sábado, 17 de fevereiro de 2018

O CONTRATO 5ª PARTE



- Tens a certeza que queres que vá? - Graça olhou para ela - Marisa disse que ele reclamou quando a viu.
- Que reclame o que quiser. Não vai dizer-me quem devo ou não mandar limpar a casa dele. - Bella folheou uma pasta - Esquece o dr Garcia. Temos coisas a organizar. Abre o email  e vê se chegou algum aviso de consulta para a dona Maria.
- Não entendo porque te avisam a ti.
- Porque eles tendem a esquecer-se das consultas. Falei com os filhos e agora sempre que recebem as marcações e não podem ir com os pais, eu recebo um email. A dona Maria tem consultas mensais, por isso a nova consulta não deve tardar.
- Se pretendias esquecer o dr Garcia não vais conseguir. Tens um email dele.

Bella sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.

- Que diz?!
- " Apresenta-te sexta feira ás nove". - Graça franziu as sobrancelhas e continuou - "Veste roupa confortável e trás um vestido de noite".
- Só pode estar a brincar comigo!
- Acho que não. - Graça olhou para ela e depois para o computador - Diz para...
- Vestido?! - Bella agarrou o telemóvel e marcou o número dele - Mas quem ele pensa que é?!
- Boa tarde. - Marisa entrou e ficou a olhar para elas.
- Era boa tarde!
- Problemas?
- O dr Garcia! Mas porque o aceitei como cliente!?
- Por causa do sr Abreu?! - Marisa olhou para ela a sorrir, mas o sorriso morreu perante o olhar que Bella lhe devolveu.
- O dr Garcia não está. Diz isso no email. - Graça continuou - Pede para ires tratar de Fénix até ao seu regresso.
- Outra vez?!
- É o que diz aqui.
- Perdi algo?! - Marisa olhou para Graça que encolheu os ombros e depois para ela - Sei que tem um temperamento difícil mas que homem bonito não tem?!
- É bonito?! - Graça sentou-se.
- Depende do que consideres bonito. - Bella fechou a pasta furiosamente.
- Depende?! - Marisa revirou a vista - O meu ex foi um canalha, mas ainda sei reconhecer um pedaço de mau caminho! E deixa-me que te diga, ele não é um pedaço, é o caminho inteiro!
- Sério?! - Graça parecia cada vez mais interessada.
- Juro! E mesmo com a minha idade...
- Isso mesmo! Tu tens idade para ser mãe dele e tu tens noivo. Por isso vamos trabalhar.

Graça saiu mal ela acabou de dizer aquelas palavras, mas Marisa ficou a olhar para ela com o à vontade que os anos lhe deram.

- Não pensei que Bruno te tivesse magoado tanto. Sempre pensei que um dia ias encontrar alguém ou pelo menos arranjar algum amigo mais íntimo. Se é que me faço entender.

Bella olhou fixamente para Marisa, o semblante alegre deu lugar a um olhar triste e sentiu pena da mulher que era sua amiga e companheira à mais de sete anos.

- Percebo perfeitamente. Mas quem sabe?! Talvez um dia encontre alguém.
- Se não achas o dr Garcia atraente começo a perder as esperanças.
- Tu?! Não acredito. Não tarda estás aí com um primo afastado ou um sobrinho para tentares um arranjinho. E como era mesmo que costumavas dizer?! - Bella sorriu-lhe - Ah! O mar tem muitos peixes!
- Ter ele tem... mas resta saber se tu queres ir à pesca!
- Está frio demais para sair de pescaria. Quando chegar o verão penso nisso. Entretanto vamos trabalhar?!


Bella tinha tudo controlado, de manhã era Graça que, aproveitando a passagem pelo solar, tratava de Fénix, ao anoitecer era Bella que se encarregava de cuidar dele. Mas numa manhã Graça chegou afogueada.

- Que aconteceu rapariga?!- Marisa parou de arrumar os materiais ao ver o rosto dela vermelho.
- Ele estava lá! - Graça sentou-se.
- Quem e lá onde? - Bella olhou para Graça sem entender nada.
- O dr Garcia. Fui dar ração ao bichano, como sempre faço antes de vir, mas hoje não dei.
- Já sei! - Marisa levantou um braço - Ele expulsou-te!
- Se fez isso vai... - Bella agarrou o telemóvel disposta a dizer-lhe tudo o que tinha estado a aguentar.
- Não! Ele nem me viu, pelo menos assim espero.  Estava a fazer ginástica no jardim e sem camisa! Ai Deus... Sai a correr dali!
- É bonito não é?
- Se é... Eu nunca... - Graça calou-se quando o telemóvel de Bella tocou.

Marisa sentou-se junto a Graça e começaram a realçar a beleza de Marc. Enquanto Graça fazia a descrição do corpo de Marc, ela recordava a manhã em que o viu fazendo a barba e estremeceu. Desde que o vira pela primeira vez que sentira uma certa atracção por ele mas depois daquele beijo não o conseguia tirar da cabeça.


- Faço por si, bom dia.
- Bom dia! - Marc saudou do outro lado. - Recebeste o meu email?
- Se não tivesse recebido, Fénix teria morrido à fome.
- Estás de mau humor?!
- Não. Apenas com dor de cabeça.
- Isso é muito aborrecido, espero que melhores rápido.
- Obrigada.
- Precisava de ti por uma hora.
- Para...
- Preciso de ajuda com umas fotografias. Pensei que podias indicar-me o melhor local e talvez acompanhar-me.

Bella olhou para Graça e para Marisa que, como duas adolescentes, continuavam a sussurrar.

- Sim. Penso que posso ajudar-te.
- Óptimo. Até já.

Bella colocou o telemóvel em cima da mesa e olhou para elas.

- Já acabaram?! Graça vais ter de voltar ao solar.
- Eu?! Não sei se...
- Ele já se vestiu por...
- Como sabes?!  - Marisa sorriu maliciosa - Ele disse-te?
- Estás muito animada hoje. - Bella sorriu - Eu tenho de ir à cidade e o dr Garcia disse que era apenas uma hora.
- Eu posso ir à cidade por ti. - Graça deixara de rir - Aliás, preferia ir.
- Desta vez não me podes substituir. - Bella agarrou a mala e meteu lá dentro o telemóvel - Tenho uma reunião na câmara. E tu, - Bella voltou-se para Marisa - vais com ela e aproveitas para limpar a casa. O facto de estar a fazer ginástica indica que dormiu lá.
- Sabes perfeitamente que ele não me quer lá. Tens sido tu a tratar...
- Eu sei. Mas também sei que tenho outros afazeres e não podemos dar-nos ao luxo de acumular serviço. Por isso hoje teremos de fazer das tripas coração, as três! Ou achas que vou de boa vontade aturar o vaidoso do vereador?!

Bella ajeitou o espelho retrovisor de modos a ver Marisa e Graça. Aquele era um bom castigo para as duas e com um pouco de sorte conseguia irritar Marc. Ao pensar que tinha aguentar o vereador mais emproado e mulherengo que conhecia perguntava-se se ela não seria a mais castigada.

Quando terminou a reunião dirigiu-se ao seu carro e nem queria acreditar no que via. Marc estava apoiado no seu carro!
Olhou para o relógio. Tinha passado uma hora e meia desde que mandara Graça ter com ele. Já teria terminado o que queria fazer?! E o facto de estar ali era apenas uma coincidência?!

- Já... - As palavras ficaram presas na garganta dela ao ver o olhar dele. Estava furioso!
- Podes dizer-me porque enviaste aquela mulher?
- Ela não fez o que querias?
- Quando digo para ires, espero que vás!
- Nem sempre posso. Como podes ver estive numa reunião!
- E já terminaste?
- Sim.
- Então anda.
- Onde?
- Entra no carro.
- Eu tenho carro! Posso seguir-te.
- Vamos no meu carro.
- E o meu fica aqui?! Nem penses!
- Não me tires do sério. Entra no carro!
- Sabes que pareces um menino mimado?! - Bella não se conteve - Pensas que estalas os dedos e fazemos o que queres?! Já tens idade suficiente para...

Um beijo furioso foi a resposta às suas perguntas. Inicialmente tentou lutar contra o desejo que sentia mas bastaram uns segundos para se render e as mãos que supostamente eram para o afastar, acabaram por rodear o pescoço dele com os braços. Afastaram-se quando ouviram conversas. Bella ainda sentia o braço dele na sua cintura quando olhou para ele envergonhada mas ele parecia não ligar minimamente para quem passava na praça. Sentindo raiva de si mesma afastou a mão dele e entrou no seu carro.


Bella caminhava pelas ruas desertas alheia à chuva que começava a cair. Tinha ido jantar com dona Luísa para tentar encontrar alguma serenidade. Serenidade que a abandonara à mais de três dias, durante os quais Marc não dera sinais de vida. Sempre que ia ao solar ele não estava. O que ela agradecia, pois depois do beijo em plena praça, tivera certa dificuldade em realizar as tarefas que tinha destinadas para o dia e os dias seguintes não correram melhor.
Porque não conseguia esquecer os beijos dele?! As recordações eram tão vivas que se fechasse os olhos podia sentir o calor da boca dele sobre a dela. A chuva aumentou e ela apressou o passo, não convinha apanhar uma gripe.

Estava a sair do banho quando o telemóvel tocou. Enrolou uma toalha ao corpo e olhou para o ecrã. Era Marc. Deixou tocar mais um pouco e depois atendeu o mais calma que conseguiu.

- Sim?!
- Espero não ter ligado num momento inoportuno.
- Desejas algo? - Bella estremeceu ao ouvir a voz dele.
- Estás a...como se diz?! Despachar-me?!
- Não! Apenas quero vestir...

 Bella calou-se ao perceber o que estava prestes a dizer e sentiu o rubor no rosto. Sabia que era uma idiotice mas não conseguiu evitar recordar os beijos e desejou que ele estivesse ali. O que levou a que se irrita-se com o pouco controle que tinha sobre os seus desejos.

- Desculpa. Não sabia que estavas acompanhada.


Bella olhou para o ecrã, Marc desligara! Mais uma vez desligara na sua cara! Atirou com o telemóvel para cima da cama e vestiu um pijama. O som do telemóvel anunciou uma mensagem. Era dele.

" Espero não ter arruinado a tua noite.
Apenas queria recordar-te que tens de trazer um vestido de noite
Marc"


Leu a mensagem mais uma vez e escreveu

" Não te preocupes, vou pedir a Graça que leve o vestido mais bonito que tiver.
Isabela"


Olhou para o telemóvel aguardando da parte dele uma resposta, mas esta não chegou. Meia hora depois voltou a olhar o telemóvel que continuava sem resposta.
Sabia que tinha sido impulsiva, aliás era quase sempre, o sr Abreu dizia-lhe isso muitas vezes. Isso e  que um dia a sua impulsividade iria colocá-la em apuros.
Esperava que não fosse esse o dia. Aquela atitude podia criar alguma animosidade entre ela e o sr Abreu afinal ele tinha-lhe pedido que incluísse Marc na sua agenda como um favor a ele. E se havia pessoas a quem ela devia favores o sr Abreu era um deles.

Deitou-se no sofá a olhar a chamas da lareira enquanto na televisão passava uma série de comédia. Pouco depois a campainha tocava insistentemente. Olhou lá para fora, a chuva continuava a cair cada vez mais forte devido ao vento. Era preciso acontecer algo muito sério para que alguém saísse de casa com aquele tempo.

- Estou a ir...

Bella abriu a porta e ficou sem palavras ao ver Marc. A água escorria pelo seu cabelo e pingava sob os ombros largos ensopando o casaco que já estava colado ao corpo. Mas apesar de estar completamente encharcado sorria enquanto olhava o pijama rosa dela.

- Bonito pijama...
- Vieste até aqui para me elogiar o pijama? -  Bella olhou para ele quando um relâmpago iluminou o céu e reflectiu no cabelo dele - Oh Deus! Entra antes que apanhes uma pneumonia. Vou fazer-te café.
- Obrigada mas não há necessidade. - Marc ficou na porta - Quem é Graça?
- Porquê?

Bella dirigiu-se à sala e ele não teve outra opção se não segui-la.

- Porque assinei contrato contigo. Não com Marisa ou Graça ou com qualquer outra mulher que me queiras impingir!
- Impingir?! - Bella irritou-se - Tu conheces Graça e mesmo que assim não fosse nunca tive razão de queixa de nenhuma das minhas funcionárias!
- Funcionárias?!
- Claro! Antes de delegar seja o que for, faço-o eu primeiro.
- Ou seja, depois dos primeiros dias desapareces?
- Não definitivamente. Gosto de manter contacto com todos os meus clientes. Espera aí! - Bella olhou-o seriamente - Pensaste que enviei uma pessoa qualquer a tua casa?! Sou profissional, o meu trabalho está acima da minha vida pessoal. E Graça é muito eficiente.  Espero bem que não tenhas sido rude com ela!
- Não! Bem, acho que não. - Marc levou uma mão ao cabelo molhado.
- Que lhe disseste?! - Bella falava como se ele fosse uma das crianças que ocasionalmente cuidava.
- Não recordo bem... Algo do tipo que se não me queres ver devias dizer-mo na cara.
- Não sejas convencido! É certo que não nos devíamos ter beijado mas agora já está! Tento respeitar as "manias" dos meus clientes! Sei como és com os teus livros. Pedi a Marisa para ir porque era para fazer limpezas na casa e como tal a minha presença não era necessária! E a Graça porque tinha uma reunião. - Bella recordou o que ele disse sobre os beijos e não se conteve - Não são uns meros beijos que...

Bella calou-se quando Marc a segurou pela cintura e a apertou contra ele. O frio da chuva atravessou o pijama e Bella estremeceu, mas ele não a soltou, pelo contrário apertou-a mais e olhando-a nos olhos beijou-a. Marc colocou uma mão debaixo da camisa do pijama dela e a língua dele procurou a dela ao mesmo tempo que a mão percorria a pele nua dela. Bella soltou um suspiro quando ele a agarrou ao colo e a levou até ao sofá onde a colocou suavemente sem parar de a beijar. Pouco depois a camisa do pijama repousava no sofá enquanto Marc percorria o corpo dela com beijos. Bella gemia de prazer e o corpo dela parecia ter vontade própria contorcendo-se a cada carícia. Quando ele lhe despiu as calças, deixando-a só com a roupa interior, o desejo aumentou de tal forma que parecia queimar o seu interior.
Ela sabia que aquilo era uma loucura mas naquele momento isso não importava. Queria mais... Muito mais!
Mas Marc parou e olhou-a fixamente.

- Bella não...

Bella não o deixou continuar, colocou os braços em redor do pescoço dele e puxou-o até voltar a sentir os lábios dele sobre os seus. Embora mais lentamente que ele, acabou por despir-lhe a camisa e beijou-lhe o peito ainda frio pela chuva. Bella sorriu ao ver que a cada novo beijo, ele contraía os músculos, ela sentia-se mulher como nunca se sentira. Retomou o caminho da boca dele com leves beijos, consciente da doce tortura que lhe estava a infligir.
Mas a tortura durou pouco, Marc segurou-lhe os braços e colocou-a debaixo do corpo dele. Ao ver o brilho nos olhos dele percebeu que a deixara brincar com o corpo dele, mas que a brincadeira terminava ali, ele tinha atingido o limite. Enquanto despia as calças mantinha o olhar fixo no dela e quando voltou a apoiar o corpo sobre o dela, Bella conteve a respiração. Nunca sentira um desejo tão intenso, tão avassalador como naquele momento.
Marc levantou-se ligeiramente para lhe despir as minúsculas cuecas de renda e beijou-a ao mesmo tempo que a penetrava. Bella abraçou-o e juntou-se a ele no doce vai-vem até que os corpos cederam esgotados mas satisfeitos.

Uma hora depois Bella sentia o braço de Marc sob o seu corpo, a suave respiração dele dizia-lhe que adormecera. Mas ela, apesar da languidez do momento, permanecia olhando as chamas tentando perceber como chegaram àquela situação.
Ele tinha ido ali, tinham iniciado uma semi discussão, depois beijaram-se e pouco depois ela praticamente lhe implorou que ficasse. Não com palavras, mas não era mais criança, sabia que nem tudo precisava ser dito. Ela tinha-o provocado e ele acedera.
Mais uma vez tinha agido por impulso mas desta vez tinha a certeza. Aquela era uma situação que lhe traria problemas, muitos problemas. E olhando as chamas que se moviam com a mesma sensualidade com que se tinham movido os corpos deles, adormeceu.



Bella olhou para Marc, este, apesar do silêncio, parecia absorto na condução. Desde de saíram de casa dela que não disseram nada e aquele clima estava a deixá-la nervosa.
Estaria arrependido do que aconteceu?! Ou estaria preocupado por não terem usado protecção?! Talvez fosse melhor falarem sobre o assunto. Bella olhou para a paisagem que lhe pareceu familiar e percebeu que estavam a chegar ao solar.

- Não era suposto irmos em viagem?
- E vamos, mas preciso tomar banho.
- Ah...
- Ah... o quê?!
- Não entendi a pergunta.
- Disseste ah! Como se essas duas letras explicassem algo.
- Não pretendia explicar coisa alguma.
- Nesse caso... - Marc saiu do carro.

Bella olhou para ele enquanto se afastava. Porque falava com ela daquela forma, como se não tivesse acontecido nada entre eles?! Mesmo que ela não quisesse dizer que dormiram juntos, e não queria, não merecia aquele tratamento tão frio!
Ficou dentro do carro a recordar os acontecimentos desse início de manhã.

Ela acordara com o barulho do carro do lixo. Ao ver as horas ia tendo uma coisa má. Marisa não tardaria a irromper sala dentro!

- Deus do céu! - Bella levantou-se como se o sofá ganhasse picos - Vamos! Tens de te vestir e ir embora.
- Estás a falar a sério?! - Ele apanhou a roupa que ela lhe dava
- Claro! Marisa não deve demorar e não pode ver-te aqui.
- Não pode ou tu não queres?!
- Marc. Por favor!

Durante uns segundos ouviu-o murmurar algo em francês misturado com espanhol e depois viu-o vestir-se saindo de seguida. Tinha plena consciência que praticamente o tinha expulsado de casa, mas que podia fazer?! Marisa não podia vê-lo ali. Não sem qualquer peça de roupa e deitado no seu sofá abraçado a ela! Mas a ausência dele durou pouco.

Minutos depois Marisa entrou na sala seguida de Marc. Ao vê-los entrar enquanto tentava arrumar a sala ficou vermelha de vergonha. Marisa aproximou-se dela e sussurrou.

- Mas porque insistes em dormir na sala?!
- E tu porque insistes em vir antes da tua hora?!
- Não desvies a conversa! - Marisa agarrou uma almofada e colocou-a no sofá - Se não queres passar vergonhas, devia pensar em dormir na tua cama ou então comprar umas camisas de dormir sensuais e não esse pijama que mais parece o da minha mãe.
- O pijama é meu, a casa é minha! Logo ando como quiser.- Bella olhou por cima do ombro e parecia-lhe que Marc sorria - Porque o trouxeste?!
- Eu não trouxe. Estava sentado no carro a olhar para a porta e eu pensei que estava à tua espera. A boa educação manda convidar as pessoas a entrar. Nunca imaginei que estivesses em pijama!
- Sabes perfeitamente que durmo sempre de pijama. - Bella falou mais alto para que ele ouvisse - Não era suposto ter visitas a esta hora.
- Enquanto Bella se veste, aceita um café dr Garcia? - Marisa sorriu para Marc - Não é para me gabar mas faço um café excepcional.
- Será um prazer. - Marc juntou-se a Marisa e entraram na cozinha.

 Quando ela desceu, eles conversavam como se o fizessem desde sempre. Enquanto se aproximava da porta da cozinha pensava onde estava toda a animosidade que Marisa dizia sentir por ele.


- Não te esqueceste de nada?  -Marc entrou no carro interrompendo os pensamentos dela e todo o corpo dela reconheceu o cheiro dele.
- Sim.
- Óptimo.

 Marc colocou música e ela achou o volume um pouco alto demais. A atitude dele recordou-lhe Timóteo quando lhe negou o terceiro gelado. Também a tinha olhado com aquele olhar e sem dizer palavra sentara-se no sofá com o volume da televisão no máximo. Sorriu ao recordar as sábias palavras de dona Luísa: Grandes ou pequenos os homens são todos iguais.

- Estás aborrecido com algo? - Bella conteve o riso.
- Devia?!
- Não sei. Pareces aborrecido.
- E pelos vistos achas isso divertido.
- Um pouco. - Bella riu abertamente.
- Para que conste nunca, nem quando era adolescente, fui obrigado a sair da casa de nenhuma rapariga. - Marc olhou-a momentaneamente - E ainda foram algumas!

Ao ouvi-lo referir as namoradas o sorriso desapareceu dos lábios. A imagem que o seu cérebro associou às palavras dele causava-lhe uma estranha dor. Dor que parecia perfurar mais profundamente o seu coração ao imaginar uma sucessão de mulheres entrando e saindo da cama dele!

- Não dizem que há uma primeira vez para tudo?! - Bella tinha perdido a animação anterior.
- Obrigada pela experiência!

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