.
Mima limpava a bancada da cozinha, o cheiro de assado enchia o ar e uma panela fervilhava no fogão.

- Cheira bem.
- Assado, como a menina gosta e sopa de legumes.
- Mal posso esperar.
- Está com fome?!
- Não, pelo menos agora. Queria falar sobre os empregados da casa.
- Os empregados da casa... Bem, resto eu. Todos se foram embora. Depois que a Eme... Bem, não havia razão para ficarem. Eu fiquei, porque queria ver a menina antes de partir.
- Ainda bem que ficou, e sabe que não precisa ir.
- Eu sei, mas já trabalhei anos suficientes.
- Concordo, merece descansar. - Bea olhou Mima enquanto esta via o assado - Mima, posso fazer-lhe uma pergunta sobre Maximillian?
- Algum problema com ele?
- Oh não, já vi que sabe o que faz, mas Eme confiava nele?
- Cegamente, Maximillian é filho de James, o encarregado. Não se lembra dele?
- Vagamente, pensei que James fosse solteiro.
- A mulheu morreu no parto, Maximillian foi criado por uma tia, por isso nunca o viu, mas deve de ser da idade da menina... - Mima fez uma pausa - não, agora que penso, é mais velho. Maximillian é um homem à antiga... Daqueles que já não se fazem. Muitos recusariam deixar a vida na cidade mas ele não hesitou quando James ficou doente. Mal soube regressou e passava o tempo a cuidar do pai, só saía de casa quando o pai estava a fazer os tratamentos. Mas nem assim se afastava muito, permanecia por aqui e ajudava a tratar dos cavalos. Escusado será dizer que a sua tia gostou da forma como trabalhava com os animais e acabou por lhe oferecer trabalho.
- Percebo...

Depois de agradecer a Mima, deixou-a a terminar o jantar e dedicou-se a percorrer a casa. Entrou no quarto que era da tia e não conseguiu evitar uma lágrima. Ainda estava tudo como no tempo em que ela ali morava, a escova da tia em cima da cómoda, um livro com um marcador na mesa de cabeceira... Saiu do quarto, doeu-lhe mais do que ela imaginara, tinha de lidar com as emoções pouco a pouco. Entrou no que foi o seu antigo quarto, tinha cortinas novas. Tirou as colchas das camas, verificou a firmeza dos colchões e deixou-as assim. Sim, Ryana e Frank ficariam confortáveis ali. Correu as cortinas, a árvore que estava em frente à janela, cresceu e tapava parcialmente a vista sobre o lago. Mas isso não retirava beleza à vista. E esta noite, estava particularmente linda, conseguia ver o reflexo da lua e até das estrelas nas águas limpas do lago. O relinchar de um cavalo chamou a sua atenção. Maximillian lidava com um garanhão preto. Porque continuava ali e não ia para casa?! Ficou a observá-lo enquanto trabalhava. Mantinha-se calmo, não forçava o animal a fazer o que queria, apenas o orientava. Algumas tentativas depois, conseguiu colocar-lhe a sela. Mas não o montou, voltou a tirar a sela e a coloca-la no chão. O animal acalmou-se e baixou a cabeça, como se reconhece-se quem era o amo naquela situação, Maximillian acariciou-lhe a cabeça. Seria assim com as mulheres?! Suave e firme ao mesmo tempo?! Teria com elas a mesma compreensão que tinha para com os animais?! Como se soubesse, que estava a ser observado, olhou na direcção da janela. Ela instintivamente escondeu-se, sabia que não a podia ver, mas envergonhou-se dos seus pensamentos. Foi para o seu quarto e tomou um duche de água gelada. Precisava acalmar-se. Não era a altura para despertar os seus desejos. Quando desceu, Mima esperava por ela. Depois de lhe dizer que Maximillian, a pedido da sua tia, morava no anexo, que ficava nas traseiras da casa, despediu-se e abandonou a herdade.

Maximillian estava a viver no anexo?! Tinha de falar com ele, podia ir para a cidade, se assim o preferisse, a presença dele ali não se justificava pois sempre morou sozinha!
Sentindo o estomago reclamar da pouca comida que ingerira em todo o dia dirigiu-se à cozinha. Estava com fome e o assado de Mima esperava por ela. Abriu o forno, havia comida para dois dias! Lembrou-se que Maximillian estava sozinho no anexo, podia convidá-lo para jantar, podiam falar sobre a herdade e sobre a sua eventual saída. Foi até lá, a porta estava entreaberta, mas preferiu bater. A herdade podia ser sua, mas o anexo era o espaço dele, como não obteve resposta voltou para casa, escreveu um bilhete a dizer-lhe que o esperava para jantar e colocou-o debaixo da porta do anexo.

Esperou que ele se junta-se a ela, seria de má educação começar a comer sem ele. Foi até à janela e olhou na direcção do anexo, a luz estava acesa. Talvez estivesse a tomar banho. Esperou, outra luz acendeu-se, e instantes depois apagou-se. Algum tempo depois toda a casa ficou às escuras. Finalmente! Já não era sem tempo. Nunca imaginou que um homem levaria tanto tempo a lavar-se! Sentou-se à mesa, algum tempo depois levantou-se e voltou à janela. A casa permanecia na escuridão.

Mas onde estava ele?! Não iria esperar mais tempo. Começou a comer a sopa...

- Hirra! Mas porque me importo?! - Bea atirou a colher para dentro do prato da sopa, enquanto falava sozinha.

Saiu para o frio da noite e foi bater à porta do anexo. Não obteve resposta, voltou a bater. A porta permanecia entreaberta, chamou por ele e entrou. Estava tão cansado que se deitou cedo? Foi até ao quarto, um aroma fresco permanecia no ar. Percebeu que ele não estava.

- Não acredito. Deixou-me sozinha!

Voltou para casa e comeu a sopa, que entretanto arrefecera totalmente, e um pouco de assado. Depois lavou a loiça e arrumou a cozinha. Fez café e foi para a sala, sentou-se no sofá e retomou o seu esboço para a nova linha de jóias. Trabalhou até de madrugada, dormia profundamente quando um barulho a acordou, por instantes não se lembrava de onde estava, reconheceu depois o som, era um cavalo a relinchar demasiado alto. Bocejou e colocou a almofada sobre a cabeça, tentando abafar o som. O barulho da cidade era ensurdecedor, mas os sons do campo pareciam deslocados no tempo. O cavalo voltou a relinchar, desta vez mais alto. Parecia zangado. Saltou da cama, furiosa.

- Quem consegue dormir com esta barulheira?! Ninguém solta o animal?!

Vestiu umas calças à pressa e uma camisola. Foi calçando as botas no caminho. O sol bateu nos olhos ensonados obrigando-a a fecha-los. Caminhou em direcção ao curral e olhou em seu redor, o garanhão preto que viu na noite anterior estava sossegado, mas um outro castanho estava muito agitado. Aproximou-se lentamente e soltou o animal, que, quando se viu em liberdade, correu pela herdade como se não houvesse amanhã.

- Pronto! Custava assim tanto?! Bolas, pobre animal.

Continuando o seu protesto, voltou para casa. Queria dormir mais um pouco, precisava de dormir! Estava a subir as escadas para se deitar, quando a porta da entrada se abriu abruptamente.

- Por acaso sabe o que fez?! - Maximillian olhava furioso para ela - No mínimo, tem noção da gravidade do que acabou de fazer?
- Bom dia também para si. Acabei de acordar, por isso não tenho a mais pálida ideia do que está a falar.
- Soltou Slater.
- Quem?!
- O cavalo. Fui buscá-lo ontem à noite, era para ficar preso. Tem de cobrir... - Ele levantou o braço em sinal de resignação - Não sei porque tento explicar!

E saiu tão abruptamente como entrou. Se o cavalo veio para cobrir, porque não o meteu logo com as éguas?! Era mais fácil, e evitava esta confusão. E porque não lhe disse que ia buscar um cavalo novo!? Ela era a patroa, tinha de a informar destas coisas.
Aquilo afastou-lhe o sono. Entrou no duche sentindo vontade de estrangular Maximillian. E essa vontade permaneceu enquanto tomava o pequeno almoço. Observava o alvoroço que se alastrava pela herdade. Alguns homens andavam a cavalo nos prados vizinhos, podia vê-los da janela da cozinha. Era assim tão grave soltar o pobre animal?! Claro que não! Exagerado, ele não passava disso, de um exagerado! Com estes pensamentos, voltou aos papéis que tinha de verificar.


Nunca imaginou que cuidar de uma herdade envolve-se tanta coisa. O melhor era separar em secções como fazia na joalheria. Tirou as folhas de uns dossiers e colocou-os de lado. Estava a separar as folhas por categoria quando foi interrompida por um jovem de faces rosadas.

- Patroa, já o apanhá-mos. Estava na herdade do vizinho.
- Desculpa! Como te chamas?! E quem apanharam?!
- Desculpe patroa, sou Jim, o aprendiz. Já apanharam o cavalo. Maximillian está com ele, nos estábulos.
- Obrigada Jim.

Jim saiu e ela voltou ao seu trabalho, mas a sua mente divagava... Maximillian tinha encontrado o cavalo, devia de se desculpar, afinal ela foi a causadora de toda aquela confusão ... deixou as folhas e foi até lá.

Maximillian, dava água a Slater, que estava visivelmente cansado. Deu-lhe comida e fechou a porta. Olhou na direcção dela, mas não lhe prestou atenção. Aquela atitude irritou-a, mais uma vez estava a ser mal educado! E ela não ia admitir isso. Nem a ele nem a ninguém! Se pensava que ignorando-a ela ia desistir de falar com ele, estava enganado!

- Peço imensa desculpa. Não era minha intenção causar esta confusão. Mas tudo isto se evitava, se me tivesse comunicado a chegada de Slater.
- E do que servia dizer-lhe? Acaso percebe algo de cavalos?
- Confesso que não. Mas...
- Se não percebe, não adiantava dizer-lhe.
- Ora essa, sou a dona disto!
- E isso justifica tudo...

 Maximillian voltou-lhe costas e começou a caminhar ao longo do estábulo. Chamou-o, mas como continuava a ignora-la, foi atrás dele. Quando estava a chegar perto, ele entrou numa boxe e começou a espalhar feno. Encostou-se à parede e esperou que ele termina-se. Quando viu a porta da boxe abrir, desviou-se da parede, mas bateu num balde que estava no chão e desequilibrou-se. Ao sentir que ia cair, fechou os olhos. Mas não caiu, sentiu uns braços fortes a puxarem-na. Abriu os olhos e viu que estava nos braços dele, cheirava bem e a barba estava por fazer, gostava de homens assim, fortes e misteriosos. Quantas mulheres teriam suspirado de prazer nos braços dele?!

- Está bem?!
- Sim - A pergunta trouxe-a de volta à realidade, e recordou-lhe que estava a entrar no caminho que queria evitar. Soltou-se rapidamente dos braços dele, e viu que ele sorriu com o gesto dela.
- Tem de ter cuidado.
- Não precisava, se tivesse respondido quando o chamei.
- Não ouvi.
- Não seja insolente. Claro que ouviu. Mas a má educação reina por aqui. Nem sei como a minha tia o tolerava.
- Se estivesse mais presente na vida dela, talvez percebe-se.
- Está a insinuar algo?!

Maximillian abriu a boca como se fosse dizer algo, os seus olhos ficaram mais escuros e brilhantes mas depois voltaram ao normal.

- Se me dá licença, tenho de trabalhar. Ou precisa de algo?
- Nada urgente. Mas, quando tiver tempo, gostava de falar consigo.

Viu-o levar a mão à testa e virou-lhe costas. Bea fervia por dentro. Que mal educado, a tia dele não lhe tinha ensinado boas maneiras?! Se não o fez, ela ia encarregar-se disso. Entrou em casa furiosa. Acendeu a lareira, atirou com o casaco para cima do cadeirão e sentou-se no chão com os papeis à sua volta. Mas a concentração fugia-lhe ocasionalmente...
Como era possível, um homem cheirar tão bem, ter aqueles olhos lindos e ser tão mal educado?! Nunca pensou, que uns braços pudessem ser tão fortes, e ao mesmo tempo ... Raios! Estava a pensar em coisas que não devia!

- Concentra-te! Lembra-te do teu pai. É isso que queres?! Ser igual a ele?

Ultimamente estas frases, eram repetidas vezes sem fim. E algumas vezes conseguiam o seu propósito. Voltou a concentrar-se nos papéis, algum tempo depois os seus olhos começavam a pesar, precisava de café...

Enquanto esperava que a água ferve-se, procurou uma bolachas no armário. A voz de Maximillian chamou a sua atenção.

- Mas quantas vezes tenho de te dizer a mesma coisa?! Vais fechar essa droga?!

Pelo tom de voz estava irritado, isto na melhor das hipóteses. Olhou pela janela da cozinha, Jim estava junto à torneira e Maximillian estava todo molhado. O tempo pareceu-lhe parar enquanto ele tirava a camisa. Nunca tinha visto um peito tão perfeito, tão bem delineado...

A chaleira apitou a avisar que a água estava pronta. Obrigou-se a sair dali.
Voltou aos papéis, com a cabeça dividida, entre o que tinha de fazer, e o que o seu corpo queria fazer.
Quando se concentrou, conseguiu organizar alguns dossiers. Olhou para o chão, estava quase todo coberto de papéis! Tinha arranjado uma boa confusão! Levantou-se para arrumar os dossiers, mas tinha de os levar para a sala dos fundos, era lá que ia fazer um arquivo. Com o pé abriu a pesada porta, mas o som que ouviu não foi o da porta a bater na parede.

- Quer matar-me?! - Maximillian agarrava a porta.
- Não o vi, e que mal pergunte, que faz aqui?!
- Não queria falar comigo?!
- Oh...sim. Deixe-me só levar isto para... - Agora reparava, já tinha mudado de roupa - Deixe, fica aqui. Entre.
- Meu Deus, que calor. Pretende assar algo aqui?!

Bea, olhou com vontade de o matar, como podia desejar um homem que a tirava do sério?!

- Sente-se, mas não me espalhe mais papéis.
- E isso é possível?!
- Queria falar consigo. - Bea olhou-o nos olhos, tentando mostrar indiferença, mas a imagem dele sem camisa apareceu na sua cabeça. - Bem, eu queria dizer-lhe que se quiser voltar para a cidade...
- Está a despedir-me?!
- Oh não, não é isso. Pensei que talvez preferisse morar na cidade. - Bea levantou-se a começou a mexer nos papéis, ele deixava-a nervosa.
- Se assim fosse, estava lá.
- Você é sempre assim? Irritante?
- Segundo você, irritante e mal educado.
- Olhe. - Ela largou os papéis em cima de uma cadeira e olhou-o nos olhos, não tinha percebido que ele estava tão perto - Se vamos continuar assim, acho que não vamos conseguir trabalhar juntos. Se não arranjamos uma forma de nos entendermos...
- Sei uma.

Maximillian encostou-a à parede e colocou as mãos por cima da cabeça dela, uma de cada lado, ela podia sair dali se quisesse. Deixou-se ficar, os seus olhos fixaram-se nos dele, mesmo sem a tocar ela podia jurar que sentia as mãos dele percorrendo o seu corpo. A boca dele estava perto, demasiado perto... Instintivamente abriu os lábios e ele não a fez esperar, sem tocar o corpo dela, beijou-a lentamente. Sabia a café, ou era ela?! Não sabia, apenas tinha a certeza do calor que a consumia por dentro. E só havia uma maneira de apagar aquele fogo. Não esperou que ele avança-se, agarrou-se a ele como se a vida dela depende-se disso. Quando a língua dele encontrou a dela, ela gemeu e agarrou-se a ele com mais força, desejava-o. Ali, agora.

 Mas uma voz gritou na sua cabeça. Não! Tens de parar! E pára agora mesmo! E ela assim fez, parou.
Perante o olhar incrédulo dele, afastou-o com a mesma rapidez com que o agarrou.

- Sai! Por favor, sai.

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