O sol escondia-se no horizonte e Max ainda não tinham regressado com os póneis que tinham fugido. Começou a preocupar-se à medida que a noite avançava. Pediu a Jim que fosse procurar Max, mas não conseguia ficar mais calma.
Ryana já tinha regressado para a cidade, não tinha com que falar do seu maior receio, que Max tivesse caído novamente.
A imagem dele deitado no chão quando caiu do cavalo não se dissipava da sua mente. E parecia mais real a cada segundo que passava. Começou a andar pela casa em total estado de desespero. O estado de nervosismo levou-a a realizar inúmeras entradas e saídas em direcção ao pátio, estava mais uma vez a regressar a casa quando ouviu um cavalo relinchar.
Umas silhuetas vislumbravam-se ao longe, o pouco luar não deixava ver quem era. O seu coração parecia querer saltar do peito. Sentiu as lágrimas a deslizarem pela cara quando finalmente o viu, seguido de três póneis e Jim.
Imaginou que quando o visse se atira-se nos seus braços, mas não se conseguia mexer. Permaneceu no mesmo sitio sentindo as lágrimas deslizarem enquanto ele levava os póneis de volta ao curral. Jim passou por ela minutos depois murmurando um até amanhã, ao qual não respondeu. Sentiu-se invisível, Max nem reparara nela. Ainda estava no mesmo sítio quando ele se aproximou minutos depois.
- Nem imaginas onde... - Max calou-se ao ver os seus olhos húmidos - Aconteceu algo que eu não saiba?
Bea olhava para ele, não via o muito que se preocupou com ele? Que aquelas horas sem saber dele a deixaram de rastos, num total desespero?
- Amo-te! Mas preferia odiar-te.
Foi tudo o que conseguiu dizer, antes de regressar a casa. As lágrimas continuavam deslizando, a sua cabeça parecia rebentar de tanta pressão e preferia ignorar o bater descompassado do seu coração.
- Que disseste? - Max entrou em casa imediatamente depois dela - Podes repetir?
- O quê?! Que te odeio? Odeio-te por me fazeres sofrer. Por me deixares a pensar que podias ter...
Max calou-a com um beijo. Instantes depois afastou-a de si.
- Prefiro que repitas a primeira parte. Prefiro ouvir dizer que me amas. Que apesar de lutares contra isso, finalmente consegui conquistar o teu coração.
- Para te vangloriares junto daquela enfermeira assanhada?
- Isso são ciúmes?
- Sim, são. - Não adiantava negar o que estava escrito na sua cara, nos seus olhos.
- Admito que a usei, só um pouco, mas não tens de te preocupar com outras mulheres. - Max afastou-lhe uma madeixa de cabelo - Só consigo pensar em ti e no muito que desejei que me amasses como te amo.
Bea olhou-o nos olhos, podia ver que era verdade. Um calor reconfortante invadiu todo o seu ser.
- Ainda me amas? Mesmo depois de ter partido?
- Quis odiar-te, olha que tentei. - Max afastou-se - Deixaste-me depois de dizer que te amava. Nunca amei uma mulher e tu tratavas-me como se fosse um brinquedo.
- Desculpa... Não queria magoar-te, mas também não queria amar-te. Lutei contra o amor desde sempre. Pensei que o amor só me faria sofrer, que quando esse dia chegasse me destruiria como destruiu a minha mãe. Não queria ser uma marioneta nas mãos de nenhum homem, um ser sem vontade própria, sem iniciativa, apenas vivendo o que os demais querem.
- Pelo que a tua tia me contou não és como a tua mãe. A tua mãe, e não me interpretes mal, era acomodada, sem grandes ambições.Tu és determinada, lutadora, sempre procurando um novo desafio. E teimosa... Isso não me disse a tua tia. Nunca serás uma pessoa sem iniciativa.
- Mas sinto-me apática desde que voltei. - Bea baixou a cabeça - Só me sinto viva quando estou junto a ti.
- Ainda bem. Espero que assim seja por muito tempo.
- Pois eu não gosto de ser assim. Pensei que quando volta-se e admiti-se que te amo, que voltaria a ser a mesma pessoa. Mas não sou.
- Não?!
- Não. Perdi a vontade de... - Bea calou-se por instantes - Bem, já não tenho tanto desejo sexual. O que me assusta. Mas acaba por ser irónico.
- Porque...
Bea levantou-se e andou um pouco, estava na hora de dizer tudo o que a assustava.
- Sempre pensei que era como o meu pai, pois desejava fazer amor com o meu namorado mais vezes que o normal. Mike deixou-me por isso, supostamente uma mulher não tem tanto desejo. Não via semelhanças com a minha mãe e convenci-me que era como o meu pai. Não queria ser como ele, uma pessoa sem moral e sem sentimentos pelos demais, usava as mulheres para satisfazer os seus desejos, sem se importar se as magoava. Vi o muito que a minha mãe sofreu, isso levo-a a... - Bea apertou as mãos, fechou os olhos e respirou fundo antes de continuar - Mesmo depois de estar com Mike o desejo não acalmava, pensei que era viciada em sexo. Com o passar dos anos resignei-me e decidi aproveitar a vida. Afinal estava decidida, não queria amar. Impus a mim própria uma regra, ser fiel ao companheiro que tinha, fosse por apenas uma semana ou um mês. A fidelidade era o mais importante. Isso e a minha independência, nunca seria mais uma na colecção de um homem. Talvez tivesse escolhido César porque sabia que o podia controlar. Nunca o deixei decidir quando e onde nos haveríamos de encontrar ou se dormíamos juntos. Tinha tudo controlado. Até que tu apareceste e reviraste o meu mundo.
- Ainda bem que o fiz. Não quero que mais nenhum homem olhe para ti com olhos de desejo.
- Não?!
- Não és a única a ter ciúmes.
- A única coisa que me interessa é saber se me amas e me desejas como nos primeiros dias.
- Nunca deixei de te amar, nem quando me deixaste sem uma resposta. Ryana dizia que um dia irias aceitar o que sentias. E aí residia a minha esperança.
- Falas-te com ela?
- Era a única que te conhecia e eu estava desesperado. - Max apertou-a nos seus braços - Queria-te aqui, onde eu podia controlar os teus movimentos e assegurar que nenhum homem se aproximava de ti. Mas decidiste partir deixando apenas uma carta idiota a dizer que voltarias quando estivesses disposta a amar. Eu amava-te, não, eu amo-te. Mas estavas longe e não aceitavas o que sentias. A cada dia que passava, a ideia que não voltarias aumentava e saber que estavas a trabalhar para um homem que teve uma paixão por ti não ajudou.
- Gio é um querido, ama todas as mulheres que se cruzam com ele. Não nego que teve uma paixão por mim mas nunca foi correspondida. - Bea olhou-o nos olhos - Quando te deixei e fui trabalhar com Gio, vi que ainda me desejava, uma mulher sabe isso embora muitas não o admitam, mas quando ele me beijou não senti nada, o desejo não estava mais lá. Tinha desaparecido e isso assustou-me. Estava a transformar-me na mulher que nunca quis ser. Mesmo à distância estava dependente de ti.
- Como não sentiste nada, vou esquecer que ele te beijou.
- Ele é que me fez perceber o que sentia por ti. A única coisa que queria era regressar mesmo que isso significasse ser esse tipo de mulher que sempre abominei. Apenas queria estar contigo. Mas tu afastaste-me, como se não me amasses mais.
- Estava magoado. Queria-te mas sem reservas. E pensei que se fingisse desinteresse voltasses para mim. Que admitisses que me amavas e que tudo voltava a ser como antes.
- Pensei o mesmo.
- Somos uns idiotas.
- Somos mesmo.
Max beijou-a a ela retribuiu desta vez sem medos. Quando sentiu as mãos de Max nas suas costas gemeu e apertou o seu corpo contra o dele. O calor que a invadia por dentro tinha regressado, mas desta vez com mais força. Abriu os lábios perante a insistência da língua dele e a sua respiração aumentou.
- Não tinhas dito que o desejo tinha acabado?! - Max sorria para ela
- Acho melhor confirmar-mos.
- Isso é um convite?
- Vais continuar a fazer perguntas ou vais calar-te e levar-me para a cama?
Max não respondeu, levou-a em braços para o quarto e despiu-a entre beijos carinhosos, certificando-se que nenhum pedaço de pele era esquecida antes de fazer amor com ela com toda a calma que o momento permitia.
Bea espreguiçou-se lentamente, sentia-se realizada, estava feliz.
- Bom dia. Os teus olhos ficam lindos com esse brilho.
- Hum! Elogios ao acordar?! Olha que fico mal acostumada e vou querer acordar assim todos os dias.
- Agrada-me... acordar todos os dias com uma mulher linda e nua nos meus braços... Não imagino forma melhor de acordar.
- Parvo!
- Ei! Eu elogio-te e é assim que retribuis?! - Max começou a beijar-lhe o pescoço. - Mereces um castigo.
- Mereço?! - Ela entrou na brincadeira e começou a acariciar o peito dele - E qual será?
- Acordares a meu lado o resto da vida. Parece-te bem?
Algo na voz dele a fez parar de acariciar. Estava sério demais e tinha o olhar fixo no dela, como tinha feito outras vezes quando queria adivinhar o que ela pensava. Ele estava a perguntar-lhe o que ela imaginava?! Nunca falaram nisso mas tacticamente decidiram viver juntos. Não podia arriscar uma resposta sem ter a certeza.
- Isso quer dizer exactamente o quê?! E, antes que imagines outra coisa, apenas quero certificar-me que estou certa quanto ao que queres dizer.
- Aceitas casar comigo?
- Estás a falar a sério? -Bea sentiu os olhos ficarem húmidos. - Sim... quero! Oh Deus... sim.
- Por instantes pensei que ias dizer que não. - Max beijou-lhe a testa e foi descendo até chegar à boca.
- Não?! - Disse quando ele parou de a beijar - Amo-te, não imagino uma vida sem ser a teu lado. Quero ser a mãe dos teus filhos. Uns três ou...
Max não a deixou terminar, voltou a beijá-la e a demonstrar o muito que a amava.
Um ano e meio depois, perante os amigos mais próximos realizaram o casamento. Bea estava linda, com um vestido simples em tons pastel, achou que dadas as circunstancias, como já era mãe de um menino de cinco meses era o apropriado. Ryana e Jim foram os padrinhos do enlace e Frank teve a honra de levar as alianças.
Coube aos noivos iniciarem o baile, o brilho no olhar deles mostrava bem a felicidade que os envolvia.
-Em que pensas? - Max afastou-se dos demais convidados.
- No muito que te amo e no quanto sou feliz.
- Também te amo. - Max beijou-a. - Embora continue a achar que devíamos de ter aproveitado e baptizar Ben. Vamos ter de fazer outra festa.
- A vida deve de ser festejada. Mas se te preocupa o facto de gastar mais dinheiro, podemos aguardar mais uns meses e realizamos dois baptizados.
- Como dois?!
- Estou grávida.
- Falavas a sério quando disseste três ou quatro... - Max sorriu-lhe - Vamos ser pais novamente.
- Sim...
Max beijou-a com carinho e acariciou-lhe a barriga.
- Mais um...
- Ou dois...
FIM
Ai, ai... Que coisa tão boa de ler. Adorei o desenrolar da história. Mais uma vez parabéns pela imaginação e a criatividade.
ResponderEliminarOlá Pocahontas :) obrigada. Sabe tão bem chegar aqui e ler estas palavras doces... Obrigada de coração.
EliminarBeijinhos
Mais uma história maravilhosa, que mais uma vez me deixou ansiosa pela próxima.
ResponderEliminarObrigada amiga por escreveres assim
Eu é que agradeço o carinho... Dentro de dias já sai outra ;) Beijinhos amiga <3
EliminarAdorei do principio ao fim..obrigada por me fazeres passar bons momentos a ler o que escreves..beijinhos da Emilia
EliminarObrigada :) é um prazer proporcionar-vos esses momentos que acabam por ser meus também. Beijinhos para as duas.
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