quinta-feira, 27 de abril de 2017

À TUA ESPERA 12ª PARTE




Isabel recostou-se no peito de Jimin sentindo como o coração dele se acalmava ao mesmo ritmo que o dela. Permaneceram abraçados em silêncio, como se o simples facto de falarem do assunto os afastasse um do outro.  Sempre temeu dizer-lhe o que Lisa pensava dele, mas depois daquela carta sabia que a verdade já não podia magoá-lo. E se queria que o casamento resultasse teriam de terminar com os segredos entre eles.
O que a levava até Lisa, aquela situação não podia cair no esquecimento. Decididamente era por aquele assunto que ia começar, apoiou a mão no sofá e levantou-se.

- Onde vais?! - Jimin segurou-lhe a mão. 
- Tenho coisas a resolver...

Jimin puxou-a até ela ficar em cima dele, o olhar dele perdera o brilho que tinha à pouco. 

- Não vou permitir que me deixes. - Jimin beijou-a até ela gemer - Amo-te. E se precisar de ir à lua para...

Isabel calou-o com um beijo, ele disse que a amava! Finalmente tinha-o dito! O seu coração parecia saltar do peito de felicidade e as lágrimas voltaram a cair desta vez na t-shirt dele.

- Não chores. - Jimin beijou-lhe as lágrimas. - Não te preocupes com a carta. Se dizes que não a escreveste eu acredito!
- Tu amas-me?! 
- Sim. - Ele olhou-a admirado - Tens dúvidas?!
- Nunca disseste...
- Precisava?! Pensei que soubesses.
- Para que conste, era bom ouvi-lo.
- Muito bem. - Jimin sentou-se e ficou muito sério - Amo-te desde que te vi sentada à chuva. Poucos dias depois de te conhecer decidi que queria casar contigo. Não queria que nenhum outro se aproxima-se de ti, eras minha. Não sabes o que me esforcei para perceberes que te queria para sempre, que não eras um namoro passageiro. Era uma constante tortura estar contigo e não te tocar, não fazer amor contigo.
- Nunca te disse para não o fazeres.
- Eu sei. - Jimin beijou-lhe o nariz - Mas tenta perceber. Eras tão inocente, tão nova... O meu pai disse-me que se te amasse não me importava de esperar, e não me importava. Amavas-me e isso bastava... mas cada vez que tinha de ir visitar os meus avós tornava-se mais difícil afastar-me de ti. E depois em certos dias agias de forma estranha, o que me levou a perguntar-me se realmente sentias algo por mim, nunca quiseste que fosse a tua casa ou que conhece-se os teus pais. Comecei a pensar que talvez não me amasses como eu te amava.
- Não era por isso, Lisa...
- Deixa-me terminar. - Jimin levantou-se e dirigiu-se à janela. - Na última viagem, ao chegarmos a Busan, o meu avô estava muito doente e a minha avó precisava de nós. Ficou decidido que nos mudaríamos para lá. O meu pai veio falar com o senhorio, entre outras coisas e eu sabia que a minha mãe precisava de mim, mas implorei-lhe que me deixasse vir. Precisava falar contigo. Quando cheguei a tua casa uma mulher jovem abriu-me a porta, disse que não estavas, mas que os senhores voltariam dentro de dias. Como não podia esperar dei-lhe uma carta para te entregar.
- Nunca a recebi. - Isabel murmurou.
- Nela expliquei que devido à situação do meu avô voltaríamos para Busan por tempo indefinido, mas assim que ele estivesse melhor viria para nos casarmos. Quando chegámos o meu avô tinha falecido, durante uns dias esqueci completamente a carta. Os meus pais precisavam de mim. - Jimin respirou fundo - Até que um dia chegou a resposta. Nunca me senti tão idiota na minha vida. Nem quando se riam de mim na escola senti o que senti naquela altura! E olha que os meus colegas de escola eram bastante cruéis! Acreditei que não me amavas... -Jimin calou-se quando sentiu a mão dela nas suas costas - Refugiei-me no meu quarto, desisti dos estudos, apenas saía para ajudar o meu pai. A minha mãe herdou o pequeno negócio do meu avô, mas decidiram que, como a minha avó estava muito debilitada, o meu pai ficava a gerir o negócio. Passava os dias com ele, mas tudo o que fazia era sem qualquer interesse. Um dia o meu pai chamou-me ao armazém, fechou a porta e meteu a chave no bolso. - Jimin sorriu - Disse que só ia abrir a porta quando lhe dissesse o que se passava. Acabei por lhe falar da carta. Sabes o que me disse?! - Mas ele não esperou que ela lhe respondesse - Que apenas tinha duas coisas a fazer. A primeira, agradecer por ter percebido a tempo, a segunda decidir o que fazer. E tinha duas opções, podia desistir e provar-te que tinhas razão ou podia arregaçar as mangas e mostrar-te que estavas enganada a meu respeito. 
- Não sabes como lamento.
- Nessa noite pensei no que o meu pai disse, e decidi o que ia fazer. Ia vingar-me! Mas primeiro tinha de me tornar um homem rico, depois regressaria e faria com que te arrependesses de me teres desprezado. 
- Por isso voltaste?!

Jimin encolheu os ombros como se isso justificasse a sua atitude.

- A julgar pela carta, não me desprezarias quando visses que era um homem rico. Mas aí era a minha vez de te desprezar. - Jimin olhou-a e ela pode ver o quanto aquilo o magoava - Terminei os estudos à noite e durante o dia ajudava o meu pai, em pouco tempo o negócio era bastante lucrativo. Terminei o curso e comecei a tratar da maioria dos negócios, em cinco anos exportávamos a maioria dos produtos. Quando decidi ampliar a empresa entrei em negociações com Paul. Ele enfrentava dificuldades económicas e eu precisava de um espaço no estrangeiro. Encontrámos-nos algumas vezes no ano passado para acertar os últimos detalhes. Como, apesar de esta ser a tua cidade, nunca nos encontrámos nas diversas festas a que fui, pensei que tivesses casado. Estava decidido a encontrar-te, independentemente da tua situação actual irias pagar. Mas isso teria de esperar até eu me estabelecer. Quando te vi não queria acreditar na minha sorte, estavas ali, e à minha mercê. Mas estar contigo novamente reacendeu o amor que eu julgava estar extinto. Percebi que não tinhas aliança e mudei os planos novamente. Por isso beijei-te naquela noite. Precisava saber se ainda sentias algo, ou se ao menos ainda conseguias fingir que sentias. O dinheiro consegue ser um poderoso afrodisíaco.
- Não acredito que pensasses isso de mim! - Isabel sentia-se ofendida, mas sabia que ele tinha razões para pensar assim. - Nunca precisei de fingir. Amo-te pelo que és.
- Agora sei disso. Cada dia que passava tornava-se mais difícil manter-me fiel ao meu propósito. Eras tentadora demais, inventava pretextos para ficares até mais tarde só para estar mais tempo contigo. Pedi aos recursos humanos a tua ficha para confirmar se eras casada. Quando vi que não eras, decidi qual seria a minha vingança, serias minha e durante o processo irias sofrer. 
- E se estivesse casada?!
- Sinceramente não sei. Mas não me agrada a ideia de outro homem te ter nos seus braços. - Jimin beijou-a levemente - Estava a ceder aos teus encantos. Por isso meti a fotografia no livro, precisava de algo para me recordar como realmente eras. Mas depois destruíste o meu plano, apareceste aqui completamente molhada, tão vulnerável, fizeste-me lembrar a rapariga por quem me apaixonei na escola. Não queria ceder, pensei em afastar-te, essa seria a primeira de muitas vezes. Ia afastar-me quando senti o sabor da tua lágrima, senti o coração gelar, apenas queria consolar-te e acabar com a tua dor. Mas não estava preparado para descobrir que não tinhas estado com outro homem. Ver que não faltaste à promessa começou a desfazer as ideias que tinha a teu respeito. Parecias tão sincera quando estávamos juntos... Mas o nosso relacionamento era uma montanha russa, quando começava a convencer-me que estava enganado a teu respeito, como fez questão de dizer o meu pai quando lá estivemos, tu dizias ou fazias algo que me levava a crer que me estava a iludir.
- O teu pai?!
- Sim. Disse-mo quando nos viste no jardim, ele não gostou que tivesse descido tão baixo.
- Não te estou a conseguir acompanhar. 
- Tinha tudo planeado. Casávamos e levava-te a Busan, a ideia era levar-te para um sítio onde te sentisses desconfortável. E que melhor sítio que no meio de pessoas que tu desprezavas?! Queria colocar-te numa situação em que te obrigasse a explodir de raiva. Mas parecias tão feliz ali, ainda recordo o brilho dos teus olhos ao pegares na bebé, comecei a pensar que talvez o meu pai tivesse razão. Ele disse que quando olhava nos teus olhos apenas via amor, nada mais. Quando estávamos no aeroporto decidi que quando chegasse a casa queimava a carta e a fotografia, queria esquecê-la. Mas quando vi que estavas a chorar e te perguntei se estavas arrependida... Bem, as dúvidas reavivaram com a tua resposta.
- Oh, Deus! Não o disse com essa intenção. - Isabel sabia o que parecia - Chorei porque ainda não tinha partido e já sentia falta dos teus pais. Quer acredites quer não, nunca fui amada assim. E quando disse que me davas tudo o que uma mulher pode desejar, não me referia ao dinheiro, mas ao que me fazias sentir. Como podia arrepender-me se nunca tinha sido tão feliz na minha vida?! Se estava com o homem que amo?!
- Estás a falar a sério?! És feliz?!
- Pelo menos era até ver aquela mulher aqui meio despida.
- Nada posso fazer quanto a isso, apenas prometer que não volta a acontecer. Não me interessa outra mulher, apenas tu. E espero que possas perdoar-me por isso e por ter duvidado dos teus sentimentos.
- Que pensas fazer para redimir-te?! - Isabel colocou os braços em redor do pescoço dele.
- Aceito sugestões.
- Estou a pensar numa ou... - Isabel calou-se ao ouvir o telemóvel tocar.
- Deixa-o tocar. - Jimin apertou-a mais contra o corpo.
- Pode ser Mima.
- Mima?!
- Já te falo dela. - Isabel apanhou o telemóvel, era Jill - Olá Jill.
- Desculpa, mas achei que era melhor vires aqui. 
- Que se passa?!
- Acho que...

Isabel olhou o telemóvel, Jill ficou sem rede ou desligou?!

- Jill?! Estou?! 
- Afinal ensinei-te bem. - Lisa falou orgulhosa. 
- Lisa! - Isabel olhou incrédula para Jimin - Que queres?! 
- Que quero?! Dar-te os parabéns, conseguiste pescar um homem rico e sem a minha ajuda.
- Quem te disse?! 
- Isso não interessa, afinal não és assim tão diferente de...

Isabel desligou o telemóvel e olhou para Jimin. Como era possível que aquela mulher fosse filha de uma mulher tão doce como a sua avó?! 

- A tua redenção vai ter de ficar para mais tarde. - Isabel apanhou a mala - Agora tenho de sair. 
- Correcção, vamos sair. Desta vez enfrentaremos tudo juntos.

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