Bella observava os dois homens a conversar enquanto Mily e Timi corriam pelo jardim. Ao ver Marc sorrir sentiu um aperto no coração. Até o jardineiro conseguia que ele sorrisse sinceramente! Não eram ciúmes, não como os que sentira ao vê-lo beijar Olívia, mas gostaria que ele lhe dedica-se mais que algumas palavras ao acaso.
E na última semana as conversas entre eles acabavam em palavras azedas. As poucas vezes que conseguiram manter uma conversa amigável foi quando falaram sobre a recuperação de Carmen e quando Bea acordou a casa toda a meio da noite pois tinha febre.
Nessa ocasião ele insistira em fazer-lhe companhia para o caso de precisar de ajuda. Estivera tentada a dizer-lhe que não precisava, que podia ficar sozinha mas sentia saudades dele, de falar com ele.
Percebia que cada dia que passava estava mais apaixonada e ao mesmo tempo mais intrigada com ele. Era completamente autónomo, quando descia deixava o quarto arrumado e depois de preparar o pequeno almoço subia para ajudar os gémeos. Sabia cozinhar e cuidar a roupa. Bem, pelo menos conseguia usar a máquina da roupa sem qualquer problema. O que a levava a perguntar-se porque quisera assinar contrato. Apesar da insistência dela em ajudá-lo, ele insistia em fazer a maioria das coisas pessoalmente alegando que detestava que lhe mexessem nas coisas. O que gerou nova discussão sobre os abusos que o pessoal da limpeza toma. Mas quando viu a roupa de Bea aumentar consideravelmente a quantidade de roupa para lavar e passar acabou por concordar com a presença de Marisa, esta ia uma vez por semana para passar a ferro e caso terminasse antes da hora combinada limpava alguma das divisões da casa, desde que não fosse o escritório dele. E nesse dia eles saíam pois ele dizia que limpar a casa com crianças por perto era como limpar a neve em pleno nevão. Tempo perdido! E em certa medida tinha razão. As crianças eram... Oh Deus! Assim como num puzzle as peças encaixaram na sua cabeça e finalmente entendia o motivo do contrato! Como não percebera antes? As crianças! Ele assinara contrato para ter a certeza que ela ia cuidar dos sobrinhos! Mas isso era necessário. Se ele tivesse perdido algum tempo, a fazer algumas perguntas pela aldeia, as pessoas iriam dizer-lhe que ela seria incapaz de deixar...
- Bella?!
Bella olhou para Mari que puxava as suas calças exigindo atenção.
- Desculpa linda, não percebi o que disseste.
- Posso?
- O quê?
- Chamar idiota a Pablo.
- Não! Claro que não.
- Mas a mãe disse ao tio. E o tio é irmão da mãe. Não é?
- É...
- Então posso.
- Não! E não deves chamar isso a ninguém.
- Porquê?
- Gostavas que...
Bella calou-se ao ouvir a porta abrir e pouco depois Marc aproximou-se delas.
- Ligaram do hospital, tens uma reunião com a assistente social às dez.
- Uma reunião? Mas porquê?
- Pelo que entendi Fernando vai ter alta.
- Mas eu não sou familiar dele. Não posso... - Bella olhou para ele como se esperasse que ele lhe indicasse que fazer. - E não tenho carro.
- Posso levar-te.
- Não! Se tenho de ir é melhor chamar um táxi.
- Não vejo o motivo. - Marc olhou-a exasperado - As crianças precisam sair de casa ao menos por algumas horas. Ficas no hospital enquanto isso nós vamos até ao jardim, quando terminares vamos almoçar, passear um pouco e se Bea estiver com disposição podíamos ir ver um filme com eles.
- Vamos ao cinema?! - Mari olhou esperançosa para o tio - Vou dizer a Pablo.
- Está decidido.
Meia hora mais tarde Bella entrava no hospital perguntando-se porque queriam falar com ela. Essa dúvida ficara esclarecida pouco depois pela assistente social. O sr. Fernando ia ser transferido para um lar onde teria os cuidados que precisava. Este estava ciente que não lhe restava outra alternativa mas pedira que a informassem da situação visto ela precisar de saber que ele não ia regressar a casa e assim resolver que fazer com Mily e Timi.
Antes de sair pediu para visitar o sr. Fernando, queria dizer-lhe que Marc se tinha oferecido para ficar com Mily e Timi e que ficava feliz de o receber sempre que ele quisesse ir até lá.
Ainda sentia o coração apertado pela despedida do sr. Fernando quando ao passar na entrada do hospital a sua atenção foi captada por um homem que olhava para ela. O olhar dele recordava-lhe alguém... De repente lembrou-se.
- Xavier?!
- Bella... Bem me parecia que eras tu. - Ele abraçou-a sorrindo - Tinhas quantos anos?! Dez?
- Doze.
- Que fizeste às tranças?
- Ainda te recordas das minhas tranças?! - Bella levou uma mão ao cabelo - Faz tempo que estão fora de moda.
- Isso também tem moda?! Felizmente não sou mulher!
Bella sorriu perante a observação dele.
- Que fazes por aqui?
- Vim deixar a minha mulher.
- Está doente?
- Uma pequena cirurgia. Nada de preocupante.
- Ainda bem. - Bella olhou para o relógio e depois para a rua.
- Estás à espera de alguém?
- Sim.
- Então acompanho-te.
- Não é preciso.
- Estás a recusar-me reviver uma das épocas felizes da minha vida?!
- Não, claro que não.
Bella aceitou o braço dele e dirigiram-se ao patamar da entrada onde falaram dos tempos em que Xavier ia a casa dela para falar com o pai ou para este o ajudar numa pesquisa. Emocionou-se ligeiramente ao recordar o pai e os tempos da sua juventude. Por momentos desejou ter novamente doze anos e ouvir o pai repreendê-la por aborrecer Xavier com tanta pergunta quando este tinha de trabalhar. Quando Marc parou o carro na entrada deu um beijo na face de Xavier e abraçou-o desejando as melhoras da esposa e entrou no carro sorrindo.
- Pareces feliz.
- É sempre bom rever bons amigos. - Bella acenou a Xavier - Não via Xavier desde que ele ia lá a casa falar com o meu pai.
- Era colega do teu pai?
- Acho que era o mais próximo de um colega que ele tinha.
- Como assim?!
- Nunca saía de casa. - Bella olhou para o banco traseiro, os gémeos viam um filme e Bea dormia.
- Nunca?
- Apenas quando era obrigado a isso. - Bella voltou a olhar - Bea chorou muito?
- Não mais que o normal
Marc pareceu aborrecido com algo e concentrou-se na estrada. Ela olhou a paisagem e tentou esquecer os dias em que tinha o pai a seu lado. Uma lágrima deslizou pelo seu rosto e ela pensou que tinha o dia arruinado mas apesar da tristeza que as recordações lhe deixaram conseguiu relaxar e deixou-se envolver pela alegria contagiante dos gémeos. Sentia-se de tal forma descontraída que quando Marc encostou a mão à sua, na sala de cinema, ela não se afastou. Pelo contrário permitiu-se recordar cada toque dele, cada beijo.
Nessa noite voltou a acordar com o choro de Bea, que se tornara repetitivo. Cansada e sentindo a cabeça rebentar meteu Bea na sua cama. Se esta continuasse a chorar iria acordar os gémeos e Marc. Observou-a deitada a seu lado e sentiu o cansaço apoderar-se dela. Bea apenas dormia se estivesse ao colo ou se sentisse a mão de Bella na sua. No início pensou que eram saudades da mãe e passados os primeiros dias Bea iria dormir normalmente mas as noites iam passando e Bea dormia mais de dia que de noite e ela sentia-se esgotada, preferia que Bea dormisse na sua cama mas esta não o fazia, pelo menos por horas seguidas. Por isso que alternativa lhe restava?! Precisava dormir ao menos por umas horas!
Bella acordou com uma suave caricia no rosto. Abriu os olhos repentinamente e viu o rosto de Bea perto do seu. E para sua surpresa não estava a chorar! Olhou para o relógio, tinha dormido seis horas, seis benditas horas!
Brincou com Bea antes de descer para lhe dar o pequeno-almoço. Os gémeos juntaram-se a elas pouco depois e finalmente apareceu Marc. Quando ele entrou na cozinha quase que se engasga com o café ao vê-lo. Nunca umas calças de ganga e uma camisa azul aos quadros lhe pareceram tão sensuais, a roupa evidenciava a sua masculinidade e foi-lhe impossível não recordar o corpo atlético dele.
- Depois do pequeno-almoço vamos sair.
- Podias ter dito alguma coisa!
- Falámos nisso na semana passada.
- Falámos!? Não me recordo.
- Ou seja, estás esquecida que dia é hoje.
- Hoje... Ah, Marisa. - Bella olhou em redor - Desculpa, esqueci-me por completo. Nesse caso preciso apanhar umas coisas para Bea.
- Eu levo-a e esperamos no carro. Meninos apanhem os casacos.
Quando Bella chegou ao carro ele falava ao telemóvel afastado do carro e as crianças estavam sentadas nas devidas cadeiras. Colocou o saco de Bea no banco e sentou-se esperando por ele. Podia ver como estava tenso.
Bella olhou para Marc quando entrou no carro, tinha o semblante carregado mas nada disse. Ela sabia que não falavam de Carmen em frente aos gémeos mas podia dizer alguma coisa. Algo que lhe indicasse se estava tudo bem. Mas ele preferia recordar-lhe, ainda que com atitudes, que ela estava ali para cuidar de Bea e não para fazer perguntas sobre a sua irmã. Sentindo-se ignorada concentrou-se na paisagem.
Além de se sentir ignorada o seu coração estava dividido, por um lado queria beijá-lo e dizer-lhe que tudo ficaria bem, por outro queria dizer-lhe que se sentia magoada com a atitude dele. A cada dia que passava sentia que Marc estava mais distante. Se é que alguma vez esteve próximo dela. Fechou os olhos ao perceber que uma lágrima escorria pelo rosto. Devia recordar-se da noiva ou amiga dele. Do beijo que os vira trocar. Recordar que estava ali para cuidar de Bea. Que sob ameaça ele a obrigava a trabalhar para ele quase que exclusivamente.
Idiota! Segundo Mari, Carmen chamara idiota ao irmão. Teria Carmen pensado que Olívia estava na festa porque ele a tinha convidado e isso podia levá-la a recusar cuidar das crianças?! A sua presença na vida deles seria devido a um plano engendrado por Carmen e Marc?! De repente outra pergunta nasceu na sua cabeça. Seduzi-la estaria nos planos deles?! A frieza com que ele a tratava era indicio disso. Decididamente se havia alguém idiota ali, esse alguém era ela pois não lhe bastara meter-se na cama dele, tinha-se permitido apaixonar por um homem manipulador. Permitido?! Como se tivesse escolha! Sabia que estava perdida assim que...
- Estás a dormir?! - Mari sacudiu o braço dela.
- Como se fosse possível dormir com vocês gritando. - Marc tirou a cadeirinha de Bea - Esta noite fico com ela. Precisas descansar.
- Não! - Bella ficou vermelha pela brusquidão da sua resposta - Desculpa. Agradeço a tua atenção mas ela dorme algumas horas seguidas e mesmo que assim não fosse, não seria justo seres tu a ficar acordado afinal é para isso que me pagas.
Bella sentiu o chão fugir debaixo dos seus pés ao mesmo tempo que o seu coração gelou pelo olhar que ele lhe devolveu.
- Como quiseres.
Percebeu nesse instante que estavam em frente ao centro comercial. Olhou o céu por instantes como se procurasse forças para seguir em frente sem chorar. Quando voltou a baixar o olhar as crianças seguravam a mão de Marc e entravam no edificio. Ela respirou fundo e seguiu-os empurrando a cadeirinha de Bea.
Dividiram a manhã entre uma exposição de dinossauros e uma sala onde as crianças brincaram um pouco. Quando Bea ficou com fome procuraram um local mais tranquilo para almoçarem. Estavam a meio do almoço quando Pablo puxou o braço de Marc e segredou-lhe algo. Marc anuiu e saíram da mesa apressados. Bella seguiu-os com o olhar e sorriu ao perceber que se dirigiam à casa de banho. Voltou a concentrar-se em Bea e Mari.
- Bella?! Bella Martins?!
Bella voltou-se e olhou o estranho uns instantes. Não lhe era totalmente desconhecido mas ao mesmo tempo não conseguia identificá-lo.
- Desculpa mas não estou a reconhecer-te.
- Marco. O rato da biblioteca?!
- Marco! - Bella olhou para ele atentamente, estava bem diferente do rapaz anafado de outrora e os óculos de lentes grossas tinham desaparecido deixando ver uns olhos verdes lindos. - Estás tão diferente! Como queres que te reconheça?!
- Milagres da ciência. Finalmente posso andar sem óculos. Se bem que o ginásio também fez maravilhas. - Marco olhou para as crianças - Não errei muito no meu prognóstico para o teu futuro, sempre te imaginei assim, com dois ou três filhos. São lindas, parecidas com a mãe.
- Obrigada, vou transmitir-lhe o piropo.
- Estou a ver que meti água. - Marco sorriu abertamente - Desculpa. Pensei que fossem tuas.
- Estou a cuidar delas. Mari e Bea.
- Olá meninas. - Marco fez um vénia teatral e depois olhou para ela - Cuidas de crianças?
- Entre... - Bella calou-se ao ouvir o telemóvel dele.
- Desculpa, tenho de atender. É trabalho. - Marco atendeu de seguida - Sim... Estou a ver... Em dez minutos estou aí. - Marco voltou-se para ela - Mais uma vez peço desculpa. Temos de nos encontrar um dia destes para colocar a conversa em dia.
- Quando quiseres.
Marco envolveu Bella num abraço emotivo demais e desapareceu por entre as pessoas do centro comercial. Ao desviar a vista viu Marc no outro lado do espaço olhando para ela ao mesmo tempo que o sobrinho olhava para ele segurando-lhe a mão. Desviou a vista e sentou-se junto a Mari. Não fizera nada de mal! Marco era um amigo que não via à imenso tempo e tinha todo o direito de estar com os seus amigos.
- Já terminaram?
Bella quase deu um salto no banco ao ouvir a voz irritada dele mas fingiu não reparar no tom de mau humor.
- Mari ainda não terminou e Pablo mal comeu.
Ao olhar mais detalhadamente para ele percebeu que estava furioso. Lutou contra a vontade de lhe perguntar que se passava, afinal ele não era merecedor da sua preocupação e começou a brincar com Bea. Nesse instante Marc sentou-se ao seu lado, quem os visse pensaria que eram um casal com os filhos a desfrutar de um dia de descanso. Estremeceu quando sentiu a respiração dele na sua face.
- Doravante. - Marc falava de modo a que só ela pudesse ouvir - Agradecia que te encontrasses com outros homens quando estivesses sozinha e não na companhia das minhas sobrinhas.
- Como?! - Bella sentiu o olhar frio dele ao mesmo tempo que as lágrimas ameaçavam cair mas tal como ele, aproximou-se dele e sussurrou - Mesmo sabendo que não o devo fazer, peço desculpas. Mas como nos últimos quinze dias, passo as vinte e quatro horas do dia na tua companhia não estou a ver como posso ver os meus amigos! E além do mais foi apenas um abraço!
- Pois parecia algo mais.
- As aparências iludem! E em vários aspectos!
- Que queres dizer com isso?
- As pessoas tendem a mentir, a serem dissimuladas, a manipular os demais para conseguirem o que querem.
- Tenho a certeza disso! - Marc olhou para os gémeos - Terminaram? Então apanhem os casacos.
- Vamos já? - Mari olhou para o tio.
- Sim.
- Oh... porquê?
- Porque eu digo.
Durante o caminho de regresso ficaram no mais absoluto silêncio, nem mesmo as crianças cantaram ou falaram o que quer que fosse, o que contribuiu tornar o ambiente mais pesado que o normal. Quando Marc estacionou o carro pediu às crianças para brincarem no quarto até ele as chamar e entrou em casa com Bea nos braços. Bella ficou uns instantes e olhar o chão tentando perceber porque ele tinha agido daquela maneira a um simples abraço entre amigos. Não fizera nada que pudesse ser digno de censura. Desistiu de perceber Marc e entrou em casa onde o choro de Bea enchia o ar. Pouco depois via Marc andando de um lado para o outro com Bea apoiada no ombro.
- Ela não gosta de... - Bella olhou para ele e pela rigidez do seu maxilar percebeu que algo tinha acontecido. Teria recebido más notícias enquanto estava na casa de banho com Pablo?! Porque não pensara nisso? Estava tão concentrada no que sentia que esquecera que ele estava preocupado com Carmen - Está tudo bem?
- Não, não está e não tenho a certeza se alguma vez vá ficar.
- Que aconteceu? - Bella aproximou-se dele e tentou agarrar Bea.
- Não!- Marc interrompeu o seu gesto - Deixa-a, terá de se habituar à tua ausência.
- À minha ausência?!
- Em cima da secretária está uma rescisão do contrato. Basta assinares e se quiseres podes levar uma cópia.
- Não entendo. Não queres que cuide de Bea? - Bella sentiu o mundo dar voltas ao pensar no motivo que o levava a dispensar os seus serviços. - Já entendi... Olívia.
- Esquece Olívia! Ela não é nada, nunca foi. - Marc olhou-a fixamente - Simplesmente desisti, estou cansado de tentar. Nunca vais perdoar o que disse.
Bella seguiu os passos de Marc até ao sofá e a forma como, depois de deitar Bea ao seu lado, se sentou cabisbaixo olhando a carpete.
- Continuo sem entender.
- Todos são merecedores de uma expressão de carinho da tua parte. - Marc deu a chupeta a Bea e esta calou-se a olhar para eles - Todos menos eu. Para ti sou apenas a pessoa que te contratou e que te desperta " uma atracção" Mas isso não me chega! Quero... Não! Eu preciso que sintas algo mais que um sentimento vazio. Preciso que olhes para mim de outra forma.
Ao sentir as pernas tremerem Bella sentou-se na cadeira mais próxima. Sentir algo mais?! Como podia pedir-lhe algo semelhante se apenas pensava nele, se o seu coração transbordava de amor por ele?! Olhar para ele de outra forma?! Sentia o brilho da paixão nos seus próprios olhos sempre que olhava para ele. Tanto que temia que ele visse o quanto o amava e usasse isso contra ela. Que podia expressar mais?!
- Nunca acreditei em amor à primeira vista. - Marc passou a mão no cabelo nervoso - Acreditava que temos de fazer o que está ao nosso alcance para conseguirmos o que queremos. Por isso fiz tudo para que fiques a meu lado.
- Acreditavas? - Bella temia acreditar no que ouvia.
- Agora sei que nem tudo se consegue à força. Quero que fiques comigo mas não porque és obrigada a tal, não suporto ver como és infeliz. Convenci-me que ia conseguir viver com isso, que com o tempo irias ver como te amo mas ao ver a alegria no teu olhar quando estavas com aquele homem percebi que nunca irás ser feliz a meu lado. Amo-te demais para te prender. - Marc suspirou e baixou a cabeça - Durante anos fiz a vida que quis e andei com as mulheres que quis e me quiseram. Nunca imaginei amar alguém como te amo. Só pode ser castigo, só isso explica o facto do destino me levar a amar uma mulher que não me ama. Que me trata como se eu...
Bella não o deixou terminar, apesar das lágrimas lhe toldarem a visão, ajoelhou-se na carpete a seus pés e segurando o rosto dele beijou-o apaixonadamente. As explicações ficavam para depois, não queria pensar em Olívia nem em nada mais, naquele momento apenas queria mostrar-lhe o quanto o amava, o quanto o seu coração ansiava por aquele momento.
- A tua irmã tem razão. És idiota. - Bella afastou-se mas manteve as mãos no rosto dele - Só isso explica porque não vês o muito que te quero, o muito que te amo.
- Isso é verdade? - Marc sorriu quando ela anuiu e apertou-a entre as suas pernas de modo a sentir o corpo dela junto ao seu - E pensavas deixar-me assim?! A viver esta tortura?!
- Porque devia facilitar a tua vida se me tratas como se eu não significasse nada para ti?
- Deus do céu! Não vias como morria de ciúmes cada vez que te afastavas de mim?! Ou quando pensava que estavas com outro homem? Não queria que outro te tocasse e te beijasse. E muito menos que te fizesse sentir tudo o que eu pensei que sentias comigo.
- Por isso aquela cena à pouco?
- Sei que fui infantil mas não me consegui conter. Ver-te nos braços dele deu-me volta ao estômago.
- Agora sabes o que senti quando te vi beijar Olívia.
- Não a beijei.
- Não vamos começar com mentiras. Sei o que vi!
- Gosto dessa parte do começar. Mas tens de acreditar. Nunca imaginei que ela aparecesse.- Marc agarrou Bea e colocou-lha no colo quando esta recomeçou a chorar - Bea linda, adoro-te mas não podes parar de chorar um instante?
- Falamos depois. - Bella aconchegou Bea nos braços e esta começou a fechar os olhos - Vai ver dos gémeos, eles parecem alheios, até distraídos, mas percebem tudo o que se passa em redor e devem estar a pensar que estamos a discutir.
- E quando falamos? Sabes que os dias não são calmos o suficiente para conversar.
- Eu sei, falamos quando conseguirmos. Quem sabe se durante a noite, entre um choro e outro.
- Isso quer dizer aquilo que imagino? - Marc sorriu quando ela o beijou levemente no rosto - Saber que me amas devia ser suficiente mas não é. Preciso de ti. Estou a ser egoísta?
- Nesse caso eu também sou.
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