segunda-feira, 13 de março de 2017

ENGANOS 5ª PARTE


Enquanto bebia café com a cunhada na sacada da estalagem, observava Richard disfarçadamente. Ele conversava com os pais dela completamente descontraído, a julgar pela reacção deles, adoravam-no. Por esta altura deviam de achar que era uma espécie de namorado do ano.

- Parece que vem aí chuva. - A cunhada dela observava o céu que começava a ficar carregado de nuvens negras. - Só espero que não comece a trovejar. Pelo menos antes de chegarmos a casa.
- Ainda tens medo das trovoadas?
- Medo?! - A cunhada fez uma careta - Que ideia...
- Imagino que vás directamente para a cama.
- Vou sim. E no meu estado não...
- No teu estado?! - Olhou para a cunhada que ficou muito vermelha - Não me digas...
- O médico telefonou antes de sairmos. Nem sei como dizer ao teu irmão.
- Oh meu Deus! Mais um menino!
- Espero que não, a casa está cheia de homens!
- Pois está.

As duas riram e abraçaram-se carinhosamente, uma nuvem deixou cair umas gotas grossas, o que as levou a regressar para junto dos demais. Olhou para Richard, não precisaram falar, sabia que estava na hora de ir, sentindo um nó na garganta dirigiu-se aos pais e começou a despedir-se. Quando a mãe abraçou Richard segredou-lhe algo e ele sorriu.
Quando deixaram a estalagem sentia vontade de chorar, desejou ser novamente criança, deitar-se no colo da mãe e contar-lhe tudo.

- As despedidas, embora que temporárias, são sempre difíceis.
- Sim.

 Christina não tinha vontade de conversar, uma tristeza enorme invadiu o seu interior e sentiu que as lágrimas humedeciam os olhos cansados. Fixou o olhar na estrada e concentrou-se na chuva que caía com mais força, a mãe dizia que a chuva tem a peculiaridade de lavar a alma, será que lavaria aquela sensação de desamparo?! Neste momento sentia-se sozinha no mundo. Tentando conter uma lágrima teimosa fechou os olhos e colocou a testa no vidro da porta, esperava que o fresco alivia-se a dor que sentia na cabeça e no seu coração.

- Christina. Christina.

Podia sentir algo suave na sua face, era agradável, como uma leve caricia, abriu os olhos e viu Richard muito perto dela, chamava-a suavemente enquanto acaricia o seu rosto. Teria adormecido?! Sim, só podia. Só isso explicava o torpor, físico e mental que sentia. A chuva tinha aumentado, caía com tal intensidade que parecia deitar fumo em contacto com o chão, olhou em redor, a visibilidade era muito reduzida, apenas distinguia vultos altos e negros, mas tinha a sensação que conhecia aquele lugar. O seu coração deu um salto ao pensar na possibilidade.

- Onde estamos? - Ajeitou-se no banco do carro e massajou o pescoço desejando estar errada.
- Estamos na casa de campo.
- Na casa de campo?! O que estamos aqui a fazer?!
- Caso não tenhas reparado está a chover imenso, mal se vê a estrada. - Ele parecia aborrecido com o comentário dela - É mais seguro ficarmos e partimos amanhã cedo.
- Amanhã?! Isso quer dizer...
- Vou entrar e ligar a luz e a água.

Ele saiu e ela ficou a pensar no que ele disse. Era mais seguro! Seguro?! Para quem?! Ficaria ali com ele, sozinha, numa casa deserta. Não o imaginava a atacá-la, nem a invadir o seu quarto durante a noite, mas, a julgar pela sua reacção aos beijos dele, se ele tenta-se algo teria forças para afastá-lo?! Assustou-se quando um relâmpago iluminou os céus. Sem pensar se as luzes estavam ligadas, foi na direcção que ele tinha tomado anteriormente. O carro estava perto de casa mas não o suficiente para evitar que se molha-se. Entrou em casa apressada, e tirou o casaco, que de tão leve que era, não impediu que a água chega-se à sua pele.

- Estás toda molhada.

 Richard entrou pela porta da cozinha, estava mais molhado que ela, a água escorria pelos braços da camisa, que se agarrava ao corpo dele deixando pouco a imaginar sobre o que escondia.

- Tu também.
- É melhor subires e tomares banho.
- Tu não vens?! - Tomou consciência do que disse e ficou vermelha - Não era isso que queria...
- Sobe, vou acender a lareira.

Sentindo-se uma idiota subiu e meteu-se na casa de banho que usou no mês que ali esteve. Deixou-se envolver pela água quente, fechou os olhos e desfrutou do momento. A água escorria pelo seu corpo quando soltou uma gargalhada irónica, lembrou-se que não tinha o que vestir.  Arrependeu-se de não ter levado mais roupa. Como era apenas um fim de semana, só levou o vestido para a festa, que o seu sobrinho habilmente tinha vomitado, e a roupa que tinha vestida. Agora estava numa casa vazia, a sós com ele e sem roupa! Sentindo uma mistura de raiva e de frustração saiu do duche. Secou o cabelo, limpou o corpo freneticamente, vestiu a única coisa que tinha seca, as cuecas, e enrolou-se na toalha. Nem um roupão havia! Ficou uns instantes a olhar o seu reflexo no espelho, se ficasse no quarto o tempo suficiente para ele subir, podia tentar encontrar algo para vestir. Mas o quê?! A casa só era habitada durante o verão e em fins de semana esporádicos. E se ele a encontra-se a revistar os roupeiros?! Tendo em conta os antecedentes, ele podia pensar outras coisas, não, realmente não era boa ideia. Era melhor ficar enrolada na toalha e colocar a roupa a secar junto à lareira. Ou...
De repente lembrou-se da máquina de secar. Seria bem mais rápido. Mais tranquila sentou-se na cama, mas pouco depois começou a ter frio, o quarto estava um gelo. Decididamente não ia ficar ali.
Abriu a porta do quarto, apenas se ouvia o crepitar da madeira na lareira no piso inferior. Desceu consciente da sua nudez sentou-se no sofá, apanhou a pequena manta que estava no sofá e tapou as pernas, já que a minúscula toalha deixava a maior parte a descoberto. Olhou o lume e deixou-se hipnotizar pelo seu movimento. Recordou as noites na quinta com os pais junto à lareira a contar histórias e anedotas, um sorriso involuntário desenhou-se nos seus lábios. Sobressaltou-se quando uma camisa branca apareceu à sua frente.

- Pensei que te podia dar jeito. - Richard sentou-se no sofá - Se tens roupa no carro...
- Não. - Interrompeu-o - Obrigada.
- Imaginei que assim fosse.

Christina ficou a olhá-lo, parecia ausente. Ficar ali preso talvez não estivesse nos seus planos. E muito menos com ela, se fosse alguma das suas amantes... Levantou-se repentinamente, segurando a toalha com força foi vestir-se na sala ao lado, estava  furiosa por pensar nas amantes dele, nenhuma delas era da sua conta.  A camisa ainda tinha o cheiro dele, acariciou-a instintivamente, recordou a mão dele na sua cara quando a acordou. Não, não podia estar a pensar nisso. Uma coisa era sonhar com ele, pois os sonhos não se controlam, outra bem diferente era sonhar acordada com ele. Por muito que se sentisse atraída por ele tinha de esquecer isso e recordar o que ele pensava dela, tudo o que ele fizesse era apenas com o intuito de a castigar, assegurar-se que sabia que ele era dono e senhor da vida dela se assim o entendesse.
Quando voltou à sala ele estava em frente à lareira, com as mãos nos bolsos das calças, permitiu-se observá-lo com atenção.  Mesmo de costas era impressionante, as calças pretas, embora de fato de treino, realçavam as pernas compridas e musculadas, a t-shirt branca colava-se ao corpo como uma segunda pele. Como se soubesse estar a ser observado voltou-se. Sentiu-se nua perante o olhar dele, de certa perspectiva até estava, a única coisa que tinha a cobrir a sua pele era apenas a camisa, que pouco mais tapava que as suas nádegas e as minúsculas cuecas de algodão.

- Queres que prepare algo para o jantar? - Olhou-o nervosa - Posso...
- Não. - Richard voltou-se novamente para a lareira - Mas obrigada.
- Vou secar a minha roupa, queres que coloque a tua?
- Eu posso fazer isso.
- Não me custa nada, afinal tenho de secar a minha.
- Vou apanhá-la.

Passou por ela sem dizer nada mais. Estaria aborrecido por se ver obrigado a ficar ali ou  pelo facto de estar ali com ela?! Qualquer que fosse o motivo, ela não tinha culpa. Não lhe pediu que fosse até lá! Ela também podia estar aborrecida por isso, se ele não tivesse aparecido a esta hora estaria no comboio a caminho de casa e não ali, numa casa deserta afastada de resto do mundo.

- Aqui tens.
- Obrigada.

Quando apanhou a roupa os dedos tocaram-se e um formigueiro percorreu o braço dela. Estremeceu ligeiramente, se ele notou não disse nada e voltou para a sala. A roupa dele estava encharcada, como tal teria de a lavar primeiro, assim que confirmou que a máquina estava a lavar regressou para a sala, pensou ir para o quarto para evitar o clima pesado que se sentia, mas possivelmente ainda estava um gelo, demorava um pouco até a casa estar toda aquecida, se ele se sentia incomodado com a presença dela que fosse para o quarto. Ela não ia abdicar do calor da lareira por nada!
Sentou-se no sofá e apanhou uma revista que estava ali perto. Tentou ler, mas não conseguia concentra-se, estava consciente demais da presença dele. Ele mexeu-se e ela observou-o por cima da revista. Olhava para ela fixamente.

- Que se lixe!

Viu ir na sua direcção e tirar-lhe a revista que atirou para o chão ao mesmo tempo que a puxava por um braço.

- Estás a...

A boca dele silenciou a reclamação dela, podia sentir as mãos dele a afastarem a camisa para ir a encontro da sua pele, um agradável arrepio percorreu o seu corpo, mentalmente repetiu as palavras dele: Que se lixe! Entrelaçou o pescoço dele com os braços e deixou-se levar pelo momento. As mãos dele acariciavam as suas costas habilmente, deixando-a desejosa de mais. Richard retirou os braços dela do seu pescoço interrompendo o beijo.

- Quero-te. - Richard acariciava o pescoço dela com uma mão. - Quero-te tanto, a ponto de me assustar o quanto te quero.
- Assustar-te?!
- Tenho medo que fujas.
- Talvez não queira fugir.

Olhou-a nos olhos e ela deixou-o ver que era verdade, não queria fugir dele, pelo contrário queria estar ali, bem junto a ele. Richard voltou a beija-la enquanto lhe tirava a camisa e a arrastava com ele para o tapete em frente à lareira. Retirou a roupa rapidamente, parando de a beijar apenas para tirar a t-shirt, quando lhe retirou as cuecas ela estremecia de desejo. Richard afasto-lhe as pernas ao mesmo tempo que a beijava, quando sentiu o peso dele retraiu-se momentaneamente, mas voltou a relaxar perante as caricias com que ele a torturava docemente. Minutos depois os corpos movimentavam-se ao mesmo ritmo, levando-os ao êxtase pouco depois.

- Desculpa. - Richard beijou-lhe o ombro.
- Porquê?! - O seu coração teve um baque, estava arrependido?!
- Porque não era para ser assim.
- Não?! Então peço desculpa se não...
- Não pensei em ti. - Ele colocou um dedo nos seus lábios - Apenas pensei em mim e na urgência que tinha em que fosses minha.
- Oh...
- Mas penso redimir-me já a seguir. - Ele beijou-a no pescoço e ela estremeceu. - Algo contra?!
- Agora?! - Mas ela sabia que o seu corpo ansiava por ele. - Não achas...
- Tens noção que ás vezes és inconveniente?!

Richard beijou-a demoradamente enquanto a tomava nos braços, apesar dos protestos dela em que a deixa-se no chão, subiu as escadas e entrou no quarto dele. Deitou-a na cama com todo a cuidado, como se tivesse medo que se partisse e juntou-se a ela, cobrindo-lhe o corpo com beijos e caricias que pareciam não ter fim. Quando chegou ao seu ventre ela estremecia de desejo, nunca imaginou que a antecipação fosse tão deliciosa, muito menos numa segunda vez!  Desta vez ele pensou nela, quando ela estava quase a explodir de desejo, ele abrandava o ritmo e recomeçava a tortura-la com novas carícias. Quando ela pensou enlouquecer com tanto prazer,  ele aumentou o ritmo e moveram-se em uníssono, como se fossem um só ser atingiram o clímax ao mesmo tempo.
Completamente exaustos deixaram-se ficar nos braços um do outro, Christina repousava no peito dele sentindo a respiração agitada quando se lembrou da roupa. Saltou da cama e saiu vestindo novamente a camisa dele.
A máquina já tinha terminado, tirou a dela, dobrou-a e meteu a dele a secar.

- A julgar pela tua urgência em sair da cama pensei que a casa estava a arder.

 Ele olhava divertido para ela, vestia apenas os boxers, e apesar de ter saído à pouco da cama dele, e dos seus braços, ao vê-lo assim o desejo parecia renascer. Envergonhou-se dos seus pensamentos, estava à muito tempo sem um homem, mas isso não justificava o desejo crescente que sentia por ele.  Passou por ele e beijou-lhe a face.

- Tenho alguma urgência, ou não teremos o que vestir amanhã pela manhã.
- Gosto mais de te ver sem roupa. - Richard agarrou a mão dela e beijou-a - Vamos voltar para a cama, quero ter-te bem perto.

Adormeceu nos braços dele desejando não ter de regressar à cidade.

Quando acordou ele não estava na cama, sorrindo saiu da cama e abriu a janela, o sol brilhava lá fora. Agora à luz do dia, ficou sem saber que fazer, nunca se tinha envolvido com o seu patrão. Aquela noite iria alterar o pensamento dele sobre ela?! Quando dormiu com o seu namorado já namoravam à alguns meses e sabia o que esperar, mas com Richard não sabia como reagir. Vestiu a camisa dele para ir apanhar a roupa. Estava no meio das escadas quando ouviu um barulho que vinha da cozinha. Mais cedo ou mais tarde teria de o encarar, e mais valia ser ela a vê-lo primeiro.

- Bom... - Calou-se ao ver Misty, a governanta deles com uma cesta.
- Bom dia Christina, - Misty olhava para ela com um grande sorriso - Não precisa de se envergonhar.
- Desculpe Misty, eu não sabia que estava cá.
- O menino foi avisar-nos ontem que passavam cá a noite. Moramos numa casa um pouco mais à frente - Misty parecia desfrutar do embaraço dela. - Não à necessidade de ficar assim, não é a primeira mulher que vejo com essa camisa. Embora seja a primeira vez que pede para trazer o pequeno almoço.
- Não era preciso. Eu posso fazer algo.
- O menino não iria gostar se a deixa-se fazer algo. Vá, vá lá tomar banho enquanto preparo o pequeno almoço. Quando descer já terei desaparecido. Prometo.

Agradeceu a Misty e subiu com as suas roupas. Tomou banho e vestiu-se. Enquanto se penteava pensava nas palavras de Misty, ela não era a primeira mulher a vestir a camisa dele!
 Quantas mais teria levado para aquela cama?! A quantas mais teria dito que as queria e que tinha medo que elas fugissem?! A quantas teria deixado em êxtase com as mesmas palavras e caricias que tinha usado com ela?! Agora via que aquela noite foi tudo mentira, não passou de um truque, ela era mais uma que ele queria juntar à sua colecção.  Assim que o visse iria dizer-lhe isso mesmo, que ela não era nenhuma idiota, que tinha percebido o esquema dele, que nunca iria esquecer que a tinha usado... Não, não o podia fazer!  Ele acreditava que ela o tinha roubado, tinha assinado um contrato e se não o respeita-se ele faria com que se arrepende-se. Para se ver livre dele e do maldito contrato teria de arranjar provas da sua inocência, até lá teria de sobreviver como pudesse. Aquela noite não passou de mais uma variação de demonstração de poder sobre ela. E ela tinha-se entregue como uma adolescente.

- Pensei que estivesses ainda a dormir. - Richard beijou-lhe o pescoço e apesar de tentar mostrar indiferença, estremeceu. - Podias ter esperado por mim.
- Esperar?! - Sorriu odiando-se por ele conseguir despertar nela o fogo do desejo com apenas um beijo. - Não querias partir cedo?
- Mas temos tempo para um duche - Tentou beijá-la mas ela levantou-se - Está tudo bem?!
- Sim. Porque não estaria?!
- Não sei, estás estranha. - Ele olhou-a desconfiado e puxou-a por um braço. - Vamos confirmar se é verdade.

E sem lhe dar tempo beijou-a, ao início resistiu ao beijo, mas quando a apertou junto a ele sentiu como ele a desejava, não conseguiu conter um suspiro, mentira ou não desejava-a tanto como ela a ele e isso fazia-a sentir-se mais mulher.

- Bem. - Ele afastou-a - Importante ou não, algo se passa, se não queres dizer apenas me resta respeitar. - Deu-lhe um beijo rápido nos lábios - Vai, antes que me arrependa e te arraste comigo para o duche.

Enquanto esperava por ele aproveitou para arrumar as coisas, as almofadas do sofá ainda estavam no chão, assim como a manta e a revista que ele tinha atirado. Abriu a porta para respirar aquele ar puro, a vista dali era linda, deixou-se ficar na entrada a olhar as árvores que rodeavam a casa, gostou daquela casa desde a primeira vez que ali esteve, mas saber que ele levava as amantes para ali tinha destruído parte desse encanto, como se tivessem invadido o seu canto especial.  Mesmo sem as conhecer odiou cada uma delas, e amaldiçoou Richard por ser tão sedutor. Com tantos homens que conhecia e que seguramente não se importavam de a satisfazer, porque se tinha rendido a ele?! Logo a ele que a considerava uma ladra?! Porque depois de três anos de celibato, sentia aquele desejo incontrolável?!
Concentrada como estava nos pensamentos não o ouviu chegar, apenas sentiu os braços dele a rodear a sua cintura com carinho.

- Podia ficar aqui para sempre. - Richard falou junto ao seu ouvido. - Não gostavas?
- Adorava. - Respondeu sem pensar e ao reconhecer que era verdade uma lágrima escorreu pela sua face. - É lindo.
- Que se passa? - Ele voltou-a para ele e viu o brilho das lágrimas - Pensei que estavas feliz.
- E estou. Esquece, devo de estar a chegar aquela altura do mês. - Aquela desculpa resultava sempre com o seu ex-namorado. - As hormonas.
- As hormonas...

Christina ficou com a sensação que ele não tinha acreditado, mas ao menos parou de a tocar durante o resto do tempo que ali ficaram. Partiram depois do pequeno almoço, durante a viagem ela disse que estava com dor de cabeça e não falaram muito.
Quando chegaram à cidade ele deixou-a em casa para descansar. Apenas teria de trabalhar depois de almoço.
Ligou para a mãe, que já tinha deixado várias mensagens para saber se tinham feito boa viagem. Arrumou as coisas que trouxe da viagem e decidiu passar o resto da manhã a ler. Mas as imagens da noite anterior assombravam-na como fantasmas, o que a levou a sentir-se sozinha e a que passasse a manhã abraçada a uma almofada a chorar até adormecer. Acordou sobressaltada com o barulho de um martelo eléctrico.  Espreitou pela janela, um grupo de pessoas olhavam dois homens que faziam um buraco no chão. E viu a vizinha sair a correr, o que despertou a sua atenção, olhou o relógio, eram quase duas horas!
Mudou de roupa à pressa e apanhou a mala, estava atrasada e nem sequer tinha almoçado. Perante o olhar do taxista retocou a maquilhagem. Tinha de disfarçar os olhos inchados ou seria alvo de novas perguntas, perguntas para as quais não tinha resposta. Ela própria ainda não tinha percebido porque ele a afectava tanto e porque a magoava tanto saber que ele tinha levado outras mulher para a casa de campo.

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