quarta-feira, 19 de abril de 2017

À TUA ESPERA 7ª PARTE



No dia seguinte a sua mente esqueceu o jantar com Lisa, ainda faltavam uns dias e não queria pensar na tortura que seria regressar ao meio fútil onde vivia Lisa, ainda que por poucas horas.

Ela tinha um outro tipo de tortura à sua espera no escritório, uma tortura agridoce que a perseguia durante o dia e tinha a tendência a permanecer junto a ela mesmo depois de se deitar. Durante as horas que estava acordada revia a noite do jantar e o dia seguinte como se assim pudesse alterar algo, quando adormecia sonhava constantemente com os beijos dele e chegava sempre à mesma conclusão: Aquele jogo tinha de terminar! E se ele não se importava com aquele pega e larga, ela sim. Amava-o e não queria sequer pensar em deixar de o ver mas aquela situação estava a acabar com ela.
A pensar na sua sanidade mental decidira afastar-se dele o mais possível e durante os dias seguintes usou todas as desculpas que se lembrou para o conseguir mas nem sempre o fazia com sucesso.

- Que se passa contigo?
- Comigo? - Isabel afastou-se da secretária - Nada.
- Nada?! - Jimin aproximou-se dela - Há vários dias que me andas a evitar.
- Acho isso difícil visto trabalharmos nos mesmo espaço.
- Hum... ando a imaginar coisas. É isso?
- Parece que sim. - Isabel fingiu procurar algo em cima da secretária.
- Então, quando à pouco deixaste cair a agenda e ontem, quando bateste contra a porta, foi tudo fruto da minha imaginação?
- Alguns percalços acontecem! - Isabel baixou a vista
- Percalços... - Jimin levantou a mão até ao rosto dela - Sabes... Não gostaria de pensar que tens algum tipo de receio quando estás comigo.
- Porque teria? - Isabel lutou contra o desejo de fechar os olhos e desfrutar daquela caricia.
- Não sei. Diz-me tu.

Isabel levantou o rosto quando ele roçou os lábios dela com um dedo. Estava a perder aquela batalha novamente. No que dizia respeito a ele, ela não tinha vontade própria. O seu corpo desejava sentir o toque dele e ela não estava disposta a negar-se esse prazer. Não quando ele a tocava como naquele momento. O seu corpo queria estar com ele mas a sua cabeça dizia-lhe que ele apenas brincava com ela. Retrocedeu para se afastar dele mas uma mão, rápidamente colocada nas suas costas, impediu que o conseguisse.

- Jimin...
- Sim?!
- Eu tenho...


 Jimin colocou um dedo nos lábios dela de modo a impedir que continuasse a falar. Segundos depois eram os lábios dele que se colavam ao dela e o único som que se ouvia era o bater dos corações e a respiração agitada dos dois.


Era por momentos como aquele que ao regressar a casa não conseguia esquecer o cheiro dele. O que se resumia a breves momentos ao longo do dia, para ela eram horas de suspiros e divagações durante a noite. E ela voltava a reafirmar que, fosse como fosse, tinha de colocar um ponto final naquilo.
A convivência com ele tornara-se um martírio. Sentia-se na corda bamba, tanto queria estar perto dele como se queria afastar! Se ele não se...

- Achas boa ideia?
- Desculpa! - Isabel olhou para Jill, não tinha percebido que ela tinha chegado a casa e que falara para ela. - Não ouvi o que disseste.
- Já percebi. - Jill sentou-se no cadeirão - Problemas com a entidade patronal?
- Mais ou menos. - Isabel encolheu os ombros - Esquece. Que dizias?
- Esquece uma ova! Que se passa?
- Nem eu sei. Estou muito confusa.
- Com Jimin?
- Sim. Não sei como agir, que dizer. Entendes?
- Sinceramente?! - Jill olhou para ela e sorriu ligeiramente - Não!
- Aí está! Ás vezes nem eu entendo o que sinto quanto mais o que se está a passar.
- Acho que este jantar com a tua mãe está a mexer com os teus nervos.
- Nisso tens razão. Preferia não ir, mas...
- Como é tua mãe... - Jill interrompeu-a - Sabes o que também acho? Que precisamos dormir.
- Eu vou já.
- Boa noite.
- Dorme bem Jill.

Isabel olhou para a amiga enquanto esta se dirigia para o quarto. Cada dia que passava se tornava mais complicado lidar com aquela situação, com toda aquela turbilhão de sentimentos. Era como andar numa constante montanha russa. E se isso fosse insuficiente, ainda tinha de arranjar forças para jantar com Lisa e os seus amigos. Jantar que parecia aproximar-se depressa demais e a deixava mais nervosa que o normal. Porque concordara em ir ao jantar? Podia simplesmente dizer que não ou ignorar o convite. Mas no fundo sabia o motivo, recusar um convite de Lisa era minar a fraca relação delas. E se tal acontecesse ela nunca se perdoaria, não se o motivo da discussão fosse um estúpido jantar.

Contrariamente à ideia de Lisa não foi ao cabeleireiro nem ao spa, felizmente podia dar-se a esse luxo mas preferiu não ir. Fazer o que Lisa não queria era a sua forma de enfrentá-la e além do mais esta tinha de perceber que perdera o control sobre ela.
Geralmente apanhava o cabelo, mas gostava mais dele solto e foi assim que o deixou. Escolheu um vestido azul escuro, cor que Lisa detestava mas que ela adorava. O vestido comprido com decote em v, sem costas, só não tocava no chão graças ás sandálias prateadas. Escolheu um conjunto de brincos prateados e um fio com uma pedra igual aos brincos, que a avó lhe tinha oferecido no último natal que passaram juntas. A completar uma pulseira também prateada, oferta de Billy. Maquilhou-se um pouco e quando se viu no espelho gostou do que viu. Sorriu, não por estar linda, mas porque nada do que estava a usar tinha sido oferta de Lisa. E sabia que esse aspecto não passaria despercebido.
Consciente que estava perfeita, mas que podia antagonizar Lisa saiu do quarto.

- Pensei que tinhas desistido. - Jill levantou-se do sofá olhando-a detalhadamente - Ela não vai gostar.
- Eu sei. Deixa-me ver-te.
- Nunca me viste...

Jill estava linda, usava o vestido vermelho que lhe tinha dado dias antes e umas sandálias da mesma cor. Os brincos compridos e a gargantilha pareciam feitos propositadamente para o vestido, uma pochete preta completava o conjunto.

- Estás linda. Aposto que sais de lá com meia dúzia de seguidores.
- Um já me basta. Rico de preferência. - Jill apanhou a écharpe vermelha e preta - Ah e bonito, imensamente bonito. - Jill fez uma careta - Ela não se irá aborrecer por me teres dado o vestido?
- Nem se deve recordar de o ter comprado.

Isabel passava as mãos com demasiada frequência pelo vestido, sinal que estava nervosa, fazia muito tempo que não ia a casa e muito menos para jantar. Quando chegaram à luxuosa vivenda, as luzes iluminavam o jardim da entrada e a fonte, onde uma sereia segurava um jarro que deitava água para a pequena lagoa artificial. Isabel olhou em redor observando os carros que já se encontravam estacionados. Deixou o seu pequeno carro afastado da entrada e juntaram-se a um casal que esperava que abrissem a porta.

- Conhece Lisa à muito?  - A jovem mulher olhava para elas como se as avaliasse.
- Sim, conhecemos Lisa à muito. Tenho a sensação que desde que nasci. - Jill abafou um risinho que passou despercebido à loira escultural.
- Mara. - Disse esticando a mão, acrescentando em seguida - Modelo.
 - Isabel e Jill. - Isabel indicou a amiga quando a apresentou - É amiga de Lisa?
- Oh, não. Conhecemos-nos no cruzeiro. Eu nem queria vir, mas não podemos voltar as costas aos nossos. Não é mesmo?

Nesse instante abriram a porta, Lisa sorria. A sua pele clara parecia mais pálida no vestido amarelo. Isabel nunca percebeu o fascínio dela por aquela cor.

- Que bom que vieram.

Lisa desviou-se para o casal entrar e depois olhou para ela com um olhar reprovador, Isabel percebeu que, tal como tinha imaginado, a sua escolha não era aprovada nem tão pouco passara despercebida.

- É bom ver que somos apreciadas! - Jill sussurrou junto ao ouvido de Isabel.
- Sempre.
- Até uma cobra é mais calorosa.
- Não tenhas a menor dúvida.

Uma rapariga, que Isabel não conheceu serviu-lhes uma taça de champanhe. As duas ficaram a observar as pessoas, todas elegantemente vestidas. As conversas misturavam-se, todas fúteis. À sua mente veio a imagem de Bela, e a conversa interessante que tiveram no jantar em casa de Jimin. Como era possível que aquelas pessoas não tivessem nada de interessante a dizer?! Que as suas conversas se limitassem a viagens e festas ás quais iam ou almejavam ir?!  Jill bateu no braço de Isabel chamando a sua atenção, Lisa caminhava na direcção delas.

- Preparada? - Jill bebeu o resto do champanhe.
- Desde que sai de casa.
- Aqui estás. - Lisa observou Isabel de cima a baixo - Não tinhas nada mais apropriado?! Com tanto vestido que te comprei.
- Gosto deste.
- Eu acho que Isabel está linda.
- Pois. - Lisa olhou para Jill e depois voltou a atenção para Isabel - Quero apresentar-te umas pessoas.
- Não vou deixar Jill sozinha.
- A tua amiga não se vai importar.
- Posso ir convosco. Será interessante. - Jill olhou Lisa desafiante - Vamos?!

A julgar pelo olhar que Lisa deitou não gostou da ideia, mas Jill ignorou o olhar e caminhou ao lado de Isabel. Foram apresentadas a alguns dos jovens mais bonitos que Jill tinha visto, mas Isabel só pensava em sair dali. Sabia o que a esperava quando acedeu em ir ao jantar, aquelas apresentações já tinham acontecido noutras ocasiões, todas com a mesma intenção. Arranjar-lhe um marido rico! Ela não tinha saudades daqueles jantares, nem de ser exposta como se fosse um quadro para aquisição. Inventou um desculpa e foi para o jardim seguida de Jill.

- Ao menos podia apresentar-te como filha. - Jill olhou para Lisa que falava com outro homem.
- Isso é coisa que nunca fará.
- Sempre invejei a vida dos ricos e famosos, mas olha que não invejo a tua.
- Uma vida cheia de hipocrisia e sempre rodeada de gente fútil, vazia interiormente !- Isabel falava com certo desprezo - Não vejo nada que pudesse invejar. Felizmente tudo isto pertence ao passado.
- Nunca pensaste regressar?!
- Não tenho saudades nenhuma de ser ignorada e muito menos de me sentir uma peça num leilão.

Lisa anunciou o jantar e elas entraram. Isabel ficou sentada junto a um jovem, filho do dono de uma industria de enlatados. Jill sentou-se na cadeira ao lado e o seu curto vestido chamou a atenção do jovem. Coisa que Isabel agradeceu. Quando serviram a sobremesa e os cafés, Lisa apresentou-lhe outro jovem, que Isabel não tardou a dispensar alegando precisar de uma aspirina. Refugiou-se na casa de banho. Queria fugir dali, a noite mal começara e Lisa não parava de lhe apresentar possíveis maridos. Lisa não via nos olhos dela, que nenhum daqueles homens despertava a sua atenção?! Lisa nunca iria perceber que já tinha entregue o seu coração?!  Amava Jimin, estar afastada dele tantos anos, não alterou o seu amor. Houve tempos que pensou que conseguia deixar de amá-lo. Pensou que Phil ia ajudá-la a esquecê-lo e alimentava a esperança de vir a sentir por ele um pouco mais que a simpatia que sentia. Mas não foi assim, irritava-a o toque dele, fugia dos beijos que Phil teimosamente insistia em dar-lhe. Quando Phil a traiu com a patroa de ambos, apesar de não gostar do que ele tinha feito, ela não se sentiu magoada, nem enganada. Para sentir isso precisava amar. Com pode pensar que um dia sentiria algo por ele, se ainda sonhava com Jimin? Jimin era o seu grande amor, voltar a vê-lo confirmou isso mesmo. Amava-o tanto... Quando ele a beijava esquecia tudo, até o leve roçar na sua pele a fazia delirar e sonhar com ele, duas lágrimas escorreram pela sua face. Sem pensar, agarrou o telemóvel e procurou o número de Jimin. Do outro lado ouvi-se a informação que o número estava desligado. Sorriu amargamente, até o destino estava contra ela. As lágrimas aumentaram de intensidade esborratando a maquilhagem. Umas leves batidas na porta obrigaram-na a segurar as lágrimas antes de responder.

- Um minuto.
- Isabel?!  - Na voz de Jill era notória a preocupação - Estás bem?!
- Sim. - Isabel destrancou a porta - Não. - Isabel olhou-a com os olhos esborratados - Quero ir para casa.
- Não sei o que ainda estamos aqui a fazer.

Saíram pela porta da cozinha, apenas o pessoal do catering as viu sair. Jill pediu as chaves do carro e Isabel não protestou, queria apenas chegar a casa e dormir.

- Desculpa. - Isabel ainda soluçava.
- Ora essa.
- Arruinei a tua noite, estavas a divertir-te com aquele jovem.
- Estava a empatá-lo. Sempre era menos um a dar em cima de ti. - Jill acelerou - Bolas! Quantos foram?!
- Nem sei. Estou farta de ser usada como um objecto. Porque insiste em arranjar-me um marido?!
- Porque não lhe fazes frente! Já sei. É a tua mãe e não tens mais ninguém. Mas estás errada, eu estou aqui, e independentemente do que o futuro me reserve, família ou não, vou estar sempre aqui para ti.

Ouvir aquelas palavras foram a gota final, as lágrimas, que tinham cessado à pouco, voltaram em força. Depois da morte da sua querida avó nunca mais se sentira amada. Jill era sua amiga à poucos anos, tinham-se conhecido numa festa. Como simpatizaram uma com a outra trocaram números de telemóvel e nunca mais perderam o contacto, encontrando-se para uns cafés esporádicos. E foi num desses encontros que Isabel comentou que pensava alugar um quarto.  Jill ficou encantada visto ter de abandonar o seu apartamento. Sem muitos preâmbulos Jill mudou-se nesse mesmo dia. Isabel pensou que, devido à espontaneidade de Jill, teriam algumas fricções, mas esta acabou por se revelar uma boa amiga. Nunca lhe falou dos relacionamentos do passado ou da vida que levava antes de se mudar para sua casa e ela respeitava isso, assim como Jill respeitava o seu espaço e não fazia perguntas. Coisa que ela agradeceu, naquele tempo não queria falar do seu passado, não se sentia preparada, pois todo ele lhe trazia memorias dolorosas. Primeiro Billy, depois a sua avó, o afastamento de Mima, que apesar de manter algum contacto com ela, não era a mesma coisa que ter alguém ali ao lado para lhe dar conselhos e apoio. A abrupta partida de Jimin para a sua terra natal... No geral a sua vida tinha sido um sem fim de tristeza. Apenas Phil era assunto do qual falava facilmente.

- Vou fazer um chá. - Jill dirigiu-se à cozinha. - Queres?
- Não, obrigada. Vou deitar-me.
- Se precisares de algo diz.
- Obrigada e desculpa.

Isabel adormeceu algum tempo depois. Sonhou imensas vezes com Lisa, acordando sobressaltada. Depois de tentar adormecer sem sucesso saiu da cama. Não queria incomodar Jill e como esta ainda dormia foi correr no parque e depois dirigiu-se ao supermercado. Quando regressou a casa a manhã estava praticamente no fim. Sem sinal de Jill, arrumou as compras e começou a fazer o almoço. A amiga acordou quando o cheiro do frango inundou a cozinha.

- Cheira bem.
- Frango assado, legumes salteados e batatas fritas. Que dizes?
- Hum... delicioso. Estás mais animada?
- Sim. Planos para hoje à tarde?
- Passear?! - Jill apanhou uma batata frita - Ou um filme?!
- Não sei, apesar de estar frio, está um dia lindo.
- Um passeio então. Vou tomar banho volto já para te ajudar.

Isabel acabou de colocar os pratos na mesa e fez a salada. Quando Jill regressou esperava por ela sentada à mesa. Almoçaram sem falar na noite anterior. Jill lavava a loiça e Isabel limpava a mesa quando o telefone tocou. Olharam-se as duas em silêncio. Isabel atendeu pensando que era Lisa.

- Sim?!
- Desculpa. - A voz de Jimin ouviu-se do outro lado. - Sei que é sábado mas precisava de ti por umas horas, pode ser?!
- Claro. A que horas queres que vá.
- Agora é muito cedo?

Depois de dizer a Jill que o passeio ficara adiado, Isabel mudou de roupa e saiu apressada. Isabel estava feliz por poder estar com ele ao fim-de-semana, sabia que era apenas trabalho mas isso não impedia o seu coração de bater descompassado.

Quando entrou no escritório Jimin falava com um homem alto, loiro de olhos azuis.  Jimin olhou para ela e sorriu-lhe. Ela sentiu que o seu coração derretia, estava tão bonito nas calças de ganga e t-shirt, talvez até mais sensual que no fato preto e camisa que usava sempre.

- Desculpa fazer-te trabalhar hoje, mas Sven não pode ficar para segunda-feira como planeado.
- Não tem problema. - Isabel esforçou-se por parecer à vontade - No que posso ajudar?

Depois de lhe dizer o que precisava que ela fizesse, Jimin retomou as negociações que decorreram numa língua que ela não entendia. Algumas horas mais tarde Jimin e Sven assinavam o contrato, enquanto ela terminava de anotar os números na pasta do novo cliente. Jimin arrumou os papéis na secretária e Sven guardou uma cópia na sua pasta. Sorriu-lhe quando passou por ela acompanhado de Jimin.

- Vou acompanhar Sven ao estacionamento. Preciso falar contigo. Podes esperar?
- Claro.

Isabel arrumou as suas coisas e desligou os computadores. Quando ele regressou estava a guardar a pasta de Sven no arquivo.

- Mais uma vez desculpa. - Jimin sentou-se no tampo da secretária. - Tinha reunião com Sven na segunda feira mas recebeu um telefonema esta madrugada e tem de regressar a casa.
- Não tens porque explicar nada. Sou tua secretária, quando assinei contrato...
- Tens de colocar tudo em termos laborais? - Jimin segurou-lhe o braço quando ela tentou passar por ele - Não podemos fazer tréguas? Nunca discutíamos e agora parece que me odeias.
- Não te odeio! - Isabel tremia por dentro - E tu disseste que no escritório eram tratados apenas negócios. Mas tens razão, podemos fazer tréguas.
- Óptimo. Aceitas jantar comigo?
- Hoje?
- Porque não? - Jimin pareceu-lhe desiludido - Desculpa, é sábado e certamente tens planos. Almoçamos amanhã então?
- Sim. - Isabel queria dizer-lhe que podiam jantar e almoçar todos os dias, mas não queria dar a entender o ansiosa que estava - A que horas?
- Passo a apanhar-te às dez.
- Dez ?! - Isabel sorriu - Não é um pouco cedo para almoçar?
- Pretendo levar-te a passear antes. Tens algo contra?
- Não. Até amanhã então.
- Até amanhã Isabel.

Jimin não soltou o braço dela, pelo contrário puxou-a para si e ela ficou no meio da suas pernas. Isabel sentiu o coração disparar, manteve o olhar dele sem dizer palavra, quando percebeu estavam a beijar-se. Um beijo carinhoso, tão profundo que ela pensou que ia chorar de emoção. Quando as línguas se tocaram uma descarga eléctrica percorreu as suas costas e um gemido involuntário saiu da sua garganta. Jimin retirou a mão das suas costas e parou de a beijar. Isabel sentia que tudo se desmoronava à sua volta, voltava a fazê-lo, beijava-a e depois afastava-se como se fosse a coisa mais natural do mundo. Isabel abriu a boca para dizer-lhe que não podia fazer-lhe aquilo, que não era nenhuma boneca, mas ele voltou a beijar os lábios entreabertos dela, calando assim qualquer protesto.

- Para que foi isto? - Isabel perguntou quando ele se afastou novamente.
- Porque achas que foi?

 O telemóvel dele tocou e ele atendeu sem deixar de olhar para ela, percebeu que era Paul, aproveitou para apanhar as suas coisas e sair. Jimin deixava-a desconcertada, num minuto mostrava-se atento e carinhoso com ela, no seguinte parecia que ela era a última pessoa que ele queria ver.

- Isabel? - Jimin chamou-a - Ás dez.

Isabel não respondeu, saiu sem olhar para ele. A voz de Jimin ia perdendo sonoridade conforme ela se afastava do escritório deixando-lhe um sentimento de vazio. Porque a tratava assim?! O mundo dela ruía cada vez que ele se afastava. Amava-o e desejava estar com ele e sabia que ele também a desejava, quando esteve entre as pernas dele percebeu isso mesmo. Mas algo o impedia de ir mais além, algo que ela desconhecia.

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