domingo, 3 de julho de 2016

ACASO DO DESTINO 10ª PARTE


Estava tão absorta nos seus pensamentos, que nem deu por ele chegar. Tinha os olhos brilhantes pelas lágrimas.
- Está tudo bem?
- Sim. - Limpou a lágrima que caía teimosa.
- Falas-te com Ana? - Aproximou-se dela e deu-lhe um breve beijo nos lábios. - Está bem?
-Sim, está com saudades mas bem.
- E Filipa?
- A que se deve este inquérito?
- Tento perceber porque estás assim. Filipa está bem, Ana também. Não me queres dizer o que se passa contigo?
- Nada, estou cansada. Apenas isso. - Devia de ter inventado outra desculpa, mas agora era tarde.
- Devias de contratar alguém para te ajudar. Anita ainda demora a voltar...
- Não é preciso. Sabes que gosto de estar ocupada.
- E eu de ver um sorriso nesse rosto que adoro. - Agarrou-a pelos ombros e fixou-a - Precisas de  alguém que te ajude. Contrata quem quiseres, só preciso de saber para lhes pagar.

Um sorriso forçado nasceu no seu rosto.
- Eu sei, para ti, dinheiro não é problema.
- Falas como se isso fosse um crime!
- Não disse isso. Importas-te se for para casa? - Lembrar o passado esgotou-a psicologicamente.
- Estás em casa. Podes fazer... - Ela calou-o com um beijo, sentiu um nó na garganta, as lágrimas ameaçavam cair a qualquer altura.
- Prefiro ir para a minha casa. Desculpa.
- Nem penses que te vou deixar sair assim. - Beijou-lhe a testa e depois os lábios - Vou cuidar de ti. Senta-te aí, onde possa ver-te. - Estendeu-lhe a mão - Pensando melhor, anda comigo.

Subiram as escadas e entraram na casa de banho dele. Abriu a torneira e começou a despi-la. A cada peça de roupa que tirava, um beijo era depositado na sua boca. E cada novo beijo, era mais demorado que o anterior. Quando acabou de a despir a banheira estava praticamente cheia.
- Agora que não tens roupa e não podes fugir... vou deixar-te para que aproveites o teu banho.

Mesmo com pouco animo, entrou na banheira, ficou ali olhando o vazio, sem pensar em nada. As lágrimas que tentou conter anteriormente, acabaram por cair na água quente da banheira. Ele amava-a, disso não tinha dúvidas, tratava-a com tanto carinho que chegava a doer na alma, e doía-lhe ainda mais, não dizer-lhe que o amava. Mas se confirma-se de viva voz, o que o seu coração sabia à muito, e depois tivesse de o deixar, ia ser mais difícil. Precisava de resolver o seu passado o quanto antes para poder seguir rumo ao futuro. Independentemente do caminho a seguir! Algum tempo depois, estava mais calma. Saiu da banheira, limpou-se a uma toalha e enrolou-se nela. Olhou em redor, nem uma peça de roupa à vista! A sua roupa devia e estar no quarto, bastava procurá-la.  Mas a procura foi em vão, não estava em lado nenhum. Acabou por vestir uma camisa dele, enrolou as mangas e prendeu o cabelo no alto.
A lareira estava acesa, seguiu a música suave até à cozinha. Ele estava de costas, observava Black, que corria na relva molhada. Devia de ter feito algum barulho, pois ele voltou-se.
- Estás mais calma?
- Sim. Obrigada, a minha roupa?
- Não te vai fazer falta.- O olhar que lhe deitou mostrava bem o que estava a pensar -  Essa camisa fica-te lindamente.
- Um pouco grande não?! - Fernando já a tinha nos seus braços e soltava o cabelo dela.
- Gosto mais assim. Podes sempre tirá-la. Queres ajuda? - Sorria malicioso - Tenho prática em tirar roupa.
Beijaram-se por uns instantes esquecendo tudo o mais. Foi ele que se separou dela.
- Estamos a desviar-nos da terapia.
- Terapia?!
Não lhe respondeu, levou-a até à sala. Em frente à lareira, em cima da mesa, estavam duas chávenas com chocolate quente que ainda fumegava. Deu-lhe uma e sentaram-se a olhar as chamas.
- Devias de mudar-te para cá.
- Ah?! Mudar-me?! - O que aconteceu enquanto esteve na banheira?! - Acho que estás a levar as coisas depressa demais.
-Não! Já perdi tempo demais! Devias de dizer a Ana o quanto antes. - Falava calmamente - Desculpa, não é assunto para se ter por video conferencia.
- Não, não é! - Tinha de preparar a filha, mas primeiro tinha outros assuntos para resolver. Dependendo deles, assim seria a sua vida! - Prometo falar com ela assim que voltar.
- Vem passar o Natal, como previsto?
- Sim. - Este ano seria o seu primeiro Natal na casa nova, a filha tinha feito planos para um jantar em família com Filipa e Miguel.

A chávena dava voltas nas suas mãos. Sentia o olhar dele fixo nela, não dizia nada, apenas a observava, como se tenta-se adivinhar o que ela pensava. Um novo nó formou-se na sua garganta ao imaginar que, possivelmente, dentro de dias teria de lhe dizer adeus para sempre.
Colocou a chávena em cima da mesa e juntou a dele à sua. Ajoelhou-se no sofá e pela primeira vez tomou a iniciativa. Beijou-o, ele estava um pouco surpreso, gostava de controlar as coisas, em pouco segundos ele tomou o controle da situação. Deitou-a debaixo dele no sofá, e começou a exploração do seu corpo semi-nu. A cada botão que abria, ele depositava um beijo no seu peito e assim foi descendo lentamente em direcção à sua anca. Quando aí chegou, começou o caminho ascendente até ao seu pescoço. Perdeu-se em detalhes nos seu seios que estavam inchados de prazer. Gemidos roucos saíam da sua garganta. Fechou os olhos para sentir com mais intensidade todo o prazer que ele lhe estava a proporcionar. Mas deixou de sentir, o peso dele em cima do seu corpo. Abriu os olhos temerosa, ele estava tirar a camisa. Nos seus olhos, brilhava o brilho claro do desejo, mas havia algo mais nesse olhar. Algo que ela não consegui decifrar pois ele voltou a cobrir o corpo dela com o seu, estremeceu ao sentir o calor do corpo dele. Fernando agarrou-lhe as mãos e segurou-as por cima da cabeça dela, impedindo-a de lhe tocar.  Voltou a tortura-la com mais beijos e caricias. Contorcia-se de prazer, sentia-se enlouquecer de desejo. A mão dele abriu as pernas dela e acariciou a parte interior. Ela encolheu-se instintivamente.
- Por favor... não aguento mais...
Ele fez-lhe a vontade. Pouco depois, sentiu-o entrar dentro dela. Deixou-se ficar por uns instantes, apreciando aquela plenitude que sentia... mas ele não permitiu que ficasse naquela languidez. Os movimentos cadenciados, exigiam que ela o acompanha-se, e pouco a pouco aumentaram de ritmo. Os corpos transpirados, moviam-se ritmicamente ao som da musica que vinha da cozinha. Até que atingiram o clímax simultaneamente.


Os pais de Fernando chegavam nessa noite, Rita tinha falado com ela ao telefone´avisou que estavam a chegar. E estava cheia de saudades, ela também tinha saudades da menina. Não via a hora da pequena voltar para casa. Mesmo sabendo que isso implicava estar menos tempo com Fernando.
Fernando insistia em que elas, ela e Ana, passassem o Natal com eles. Convite que ela declinou, para desgosto de Rita.
Maria, tentava falar com ela a sós desde que chegara, mas ela inventava sempre algo para fazer. Se aguenta-se até amanhã...

Resolveu fazer o que Rita tinha pedido, bolachas de chocolate que ela tanto gostava, sempre era melhor que ocupar a mente com coisas menos doces. A segunda fornada estava pronta, o cheiro das bolachas espalhava-se pela cozinha. Aquele aroma, trazia-lhe tantas recordações...

- Parece que é agora que vamos conversar. - Tentou argumentar algo, mas Maria levantou a mão em sinal de silêncio - Não! Seja o que for fica para depois. Estamos apenas as duas, acho que está na hora de termos uma conversa,de mulher para mulher.

O seu coração encolheu ao ouvir aquelas palavras, em pouco se diferenciavam das que tinha ouvido ao seu sogro anos atrás!
- Fernando foi mostrar o solar a Rita, e o resto da família foi também. - Maria indicou-lhe uma cadeira à sua frente. - Nem sei bem como abordar este assunto, e não quero cometer o mesmo erro duas vezes. Mas és mãe, queremos o melhor para os nossos filhos. Sei que me vais compreender.

Baixou a vista, devia de ser uma partida do destino! Sentiu que estava a viver um filme e passavam as legendas: Estas personagens são fictícias,qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência! Tal era a semelhança entre o presente e o passado.

- Posso imaginar o que vai dizer.
- Acredito que sim, mas deixa-me acabar, por favor. - Maria, levantou-se e fez chá para as duas, no mais completo silêncio -  Nunca vi o meu filho tão apaixonado, aliás, acho que nunca o vi apaixonado. Quando me falou de ti, pediu-me para confiar nele. E assim fiz, mas não suporto vê-lo assim, ele está a sofrer! Não compreendo essa tua relutância, em dizeres à tua família que estão juntos. Assim como ele, Rita adora-te, e sei que também gostas dela, notei isso nas vezes que te vi com ela. O meu filho não está seguro dos teus sentimentos por ele, mas eu sim, o pouco que te conheço é suficiente para saber que uma mulher como tu não vai para a cama com um homem pelos seus lindos olhos.
- Mas como... - ela corou e baixou a cabeça envergonhada.
- Não tens do que ter vergonha, basta ver-vos juntos para perceber que entre vocês houve mais que uns simples beijos. E se estás preocupada connosco, não é preciso, tanto eu como o meu marido estamos muito felizes por vocês. Até Rosa, que geralmente anda a leste de tudo, já se apercebeu e apoia o irmão totalmente. Sei que Ana ainda não sabe, e isso preocupa-te. Mas sinto que há algo mais, não é só a Ana que te assusta, pois não?!

Olhou para Maria com os olhos muito abertos, como podia ela adivinhar?!
- Não, infelizmente não é.
- Queres falar nisso? - Maria segurou-lhe a mão.
- Não, mas obrigada. É apenas uma parte do meu passado, que tenho de resolver.
- Todos temos um passado, não deves de deixar que ele atrapalhe o teu futuro. Ás vezes é melhor,deixar o passado lá onde está. No passado!
- Não posso. Não por mim, já não me afecta mas...
- Se não te afecta, deixa isso e segue em frente.
- Não posso. A Maria não percebe! - Começava a ficar nervosa - Se tudo aquilo vier a saber-se, pode destruir a vossa reputação!
- Minha querida, já levei muitos encontrões da vida. - Maria apertou a mão dela - Tantos, que ás vezes penso que estou a pagar pelos meus erros.
- Pelos seus erros?!
- Também os cometi, e ajudei a que outros mantivessem os deles! - Ela não estava a compreender o que Maria queria dizer - Sabes, pouco depois de Fernando casar, falou comigo e disse que tinha cometido o maior erro da sua vida. Queria divorciar-se, mas eu convenci-o do contrário. Um neto estava a caminho, e um bebé muda a vida de um casal, com o tempo ficariam mais unidos. E ele ficou com Ju. Mas as situações foram-se sucedendo, umas atrás de outras. Ele não era feliz. E o acidente dele?! Se não lhe contasse que ela estava com outro... - A voz dela começou a ficar embargada pela emoção.
- Queria o melhor para ele. Acreditava que era isso. Não se pode culpar.
- Mas culpo. Jurei a mim mesma não voltar a intrometer-me. Mas, olha para mim! Aqui estou eu, fazendo o mesmo. E porquê? Sou mãe, e não aguento ver o meu filho sofrer, podia ser feliz, podiam ser felizes, e não são. Precisava de te dizer que gostamos de ti, e independentemente de tudo o mais, terás todo o nosso apoio. Promete-me que vais resolver as coisas, e o mais rápido possível.
- Também quero isso. Preciso de seguir em frente, sem fantasmas.

As duas abraçaram-se e Maria beijou-lhe as faces, mostrando que estava a ser sincera.

O jardim estava completamente vazio, talvez pelo frio que se fazia sentir nesta época do ano. Mas o seu cunhado, pediu-lhe para se encontrarem ali, a sua mulher iria ter com eles mais tarde.
Enquanto esperava por ele, lembrou-se da conversa ao telefone. Artur, reconheceu-a logo que ela falou. Pareceu-lhe interessado em encontrar-se com ela e nada surpreso. Ela estava nervosa, como seria a reacção dela ao vê-lo?!
- Estás igual. Continuas linda! - Artur parecia mais velho, estava agastado. Trazia uma criança pequena pela mão - Achei que nunca me querias ver.
- E era essa a ideia, mas preciso de resolver uma questão. As fotografias.
- Sempre directa. Sabes, que me arrependi amargamente do que te fizemos? O meu pai não, mas eu sim. - A criança puxou-lhe as calças, ele apanhou-a ao colo - Deserdou-nos, sabias?! Deixou tudo a um primo afastado. Para não ter de deixar a sua preciosa herança nas mãos de umas plebeias! - Ele riu-se, mas era um sorriso sincero, a criança no seu colo soltou uma gargalhada- Este é o meu filho, diz olá à tia. - A criança acenou com a sua mãozinha minúscula - Fui apanhá-lo ao infantário, a minha mulher foi apanhar as fotografias. Sabia que era isso que querias.
- A tua mulher?! Casas-te?
- Sim, temos três filhos e vem outro a caminho. Esperemos que desta vez uma menina! Agora sou um advogado respeitável, e um pai babado nas horas vagas. Encontrei a felicidade, não trocava a minha família por todo o dinheiro do mundo.
- Fico feliz por ti. Os meus parabéns pelo bebé que vem a caminho.
- Obrigada.
- Finalmente! Estava a ver que não chegava! - Uma mulher alegre chegou perto deles, vestia umas calças enormes, próprias para o seu estado avançado de gravidez e uma camisola de lã. - Esta barriga não ajuda. - Acariciou a enorme barriga - Olá, deves de ser a Catarina, o Artur falou-me de ti. Acho que isto é teu.

As suas mãos estavam trémulas as agarrar o envelope castanho.
- Está aí tudo, negativos incluídos. Retirei-as do cofre quando ele ficou doente.
- Vamos ali ver os patos, deixe-mos o pai falar com a tia. - Magda sorriu para ela antes de agarrar no filho ao colo meio desajeitada.
- A tua mulher é muito bonita.
- É, adoro-a! Não concebia a minha vida sem ela, nem sem os meus filhos. Quando a conheci, percebi finalmente, o que o meu irmão sentiu quando se apaixonou por ti. Tentei falar com o meu pai depois da morte de Henrique, mas sabes como ele era! E quando conheceu Magda e viu que era como tu, oriunda de famílias menos abastadas, fez-me um ultimato. Ou ela ou a herança! Imagino que saibas o que escolhi, não estou arrependido.
- Alegro-me por ti. Desejo-te as maiores felicidades. - Meteu o envelope na mala - Tenho de ir.
- Catarina! - Havia urgência na sua voz - Deixa-me acompanhar-te até ao carro.
- Não é preciso, está perto.
- Sei que não tens boa opinião a meu respeito. Mas mudei, muitas vezes agarrei o telefone para te telefonar, mas desistia sempre. Pensei que no mínimo, devia de respeitar a tua vontade de nos manteres afastados. A Magda, dizia que tu haverias de nos procurar.
- É uma mulher sábia.
- Assim como tu. Tenho a esperança que um dia nos venhas visitar com Ana, para que conheça os primos. Teremos todo o gosto em receber-vos na nossa humilde casa.

Ela não lhe respondeu, estava diferente, mas a dor e a humilhação ainda estavam bem presentes. Talvez um dia, quem sabe. Felizmente estavam a chegar ao carro dela.

- Bem, é este aqui. Obrigada. - Ela estendeu-lhe a mão.
- Não permites que te dê um abraço?! Gostava muito que encerrasse-mos este triste capitulo. E pudéssemos recomeçar como a família que somos.
Aquelas palavras comoveram-na, parecia-lhe sincero.
- Tens razão, está na hora de seguir em frente.
Artur abraçou-a, e ela devolveu o abraço, sentiu que Artur respirava fundo. Ela deu-lhe um beijo na face gelada pelo frio cortante, ele sorriu, o passado ficava finalmente enterrado. Artur desviou uma madeixa de cabelo da cara dela antes de lhe dar um beijo, nesse instante um carro passou lentamente por eles. Instintivamente ela olhou, era Fernando. Por uns segundos, o mundo pareceu desaparecer, restando apenas ela abraçada a Artur e Fernando que os olhava com uma profunda mágoa. Lágrimas afloraram nos seus olhos, os braços penderam pesadamente ao longo do seu corpo. Artur sacudia-a.
- Catarina?! Que se passa?! - Olhou para a cara dela que empalideceu repentinamente. E olhou o carro que se afastava lentamente. - É algo teu?! - Ela apenas chorava, estava tudo perdido. Fernando nunca iria acreditar nela. - Pela tua reacção imagino que é alguém importante. Por isso as fotografias eram um assunto urgente... Sinto muito, se puder fazer algo.
- Não, não há nada que possas fazer.

Afastou-se, conduzindo lentamente. Queria ir até ele, contar-lhe tudo, isso implicava mostrar-lhe as fotografias. Mas foi para casa, e meteu-se na cama, onde chorou até adormecer. Acordou no dia seguinte com o toque insistente da campainha.
- Fazes ideia do susto que me deste?! Porque não atendes o telefone?!- Desviou-se para a amiga entrar -Maria apareceu lá na loja, ela está muito preocupada, disse que Rita está inconsolável, e Fernando fechou-se no escritório desde ontem e não fala com ninguém.
- E que queres que faça?! Não sou a mãe dele, nem de Rita.
- Pois não, mas acho que essa cara miserável que tens, também vem da mesma situação. Aposto que choras-te toda a noite.
- E que se passa, se assim foi?!
- Meu Deus, quanto azedume. Olha, vou apenas transmitir o recado que me deram. Não desistas sem tentar. Isso é coisa dos fracos, e tu não és. Ou, não te tem como tal. Foi isso que Maria mandou dizer. Agora o resto é contigo. Vou-me embora antes que me atires com algo acima.

Atirou-se para cima do sofá, não se sentia bem. Fazia dias que andava meio enjoada, e hoje estava pior, doía-lhe a cabeça e não lhe apetecia sair. Tomou um comprimido e meteu-se no duche, voltou a chorar. Com tudo o que Ju lhe tinha feito, Fernando nunca iria acreditar nela, nem valia a pena tentar. Apenas se iria humilhar. Sairia de lá lavada em lágrimas e para quê?! Para nada!
Encostou a cabeça, que latejava fortemente, na parede do duche.  Lembrou-se das palavras da filha: "Já está na hora de seguires os teus próprios conselhos!" Ela tinha razão, tinha de deixar de se preocupar com o que os demais queriam e pensavam dela. Se retira-se Ana da equação, ele era tudo para ela. Tinha de pelo menos tentar.
Na sua cabeça, formava-se a imagem dele, afastando-se no carro. A dor espelhada no seu olhar. Atirou a esponja para o chão com violência, mas que estava a fazer?! Não podia perder nem mais um minuto. Se Maria tinha procurado Filipa, era porque, mesmo sabendo o que tinha acontecido, pelo menos, dava-lhe o beneficio da duvida.  Com essa esperança partiu rumo a casa dele. Abriu a porta e deu de caras com Dona Joana, que com a mesma simpatia de sempre, a avisou que a senhora Maria estava no seu quarto a descansar, o marido desta tinha saído para tomar café, a menina saíra com a tia e o patrão foi até ao solar.
 Não esperou mais, meteu-se no carro e seguiu viagem. Tinha de lutar pela sua felicidade. Olhou o envelope no banco, se fosse preciso mostrava-lhe as fotos. Ele tinha de acreditar nela.

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