quinta-feira, 24 de março de 2016

PERFEITO ESTRANHO 10º PARTE






Casaram pelo civil, mas Carlo prometeu que o baptismo do bebé seria em Itália, pois os seus pais não podiam viajar. E voltariam a casar nesse dia na capela onde os pais deles se casaram, desta vez com a bênção da Nossa Senhora do Socorro, padroeira  da sua terra natal assim como a bênção de toda a família.
A casa estava quase pronta e Cristy não tinha mãos a medir para tanta coisa. A barriga pesava-lhe bastante e tinha as pernas muito inchadas o que dificultava as tarefas!
A pedido de Carlo, Andrea veio fazer-lhe companhia,ele tinha de sair por dois dias e não gostava de a deixar sozinha com o parto tão próximo.
Quando ele saiu nessa madrugada ela levantou-se. Não conseguia estar muito tempo na mesma posição,doíam-lhe as costas mas não quis alarmar Carlo.

- Nem essa barriga enorme te mete na cama?
- Não consigo encontrar uma posição agradável..
- Acredito que não! O meu irmão?
- Saiu de madrugada.
- E quais são os planos para hoje?
- Escolher as cores para a casa nova.

Cristy contorceu-se na cadeira o que assustou Andrea

- Não vai nascer agora pois não?!
- Não. Foi só uma pontada.
- Ainda bem! Estava a ver que tinha de servir de inem!
- Ainda faltam duas semanas. Bem, vamos lá ver das tintas?
- De certeza? Não preferes descansar?
- Mais? Não faço mais nada. O teu irmão não me deixa nem mexer um copo!
- Ele preocupa-se contigo!
- Eu sei.
- Nunca o vi tão feliz.
- Nem eu pensei ser!


Passaram a manhã a escolher as tintas, o que deixou Cristy esgotada. Durante a tarde ficaram em casa a ver catálogos com moveis. Tinham de comprar tudo de novo. A única coisa que levariam de casa seria o quarto do bebé.
Cristy não dormiu, não encontrou posição! Levantou-se cedo,tomou o pequeno almoço e pensou tomar um duche, mas assim que entrou na casa de banho sentiu uma pontada forte nas costas. Ainda deu uns passos quando a dor aliviou, mas voltou com mais força! Chamou Andrea que não tardou a chegar junto a ela.

- Que se passa? É agora? Que faço? Oh Dio!
- Chama a ambulância.
- Tenho de ligar ao Carlo
- Andrea, a ambulância...

Cristy tinha as mãos nas costas, tentando aliviar as dores que eram cada vez mais fortes.
Uns vinte minutos depois, dava entrada na ambulância.  Andrea seguiu atrás com os sacos das roupas. Só se lembrou que não tinha avisado o irmão quando já estava na clínica. Cristy estava a ser observada por um obstetra e ela andava ali sem saber que fazer. O médico chamou-a quando estava a ligar para o irmão e só teve tempo de dizer que estava a nascer.
Afinal ainda ia demorar umas horas. Andrea ficou junto a Cristy que se contorcia a cada dor. As enfermeiras vinham confirmar a dilatação a cada dez minutos.No fim da manhã, o médico apareceu e fez-lhe uma ecografia. O bebé não estava em sofrimento, e não ia demorar a nascer, a dilatação estava quase completa. Se tudo corre-se bem a meio da tarde já teria o seu bebé ao colo.

- Mas que raio anda a fazer aquele homem?! Já lhe liguei à umas boas horas.

Cristy respirava agitada, e não conseguia estar deitada de lado como as enfermeiras queriam. As contracções começaram a apertar e ela gemeu.

- Acho que fiz mal em não querer epidural!

Uma nova dor tomou conta das suas costas fazendo-a contorcer-se de dor.
A porta do quarto abriu-se de repente e Carlo entrou muito agitado.

- Finalmente! Que te deu na cabeça para...

 Mas ele já não ouvia os protestos da irmã. Beijou a testa de Cristy e segurou-lhe a mão ao mesmo tempo que acariciava a barriga dela.

- Chegaste.
- Não perdia este momento por nada deste mundo.

Duas horas depois o choro de uma menina encheu a sala de partos. Cristy estava exausta mas transbordava felicidade assim como Carlo.

- É perfeita,linda! Parece-se contigo.

A parteira colocou a menina no colo de Cristy.

- Tem o cabelo como o teu.

Carlo beijo-a e sentou-se na cama olhando as duas.

-  Amo-te.
- E eu a ti.

Seis meses depois, chegavam a Itália para conhecer a restante família e realizar o baptismo. Depois da apresentações, viu-se relegada para segundo plano. A sua filha monopolizava todas as atenções.
Aproveitou para descansar e desfrutar da companhia de Carlo que não se cansava de lhe mostrar as zonas mais interessantes da sua terra. Ela reconhecia aquela costa, era bem mais bonita do que tinha imaginado. O quadro que tinham exposto na galeria, não chegava nem perto da beleza daquele lugar.
Carlo explicava-lhe com detalhe tudo o que viam.

O dia tinha chegado, Cristy olhava a sua figura no espelho, a mãe de Carlo insistiu em que ela usa-se o seu vestido de noiva. E tinha de reconhecer, ficava-lhe lindamente. O vestido de corte simples, mas muito elegante fazia-a lembrar os vestidos que costumava ver nas imagens de Deusas. Ela própria sentia-se uma delas! Na cabeça levava apenas uma grinalda de flores brancas. Carlo esperava por ela junto ao altar, enquanto o pai dele a levava até ele. A pequena Luna, também ela vestida de branco, dormia nos braços da madrinha. Alheia ao casamento dos pais, acordando apenas na altura do baptismo.

A festa que se queria muito simples, acabou sendo um evento enorme com uma família tão grande como a dele. A musica convidava os convivas a dançar e poucos eram os que se mantinham apenas olhando. Estavam tão embrenhados na festa que nem deram pela falta dos noivos que se afastaram para um recanto mais isolado do jardim.
Enquanto o sol se punha no horizonte Carlo mantinha Cristy bem junto a si envolta num abraço. Nenhum queria quebrar o silêncio, como se ao fazê-lo quebrassem o encanto desse momento.
Com a luz do último raio de sol e no calor de um beijo Carlo voltou a relembrar o quanto a amava.
                 


FIM

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