sexta-feira, 25 de novembro de 2016

MEDO DE AMAR 4ª PARTE



As gargalhadas de Frank enchiam o ar, devido ao jogo que Maximillian levou, à muito que elas não o viam tão feliz. Prolongavam a noite o máximo que podiam, mas o sono estava a vencer Frank e isso deixava-o irritado. Com a promessa, de andar a cavalo com Max no dia seguinte, consentiu em deitar-se. Depois de agradecer pela milésima vez, Ryana despediu-se dele, sorriu para a amiga e subiu com o filho.

- Obrigado pelo jantar.

 Maximillian levantou-se, ela sentiu uma certa pena por a noite estar a terminar, não queria que ele fosse.

- Foi Ryana que fez, tens de lhe agradecer a ela. Eu apenas fiz o café e a sobremesa.
- Então obrigado pela sobremesa e pelo café.
- Não foi nada de mais.
- Posso perguntar-te uma coisa? - Bea sorriu, pela primeira vez estavam a ser civilizados - O que foi?!
- Nada, acho que nunca falámos tão calmamente.
- Sim, tens razão. - Ele colocou a chávena do café no tabuleiro - O que aconteceu ao pai de Frank?

Bea ficou a olhar para ele, não esperava aquela pergunta. Devia de dizer-lhe a verdade?! Ryana não gostava de falar sobre isso.

- Podemos dar um passeio? - Perguntou-lhe enquanto levava o tabuleiro das chávenas para a cozinha.
- Claro.

Não queria correr o risco de Frank se levantar e ouvir a conversa. Ryana nunca lhe falou sobre o pai, achava que ele ainda era muito pequeno.

Gostou de sentir o ar frio da noite na sua cara. Olhou a lua, esta brilhava meio envergonhada entre as nuvens. Sem falarem caminharam em direcção ao lago.

- Porque perguntas pelo pai dele?
- Não quero imiscuir-me em assuntos privados, apenas não quero dizer algo que o magoe.
- Ele disse algo? - Ela sabia que muitas vezes é mais fácil falar com estranhos.
- Não, pelo contrário.  Achei estranho ele não falar no pai. Morreu?
- Não. Abandonou-os quando ele tinha um ano.
- Porquê?!

Bea forçou um sorriso, caminhou até à beira do lago. Lembrava-se bem daquele dia, o dia em que a amiga chegou desesperada... Sem saber que rumo dar à vida! O marido tinha-a abandonado, porque não conseguia lidar com a diferença do filho. Quando Frank começou a andar, Ryana notou que algo não estava bem, e comentou com o pediatra, que diagnosticou hiperactividade.  Como tal não estava sossegado, e exigia atenção constante. Quando fosse mais velho, as coisas ficariam muito mais complicadas. Voltou-se para ele, tinha os olhos brilhantes pelas lágrimas, esperava que a pouca luz da lua, não mostra-se o quanto a afectava falar do afilhado.

- Já te disse, Frank é diferente.
- Isso não é motivo para se abandonar um filho.
- Ele não pensou assim, a maioria dos homens faria o mesmo.
- Tens uma bela opinião de nós!
- Apenas, constato o que vivi.
- Que raios te fizeram para pensares assim?!

Bea soltou uma gargalhada forçada.

- Que me fizeram?! Nem sei... talvez seja eu que faça algo. Os homens que, de uma forma ou outra, se cruzaram na minha vida, todos deixaram marcas.
- Pela tua voz nada agradáveis.
- Não foram não.  - Fez uma pausa - Mas aprendi a lidar com eles.
- Ou a fugir deles?!
- Fugir?!
- Isso explica a presença de César, duvido que te magoa-se. Aliás, parecia mais abalado que tu quando o levei de volta.
- À homens assim, não aceitam bem quando as coisas terminam. Principalmente, quando é a mulher a terminar.
- Acabaram?! Espero não ser a causa.
- Esperas?! - Típico dos homens, acham que o mundo gira em torno deles. - Não te preocupes, podes dormir descansado - Notava-se a irritação na sua voz - Não são uns meros beijos que me dão volta à cabeça.
- Porque ficas-te irritada?! Apenas perguntei. Quando te beijei a primeira vez, não sabia que tinhas namorado.
- Mas na última sim! E isso não impediu de o...

Maximillian acabou com o pouco espaço que havia entre eles, mantinha o corpo junto ao seu, mas sem pressionar, mais uma vez estava presa apenas pelo olhar. Podia voltar para casa, mas não queria.

- Estavas a dizer?!
- Sobre o quê?!
- Que não gostaste quando te beijei.
- Não disse isso.
- Não?!

Bea não respondeu, o pouco espaço que separava as duas bocas foi suprimido. Não se lembrava se tinha sido ela ou ele, mas também não interessava. De olhos fechados, entregou-se aquele beijo, a mão dele deslizou pelo seu pescoço e entrelaçou os cabelos dela. Gemeu ao sentir o toque suave da pele dele. Sentiu-se no ar, quando abriu os olhos estava na estufa. Ouviu uns vasos a caírem quando ele a colocou em cima da bancada. Tirou-lhe a blusa e começou a beijar-lhe os peitos inchados pelo desejo. Gemeu novamente, ele parou e olhou-a. Os olhos dele brilhavam, e podia jurar, que os dela reflectiam esse mesmo brilho. Com mãos tremulas tirou-lhe a camisa e começou a acariciar o peito largo e forte. Sentiu-o contrair-se, e contraiu-se ainda mais, quando ela desceu da bancada, e começou a explorar o peito dele com a língua. De repente parou, Bing ladrava demasiado. Olharam-se sem dizer nada, agarram na roupa e saíram em direcção dos estábulos, vestindo-se pelo caminho.

Bing ladrava na entrada dos estábulos. Tareca, a velha gata, passeava-se ignorando o exagerado ladrar.

Maximillian soltou uma gargalhada antes de acalmar Bing.  Ryana juntou-se a eles vinda da parte traseira da casa.

- Que se passa?
- Nada. - Bea olhou para a amiga, esta trazia o pijama vestido - Bing está irritada com a visita de Tareca.
- Nesse caso, vou dormir.

Bea ficou a olhar como a amiga se afastava em direcção a casa, voltou-se para ele. Ainda acariciava Bing.

- Eu tenho de... Ryana...
- Sim. Até amanhã.
- Até amanhã.

Bea alcançou a amiga antes de esta entrar em casa. Levantou uma sobrancelha ao vê-la.

- Fui só buscar-lhe água à cozinha, mas ouvi aquela confusão. Desculpa, não queria estragar-te a noite.
- Não digas disparates, não estragas-te nada.
- Não! Agora sou idiota, não vi os olhares.
- Ás vezes és, por isso gosto tanto de ti. Agora vamos dormir, está um frio danado.
- E eu deixei que te levassem o cobertor.
- Pára com isso!

Ryana deu um encontrão no braço dela,e ela devolveu-lho, alguns encontrões depois entraram em casa a rir como duas adolescentes. Estava agitada, antes de se deitar foi até à janela, e ficou a olhar o anexo, e ali permaneceu, até que ele apagou a luz. A agitação não passou, como tal dormiu mal. Acontecia muitas vezes, principalmente quando estava nervosa ou agitada. E ultimamente também quando não conseguia acalmar o seu desejo.
Acordou cedo, Ryana ainda dormia. Durante a noite teve uma ideia para a linha das jóias, antes que se desvanecessem tinha de as colocar no computador.
Abstraiu-se de tudo o demais. Nem sentiu a amiga entrar no escritório.

- Mas tu não dormes?! O médico disse que tinhas de descansar.
- E dormi. Não te preocupes. Olha aqui. - Bea mostrou-lhe os desenhos que tinha terminado - Que dizes? Pensei em fazer, bem, tentar fazer, um desenho dentro da jóia.
- Dentro?! Acho que a falta de sono afectou-te o cérebro.
- Não estou cansada, apenas agitada - Ryana anuiu, não queria levar-lhe a contrária, mas o cansaço era visível nos olhos da amiga, pelo menos para ela. - É apenas um esboço, ainda tenho de terminar, mas prometo que no dia da apresentação estará tudo certo.
- Como sempre. Mas tens de descansar. Promete que o farás.
- Prometo. Frank, já acordou?!
- Está a vestir-se.
- Então, vamos tomar o pequeno almoço.


Tomavam o pequeno almoço quando o som de um trovão ecoou pela cozinha, o passeio estava adiado, Frank ajudou Maximillian a cuidar dos cavalos nos estábulos e elas voltaram aos dossiers, agora que faltavam poucos, não podiam desistir.

- Se consegui-se levar esta estante para lá... - Bea tentou mexer a estante - Isto é feito de quê?!
- Madeira! Com tanto homem nos arredores, ainda pensas em ser tu a levar isto?!
- Deixa-os lá sozinhos. Posso... -Mas a amiga já tinha saído porta fora - Obrigada, por me deixares a falar sozinha.

Voltou pouco depois com Maximillian, que lhe laçou um olhar furioso, Jim e outro homem corpulento.

- Aqui está a força. - Ryana anunciou à chegada - É só dizeres onde a queres, que eles deixam.Não é senhores?! Eu vou ver se está algo no caminho.
- Pensei que as coisas tinham  mudado - Maximillian sussurrava de modo a que só ela ouvisse.
- Não percebo o que...
- Podem trazer, o caminho está desimpedido.

Bea agradeceu mentalmente à amiga a interrupção, não compreendia o motivo da irritação dele. Em questão de segundos a estante estava na habitação dos fundos, e os dossiers nos locais. Se tudo corre-se como previsto, teriam a tarde livre. Ainda faltava ver as gavetas da secretária mas, comparado com o que tinham feito, era uma brincadeira de crianças.

- Maximillian parecia aborrecido. - Ryana falava sem olhar para ela - Ultimamente andas a chatear muitos homens! Primeiro César, agora Maximillian.
- Por falar nisso. César, ligou-te. Porque...
- Vou citar: A ver se lhe incutes juízo naquela cabeça. Ela acha que não precisa de mim, mas ela, nunca vai encontrar alguém...

Bea deixou de ouvir a amiga, numa gaveta encontrou um álbum com fotografias dela. A primeira fotografia era ela com a tia no seu primeiro passeio a cavalo. Segui-se outras a cavalo, o piquenique, o natal, a inauguração, uma foto dela com Mike!,... toda a sua vida estava ali retratada.  Sempre pensou que a tia não queria saber dela, mas ali estava a prova contrária. Todos os eventos importantes, e os menos importantes também, da vida dela estavam ali, até as férias que fez com Ryana em Londres.

- Estás bem?! - Bea voltou à realidade quando a amiga lhe segurou no braço.
- Engraçado. Sempre pensei que ela tinha cortado os laços todos. Mas afinal acompanhou-me em tudo. Mesmo com todo o trabalho que dá a herdade, arranjou tempo para me acompanhar, mesmo que à distância.
- É esta aqui?! - Ryana agarrou uma moldura que estava em cima da secretária - É bonita.
- Sim, era.
- O teu tio?! - Apontou para o homem ao lado.
- Não. Nem sei quem é esse homem. Ela nunca casou, sempre pensei que tinha uma paixão secreta. Imaginava isso! Coisas de criança.
- Nessa altura ainda sonhavas.
- Um dia percebemos que não vale a pena sonhar. - Passou a mão sobre a fotografia da tia - Ela trabalhava muito, mas sempre tinha tempo para mim.


O resto do dia foi passado a recordar a infância na herdade. Bea chorou, riu e ficou admirada por conseguir lembrar muitas coisas, que pensava ter esquecido. No fim chegaram à conclusão que ela tinha herdado a fisionomia da mãe mas o temperamento da tia.

Ryana deixou a herdade nessa noite, Frank adormecera no sofá, e foi preciso chamar Maximillian para o levar até ao carro. Ficaram os dois a vê-los abandonar a herdade, Bea convidou-o para um café, não queria ficar sozinha, e precisava saber o que tinha acontecido com a tia nestes últimos anos, mas não sabia como começar, não depois de ele a acusar, de não estar presente na vida da tia. Serviu o café automaticamente sem olhar para ele.

- Estás muito calada. Está tudo bem?
- Sim, apenas estou a tentar assimilar umas coisas.
- Tais como?!
- Encontrei um álbum com fotografias minhas.
- E?!
- Não sabia que ela as tinha. - Bea olhou o vazio, como se estivesse noutro tempo -Lembro-me dos passeios a cavalo, de colher maçãs e fazer compotas com Mima. Em todas essas actividades Eme estava presente, quando fomos para a cidade pensei que voltávamos um dia, mas tal não aconteceu. Como deixou de escrever pensei que nos tinha abandonado de vez.
- E percebes-te que estavas enganada.
- Sim. Se eu soubesse... - Começou a chorar - Ela não...

O choro compulsivo não a deixou terminar. Ele abraçou-a e ela chorou por tudo o que tinha perdido.
Aninhou-se no abraço dele e deixou-se consolar. Quando se acalmou colocou as mãos no peito dele e olhou-o nos olhos. Deu-lhe um breve beijo, ele retribuiu, mas agarrou as mãos dela e retirou-as do seu peito.

- Vou deitar-me. E deves fazer o mesmo, precisas descansar.
- Pareces Ryana. - Ele estava a afastá-la?! Lembrou-se de Mike e ficou mais irritada - Vou deitar-me quando quiser.
- Não tenho por hábito aproveitar-me das mulheres, e tu estás muito sensível.- Ele segurava-a para a obrigar a olhá-lo -Se acontecesse algo esta noite, tenho a certeza que ao levantar-me não me iria perdoar.  Por isso quando tal acontecer, quero ter a certeza que estás aí para desfrutar de ti por inteira.

E saiu, deixando-a no meio da sala a pensar naquilo.

" Quando acontecer", ele dissera. Isso queria dizer ,que ele também queria estar com ela. Claro que queria! Não era nenhuma criança, percebeu o quanto a desejava quando se beijaram!
Estava agitada demais para dormir, assim que foi para o escritório. Ainda tinha de terminar os esboços para as jóias.
Desta vez foi Bing que a lembrou que precisava de descansar. Olhou o relógio, eram quase três da manhã!
Subiu e deitou-se, mas o sono não chegava. A imagem de Maximillian acariciando-a e beijando-a não a deixava dormir. Precisava dele! Saiu da cama decidida, nunca se deteve quando queria estar com César! Agora não era diferente.

A porta do anexo não estava trancada, abriu com cuidado. Sorriu para si mesma, se alguém a visse pensava que estava a assaltar a casa. Lembrou-se da disposição dos móveis. Sem fazer barulho começou a andar na sala, mas a luz acendeu-se dificultando a visão.

- Que pensas estar a fazer?! - Maximillian estava no outro lado da sala, sem camisa.
- Não tenho sono. - Com dois passos ficou a seu lado, olhando-a com olhos suplicantes
- Dificilmente adormeces a andar.
- Quero ficar contigo. - Tinha consciência, que estava praticamente a suplicar que a deixa-se ficar, mas não se importava.
- Não é boa ideia, sabes disso. E amanhã alguém pode ver-te.
- Ora, desde quando tenho de dar satisfações do que faço?!

Não lhe respondeu, ficou a olhá-la por uns instantes, e Bea pensou que ia mandá-la embora, mas agarrou-lhe a mão e levou-a em direcção ao quarto. O coração dela parecia um relógio desregulado, com a respiração acelerada beijaram-se e em pouco tempo estavam deitados cobrindo o corpo um do outro de beijos e caricias. Bea nunca tinha sentido tanto prazer antes de chegar ao acto em si. Quando pensava que iam continuar ele deitou-se ao lado dela e beijou-a nos cabelos.

- Agora vamos dormir. Como te disse, se algo acontecesse não me perdoaria.

Ficou sem saber que dizer, nem que fazer. Nunca lhe tinha acontecido nada semelhante. Sentiu a mão dele sobre o seu corpo puxá-la. O calor que emanava do corpo dele, transmitia-lhe uma certa languidez e pouco depois sentiu os olhos ficarem pesados.

O sol que lhe batia na cara acordou-a. Espreguiçou-se e bateu em algo! Lembrou-se então, estava na cama dele! Abriu os olhos, ele observava-a.

- Bom dia. - Como podia estar tão animado ao acordar?! - Dormiste bem?
- Respostas só depois do café!
- Quanto mau humor.

Maximillian colocou a perna em cima do corpo dela, impedindo que se move-se e começou a brincar com o cabelo dela, o que dificultava a concentração dela.

- Não é mau humor...

Ele não a deixou terminar, as bocas fundiram-se e juntas tinham um único propósito, satisfazer o companheiro. Maximillian saboreou cada pedaço do corpo dela. Mesmo sabendo o que a esperava, era como se fosse a primeira vez. A intensidade do prazer que sentia era algo novo para ela. Quando tentou soltar-se do corpo dele, ele agarrou-lhe as mãos e colocou-as sobre a cabeça na almofada.  Sorriu-lhe docemente, e voltou a provocá-la com mais caricias. Bea contorcia-se de prazer, e sofria por ele não a deixar retribuir o prazer que lhe estava a proporcionar. Fechou os olhos e permitiu-se aproveitar cada caricia. Sentiu a mão dele deslizar ao longo do seu corpo e parar na parte interior da sua perna, acariciou a parte interior e beijou cada centímetro dela. Se aquela tortura demora-se mais, certamente explodiria de prazer. Sem lhe soltar as mãos, parou de lhe beijar as pernas e colocou-se no meio delas. No momento seguinte sentiu-o entrar nela, com a mesma urgência que ela sentia.  Os movimentos, revestidos de uma calma mal contida, passaram a rápidos movimentos cadenciados, mas desta vez, da parte dos dois. Com alguma dificuldade, ela conseguiu soltar as mãos e agarrou-se a ele obrigando-o a penetra-la mais profundamente. Sentiu os músculos dele ficarem tensos, os movimentos aumentaram de velocidade e intensidade.  Instantes depois atingiam os dois o clímax.
Permaneceram deitados nos braços um do outro, esperando que a respiração volta-se à normalidade.

- Não te ias arrepender?
- Isso era ontem. Com esse humor percebi que estavas de volta. - Ele desviou-se da almofada que ela tentou atirar-lhe - E tu?!
- Eu?! Nunca me arrependo.
- De nada?!
- Tenho de voltar ao trabalho, prometi a Ryana ter o esboço pronto para o fim de semana.
- Vais fugir?!
- Apenas por umas horas, mas sabes onde encontrar-me.
- É um convite?
- Talvez!

Saiu sem se preocupar se era vista por algum empregado da herdade. Entregava-se ao trabalho durante o dia e durante as noites entregava-se a Maximillian.

No dia seguinte Ryana estava de volta com Frank, se tudo corresse bem, no fim de semana seguinte elas teriam a nova linha de jóias prontas a apresentar. Isso implicava a deslocação dela à cidade. O que a deixava um pouco apreensiva, não se imaginava longe da herdade. Se pudesse viver da criação dos cavalos... Cavalos! Ainda não falara com ele por causa da herdade. Decidiu deixar a herdade nas mãos dele, fez um bom trabalho até ali. Ele cuidaria de tudo como se fosse dele, até lhe daria acesso à conta para poder pagar as despesas da herdade sem a consultar. Quando nessa noite, depois do jantar, lho disse, ele não reagiu como ela esperava.

- Como vais deixar-me gerir a herdade?!
- Parece-me o mais lógico, não percebo de cavalos, tenho a linha de jóias para terminar. Não consigo fazer tudo sozinha. Esperava poder contar com a tua ajuda.
- Mas a herdade é tua. Mesmo com a minha ajuda, tenho a certeza que Eme quereria que fosses tu a geri-la.
- Como tu disseste e muito bem, não percebo nada disto. Tenho pena, esperava conseguir integrar-me nas tarefas, mas não sei que fazer. Depois da apresentação da nova colecção podias ensinar-me algo.
- Não sei...

Bea começou a ficar irritada com a hesitação dele. Não compreendia o motivo.

- Não vejo a diferença. Continuas a fazer a mesma coisa de sempre, simplesmente com a certeza que podes decidir sem me consultares. E sem que eu te grite!
- Isso é uma promessa?!
- O quê?!
- O deixares de me gritar?! - Maximillian chegou perto dela e rodeou-a pela cintura - Espero que os gritos de prazer não estejam incluídos.
- Vou pensar nisso.
- Com carinho?! - Maximillian dava-lhe pequenos beijos no pescoço - Prometes?!
- Cala-te...

Bea colou a sua boca à dele e deixou-se sentar na bancada da cozinha. A camisa dele depressa caiu no chão da cozinha, e a dela juntou-se depois. Os beijos ávidos de desejo, deixavam um rasto de fogo ao longo do corpo dela. Com mãos urgentes procurou tirar-lhe o cinto das calças.

- Calma... Temos toda a noite.
- Prometes?!

Maximillian respondeu-lhe com um beijo e levou-a ao colo até ao quarto. Onde durante a noite cumpriu a promessa.

Na manhã seguinte sorria para ele ao vê-lo vestir-se. Nunca se sentiu tão bem, sentia-se realizada. Depois que Maximillian saiu, ela permaneceu na cama, aproveitando a preguiça que se instala depois de uma noite de sexo.

As pancadas leves na porta tiraram-na da concentração em que se encontrava.

- Pode-se?! - Ryana entrou seguida de Frank - Ainda à volta dos esboços?!
- Olá! - Abraçou a amiga e beijou Frank - Chegaram cedo. Não?!
- Um pouco. - Acariciou o cabelo do filho - Mas estava ansioso demais.
- Fizeste bem, já viram Maximillian?!
- Max. Ele é Max. - Reclamou Frank
- Bond. James Bond! - Bea disse sem pensar, e as duas riram. - Sim meu amor, Max. Vamos procurá-lo?

Frank, falou sem parar sobre o passeio a cavalo. Avistaram Maximillian na cerca das éguas. Jim escovava uma delas. Frank correu na direcção dele gritando para chamar a sua atenção, ao vê-lo acenou e pouco depois estava junto a ele. Elas sorriram ao vê-los juntos.

- Acho que nunca se afeiçoou a alguém com esta rapidez.
- Max tem este efeito nas pessoas.-  Disse sem pensar.
- Sim?! Aconteceu algo na minha ausência digno de nota?!
- Claro que não!
- Olha para mim. - Os olhos de Bea tinham um brilho diferente - Não acredito!!! Mas desta vez à algo mais!  Esse brilho...
- Vês porque não queria dizer-te?! Já está a ver campainhas a tocar quando é apenas sexo! Nada mais que isso!
- Sei... então deve de ser fabuloso. A julgar por esse olhar.
- Observa o teu filho e cala-te.

E as duas concentraram a sua atenção em Frank. Maximillian segurava as rédeas para que ele pudesse andar. Sentaram-se as duas na cerca a observa-los.

- Maximillian tem imenso jeito, com as crianças. - Ela anuiu - Tens de o convidar para o lançamento da nova linha...

 Bea deixou de ouvir a amiga, a sua cabeça fervilhava com novas ideias, era isso. A herdade podia ser mais aproveitada. E ela sabia como!

- Ei?! Estou a falar contigo.- Ryana voltou a chamar a atenção da amiga.
- Desculpa. Estava distraída.
- Ah não! Eu conheço esse olhar. Não vais começar.
- Oh. Está descansada. São apenas pequenas ideias.
- Sim, começa sempre assim.

Tinha imensas ideias, ainda por ordenar e sem certezas de serem viáveis. Precisavam de ser ordenadas e discutidas, mas essas, ela queria discutir com Maximillian.

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