Pediu um café e sentou-se na mesa mais afastada. Olhando as pessoas que entravam começou a ficar impaciente pois ele nunca demorara tanto a chegar.
Parecia uma adolescente mas, depois de alguns dissabores amorosos era mais seguro viver assim, de sonhos.
Ultimamente vivia para breves encontros, se assim lhes poderia chamar, encontros fortuitos depois do dia de trabalho.
Quando ele entrava no estabelecimento ela seguia-o com os olhos, pelo menos até ele perceber que estava a ser observado, aí desviava o olhar pois não conseguia olhá-lo nos olhos sem ficar vermelha.
Quando Lena começou a falar do novo chefe de departamento, de como era elegante e bonito ela fingia estar ocupada ou desviava a conversa para não ouvir mais detalhes. Segundo a sua amiga, ele era o tipo de homem que chamava a atenção de qualquer mulher, mas ela não estava interessada. A amiga ainda perguntou se tinha algo a ver com o facto de ele ter descendência africana ou se era por ser seu chefe.
Não o disse a Lena mas nada disso a incomodava, simplesmente não estava à procura de um novo amor, já sofrera o bastante, não queria mais ninguém a dizer-lhe o inútil que era sexualmente.
Mas um dia, perante a insistência de Lena, aceitou ir ao jantar de despedida de um colega de trabalho. A sua insegurança levara a evitar aquelas situações, o que, ao longo dos anos, levou a que as colegas deixassem de a convidar para um lanche ou mesmo beber um copo no fim do dia. Sem grande opção de conversa, pois Lena era bastante popular, deu por si a observar os demais convivas, eles falavam com a maior descontração contrariamente a ela que não conseguia sentir-se à vontade. De repente o seu olhar parou brevemente num homem que falava alegremente no outro lado da sala. Com medo que ele sentisse que era observado desviou o olhar e procurou Lena rapidamente por entre os demais. Quando esta lhe disse quem aquele homem era manteve-se afastada observando-o de longe. Apesar do seu esforço, e de saber que o misterioso homem era o chefe da sua amiga, algo a levava a procura-lo. Era realmente elegante e o corpo atlético não passava despercebido a nenhuma mulher. Mas os seus olhares cruzaram-se e ela perdeu-se nos profundos olhos negros dele, naquele momento soube que estava perdida. A atracção que sentiu era tal que teve uma certa dificuldade em conviver com os demais e o facto de ele ter mostrado interesse nela deixava-a incomodada.
Mas tudo isso tinha acontecido à alguns meses, nada além disso tinha acontecido.
Com medo de ser chamada de frígida, contentava-se em observá-lo ao longe. Nem conseguia ir para casa sem vê-lo, ao menos uma vez.
Quando chegava a casa o silêncio esperava por ela. Depois de ver televisão ia para a cama onde sonhava com ele. E esses sonhos passavam todos por tirar-lhe a roupa e saborear a pele cor de chocolate com leite. Algumas noites os sonhos eram tão reais que acordava ainda mais excitada, de tal modo que tinha de tomar banho de água fria para acalmar o enorme desejo que a consumia.
E todas as manhãs prometia a mesma coisa: um dia, um dia, ganharia coragem e iria ao escritório dele, fechava a porta e perante o olhar de espanto dele começaria a tirar a roupa e em lingerie iria beijá-lo, começando pelos lábios cheios e convidativos e seguidamente ia descendo pelo peito musculado, acariciando e beijando cada centímetro do seu corpo. Então ele, num ataque de paixão iria arrancar-lhe a roupa interior e a possuiria ali mesmo em cima da secretária, dando asas a esse desejo e extasiados iriam cair nos braços um do outro para voltar a acariciar-se mutuamente até se excitarem e voltarem a fazer amor. Ele voltaria ao trabalho e ela voltaria a casa satisfeita, desejosa que chega-se o dia seguinte, então voltariam a cair nos braços um do outro novamente.
Isto iria acontecer um dia, quando ela tivesse coragem para irromper no escritório do chefe da sua amiga. Um dia.
Tal como da primeira vez, adorei!
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