sexta-feira, 21 de abril de 2017

Á TUA ESPERA 9ª PARTE



 Jimin ainda dormia quando Isabel acordou, tentando fazer o menor ruído possível deslizou entre os lençóis e olhou em redor procurando algo para vestir. A primeira coisa que viu foi a camisa dele, vestiu-a e foi até à cozinha beber água. A velha, mas conhecida, sensação de bem-estar envolveu-a. Junto de Jimin tudo lhe parecia melhor, mais bonito. Olhou a cidade, o sol começava a nascer. Nunca tinha visto uma paisagem tão linda. Ficou em silêncio observando como a luz do dia, pouco a pouco, ia iluminando à cidade. Estava tão absorta no despertar do dia que só percebeu que Jimin estava acordado quando sentiu os braços dele ao redor da cintura.

- Bom dia. - Jimin beijou-lhe o cabelo. - Em que pensas?
- Olá. - Isabel gostou da sensação de ser abraçada assim - Em nada, apenas aprecio o nascer do sol. Desculpa se te acordei.
- Achas que não ia sentir a tua falta?
- Sentiste? - Isabel não queria acreditar, ele sentia a falta dela.
- Claro. - Jimin beijou-lhe o pescoço e sorriu ao vê-la estremecer - Que aconteceu?
- Como assim?!
- Que aconteceu ontem?
- Nada de importante.
- Mesmo assim, gostava de saber.
- Estás a reclamar por ter vindo?! - Isabel tentava fugir à pergunta.
- Pelo contrário, fiquei muito feliz. Mas gostava de saber o que te trouxe a mim.

Isabel olhou o reflexo deles na janela, abraçados como dois apaixonados. Estavam felizes, porquê estragar aquele momento? O que a tinha levado até lá tinha sido uma discussão horrorosa e ela não queria falar nisso, mas sabia que ele iria insistir.

- Lisa. Foi o que aconteceu.
- E que fez ela?

Isabel voltou-se para o olhar, acariciou o peito dele e olhou-o nos olhos sorrindo.

- Esquece. O dia está lindo demais para permitir que Lisa o arruíne.

 Isabel já tinha decidido que não ia permitir a Lisa interferir na sua vida. Isabel soltou um gritinho quando ele a levantou e a sentou na bancada, colocando-se entre as pernas dela.

- Que estás a fazer? - Perguntou fingindo-se zangada. - Deixa-me descer...
- Estou a aproveitar o dia lindo. - Jimin beijou-a até que ela gemeu - Algo contra?!
- Mas ... - Isabel viu-se calada por um novo beijo - O pessoal...

Jimin parou e olhou para ela muito sério, depois beijou-a longamente. Isabel sentiu como ele estava excitado, gostou da sensação de poder que, de alguma forma, tinha sobre ele.

- Não vem ninguém, é domingo. - Jimin pegou-a ao colo - Mas tens razão, a cozinha não é o local ideal.
- Ora bolas! - Isabel brincou - E eu que esperava fazer amor numa cozinha.
- Num outro dia, quando não o tempo for limitado. - Jimin deixou-a na casa de banho - Hoje tenho outros planos.

Isabel viu como ele abriu a torneira e a água começou a cair ruidosamente na enorme banheira redonda. Enquanto a água ia enchendo o espaço Jimin despiu os boxers e tirou-lhe a camisa ao mesmo tempo que a beijava. A Isabel fechou os olhos quando ele a levantou no ar e só os abriu quando sentiu que ele se sentava atrás de si na enorme banheira. Com uma esponja lavou o corpo dela, aproveitando para acariciá-la. Ela não queria que aquilo acabasse, sentia-se tão feliz. Jimin era um amante fabuloso, atento a cada sensação que lhe despertava. De repente ele parou e voltou-a para a conseguir beijar ao mesmo tempo que ia acariciando os peitos dela. Isabel gemeu quando os beijos desceram lentamente até chegarem onde antes tinham estado as suas mãos.  Jimin  percebeu que estava excitada e levantou-a para depois a sentar sobre ele. Isabel ficou surpreendida quando percebeu o que ele pretendia, mas depois sorriu e deixou-se levar.

- Estás bem?! - Jimin acabava de se vestir.
- Porque não haveria de estar? - Isabel olhou-o surpreendida. 
- Porque fui egoísta. - Jimin deu-lhe um beijo na testa. - Apenas pensei no que eu desejava. Devia de ter em consideração o que desejavas.
- Duvido que pudesses ser mais atencioso e considerado. - Isabel esticou-se um pouco e beijo-o - Fiz tudo o que desejava e posso dizer que cumpriste a promessa.
- Promessa?!
- Realmente! Os homens esquecem rápido!
- Apenas prometi que seria especial. Nada mais.
- Afinal não esqueceste. - Isabel deu-lhe uma palmadinha no peito.
- Não esqueci nada do que te diz respeito.

Isabel teve a sensação que tinha visto uma sombra nos olhos dele. Mas ele sorriu-lhe e beijou-a, fazendo-a esquecer a sombra e tudo o mais. O fim de semana passou rápido e Isabel regressou relutante a casa. Jill nada perguntou apenas sorria sempre que os olhares se cruzavam, como se soubesse e apoiasse a decisão dela.

O dia a dia do escritório acabou por se tornar mais uma tortura, aproveitavam toda a proximidade para se tocarem mas não era suficiente. Ela queria mais e sabia que ele também. Para compensá-la Jimin prometeu-lhe uns dias longe de todos.

- E por quantos dias vais? - Jill olhava para ela enquanto colocava umas roupas numa pequena mala.
- É apenas o fim de semana.
- Como estás fora, posso trazer um amigo?
- Estás a pedir autorização?! - Isabel parou de dobrar a camisola e olhou para ela - Nunca trouxeste nenhum homem...  Desculpa. Não era isto que queria dizer. Quero dizer que ele deve de ser especial para o trazeres.
- É. - Jill olhou o chão - Acho que finalmente encontrei a minha alma gémea.
- Fico tão feliz por ti. - Isabel abraçou-a - Conheço-o?
- Não. Mas vais conhecer e vais gostar dele. Não é rico como eu pretendia, mas que lhe vamos fazer?! Não pode ser perfeito!
- Gostaria muito. Combinas com ele um dia para jantarmos?
- E Jimin?!
- Queres que o convide?
- Se isso te faz feliz. - A campainha tocou interrompendo a conversa - Eu vou, deve de ser Jimin.

Jill regressou pouco depois e não trazia o sorriso com que tinha saído à pouco.

- Lisa. - Jill sibilou - Aquela mulher dá-me arrepios. Tinha de aparecer logo agora que estás tão feliz.
- Estou e pretendo continuar. - Isabel fechou a mala - Não vou permitir que me amargue a vida.
- Assim é que gosto de te ver. Decidida! Vamos a ela!

- Lisa. - Isabel depositou a mala no chão junto à entrada. - Desculpa mas hoje não tenho tempo, como podes ver estou de saída.
- Não vou demorar. - Lisa olhou as calças de ganga dela com desaprovação - Sei que no outro dia estavas alterada, e acabaste por dizer palavras que não sentias...
- Desculpa?! - Aquilo era o cúmulo - Eu disse?! E tu?! Eu apenas disse o que sentia e porque tu me provocaste - Isabel olhou para ela. Era uma mulher amargurada, teve pena dela, Lisa não sabia o que era ser amada por alguém - Olha, não quero discutir, tu tens a tua maneira de viver e vives a tua vida como queres. Apenas peço o mesmo, deixa-me viver a minha vida e ao meu jeito. Se um dia quiseres visitar-me serás sempre bem vinda, sempre e quando respeites as minhas decisões e os meus amigos. Caso contrário agradeço que esqueças que existo.

O barulho de um carro a estacionar chamou a atenção dela, Jill espreitou pela janela. Acenou na direcção dela com a cabeça. Era Jimin, por um instante teve medo que Lisa o visse e fizesse uma cena. Mas depois ergueu a cabeça, abraçou a amiga e olhou para Lisa.

- Pensa no que disse. - Isabel abriu a porta - Acho que é o melhor para todos.

Jimin saiu do carro para lhe abrir a porta, ela beijou-o enquanto ele a envolvia nos braços. Enquanto ele dava a volta ao carro, Isabel olhou para trás e viu Lisa junto ao seu carro, que estava estacionado um pouco afastado do de Jimin, pelo olhar dela percebeu que Lisa tinha reconhecido Jimin, um arrepio de frio percorreu o corpo dela. Voltou a cara tentando esquecer o olhar dela e deu com a cara de Jimin que olhava sério para ela.

- Estás bem?! Estremeceste.
- Sim. - Isabel levou uma mão ao rosto dele - Possivelmente o contraste do ar frio da rua com o do carro.
- Tens a certeza? - Jimin parecia preocupado.
- Tenho sim.

Jimin misturou-se no trânsito matinal, pouco a pouco a estrada de alcatrão deu lugar a um caminho estreito e empoeirado, Isabel não reconhecia o local, sabia apenas que tinham deixado a cidade e dirigiam-se para o campo. Uma hora depois de saírem de casa, Jimin estacionou junto a uma cabana. Não era muito grande mas tinha tudo o era essencial. Um quarto grande com lareira e uma janela de correr que Isabel adorou, pois dava para uma varanda nas traseiras da cabana. Uma casa de banho com uma clarabóia que deixava ver o céu, a cozinha a imitar as cozinhas antigas, seguida da sala que continha apenas dois sofás enormes, com almofadas coloridas, uma mesa e uma estante com livros, sem esquecer a lareira. Tudo ali tinha sido pensado para um encontro romântico.
Durante o fim de semana Isabel pensou que não podia ser mais feliz. Tinha a seu lado a única coisa que lhe importava, Jimin. Olhou para ele, vestia apenas umas calças de ganga pretas e andava descalço. Isabel pensou que nunca o tinha visto tão sensual.

- Vê se gostas. - Jimin estendeu-lhe uma colher com um molho fumegante.
- Está picante! - Isabel fez uma careta. - É suposto estar?!
- Sim. - Jimin riu da cara que ela fez.
- Não sei porque te deixei cozinhar.
- Porque não tinhas outra opção.
- Estás a insinuar que não sei cozinhar?! - Isabel tirou-lhe a colher de pau da mão. - Sai daí... vamos, deixa ver se salvo esse molho.
- Nem penses... - Jimin colocou-se à sua frente - Se não saíres da cozinha em dois segundos, terei de te levar à força.
- Só me dás dois segundos?!
- Um... dois...

Jimin pegou-a ao colo quando disse dois, e com ela rindo e gritando levou-a em braços para a sala. Isabel rodeava o pescoço dele, estava tão perto dele que podia ver a veia do seu pescoço palpitar. Desejou beijá-la, ali, onde ela pulsava mais e acabou por o fazer. Sentiu como os músculos dele ficaram tensos.

- Sabes o provocante que és?
- Eu?!

 Isabel fingiu-se inocente e voltou a beijá-lo no pescoço. Jimin atirou-se para cima do sofá com ela nos braços. Beijaram-se e não foram precisos mais que dois segundos para os dois se entregarem de novo à paixão que os consumia.
Isabel adorava ouvir o bater do coração dele debaixo do seu rosto. Sentia-se perto dele, era como se nunca se tivessem separado, como se...

- Raios! - Jimin afastou-a interrompendo os pensamentos dela e dirigiu-se à cozinha. - És uma mulher diabólica, sabias disso?!
- Ora bem, provocante diabólica... - Isabel foi ter com ele - Que mais queres que...

O molho, que tinha ficado esquecido, estava esturricado. Jimin olhou para ela segurando o tacho, que deitava fumo negro por todo o lado.

- Não era melhor teres deixado a tampa?! - Isabel tentava conter o riso.
- Isto tudo foi um plano habilmente estudado.
- Um plano?! - Ela entrou na brincadeira - Partindo do principio que assim foi, como podia saber que ias alinhar?
- Usaste esse teu corpo delicioso, sabes bem que não consigo resistir. Contavas com isso para arruinar o jantar.
- Tendo em conta o sabor que tinha, ainda bem que o fiz.
- Agora vais pagar por isso.
- E como vou pagar?

Isabel olhou-o sedutora, Jimin deitou o tacho no lava-loiça e puxou-a para perto dele.

- Alguma coisa nos há-de ocorrer.

Apoderou-se da boca dela novamente, levando-a de volta ao sofá em frente à lareira acesa. Quando o sol nascia, dormiam abraçados no sofá.

Depois do almoço, deram um passeio pela mata, Jimin não se separava dela, segurando a mão dela e beijando-a ocasionalmente, e ela agradecia aquelas atenções todas. Isabel pensou que se fosse mais feliz o coração dela explodia. Numa clareira Jimin puxou-a para a beijar e ficou a olhá-la em silêncio. Isabel não gostou da sombra que viu nos olhos dele, imaginando más notícias, o coração dela começou a bater desgovernado, batia tanto que parecia querer sair do peito.

- Tenho de ir a casa. - Jimin acariciou a face dela.
- Acho bem. Ou era suposto ficarmos aqui?
- Tenho de ir a Busan. - Jimin beijou-lhe a testa.
- Isso é na Coreia.

Isabel olhou-o sabendo que o choro estava eminente. Ele ia regressar a casa e ela ficaria novamente sozinha.

- E vais demorar? - Isabel temeu a resposta.
- Uma semana.
- Isso quer dizer que vais voltar. - A esperança voltou ao se coração.
- Pensavas que não ia voltar?
- A julgar pela forma como falaste...
- Porque não quero deixar-te.
- Nem eu a ti! - Isabel beijou-o, amava-o e não imaginava separar-se dele novamente.
- Podias vir. Os meus pais vão gostar de te rever.
- Eu também vou gostar de os rever.
- Isso quer dizer que vens?
- Sim. Não penses que te vou deixar tão facilmente.
- Isso levanta outra questão.
- Que é...
- Lá não tenho casa própria, moro com os meus pais.
- Ou seja, não seria apropriado dormirmos juntos.
- Sim. A menos que...

Jimin calou-se e olhou-a por um tempo que pareceu interminável, o que começou a assustá-la.

- A menos que?!
- Que te cases comigo.

Isabel abriu muito os olhos, ele tinha-a pedido em casamento?! Assim, sem mais?!

Sem comentários:

Enviar um comentário