segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
DANIELA E O DRAGÃO BEBÉ
DANIELA E O DRAGÃO BEBÉ
" E o caçador apanhou o dragão malvado, e todo o reino pode viver em paz." Fim
- Pronto meninas, a historia terminou, Está na hora de dormir.
- Que pena! Conta outra! - Daniela e Mariana adoravam as historias que a mãe lhes contava - Por favor, só mais uma. Depois dormimos, prometemos!
- Por hoje chega, amanhã conto outra - Beijou as filhas antes de as aconchegar e apagar a luz. - Bons sonhos meninas.
Daniela mexia-se muito na cama, não deixava a irmã dormir.
- Pára! A mãe vai ouvir-te e depois ralha com as duas!
Mas Daniela não queria saber, deu mais uma volta ruidosa na cama e espreitou a irmã.
- Tu acreditas? - Daniela não estava preocupada com a mãe, sabia que só se chateava na hora, depois passava.
- No quê?!- Mariana respirou fundo para a irmã perceber que estava a ficar sem paciência.
- Em dragões. Serão tão maus como nas historias?
- Não sei, nunca vi nenhum!
- Também não vês o vento e acreditas nele.
- Isso é diferente. Vá cala-te e dorme.
- Se encontra-se um, achas que a mãe me deixava ficar com ele?
- E onde o escondias? No sótão que não temos ou debaixo da tua cama que está sempre cheia de tralha?
- Meninas! - A mãe ralhou do outro lado da porta- Vamos lá a dormir, amanhã têm aulas.
- Desculpa mãe! - Mariana baixou a voz - Vês?! Já nos veio ralhar.
Mas Danielaa não respondeu, adormeceu de sorriso nos lábios.
Na manhã seguinte acordou mais alegre que o costume, mal podia esperar para contar à irmã o sonho que teve. Assim que a mãe as deixou a tomar o pequeno almoço iniciou o relato.
- Vivíamos numa casa toda branca, e ao lado, numa casa rosa vivia a Luka, era uma dragoa bebé.
- Luka?!
- Sim! - Daniela estava impaciente -A dragoa bebé. Já te disse...
- Não existem dragoas, apenas dragões fêmeas.
- Como quiseres. Ela é muito simpática e vestia um vestido rosa com um laço na cabeça.
- Um laço?!
- Claro! - Dizia aquilo como se fosse a coisa mais natural do mundo - Ela é muito vaidosa. Usa bâton rosa com brilhantes e pó de arroz nas bochechas.
- Bâton?! Pó de arroz?!
- Posso acabar?!
- Desculpa, continua lá- Mariana escondeu o riso atrás da taça dos cereais.
- Bom. Fizemos um piquenique. Brincámos às escondidas, tu estavas com medo mas eu convenci-te a brincar.
- Ainda bem. Não queria perder isso por nada.
- Ela disse que hoje volta outra vez.
- Tu sabes que foi um sonho, certo?!
- Tu sabes que ela mora lá, certo?! Logo vou levar a bola, ela adora jogar à bola.
- Come que estamos atrasadas.
Nessa noite, assim como nas restantes do resto da semana, Daniela era a primeira a fechar os olhos e a fazer força para dormir, queria sonhar com Luka.
Na sexta feira quando acordou, estava muito alegre, quando a irmã lhe perguntou se tinha sonhado com Luka, sorriu e respondeu baixinho:
- Ela ensinou-me onde mora, assim podemos ir visitá-la quando formos ao jardim.
- Ai que ela ainda está a sonhar! - Mariana bateu com a mão na testa e seguiu a irmã até ao carro.
Daniela passou o dia todo a cantar uma canção que supostamente Luka lhe tinha ensinado.
No sábado, como era costume, foram passar o dia ao jardim. Daniela, meteu na mochila a bola ás riscas, uma corda e um caderno de cartolinas coloridas. Assim que chegaram ao jardim, e depois de pedir autorização à mãe, rumou caminho duns arbustos enormes. Mariana achou aquilo muito estranho e seguiu a irmã. Daniela entrou por uma gruta que estava por detrás dos arbustos. Mariana teve de correr para conseguir alcançar a irmã. A gruta estava escura, teve dificuldade em ver. Mas foi seguindo a voz da irmã que cantava.
Parou uns passos mais à frente, nem queria acreditar, não podia ser verdade. Beliscou-se, pois devia de estar a sonhar. À sua frente, um dragão, com pouco mais de metro e meio,com um vestido cor de rosa, laço na cabeça e com uns lábios muito bem pintados em tons rosa brilhante falava com a sua irmã!
- Olá Daniela. Eu sabia que vinhas. A minha mãe está a dormir, mas podemos brincar aqui. Sabes que não podemos ir lá para fora, as pessoas adultas assustam-se.
- Eu sei, a minha mãe diz que vocês são maus.
- Isso, são coisas de outros tempos. Agora vivemos em cavernas escuras, e nos sonhos das meninas que querem conhecer-nos. Mas têm de querer muito!
- Eu sei.
- Enquanto acreditares em nós, podes vir sempre ver-nos.
- Olha. Trouxe a bola e os papéis.
- Boa.
Mariana continuava escondida, diante dos seus olhos Luka e Daniela brincavam como se tivessem feito isso durante toda a sua vida. Queria ficar escondida, mas espirrou e acabou por ser descoberta.
- Podes vir também. Quantas mais formos, mais nos divertimos - Luka sorria para ela com os lábios muito brilhantes.
Acabou por se juntar à irmã e à nova amiga, que depois do jogo da bola e saltar à corda, agarrou no caderno e com uma "cuspidela" de fogo "bordou" nas folhas coloridas laços de todos os tamanhos e feitios.
- Acho que a vossa mão está a chamar-vos.
Para quem não sabe, os dragões, têm muito bom ouvido, só assim conseguem viver escondidos sem que os vejam!
- Mas podemos voltar? - Perguntaram as duas ao mesmo tempo.
- Claro. Não podem é dizer a ninguém que estou aqui.
- Prometemos. - As duas beijaram os dedos cruzados a jeito de promessa.
Durante o verão e por muitos anos, Daniela e Mariana continuaram a brincar com Luka. Até que elas cresceram e deixaram de acreditar em dragões.
Bem. Daniela ainda acredita, os anos passaram e ela já é mãe, mas ainda vai até à gruta. Não para brincar com Luka mas para deixar os seus filhos na entrada. Ela não entra, sabe que a entrada é proibida a adultos... Fica contente em sentar-se a ler debaixo das árvores ao som das risadas dos seus filhos que brincam lá dentro, quem sabe se com Luka ou com um filho dela. Pois nunca perguntou a Luka por quantos anos um dragão era criança.
Mas isso também não interessa, pelo menos a Daniela, e aposto que as seus filhos também não.
FIM
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Continua que vais muito bem. Beijos
ResponderEliminarObrigada amiga, beijinhos
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