Ana passou a noite num sono agitado. Primeiro culpou a enorme camisa que Steve lhe tinha dado para dormir, camisa que acabou por tirar procurando encontrar algum conforto. O corpo nu nos lençóis macios deu-lhe uma sensação de calma momentânea, depois percebeu que a sua agitação tinha que ver com o dono de uns olhos castanhos mel... depois de ele a deixar na cama, ficou um bom tempo sentindo o cheiro da sua after shave, se não o tivesse visto sair diria que estava ali, bem junto a ela. Esse pensamento fez a sua pele arrepiar-se! Abafou um grito de raiva na almofada! Nunca um homem a tinha afectado tanto, nem quando era adolescente! Deu imensas voltas na cama, até que finalmente conseguiu dormir.
Acordou com o som de um tiro, pelo menos isso lhe tinha parecido! Sentou-se na cama depressa demais, o seu pé queixou-se sob a forma de uma pontada. Depois de massajar a zona, com o creme que ele lhe tinha dado, procurou a roupa que tinha deixado em cima da cadeira na noite anterior. Não a encontrou! Isso queria dizer que ele tinha estado no quarto! Sentiu que tinha invadido a sua intimidade, o facto da casa ser dele não lhe dava o direito de entrar no quarto quando bem entendesse! Pelo menos enquanto ela o estivesse a ocupar!
- Steve! Steve!
Gritou o mais alto que pode. Como ia sair do quarto se não tinha roupa?! Arrependeu-se nesse mesmo instante, reparou que tinha a sua roupa perfeitamente dobrada em cima da cama. Agarrou as shorties e vestiu-as, estava a vestir o soutien quando ele bateu na porta e entrou quase ao mesmo tempo!
- Desculpa! - Ana apenas teve tempo de se sentar e cobrir-se com a colcha de lã - Desculpa, como chamaste pensei que estivesses vestida.
- Como podes ver não estou! Vais sair?! - Tremia como se estivesse num lago de água gelada.
- Não era...
Ele não acabou a frase, saiu deixando-a a pensar se tinha conseguido tapar-se a tempo. Era melhor não pensar nisso, estava dependente dele, pelo menos por mais uns dias! E já tinha sorte de ele não ser um tarado qualquer! Acabou de se vestir e voltou a chamá-lo novamente. Desta vez, entrou mais calmamente. Sem a olhar nos olhos levou-a para a cozinha, sentou-a junto ao fogão a lenha, onde estava a cozer algo que tinha um aroma divino!
- Cheira bem, que estás a fazer? - Ela tentou iniciar conversa - Posso ajudar?
- Obrigada, mas não é preciso.
- Estou apenas coxa, posso fazer algo. Segundo tu, apenas não posso apoiar o pé! - Ela estava a achar aquela situação divertida, ele já não a olhava nos olhos, sentia-se envergonhado de a ver em roupa interior?! Acaso nunca tinha visto uma mulher meio nua?! Não?! Afastou a ideia, isso era impossível! Com um físico daqueles e uns olhos que dá vontade de se perder neles, era praticamente impossível um cenário assim! Abanou a cabeça tentando afastar a louca ideia - Está tudo bem?!
- Porque dizes isso?
- Estás estranho. Pareces preocupado. - Usou essa palavra porque não encontrou outra melhor.
- Claro que estou!- Atirou com o pano que tinha nas mãos - Quando te ouvi gritar pensei que tinhas caído!
- Não disseste para ficar quieta?
- Como se isso te impedisse! És teimosa, não te conheço bem, mas já deu para perceber isso!
- Dizes bem, não me conheces! Por isso agradecia que não fizesses suposições!
Porque estavam novamente a implicar um com o outro?! Pensava que depois do impacto inicial tinha chegado a simpatizar com ela!
- Desculpa, não dormi bem.
Ela tentou perceber como interpretar aquelas palavras, estava tão preocupado com ela que não tinha dormido?!
- Espero que não tenha sido eu a causa dessas insónias? - Mal proferiu as palavras arrependeu-se, ele podia dar outro sentido ao que tentava dizer, ele e qualquer outra pessoa. - Não queria dizer por mim, por causa de mim! Ai, que confusão! O que quero dizer, é que não gostava de saber que não dormiste por estares preocupado comigo, por causa do meu pé, não por mim. Bem, o pé também é meu!
A atrapalhação dela aliviou o ambiente. Ele sorriu e o brilho chegou aos olhos. Ela deu por si a pensar que estavam mais lindos que o normal. Um novo tiro ouviu-se, desta vez mais perto.
- Permitem caçar nesta zona da mata?
- Não são caçadores. - Ele ainda sorria quando tirou do forno um bolo - É Jil, está cada vez mais perto. Ele vem distribuindo o pão pelas cabanas. Deve de estar a duas cabanas daqui. Sempre queres ir com ele?
- Ir?! - Ela tinha esquecido completamente a ideia de ir com Jil.- Sim, se ele não se importar.
- Ele não, agora tu...
Deixou-a sozinha na cozinha, ela ficou com a sensação que ele ficou ofendido com ideia de ela ir. Se estivesse no lugar dele, talvez pensasse o mesmo. Estava a ser no mínimo mal educada! Mas não queria ser um fardo para ele, estava a privá-lo do descanso que tinha ido procurar. Ele mesmo o tinha dito! Se Jil, a deixa-se ir com ele, iria!
Bebeu um pouco do café que ele tinha deixado em cima da mesa. Já começava a ficar frio. Deixou a chávena em cima da mesa e tentou chegar ao fogão. Conseguiu sem muito esforço. Se domina-se a arte de saltar num pé estava menos dependente dele.
- Eu bem disse que eras teimosa! E se caísses?
A voz dele acabou com o sorriso de vitoria que tinha no rosto. Sentou-se calada, como uma criança que foi apanhada a fazer uma travessura.
- Não quero que andes a transportar-me de um lado para o outro. Por minha causa, estás preso aqui. E duas semanas passam rápido, depois vais acusar-me de estragar as tuas férias.
- Não te vou acusar de nada. E aluguei a cabana por um mês. Quando chego, gosto de passear antes de tirar as malas do carro, foi aí que te ouvi gritar. Alugaste a cabana apenas por duas semanas?
- Sim. Nunca pensei em cair!
- Ninguém pensa que as coisas menos boas da vida também lhe podem acontecer.
- Tu esperas que elas te aconteçam?
- Ultimamente acho que o cosmos conspira contra mim!
- Deus queres tu dizer.
- Deus, cosmos, karma... tudo se resume a problemas!
- E eu estou incluída nesse rol!
- És o menor dos meus problemas
- Não concordo. Eu caí e tu cuidas de mim como se fosses o culpado disso.
- Cuido de ti como cuidaria de outra pessoa.
- És bondoso por natureza?!
- Se tu o dizes...Agora vamos, Jil está à espera de te conhecer. - Voltou a pegá-la ao colo - E deixa de te preocupar com as minhas férias, depois de partires ainda me restam duas semanas.
A ideia de ele ficar depois de ela partir doía-lhe. Não percebia porquê, mas a ideia de não o voltar a ver magoava-a. Aquela ideia doía-lhe tanto que quando ele a sentou na cadeira no varandim, sentiu um nó na garganta.
- Ana, este é Jil. Jil, Ana.
À sua frente surgiu uma figura desdentada, de cabelo comprido e barba com mais de um mês! Ao contrário do que seria suposto, as roupas estavam impecavelmente limpas. Assim como a mão que lhe estendeu.
- É um prazer menina, não é todos os dias que se vê uma mulher bonita como a menina. Não é doutor?!
Ela olhou para ele em busca de socorro, mas apenas sorriu, ele sentou-se no balcão que circundava a cabana e manteve-se em silêncio.
-Obrigada, é muito amável. - Disse aceitando a mão que Jil estendia. Mas se quis ter a sua de volta, teve de a retirar à força.
Se tinha ideias de partir com ele, já as tinhas perdido! Perante o olhar insistente dele, sentiu-se incomodada, conteve o impulso de olhar para baixo a confirmar se estava vestida! O olhar que ele lhe deitou dava-lhe a sensação de estar nua! E não era um sentimento agradável! Não se sentiu lisonjeada com o escrutínio visual a que foi sujeita. Pelo contrário, sentiu-se um cavalo a ser avaliado para venda! Neste caso, uma égua!
- O doutor disse que queria ir comigo para a vila. Posso levá-la na volta. Ou quer ir conhecer a mata?
- Oh, obrigada. Mas decidi que vou ficar, sabe, torci um pé e hoje começou a doer-me mais que ontem. É melhor ficar mais uns dias.
- Na vila temos um médico muito bom. E eu também sei algumas coisas.
Aquilo não a tranquilizou.
- Acredito que sim. Mas uma viagem na sua mota pode piorar a situação. Não quero com isto dizer que é incómoda. Apenas no meu estado não é aconselhável.
- A menina é que sabe, se mudar de ideias apanho-a na volta.
- Acho que não vou mudar, mas obrigada.
A figura de Jil subiu na moto e com dois " disparos" partiu pela estrada de terra batida. Steve olhava divertido para ela.
- Obrigada! Foste de grande ajuda.
- Pensei que estavas decidida a ir embora!
- Ao menos podias ter avisado como era Jil.
- E perder a tua cara de espanto?!
- Se não estivesse com dores no pé, e não precisasse de ti para me deslocar, eu...
Steve beijou-a, um beijo rápido mas que foi o suficiente para a fazer ficar sem palavras.
- Por esta não esperava.
Voltou a levá-la para casa, sentou-a à mesa e deu-lhe a chávena de café, desta vez já quente. Ana fixou a mesa, não esperava que ele a beijasse! Podia sentir o calor nos seus lábios. Resistiu à tentação de levar a mão à boca, queria certificar-se que ele a tinha beijado realmente!
- Se soubesse que tinha esse efeito já te tinha beijado antes.
- E quem te disse que queria ser beijada por ti?!
- Sabes que há coisas que não precisam de ser ditas?!
- Pois eu quando quiser ser beijada tomo a iniciativa!
- Então esse silêncio é?!
- Espanto! Não disseste que não era o teu tipo?
Ele não respondeu, apenas sorriu mas depressa chegou a ser quase gargalhada. O que a deixou furiosa!
- Não te ensinaram que é falta de educação rir-se dos demais?
- Acho que a minha consciência pode bem com isso.
- Acredito que um doutor terá poucos problemas de consciência.
Pela expressão dele, apercebeu-se que disse algo que não devia. Ela própria sabia que tinha sido inconveniente.
- Desculpa. Não era minha intenção... Apenas quis...
- Se querias ofender estás de parabéns.
- Desculpa eu...
Ele não ficou para ouvir o que ela queria dizer. Saiu porta fora deixando-a entregue à sua sorte. Era bem merecido! Quem manda dizer a primeira coisa que lhe veio à cabeça? Ora, e quem o manda beijá-la?! Não lhe tinha dado esse direito! Que viesse quando quisesse! Não estava minimamente preocupada. Deixou-se ficar sentada na cozinha até que deixou de sentir o rabo. Olhou novamente a porta. Nada! Ele estava a demorar e ela começava a ficar preocupada. Se quisesse ir para a sala tinha de saltitar até lá, podia ir agarrada ás paredes e aos móveis. Não podia continuar ali sentada. Já não sentia, a parte de baixo do corpo. Começou aos saltinhos pela casa, estava contente, afinal não era assim tão difícil. Conseguiu chegar ao sofá, ligou a televisão. Mas nada a fazia desviar a vista da porta. Tinha de ser sincera, gostou do beijo fugaz que ele lhe deu, o seu coração batia mais rápido só de pensar nisso. Olhou o relógio, tinha passado mais de uma hora desde que ele tinha saído, por muito ofendido que estivesse já devia de estar de volta. Recostou-se no sofá e fechou os olhos uns instantes, sorriu ao visualizar mentalmente o beijo. Um barulho lá fora acordou-a, estava escuro! Como podia ter adormecido?! Teria ele voltado entretanto?!
- Steve?!
Chamou por ele, mas a resposta não chegou. Levantou-se, como se não bastasse a dor do pé, doía-lhe o corpo. Resolveu ir deitar-se, não resolvia nada ficar ali esperando. Olhou as escadas, sem ele ali pareciam bem mais altas. Saltitou até lá e sentou o rabo no chão foi subindo degrau a degrau. Conseguiu chegar lá a cima, mas agora como levantar-se sem apoiar o pé?!
- Droga! - Desabafou - Droga e mais droga!
Ficou ali um pouco até que se lembrou, se os bebés se deslocam ela também conseguiria! E foi de gatas até à cama. Durante o percurso foi pedindo para que ele não chegasse nesse momento. Aí sim ele daria boas gargalhadas! Finalmente chegou ao quarto, agarrou-se à cama e subiu. Despiu-se e deitou-se. Podia ouvir o vento lá fora, a chuva que caía, as folhas que rolavam, os animais mas nada mais. Adormeceu de madrugada. Acordou com um leve bater na porta seguido de um Steve renovado com um tabuleiro na mão.
- Peço desculpa, pelo meu comportamento de ontem. Não devia...
- Eu é que tenho de pedir desculpas. - Ela não o deixou continuar. - Não devia de o ter dito. Nem pensei no que disse, nem sei porque o disse. Geralmente sou ponderada em tudo e penso muito antes de dizer seja o que for mas admito, fui indelicada, acolheste-me e eu...
Um novo beijo, desta vez mais demorado, calou o que ela dizia.
- Pelo menos descobri como calar-te. Agora come. Já venho buscar-te.
Desta vez tocou os lábios, tremiam. Sorriu e fez o que ele mandou. Quando ele a veio buscar já tinha comido, assim como tinha decidido que não iria fugir aos beijos dele. Deixou-a no sofá a ver televisão e foi para a cozinha. O barulho das panelas misturava-se com as noticias, mas a sua mente estava ocupada com outras coisas. Gostava de ser beijada por ele, isso era ponto assente! Quando iniciou a viagem até ali, era para pensar no que fazer quando voltasse.mas não pensou encontrar alguém que a fizesse mudar de ideias em relação ao seu casamento. Mas o destino assim o quis, e ela já não precisava de mais dias, já tinha decidido, Mário não significava nada mais que um porto seguro na vida dela. Se o amasse como ela pensava, já tinha pensado nele pelo menos uma vez que fosse, e não comparava os beijos dele com os de Steve, dois simples beijos foram o suficiente para perceber que os dele não faziam o coração dela bater apressadamente. Maria tinha razão, Mário não era o homem indicado para ela!
Três dias depois, Ana já conseguia colocar o pé no chão, embora com alguma dor. Mas já dava uns passos quando ele não estava a ver. No seu intimo, queria ter o pé magoado por mais algum tempo, sabia que tinha de voltar para a cabana assim que conseguisse andar. Os beijos esses tinham cessado, o que a deixou um pouco triste, até o tinha provocado falando sem parar, mas ele desta vez não a calou. Até a incitou fazendo mais perguntas sobre o trabalho dela.
Na tarde seguinte ele saiu para dar um passeio e deixou-a sentada a ver televisão, no ecrã uma senhora falava enfaticamente sobre os benefícios de uma educação rigorosa. Adormeceu antes da conclusão do debate. Quando acordou o sol começava a esconder-se. Olhou em redor, Steve ainda não estava. Não estaria a demorar demais?! Era suposto ser um simples passeio.
De repente teve uma ideia, ir para fora! Se fosse sentar-se no varandim podia ver quando ele estivesse a chegar! Pareceu-lhe uma boa ideia, levantou-se e apoiou o pé. Fantástico! A dor era quase nula. Andou lentamente até à porta. Sorriu, estendeu a mão para a maçaneta, mas a porta abriu-se antes de a alcançar. Apenas teve tempo de apoiar o pé recém recuperado no chão para não cair. Um "raios" saiu da sua boca quando o rasgo de dor subiu pela perna. Ao mesmo tempo, que sentia a perna ceder, sentiu uns braços forte ampará-la.
Ficou com as mãos apoiadas no peito dele, estava perto demais podia sentir o calor do corpo dele... o seu olhar prendeu-se no dele. Ele olhou-a por uns instantes, baixou os olhos para os lábios dela e voltou a olhá-la nos olhos, a ela pareceu-lhe que a cada novo olhar a boca dele estava cada vez mais perto da dela. Sentiu a boca dele cobrir a sua, mal teve tempo de sentir o sabor, afastou-se, ela pensou que seria mais um dos beijos relâmpagos, mas olhou-a nos olhos e voltou a cobrir a boca dela, desta vez mais demoradamente. A língua dele invadiu a boca dela, o que a fez abrir muito os olhos. Nunca a tinham beijado assim! Pensou lutar, mas estava a gostar... assustou-se com o muito que estava a gostar! Respondeu ao beijo sem reservas, relaxou os braços no pescoço dele e deliciou-se com as caricias que eram repartidas entre a sua boca e o seu pescoço. Sentiu que ele a sentava no móvel da entrada, ouviu a porta fechar-se. Abriu os olhos a medo, a boca dele cobria-a de beijos, ora no pescoço ora voltava a centrar-se na boca. Desviou-lhe as pernas e colou-se no meio delas. Ana sentiu um calor familiar, desejava-o! E pelo que podia sentir entre as suas pernas, ele também a desejava! Queria mais, não ia esperar que ele tomasse a iniciativa. Um dia quando olhasse para trás não queria pensar naquele instante e arrepender-se de ter fugido! Com mãos tremulas tirou-lhe o casaco, e depois começou a despir-lhe a camisa. Steve agarrou-lhe a cara com as duas mãos, olhou-a nos olhos mais profundamente. Não conseguiu decifrar o que ele estava a pensar. Estava arrependido de a ter beijado?! De ter deixado as coisas descontrolarem-se assim?!
Não soube, pois Steve levou-a para o sofá e tirou-lhe a camisola de lã, depois a camisa de algodão... as peças foram-se juntando uma a uma no chão junto ao sofá. Ana tinha apenas a roupa interior quando ele começou a despir-se. As roupas dele juntaram-se às dela.
Ajeitou-a no sofá e deitou-se a seu lado, entre caricias e beijos iniciou a exploração do corpo dela. A cada beijo, Ana fechava os olhos e arqueava as costas! Quando ele chegou às suas coxas ela fechou os olhos e soltou um suspiro profundo. Depois de lhe tirar a restante roupa, colocou-se entre as suas pernas, Ana tentou encontrar uma posição mais cómoda e firmou o pé no sofá, o que a fez gemer. O gemido fez disparar os sentidos dele, Ana sentiu que ele estava a levantar-se e puxou-o de volta. Não era um pé que ia estragar o momento! Precisava dele, queria-o!
Steve voltou a encaixar-se entre as pernas dela e desta vez não voltou a sair. Quando o sentiu dentro dela, entrelaçou as pernas nas costas dele de maneira a limitar os movimentos dele. Os primeiros movimentos eram suaves e ele mantinha o olhar no dela, mas à medida que os movimentos iam aumentando, a dificuldade em manter o olhar era maior. De repente Ana sentiu-o entrar em si mais profundamente. Instantes depois um reconfortante calor espalhou-se dentro dela, uma languidez apoderou-se do seu corpo. Sentiu-se livre, plena. Algum tempo depois foi ele que atingiu o clímax.
Ficaram deitados no sofá por algum tempo. Steve acariciava a cabeça dela que repousava no peito dele, Ana, observava o lume que crepitava lentamente, perdida nos seus pensamentos.
Que dizer numa altura destas?! Nunca esteve numa situação parecida! Sempre fora comedida nos desejos, com Toni as coisas eram como e quando ele queria, ela não tinha vontades nem desejos. Com Mário as coisas eram... Não sabia bem como descrevê-las, eram! A sua experiência sexual resumia-se a dois homens. E nenhum deles a fazia sentir as coisas que Steve fazia sentir. Se nunca tinha sentido nada parecido, como reagir depois disto?! Já tinha decidido terminar com Mário, mas isso não alterava o facto de ele ser um desconhecido...
- No que estás a pensar?! - A voz dele retirou-a dos seus devaneios
- Queres mesmo saber? - Ela tentava ganhar tempo.
- Se não quisesse não perguntava.
- Pensava em que tipo de médico és... - Não lhe ocorreu nada mais, era bem melhor que explicar-lhe o que estava a pensar!
- Como assim?!
- És doutor de leis, de pessoas, de animais...
As mãos que antes a acariciavam, agora afastavam-na, e ele começou a vestir-se. Deu-lhe a roupa dela e foi para a cozinha, podia ouvir mexer em tachos. Tinha a camisola enfiada na cabeça quando o ouviu voltar
- De pessoas.
Nada mais acrescentou, Ana acabou de se vestir, devia de insistir?! Parecia ser um tema, do qual ele não gostava de falar. Mas mesmo assim insistiu.
- Qual é a tua especialidade?!
- Pediatria.
- Pediatria?!
- Porquê o espanto?
- Não sei, imaginava-te doutor de muita coisa, menos de crianças.
- Adoro trabalhar com crianças. Bem mais fácil que lidar com adultos. - Fez uma careta de descontentamento - Mas o ministério prolongou a idade das crianças abrangidas pelos serviços de pediatria.
- Como assim?
- Agora as consultas de pediatria são estendidas a crianças e adolescentes.
- E não achas bem?
- Nem bem nem mal. Apenas me resta aceitar a ideia. São idades diferentes, e lidar com os adolescentes não é fácil.
- Má experiência?!
- Vou fazer café, a água deve de estar a ferver.
Viu-o sair em direcção da cozinha. Anteriormente tinha a sensação, que ele não gostava de falar no assunto mas a partir deste momento tinha a certeza. Ele voltou com o café e umas fatias de bolo.
- Realmente estou surpreendida. Nunca conheci um homem que tivesse jeito com as tarefas de casa.
- Possivelmente, porque apenas conheces homens do teu estrato social.
- Confesso que conheço poucos fora da minha roda de amigos. Mas uma coisa não invalida outra, o meu pai por exemplo, sabe fazer de tudo um pouco. Foi obrigado a isso, quando cumpriu o serviço militar. Mas hoje, já não é como naquele tempo. Foi o que ele me disse, não tenho conhecimento de causa.
Ele riu-se e deu-lhe um leve beijo.
- Nem te imaginava a lutar pela pátria. Eu aprendi quando entrei nos médicos sem fronteiras.
- E gostas-te?
- Vi coisas que dificilmente vou esquecer.
- Porque foste?
- Queria fazer a diferença, fazer algo de útil.
- E não podias fazer a diferença aqui, na tua terra?
- A minha terra não é aqui, nasci no Canadá.
- Daí o nome...
- E tu? Nunca tiveste a vontade de te impor, de lutar por algo?
- Sim, mas correu mal. Foi uma desilusão enorme. - Mexeu-se no sofá, não tinha percebido como a conversa tinha chegado ali, a falar da única vez em que fez frente a seu pai - Mas serviu para aprender a não confiar em ninguém. Hoje escolho muito bem as minhas amizades.
- Isso quer dizer que se me cruzasse contigo, fora deste contesto, nem me darias os bons dias?
Ele achava que ela era assim tão fútil?! Sim, tinha saído magoada de uma relação e escolhia muito bem em quem podia confiar. Mas daí a ser uma snobe...
- Estou a ver que toquei num ponto fraco.
- Não, apenas pensei que não tiravas conclusões precipitadas.
- E tirei?!
- Sim. Tiras-te! - Quase que lhe gritou, porque a magoava tanto ele pensar que era uma inútil?! O que ele pensava dela pouco devia de importar. - Para tua informação, sei cozinhar e limpar uma casa. Sei lavar roupa à mão se for preciso. Lutei muito para ter o que tenho hoje. A minha empresa foi construída com o meu esforço, nunca aceitei ajuda do meu pai! Trabalhei atrás de um balcão e servi às mesas. Por isso acho que de snobe não tenho nada!
- Não disse isso.
- Mas...
O que ela queria dizer foi travado pela boca dele, em questão de segundos estavam novamente a respirar descontroladamente. As mãos dela enterradas nos cabelos dele não o deixavam afastar-se, ele teve alguma dificuldade em levantá-la. Steve subiu as escadas e dirigiu-se ao quarto dele. Abriu a porta com o pé e depositou-a na cama. Não precisavam de palavras. Os beijos substituíam as peças de roupa. As mãos dele começaram a percorrer o corpo dela, que voltava a estremecer de desejo. A partir do momento em que ele a beijava esquecia o mundo.
Ajeitou-a no sofá e deitou-se a seu lado, entre caricias e beijos iniciou a exploração do corpo dela. A cada beijo, Ana fechava os olhos e arqueava as costas! Quando ele chegou às suas coxas ela fechou os olhos e soltou um suspiro profundo. Depois de lhe tirar a restante roupa, colocou-se entre as suas pernas, Ana tentou encontrar uma posição mais cómoda e firmou o pé no sofá, o que a fez gemer. O gemido fez disparar os sentidos dele, Ana sentiu que ele estava a levantar-se e puxou-o de volta. Não era um pé que ia estragar o momento! Precisava dele, queria-o!
Steve voltou a encaixar-se entre as pernas dela e desta vez não voltou a sair. Quando o sentiu dentro dela, entrelaçou as pernas nas costas dele de maneira a limitar os movimentos dele. Os primeiros movimentos eram suaves e ele mantinha o olhar no dela, mas à medida que os movimentos iam aumentando, a dificuldade em manter o olhar era maior. De repente Ana sentiu-o entrar em si mais profundamente. Instantes depois um reconfortante calor espalhou-se dentro dela, uma languidez apoderou-se do seu corpo. Sentiu-se livre, plena. Algum tempo depois foi ele que atingiu o clímax.
Ficaram deitados no sofá por algum tempo. Steve acariciava a cabeça dela que repousava no peito dele, Ana, observava o lume que crepitava lentamente, perdida nos seus pensamentos.
Que dizer numa altura destas?! Nunca esteve numa situação parecida! Sempre fora comedida nos desejos, com Toni as coisas eram como e quando ele queria, ela não tinha vontades nem desejos. Com Mário as coisas eram... Não sabia bem como descrevê-las, eram! A sua experiência sexual resumia-se a dois homens. E nenhum deles a fazia sentir as coisas que Steve fazia sentir. Se nunca tinha sentido nada parecido, como reagir depois disto?! Já tinha decidido terminar com Mário, mas isso não alterava o facto de ele ser um desconhecido...
- No que estás a pensar?! - A voz dele retirou-a dos seus devaneios
- Queres mesmo saber? - Ela tentava ganhar tempo.
- Se não quisesse não perguntava.
- Pensava em que tipo de médico és... - Não lhe ocorreu nada mais, era bem melhor que explicar-lhe o que estava a pensar!
- Como assim?!
- És doutor de leis, de pessoas, de animais...
As mãos que antes a acariciavam, agora afastavam-na, e ele começou a vestir-se. Deu-lhe a roupa dela e foi para a cozinha, podia ouvir mexer em tachos. Tinha a camisola enfiada na cabeça quando o ouviu voltar
- De pessoas.
Nada mais acrescentou, Ana acabou de se vestir, devia de insistir?! Parecia ser um tema, do qual ele não gostava de falar. Mas mesmo assim insistiu.
- Qual é a tua especialidade?!
- Pediatria.
- Pediatria?!
- Porquê o espanto?
- Não sei, imaginava-te doutor de muita coisa, menos de crianças.
- Adoro trabalhar com crianças. Bem mais fácil que lidar com adultos. - Fez uma careta de descontentamento - Mas o ministério prolongou a idade das crianças abrangidas pelos serviços de pediatria.
- Como assim?
- Agora as consultas de pediatria são estendidas a crianças e adolescentes.
- E não achas bem?
- Nem bem nem mal. Apenas me resta aceitar a ideia. São idades diferentes, e lidar com os adolescentes não é fácil.
- Má experiência?!
- Vou fazer café, a água deve de estar a ferver.
Viu-o sair em direcção da cozinha. Anteriormente tinha a sensação, que ele não gostava de falar no assunto mas a partir deste momento tinha a certeza. Ele voltou com o café e umas fatias de bolo.
- Realmente estou surpreendida. Nunca conheci um homem que tivesse jeito com as tarefas de casa.
- Possivelmente, porque apenas conheces homens do teu estrato social.
- Confesso que conheço poucos fora da minha roda de amigos. Mas uma coisa não invalida outra, o meu pai por exemplo, sabe fazer de tudo um pouco. Foi obrigado a isso, quando cumpriu o serviço militar. Mas hoje, já não é como naquele tempo. Foi o que ele me disse, não tenho conhecimento de causa.
Ele riu-se e deu-lhe um leve beijo.
- Nem te imaginava a lutar pela pátria. Eu aprendi quando entrei nos médicos sem fronteiras.
- E gostas-te?
- Vi coisas que dificilmente vou esquecer.
- Porque foste?
- Queria fazer a diferença, fazer algo de útil.
- E não podias fazer a diferença aqui, na tua terra?
- A minha terra não é aqui, nasci no Canadá.
- Daí o nome...
- E tu? Nunca tiveste a vontade de te impor, de lutar por algo?
- Sim, mas correu mal. Foi uma desilusão enorme. - Mexeu-se no sofá, não tinha percebido como a conversa tinha chegado ali, a falar da única vez em que fez frente a seu pai - Mas serviu para aprender a não confiar em ninguém. Hoje escolho muito bem as minhas amizades.
- Isso quer dizer que se me cruzasse contigo, fora deste contesto, nem me darias os bons dias?
Ele achava que ela era assim tão fútil?! Sim, tinha saído magoada de uma relação e escolhia muito bem em quem podia confiar. Mas daí a ser uma snobe...
- Estou a ver que toquei num ponto fraco.
- Não, apenas pensei que não tiravas conclusões precipitadas.
- E tirei?!
- Sim. Tiras-te! - Quase que lhe gritou, porque a magoava tanto ele pensar que era uma inútil?! O que ele pensava dela pouco devia de importar. - Para tua informação, sei cozinhar e limpar uma casa. Sei lavar roupa à mão se for preciso. Lutei muito para ter o que tenho hoje. A minha empresa foi construída com o meu esforço, nunca aceitei ajuda do meu pai! Trabalhei atrás de um balcão e servi às mesas. Por isso acho que de snobe não tenho nada!
- Não disse isso.
- Mas...
O que ela queria dizer foi travado pela boca dele, em questão de segundos estavam novamente a respirar descontroladamente. As mãos dela enterradas nos cabelos dele não o deixavam afastar-se, ele teve alguma dificuldade em levantá-la. Steve subiu as escadas e dirigiu-se ao quarto dele. Abriu a porta com o pé e depositou-a na cama. Não precisavam de palavras. Os beijos substituíam as peças de roupa. As mãos dele começaram a percorrer o corpo dela, que voltava a estremecer de desejo. A partir do momento em que ele a beijava esquecia o mundo.
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