Quando se acalmou agarrou o telemóvel e a agenda. A primeira coisa a fazer era falar com Maria de Fátima e Pedro, os inquilinos da quinta. Embora tivessem falado algumas vezes, sabia muito pouco sobre eles. Mas tinham a quinta alugada à tantos anos e sempre cuidaram da casa muito bem, o que a ajudava a manter alguma esperança. Depois de várias tentativas conseguiu falar com eles. Após uma breve explicação conseguiu que percebessem o que pretendia sem entrar em grandes detalhes e quando desligou as coisas essenciais estavam resolvidas, o resto seria acordado pessoalmente. O principal era que tinha casa onde dormir e pessoas para a ajudarem a iniciar o seu negócio. O casal restaurara o anexo quando um casal amigo precisou de abrigo por uns meses, o que diminuiu o número de coisas a tratar. Ela viveria na casa principal mesmo durante o tempo que durassem as obras, enquanto o casal se mudava definitivamente para o anexo. Não achava justo despejar as pessoas porque a sua vida dera uma reviravolta enorme, por isso, e tendo em conta que não ficara a trabalhar o tempo que inicialmente tinha planeado, propôs-lhes sociedade. Pouco a pouco eles construiriam uma pousada rural.
O negócio de festas e eventos, devido à gravidez, teria de ser adiado. Mas segundo apurara, Maria de Fátima era uma cozinheira de mão cheia e fazia uns doces de comer e chorar por mais. O que era fantástico, ela podia auxiliar Maria de Fátima e assim não precisavam de contratar cozinheira nos primeiros tempos. Teria de fazer horários para o refeitório. Se conseguisse realizar o seu projecto, todos os quartos teriam casa de banho privada. Começou a fazer um esboço da casa, da disposição das divisões e do que pretendia mudar. Ideias não lhe faltavam, mas tinha de as colocar em prática.
Assustou-se ao ouvir o telemóvel tocar, olhou para o ecrã, era Marisa. Desligou o telemóvel, não queria falar, pelo menos por agora. Esperava que Clara não fosse comentar a sua gravidez, pois a noticia sobre a amante de Alec seria noticia à hora do almoço e ela não queria que se repetisse a historia.
Agarrou o tablet decidida a fazer listas de coisas a comprar e a fazer. Ao ligá-lo uma fotografia de Alec apareceu no monitor. Sentiu um aperto no coração e inconscientemente levou a mão à barriga. Em poucos meses traria ao mundo um novo ser e estaria sozinha durante todo o processo. As lágrimas aumentaram o que a fez sentir raiva de si mesma. Repetiu para si mesma que não precisava dele! A madrinha tinha razão, os homens são todos iguais. Limpou as lágrimas e concentrou-se no trabalho, precisava de se ocupar o máximo possível para não pensar em Alec.
- Obrigada.
Alexandra pagou ao taxista e olhou a sua quinta, estava tudo como se recordava, se bem que pintado com uma nova cor e tinha telhados novos. Viu dois cavalos que pastavam atrás da casa e dois cães grandes, pastor alemão, levantaram-se ao vê-la e começaram a ladrar sem se mexerem da entrada da casa.
Uma mulher jovem saiu ao seu encontro, vestia umas calças de ganga velhas e uma camisola preta. Calçava umas botas pretas que protegiam os pés do frio.
- Alexandra?!
- Sim. Como está?
- Mas é tão jovem! Pedro!!! - Ela gritou para dentro de casa - Alexandra chegou, vem apanhar a mala da pobre rapariga.
- Não é preciso. - Alexandra tentou recusar.
- Claro que é! Entra.
- Obrigada. - Alexandra olhou para a sala, ainda tinham os móveis da sua mãe - A casa está linda.
- A casa é linda, apenas a refrescámos.
- Chegou mais rápido do que esperávamos.
Alexandra voltou-se para o local da voz, um homem jovem apareceu da cozinha, assim como a esposa tinha umas calças de ganga e uma camisola. Quando ele se aproximou ela sentiu as pernas tremer, assim como Alec, ele tinha os olhos verdes!
- Estás exausta! - A mulher colocou uma cadeira perto dela - Também fico assim quando faço uma viagem muito longa, o meu marido vai acompanhar-te ao quarto para que descanses.
- Agradeço imenso Maria de Fátima.
- Faty. Se vamos ser sócias nada de formalidades. E somos mais ou menos da mesma idade. Quantos anos tens, vinte sete, vinte oito?!
- Mais ou menos... - Pedro riu - Mais ou menos são dois ou três, não vinte!
- Estás a dizer que estou velha?!
- Não meu amor. Mas já não somos jovens!
- Fala por ti. Achas-me velha Alexandra?!
- Já não te preocupa o cansaço de Alexandra?! - Pedro interrompeu-a.
- Claro que sim!
- Então falam depois.
- Como sempre tens razão meu amor. Alexandra precisa descansar, ajuda-a que já levo algo para ela comer.
Pedro levou-a para um quarto ao fundo do corredor, era a casa que a mãe usava para costurar. O quarto estava decorado com uma cama de ferro e com mesas de cabeceira que noutra vida tinham sido lavatórios. Os paus do tecto estavam tapados por uma placa de cimento. Embora sentisse uma certa nostalgia, teve de concordar que era mais prático e limpo. Abriu a porta para a casa, que anteriormente era uma pequena despensa, mas que fora transformada numa casa de banho. Voltou para o quarto, da janela podia ver o lago onde ela brincava em criança.
Arrumou as suas coisas no roupeiro, ao olhar as suas calças de ganga percebeu que teria de ir ás compras. Nada daquilo lhe serviria no mês seguinte.
Deitou-se na cama a olhar o lago enquanto acariciava a barriga. Faty entrou nesse instante com um tabuleiro cheio de comida. Ao sentir o cheiro do chocolate quente teve de correr para a casa de banho. Quando voltou Faty já tinha substituído o chocolate por um chá.
- Foi esse o motivo do teu inesperado regresso?
- Em parte.
- Estás de quanto tempo?
- Dez semanas.
- Ainda te restam alguns dias de enjoo. Mas vê o lado bom.
- Qual?
- Não vais passar o verão de barriga. Olha que é um suplicio!
- Tens filhos?
- Não, apenas ouvia as mães que iam ás consultas, fui enfermeira por alguns anos. - Faty colocou o tabuleiro na mesa - Vou deixar-te para que descanses, estou na cozinha se precisares de alguma coisa.
- Não perguntas sobre o pai dele?
- Aprendi a respeitar o tempo. Cada um de nós tem o seu próprio tempo. Para sarar feridas, tomar decisões... - Faty sorriu-lhe - Quando estiveres preparada para isso terei todo o gosto em ouvir-te.
Comeu e deitou-se. Gostou de Faty, de certa forma lembrava-lhe Clara. Ao pensar em Clara recordou que não tinha ligado o telemóvel. Quando o fez, tinha chamadas de Marisa e de Clara. Nenhuma de Alec, sentindo um pouco de tristeza, aquilo era sinal do pouco que se importava com ela. Ligou o telemóvel e meteu-o dentro da gaveta.
Sentia os olhos pesados e fechou-os por instantes, ao longe ouvia a voz de Clara e depois a de Alec chamando por ela... Depois o som de um telemóvel que foi aumentando de tom até que ela tomou consciência que o toque não fazia parte do sonho.
- Finalmente! Onde estás?!
- Olá Marisa. Desculpa acho que adormeci.
- Como te sentes?
- Dentro do possível. Viste a minha carta?
- Sabes que sim! Ainda não estou em mim com o que li. E o facto de não atenderes o telemóvel não ajudou! Consegues imaginar o preocupada que estava?!
- Desculpa, precisava de pensar.
- Vais voltar depois?
- Vais obrigar-me a cumprir o contrato?!
- Sabes que não! Li a carta e ainda não acredito! E ela, ali anda como se não fosse nada com ela! Acreditas que perguntou se estavas doente?! Cínica! Só me apetece despedi-la! - Marisa fez uma pequena pausa - Alec chega amanhã.
- Ligou-te?
- Sim, perguntou por ti, se já tinhas ido ao médico.
Ao ouvir falar no médico sentiu as lágrimas nos olhos, Marisa desconhecia a existência do filho que esperava. O filho de Alec...
- Desculpa, tenho de desligar.
Depois de tomar um duche foi para a cozinha Faty batia um bolo e tinha algumas panelas ao lume.
Ajudou-a a descascar umas batatas e minutos depois contava-lhe o motivo do seu regresso a casa.
Mas ao contrário do que ela pensava, esta não opinou sobre o assunto.
- Como digo sempre. Os homens são crianças crescidas, precisam de estar ocupados, ou acabam por fazer porcaria!
Riram e falaram sobre as coisas que futuramente precisavam para o negócio. Quando o dia terminava já tinha escolhido o nome para a pousada: O lago azul.
- Não se pode deixar uma mulher sozinha que montam um exército em menos de um ai!
Pedro beijou a mulher e ela viu como os olhos dele ganharam a mesma cor dos de Alec quando a beijava, sentiu o coração ficar apertado e levantou-se rapidamente.
- Alguém tem de o fazer. Se esperássemos por vocês ainda estávamos na idade da pedra.
- Não me recordo de ver nas pinturas rupestres o desenho de nenhuma mulher...
- Quem achas que estava a pintar?!
- Ou seja, eram as artistas.
- Claro. Tínhamos de imortalizar o momento. Vocês nunca pensariam nisso.
- Não!
- Meu amor... O vosso cérebro não aguenta planear e projectar ao mesmo tempo.
- Esqueço-me que essa qualidade foi apenas atribuída à mulher.
- Deus teve de nos compensar por todo o inconveniente de conviver com vocês.
- E agradeço a Deus por cada dia de convívio...
Aquele diálogo descontraído alegrou Alexandra e quando jogaram ás cartas no fim da noite sentia que os conhecia de toda uma vida.
Quando se deitou, pensou em Faty e em Pedro. Com quarenta e três anos e casados à vinte, sem filhos a quem amar. Depois de anos de dedicação aos outros, receberam uma herança inesperada e resolveram deixar a terra natal para ter um cantinho no Alentejo. Nada próprio, pois futuramente queriam regressar ás origens. Ela enfermeira de profissão e ele assistente social, namoraram-se nos tempos de escola mas perderam o contacto na faculdade. Nem queriam acreditar quando se voltaram a encontrar no hospital onde Faty trabalhava. Daí ao casamento não foi preciso muito. Os amigos acharam uma loucura aquele casamento, mas a verdade era que se completavam.
Voltou-se na cama sentindo uma certa inveja deles. Ela apenas tivera duas pessoas na vida dela e ambas a tinham traído. De diferentes formas, mas o mesmo efeito! Embora a dor da traição de Alec fosse superior, devido ao que sentia por ele. Miguel fora aquilo que se podia chamar de paixão de adolescente, como não socializava com mais ninguém partiu do principio que o amava. Mas agora sabia que não, neste momento, nem sentia qualquer tipo de simpatia por ele! O que era perfeitamente normal.
O brilho do lago à luz da lua levou-a ao tempo em que corria pela quinta sem preocupações e adormeceu rapidamente, acordando apenas com o cantar do galo.
Ao ouvir o galo recordou que a sua mãe levantava-se sempre cedo, na quinta havia sempre algo a fazer. Pensando nisso saiu da cama e tomou um duche.
Enquanto se vestia, olhou lá para fora e viu Pedro, estava acompanhado por um dos cães, a tratar dos cavalos.
Fez a cama e dirigiu-se à cozinha, esperando encontrar Faty, mas esta ainda dormia. Colocou água ao lume e começou a colocar a mesa para o pequeno almoço. Cortou o pão e começou a fazer as torradas.
- Já estás acordada? - Faty apareceu ainda e pijama. - Pedro é que prepara o pequeno almoço.
- Hoje preparo eu.
- Temos as tarefas divididas. - Faty sentou-se à mesa - No nosso casamento não existem coisas de mulher nem de homem.
- Acho muito bem. Mas com a minha chegada, acho mais que justo ser incluída nas tarefas.
- Nunca gostei tanto de ouvir uma mulher. - Pedro entrou e descalçou as botas - Bom dia. A cama era confortável?
- Sim, obrigada. Estava a dizer a Faty que temos de organizar as tarefas. Eu também estou aqui e tenho de contribuir.
- Por falar em organizar, temos de começar a pensar nas obras.
- Quanto mais depressa começarmos melhor. - Pedro mordeu uma torrada. - Não?!
- Tens toda a razão, temos de aproveitar o inverno para fazer as obras, ainda que poucas e comprar os móveis e atoalhados.
- Sem esquecer as toalhas de banho! - Faty escreveu num papel . - Vou fazer a lista das compras, quando formos à cidade podemos ver preços.
- Pronto. Fala-se em compras e ela sai disparada!
Dois dias depois, começaram as mudanças para o anexo. Depois de algumas deliberações decidiram que ela viveria no anexo com eles. Afinal estava a atravessar por uma gravidez e depois do bebé nascer não convinha estar sozinha. E se o bebé chorasse durante a noite, ia incomodar os hóspedes que esperavam receber.
Com isso em mente, as coisas dela foram as primeira a ir para o anexo. Enquanto arrumava as suas coisas nas gavetas pensava na futura pousada. Se tudo corresse como planeado, no início da primavera abririam as portas. Contava com os turistas para manter o negócio rentável.
Enquanto pendurava uma camisa, os cães começaram a ladrar o que a alertou. Espreitou pela janela e viu um táxi parado no pátio, mas não se avistava ninguém.
Com Pedro e Faty na cidade, ficou ali, escondida, como se fosse uma fugitiva, pensando que fazer. Instantes depois ouviu-se uma voz que ela reconheceu e saiu ao seu encontro.
- Black, Faísca. Quietos! - Alexandra aproximou-se do táxi. - Clara?!
- Oh minha querida! Ainda bem que estás aqui. Posso sair?! - Clara olhava apavorada para os cães.
- Não mordem. São uns queridos.
- Eu não me arriscava.
- Pode sair à vontade.
Clara saiu e pediu ao taxista para regressar ao fim do dia.
- Como estás?
- Bem. Faty e Pedro são simpáticos. Vamos abrir um negócio juntos.
- Não foi isso que perguntei.
- Eu sei, tento manter-me ocupada. - Alexandra respirou fundo - Já demos início ao projecto, por isso tenho muito em que pensar.
- São esses os teus planos?
- Sim. Sempre pensei regressar um dia. Apenas adiantei o momento.
- Eu estava a falar dos teus planos com Alec?!
- Os meus planos apenas me incluem a mim e ao meu filho.
- Não pensas dizer-lhe? - Clara olhou para a barriga dela
- Um dia. Por agora ele que desfrute da sua nova amante.
- Penso que devias de falar com ele.
- Para quê!? Para me magoar ainda mais?! Não obrigada.
- Mas ele...
- Clara! - Alexandra interrompeu-a bruscamente - Agradeço imenso a sua visita, e peço desculpa, mas não quero falar dele! E se gosta de mim como diz, vai respeitar a minha decisão! Caso contrário pode regressar a Sintra.
Clara olhou para ela boquiaberta, mas depois sorriu ligeiramente.
- Quando regressei e te vi no hotel, percebi que estavas mudada, que tinhas mais confiança em ti. Agora vejo que estás também mais amarga.
- A vida encarregou-se disso. Gosto muito de si, mas não posso...
- Eu compreendo querida. Acho que o meu interesse na tua situação, se deve a que me sinto um pouco culpada.
- Não tem do que se culpar. Esta criança é o resultado das minhas escolhas.
- Pensas ir para a frente sozinha?!
- Não estou sozinha. Faty e Pedro vão ajudar-me. Serão uns tios maravilhosos e ele, ou ela, crescerá feliz, sabendo que é amado.
- Fico feliz por saber isso, mas triste por ver que Alec será excluído.
- Não será excluído, quando chegar a hora saberá que é pai. - Alexandra sorriu-lhe - Não quer ver a minha quinta?
Durante o resto do dia não voltaram a falar de Alec, quando Pedro e Faty regressaram no início da tarde elas ainda estavam à mesa a beber café. Depois das apresentações sentaram-se com elas e a conversa diversificou até que chegou o táxi de Clara e esta partiu, deixando Alexandra no pátio a acenar com uma lágrima a escorrer pelo rosto.
Na manhã seguinte Alexandra saiu para o pátio e os cães vieram ao seu encontro cumprimentando-a,
acariciou a cabeça deles e dirigiu-se para a casa principal. O cheiro a torradas invadia a cozinha, nesse instante percebeu que o enjoo matinal tinha desaparecido. Talvez graças aos comprimidos que Faty lhe comprara na cidade. Faty sorriu para ela e antes de subir para se vestir,deu-lhe um beijo na cabeça, exactamente como fazia a sua mãe. Faty teria sido uma mãe maravilhosa! Sentiu pena daquela mulher amorosa a quem não lhe foi permitido ter filhos.
Alexandra chamou Pedro para o pequeno almoço e foi ao anexo apanhar o tablet. Nessa noite tinha feito uns esboços que queria discutir com eles. Se deixa-se para depois do pequeno almoço, com a mudança do quarto deles, isso seria muito complicado. Ficou a olhar o sol que brilhava por entre as nuvens cinzentas. A cidade fizera-a esquecer das coisas lindas que o campo proporciona.
Levantou o tablet e tirou uma fotografia, depois fotografou Pedro junto ao cavalo. Um pouco à frente, Faísca corria atrás de um gato, que conseguia escapar milagrosamente. Pouco depois Black juntou-se a ele e a cena tornou-se hilariante. Estava tão absorta na perseguição, que se sobressaltou ao ouvir a porta de um carro. Olhou para o pátio, reconheceu o carro imediatamente. Não precisava de pensar muito para perceber como ele estava ali. Clara! Só podia ter sido Clara a dizer a Alec onde estava!
À medida que Alec se dirigia a ela, parecia que estava colada ao chão. Queria fugir, ou pelo menos entrar em casa, mas as suas pernas negavam-se a mexer-se. E quando ele chegou junto a ela, ainda estava a olhar para ele como se visse um fantasma.
- Não vais dizer nada?! - Alec olhou para ela nos olhos.
- Não tenho nada para te dizer.
- Pois eu acho que sim tens. E muito!
- Sim?! - Alexandra finalmente conseguiu que as suas pernas lhe obedecessem - Caso estejas esquecido, já não és meu patrão!
- Não estou aqui como teu patrão!- Alec segurou-lhe um braço, forçando-a a ficar ali.
- Não?! Então não sei que fazes aqui!
Ao dizer aquilo sentiu uma dor tão grande que pensou que ia desmaiar. Alec olhou para ela e por momentos pensou que ele fosse embora, mas ele segurou-a com mais força e puxou-a para junto dele. Ela sentiu o cheiro a mar que tanto gostava e o peito forte dele, tinha os olhos tão perto dos dela...
- Raios! - Alec acariciou-lhe o pescoço e ela estremeceu - Contigo nunca adiantou argumentar.
Alec beijou-a e por uns segundos ela deixou-se levar. Mas a imagem dele, agarrado à empregada e a conversa desta, apareceram na sua cabeça. O que a levou a tomar consciência e ganhar força para o empurrar o máximo que pode.
- Sai daqui! Sai Alec!
- Não sem ti!
- Nunca! - Alexandra enfrentou-o com os olhos marejados de lágrimas.
- Vais comigo, nem que tenha de te levar à força!
- Se fosse a si, fazia o que ela diz. - Pedro olhava para ele com os cães ao lado - Isto, se sabe o que lhe convém amigo.
Alec olhou para ele e deu um passo na direcção de Pedro, mas depois olhou para ela e respirando fundo dirigiu-se ao carro partindo de seguida.
Alexandra permaneceu ao lado de Pedro, enquanto o carro desaparecia na estrada.
- Nunca mais o verás por aqui.
Pedro colocou um braço nos ombros dela e dirigiram-se para a casa principal, enquanto Alexandra pensava no breve beijo e no olhar de Alec. Algo neles lhe dizia, que ele não se iria render com tanta facilidade. E essa sensação não a deixava sentir a segurança que Pedro sentia.
Sem comentários:
Enviar um comentário