quinta-feira, 5 de maio de 2016

SEDE DE VINGANÇA 10 ª PARTE



Ariane já estava sentada num dos sofás da sala de espera. Liz foi ter com ela enquanto Alex foi falar com o médico.
- Bom dia, já viste esta revista? - Ariane estendeu-lhe a revista da qual ela era a capa - Estás muito bem, a fotografia central está lindíssima.

Abriu a revista e ocupando as páginas centrais estava ela num lado e ela e Alex na outra!
- Não percebo. Que interesse posso ter para as revistas?! Esta, ainda percebo, sendo o seu filho quem é. Mas esta onde estou sozinha...
- Falamos em casa. - Ariane tirou-lhe a revista e meteu-a na mala. - Vamos para casa que estou farta de estar aqui! - Disse para o filho que acabava de se juntar a elas - Que disse o médico? A mim não me dizem nada, como se fosse uma criança!
- Disse que melhorou bastante. Não tem os movimentos tolhidos como à três meses. As análises estão bem. É só continuar com o tratamento e os exercícios. Ainda falta o resultado do exame que fez durante a noite.
- Vês? -Olhou para Liz - Ainda me fazes muita falta.
- E quem disse que não fazia?! - Alex olhou para ela, que preferiu ficar calada
- Oh, não é nada. Ontem falávamos na possibilidade de brevemente poder prescindir dos serviços de Liz.
- Sabe bem que esse dia irá chegar.- sentiu o coração encolher-se com a ideia - Tudo tem um princípio e um fim.
Aquela conversa deixou o ambiente muito pesado, e não voltaram a falar disso. Ao chegarem a casa Ariane arrastou Liz para o quarto.

Liz agarrou a revista e começou a ler, nem queria acreditar no que lia.

- Mateus foi um amor e passou por lá a deixar a revista. Pensou que gostarias de ver. Até teve o cuidado de arranjar uma em inglês.
- Mas isto é tudo mentira!
- A maioria das vezes é. Já estamos acostumados. Mas verdade ou não, Alexandros vai ficar devastado!
- Onde foram verificar estas informações?! - Ela  passava de uma folha a outra - Esta notícia da casa que herdei é verdade. Mas que sou a herdeira do império dos perfumes Chankly não é!
- Aí diz que o advogado anda à tua procura. Que já mandou email mas sem êxito!
- Como mandou?! Tenho sempre...- Calou-se ao lembrar-se que o seu computador estava avariado. - Mas não pode ser. É impossível!

Liz sentou-se junto à janela. Na revista podia ler-se:
ENCONTRADA HERDEIRA CHANKLY
Depois de deixar a alta sociedade na dúvida foi revelada a identidade da companhia misteriosa de Alexandros Kristous... é a herdeira dos perfumes Chankly. Segundo fonte segura o advogado tem tentado contactar a herdeira mas até à data se êxito... Já não é a primeira vez que a menina Roice recebe uma herança ( ver página seguinte) ... a intimidade entre Alexandros e a herdeira é evidente... Estará Alexandros a seguir os passos do pai ?! Os métodos são diferentes mas o resultado será o mesmo! Até à data não se consegui descobrir...
A notícia continuava fazendo especulações sobre eles.
Atirou com a revista para cima da mesa.
- Já pensas-te que vais fazer?
- Faço uma doação dos bens, como já fiz anteriormente!
- Refiro-me a Alexandros, é melhor falares com ele primeiro.
- E que quer que lhe diga? Não vou ficar com a herança. Por isso não vejo qual o interesse dele nisso.
- Se eu deixa-se algo a alguém gostaria que ficasse com ela. Se te legou a empresa por algo foi.
Liz olhou-a, não tinha visto as coisas por essa perspectiva.
- Já me deixaram uma casa, um senhor que não tinha ninguém, e eu dei-a a uma associação. - Ariane olhava incrédula para ela - A única herança com que fiquei foi um gato persa! - Liz riu-se ao recordar o seu peludo companheiro - Tenho dinheiro que chegue para viver confortavelmente. Mas,se decidir ficar com a herança, que faço com uma empresa de perfumes?! Não percebo nada!
- Isso já não sei. Podias pedir a alguém que te ajuda-se.
Liz achava aquilo inacreditável! Ela herdeira de um dos maiores impérios dos perfumes!Tinha de saber se era verdade.
- Vou ver se Alex não se importa que use o computador dele. Precisa de algo?
- Não, estou bem. Se fores gerir a tua empresa tenho de me acostumar a fazer as coisas sozinha.
- Ainda agora estava dizer que lhe fazia falta...
- E fazes, sabes que sim.
- Eu sei, mas vai ver que isto é tudo uma grande confusão. Mas se não for, depressa arranja alguém para lhe fazer companhia.
- Preferia que ficasses com Alexandros. Sabes que gosto mesmo de ti.
O olhar que Ariane lhe deu fez com que as lágrimas lhe viessem ao olhos.
- E eu de si, mas nestas coisas são precisos dois.
- Ás vezes os homens precisam de uma ajuda.
- Posso perguntar uma coisa? Mas não quero que se sinta obrigada a responder.- Ariane olhou-a com os olhos semicerrados, o que lhe queria perguntar ia mexer com coisas dolorosas  - Não, pensei melhor. Não tenho nada com isso.
- Não, diz. Acho que sei o que queres saber. E se gostas do meu filho como eu penso, tens todo o direito a saber.
Liz precisava de compreender Alex,e isso requeria saber mais sobre o passado dele.
- O que querem dizer com que Alex está a seguir os passos do pai?
Ariane respirou fundo e sentou-se no cadeirão.

- A historia remonta há muito tempo atrás, quando o meu marido veio para cá. Nessa altura comprou um pedaço de terra e depois outro e foi aumentando o seu património. Que todos pensavam ser fruto do seu trabalho. Mas quando essa mulher se insinuou a Alexandros e entrou na nossa casa, descobriu-se tudo.
Ele tinha fugido de Inglaterra porque fez um desfalque ao sócio. O sócio não tinha provas concretas disso, mas apresentou queixa. Eu não percebo muito bem disso mas ao que parece ele colocou o dinheiro no estrangeiro sob um nome falso e depois supostamente contratava-se a ele próprio para fazer serviços e assim recebia o dinheiro, era mais ou menos isso. Nadine, que entrou lá em casa com o propósito de destruir a minha família, é que sabe bem como as coisas se passaram! Eu quando soube fiquei horrorizada. O homem com quem me casei e de quem tinha dois filhos era um perfeito estranho! Mas quando Alexandros descobriu... - Ela deixou cair a cabeça - Ele saiu de casa e assim que fez 18 anos deixou de usar o nome do pai. Antes de sair as suas últimas palavras foram: Preferia ter morado debaixo da ponte. - Ariane chorava - Sabes o que mais me custou? Ver o meu filho partir porque se envergonhava de tudo isto.Não saber se estava bem,se tinha cama onde dormir... Por isso não percebo porque ele consente aquela mulher cá em casa. Nunca lhe irei perdoar ter usado o meu filho!

Liz abraçou-a e deu-lhe um beijo nas faces molhadas.
- Isso são coisas do passado. E é lá que devem de estar.
- Não percebes?! - Ariane estava nervosa - Vão rebuscar tudo novamente. Vão dizer que o interesse dele por ti é essa herança.
- Mas ele nem sabe!
- E achas que os jornalistas se importam com isso?
- Não se preocupe. O que realmente importa é que as pessoas envolvidas saibam o que se está a passar.
- Por isso deves de falar com ele.

Bateu à porta do escritório antes de entrar.

- Precisava de usar o teu computador se não te importares.
- Fica à vontade, eu vou sair.
- Por mim podes ficar. Precisava de falar contigo
Ele parou antes de chegar à porta.
- Espero que não seja para me dizeres que queres ir embora.
Ele não queria que se fosse embora, aquelas palavras deram-lhe esperança. Talvez ele sentisse algo mais que desejo.
- Recebi uma herança... - Calou-se esperando uma reacção dele - Não sei se é verdade mas é o que dizem.
- Dizem?!
- Nas revistas. Por isso preciso de verificar o meu email. Se for verdade não sei que fazer. A tua mãe acha que devo de ficar com ela, mas se ficar não sei que fazer com ela!
- Aproveitá-la! É o que se faz com as heranças.
- Eu costumo doá-las!- Fez uma careta - E duvido que consiga em toda a minha vida gastar tanto.

O email abriu, realmente estavam ali, não um mas vários e-mails do advogado. Alex espreitava por cima do ombro dela.
- És a herdeira Chankry?!
- Parece que sim... E não sei que fazer!
Alex não deixava transparecer qualquer emoção.
- Podes contratar alguém que te ajude ou vender a empresa.
- Ajudas-me a resolver isto? - Olhava para ele tentando perceber como a notícia o afectava - Viste a revista? Falam de ti. - Não sabia como abordar o assunto
- Não, não leio essa porcaria.
Ela suspirou de alivio, se ele não lia não havia necessidade de lhe contar o que escreveram, mais dia menos dia iam esquecer.
-  Posso tentar ver como estão as coisas. Primeiro tens falar com o advogado e ver se há alguma cláusula no testamento que tenhas de cumprir. Como não viste o email?
- Tenho o meu computador avariado, e com o que aconteceu... - Achou melhor não recordar o que se tinha passado - Podia ter-te pedido, mas fui deixando passar.
- Depois levo-o à cidade.
- Não te importas?
- Porque haveria de me importar?!
- Então vou apanhá-lo. - Ele olhava de maneira estranha para ela - Passa-se algo?
- Não mais que o costume.
- E isso é...
- O muito que quero beijar-te e levar-te para a minha cama.
Aquela revelação apanhou-a de surpresa e não soube que dizer. Podia dizer que sentia o mesmo, mas achou melhor calar-se.

No dia seguinte Mateus telefonou para as convidar a passar o dia na praia com a família. Ariane achou a ideia fabulosa, mas ela não achava, não depois da nova investida de Mateus. Mas como negar-se a ir sem revelar a Ariane o que se tinha passado?  Tinha de ir, tudo ia correr bem. Bastava evitar ficar a sós com ele.
Ariane e a prima passaram a manhã sentadas na areia a conversar. Após novo pedido de desculpas por parte de Mateus, acabaram por conversar, sobre as oportunidades que este podia ter em Inglaterra. Ao fim da manhã teve de insistir com Ariane para fazer os exercícios, mas acabou por ser divertido pois todos participaram, e ainda se juntaram a eles alguns estranhos, que estavam ali por perto. Quando acabaram, ouviram-se palmas e risos.
- Podias ganhar a vida assim. - Mateus estava vermelho pelo esforço - Aqui já tinhas meia dúzia de adeptos da modalidade.
- Isso é porque foi a jeito de brincadeira, se tivessem de fazer todos os dias ias ver que começavam a dar desculpas.
- Acredito, cansa um pouco.
- Eu que o diga, - a voz de Ariane juntou-se à conversa - Mas era uma boa ideia. Ginástica para pessoas com limitações.
- Vou pensar nisso. - Deixou-se cair na areia e fechou os olhos - Podia passar aqui a vida.

O dia estava a terminar,  Ariane continuava na conversa com Kátia. Mateus dormia. Avisou que ia dar um passeio à beira mar.
O sol estava quase a esconder-se. Isso lembrou-lhe um outro por do sol na companhia de Alex. Sem perceber o motivo começou a chorar.
Sentiu uma mãos nos seus braços.
- Se te faz chorar não merece o teu amor.
- Não tem nada que ver. - Afastou-se dele  - É este por do sol, fiquei emocionada.
- Pessoalmente prefiro o nascer. - Não parecia aborrecido por ela se ter afastado - Uma renovada esperança que vem a caminho.
- Temos poeta?! Pensei que ias para medicina e não para artes.
- Posso ser um médico poeta.Achas que as inglesas iam gostar?
- Possivelmente. - Tentou mudar de conversa, não queria estragar o dia - Receitas com poemas! Boa ideia. - Os dois riram e começaram a andar junto à água - Temos de voltar. o que é uma pena.
- Podes sempre pedir a Alexandros que te traga ou se quiseres posso vir contigo. Sou bom confidente!
Ela começou a caminhar em direcção aos demais sem lhe responder.

Nessa noite Alex não veio dormir a casa. O que a deixou preocupada. Ligou-lhe várias vezes mas tinha o telemóvel desligado. Perto das quatro da manhã o carro dele parou na entrada. Então, ela pode dormir umas horas.

Ariane descansava junto à piscina e ela aproveitou para apanhar o chapéu que se esqueceu no quarto. Alex saía do quarto, tinha acabado de tomar duche. O formigueiro que costumava ter quando estava com ele desta vez estendeu-se até à sua parte intima.
- O dia ontem correu bem?
- Sim. Gostei muito. E a tua mãe veio encantada por passar o dia com a prima.
- E tu com Mateus.
Ela não gostou da insinuação. E dirigiu-lhe um olhar que demonstrava isso mesmo.
- Não vamos por aí! - O formigueiro que se instalava desapareceu com aquelas palavras - não tens esse direito.
- De quê? De constatar o óbvio?
- Estás a ser irracional. - Entreabriu a porta do quarto, na última vez que falaram de Mateus as coisas tinham tomado proporções demasiado grandes - Falamos depois.
Não teve tempo de entrar no quarto, foi arrebatada por uns braços fortes que a aprisionaram contra a porta que cedeu com o peso deles. O beijo começou de forma brutal, parecia que queria castigá-la por ter estado com Mateus.
- Os beijos dele também te deixam assim? - Não esperou resposta, voltou a atacar a sua boca - Diz, também suspiras nos braços dele como nos meus?
Ela não conseguia pensar. Sentia-se dividida, entra a vontade de se entregar e a de fugir.

- Solta-me Alex, estás a magoar-me. - A voz trémula depressa foi abafada por um novo beijo. - Deixa-me por favor. - Lágrimas começaram a escorrer pelas faces dela.
Mas desta vez ele não a soltou, apenas aliviou a pressão que exercia e agarrou-lhe a cara com as mãos. Cada lágrima que caia era um beijo que ele lhe dava e a cada novo beijo a ternura ia aumentando, Quando voltou a beijar a sua boca ela rendeu-se e correspondeu ao beijo. Ao notar a sua resposta, Alex fechou a porta com o pé e tirou-lhe o roupão. Os beijos estenderam-se ao seu corpo, ela tremia a cada nova carícia. Desejando que ele prolonga-se aquela doce agonia. O laço que segurava a parte de baixo do bikini desfez-se  sob os dedos dele.
- Deixas-me louco. Sabes isso, e por isso me torturas.
A boca dele voltou a apoderar-se da dela para se afastar antes de a levar ao colo, colocou-a na cama enquanto se livrava da roupa.
Ela tremia de ansiedade e desejo. Alex puxou-a para junto dele e reiniciou o que tinha deixado. Desta vez não tinha pressa, apreciava cada centímetro da pele dela.
- Não aguento mais...- A voz dela soava rouca e urgente
Quando Alex a penetrou ela soube que nunca iria amar alguém como ele. Entregou-se de corpo e alma aquele momento. Nuns movimentos cadenciados onde apenas se procurava colmatar o enorme desejo que os consumia, o bater dos corações confundia-se. Nessa altura eram apenas um. Momentos depois repousavam nos braços um do outro. Alex acariciava-lhe as costas quando ela deu um salto.

- Ariane! - nunca mais se lembrou dela, vestiu o bikini à pressa- Que vergonha!
- Diz que não encontras-te o que procuravas.
- Por mais de meia hora?!- Ele sorria, ela atirou-lhe a almofada antes de sair.

 Ao chegar à piscina Ariane olhou-a de cima a baixo e deixou-se rir.
- Não preciso de saber o que estiveste a fazer. Não encontras-te o livro nem o chapéu!
- Ai Ariane... Estou completamente perdida! - Sentou-se na cadeira junto a ela
- Perdida de amores... como é bom!

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