quinta-feira, 11 de maio de 2017

NOS TEUS BRAÇOS 4ª PARTE




Anoitecia e Alexandra permanecia sentada no jardim do hotel, pensando no que devia fazer. Miguel estava ali como ela desejara, mas os seus desejos pareciam ter mudado, até mesmo desaparecido! Mas que diria a madrinha quando soubesse que Miguel tinha pedido perdão e ela não aceitara?! A madrinha era a única família que tinha, se bem que não fosse realmente família... Era a melhor amiga que a mãe teve, e cumpria o seu dever de madrinha escrupulosamente. Depois da mãe falecer, fez questão de cuidar dela como se fosse sua filha. Enquanto estudou, morou com ela e quando foi viver sozinha insistiu em que ela fosse, pelo menos aos fins de semana jantar lá a casa.  Coisa que ainda fazia. Devia imenso à madrinha, e não a queria desiludir...

- Começava a fica preocupada. - Clara sentou-se a seu lado.- Já não sabia onde procurar-te.
- Precisava de algo?!
- Pode parecer estranho ou até mentira, mas simpatizei contigo. E como te disse aquilo... depois vi-te com aquele jovem no bar... Bem, preocupei-me quando não te vi durante toda a tarde.
- Obrigada, eu também simpatizei consigo. Vim apanhar ar, precisava de estar sozinha.
- Então vou deixar-te.
- Não! - Alexandra gritou - Fique, por favor.

Clara voltou a sentar-se e ficaram as duas em silêncio por uns instantes.

- Miguel está no hotel. - Alexandra falou sem qualquer emoção na voz.
- Imaginei que fosse ele.
- Veio pedir desculpas.
- Sim?!
- Mas não sei se quero reatar! - Alexandra sorriu sem jeito - O que é irónico, antes de vir para cá foi a coisa que mais desejei. Quando nos separámos disse-me tantas coisas... Coisas que me magoaram muito, mas não sei se as conseguirei esquecer.
- Se o amas vais conseguir.
- Não estou mais segura disso. Mas tenho de pensar nas pessoas que...
- Minha querida, tens de pensar em ti! - Clara interrompeu-a - As pessoas não importam!
- Importam sim, a minha madrinha fez tudo por mim. António e Maria não são apenas patrões, são amigos a quem devo imenso! Todos eles adoram Miguel, como posso chegar lá e dizer que não aceito as desculpas dele?! Que não quero continuar com este noivado?!
- Por muito que te tenham ajudado, não têm o direito de te dizer que deves fazer. E se gostam de ti como dizes, entenderão. Resta saber se terás coragem de ser sincera contigo mesma. Apenas tens de te perguntar uma coisa. Que queres fazer? Tu, não a madrinha, os amigos e muito menos os patrões.
- Eu?! Não quero desiludir mais ninguém.
- Duvido que o tenhas feito.
- Desiludi a minha mãe! - Alexandra deixou cair uma lágrima.
- Acho que a tua mãe, como todas as mães, quereria que fosses feliz. Nada mais que isso! Tens quantos anos?!
- Vinte e seis.
- És tão nova... tens toda a vida pela frente. - Clara segurou-lhe a mão -  Conheço-te apenas à quatro dias, mas reparei que não és como as outras raparigas. Tiveste quem te protege-se deste mundo. Apenas vês o lado bom dos demais, mas nem todos tem um coração como o teu. E isso pode trazer-te muitos desgostos.
- Que faço?!
- Isso terás de decidir tu. Dizes que não tens a certeza do teu amor por Miguel. Posso perguntar que aconteceu para que isso mudasse?!
- Alec beijou-me! Bem, beijámos-nos. - Alexandra fez uma careta - O que só prova o ingénua que sou. Quem põe em causa os seus sentimentos por um simples beijo?!
- Alguém que não conhece o mundo, ou alguém que se enganava pensando ter descoberto o amor.
- Acha que não amo Miguel?!
- Se amas Miguel?! - Clara riu-se - Talvez sim, talvez não. - Olho-a nos olhos - Responde sem pensar, queres voltar para casa com ele?
- Não! - Alexandra olhou para Clara com os olhos muito abertos.
- Acho que já decidiste o que fazer. - Clara levantou-se sorrindo - Vou entrando. Quero ver se vejo Alec, cruzei-me com ele e parecia preocupado contigo. Comentou algo sobre seres propensa a acidentes. Sabes ao que se referia?!

Alexandra sorriu e sentiu as faces ficarem quentes mas não respondeu. Perante o silêncio dela, Clara ajeitou a saia e dirigiu-se ao hotel ainda de sorriso no rosto. Alexandra olhou o céu e sentiu-se aliviada.
A conversa com Clara ajudou-a a decidir e recordou as conversas com a mãe... Tinha saudades de falar com ela... A mãe sempre a ajudou a decidir que fazer... Aprovaria a decisão de não voltar para Miguel?! Ou daria mais importância ao que os demais iam pensar que à felicidade dela?! Não! A mãe, embora lhe tivesse dado uma educação rígida, sempre procurou a felicidade dela. Não ia querer que vivesse ao lado de um homem que não a respeitava. A madrinha não ia gostar de saber, mas ela que pensasse o que quisesse, ela estava decidida, não voltaria com Miguel!

Quando regressou ao hotel sentia-se mais livre, como se decidir o que fazer lhe devolvesse a paz de outros tempos. Estava decidida a ser dona do seu destino e das decisões que tomasse!
Perguntou na recepção por Miguel, queria comunicar-lhe a decisão o quanto antes. O empregado informou-a que o senhor em questão tinha reservado quarto mas nesse momento estava no bar e já tinha bebido demais.
Resolveu ir para o quarto, sabia perfeitamente que se Miguel tinha bebido não adiantava falar com ele, nessas ocasiões falava o que não devia e no dia seguinte não se recordava.

Carregou no botão para chamar o elevador, quando as portas se abriram na sua frente estava Alec, impecavelmente vestido com um fato preto e camisa branca.

- Vais subir? - Alec olhou para ela.
- Sim.
- Óptimo.

Alexandra ficou à espera que ele saísse do elevador, mas não o fez, ficou à espera que ela entrasse e depois carregou no botão para o quarto andar. Quando o elevador ficou entre o segundo e o terceiro andar, carregou num botão. O que levou o elevador a parar bruscamente, fazendo com que ela se desequilibra-se e procurasse os braços dele.

- Porque não disseste que estavas noiva?!

Alec afastou-a apenas o suficiente para segurar a mão dela, onde se via a marca do anel que até à poucos dias usara. Olhou dentro dos olhos dele, pensou que se podia afogar neles.

- Não disse porque não estou. - Alexandra murmurou. - Ele deixou-me.
- Percebo! - Alec afastou-a - Por isso aceitas-te passar a noite comigo.
- Desculpa?!
- Ainda bem que fomos interrompidos.
- Interrompidos?! - Ela não compreendia onde ele queria chegar com aquela conversa.
- Não gosto de mulheres comprometidas...
- Não estou...
- Ou despeitadas.
- Ora... ora... - Alexandra calou-se e depois sentindo-se confiante, olhou-o nos olhos. - Não sou comprometida e muito menos despeitada! Quando disse que passava a noite contigo nunca pensei em Miguel, nem no facto de me ter deixado, aceitei porque queria estar contigo. Nunca iria com outro homem, nem para tomar café, só porque estou magoada ou triste - Alexandra respirou fundo e afastou-se um pouco - Não sei que tipo de mulheres costumam, como tu disseste, cair nos teus braços, mas eu não sou como elas!
- Não?! - Alec segurou-lhe o pulso com força obrigando-a a regressar para junto dele - Que tipo de mulher és?!
- Eu não...

 Alec impediu-a de continuar, quando sentiu o elevador mexer-se, correspondia ao beijo sem qualquer reserva, com os dedos entre os cabelos dele puxando-o para si, e as línguas entrelaçadas. O seu corpo estremecia nos braços dele...
Alec afastou-a mesmo antes das portas se abrirem.

- Estão bem?! - O empregado olhava para eles - Peço imensa desculpa senhor, não sei que se passou.
- Não se preocupe, - Alec colocou uma mão nas costas dela - Estamos bem, possivelmente uma pequena falha eléctrica, nada de grave.
- Vou pedir que verifiquem a caixa. - O homem olhou para ela - Peço imensa desculpa menina.
- A culpa não foi sua.

Mas o homem não a ouvia, já falava para o telemóvel.  Dirigiu-se para o quarto consciente da presença de Alec. Tinha medo de olhar para trás e confirmar que ele estava realmente ali...Não, tinha medo de olhar e ver que não estava, que era apenas a sua imaginação a trabalhar a toda a velocidade!

- Alexandra. - Alec chamou-a quando ela colocou a chave na fechadura - Já jantaste?

Ela olhou para ele, jantar?! No estado de nervosismo que estava seria incapaz de comer.

- Ainda não.
- Tenho de tratar de umas coisas. - Olhou o relógio - Aliás, já estou atrasado. Uma hora é suficiente para que te vistas?!
- Vestir?!
- Sim, vamos jantar. Acho que precisamos falar. - Alec deu-lhe um beijo na face - Adoro esse vestido, mas talvez prefiras algo menos fresco.
- Sim.
- Então até daqui a uma hora?!
- Combinado.

Alexandra fechou a porta e encostou-se nela levando uma mão ao local que ele beijara. Sentia-se... feliz?! Sim, podia dizer que sim. Gostava de estar com Alec e dos beijos dele...
Sentindo-se eufórica meteu-se no duche, a água corria pelas costas relaxando o corpo e à medida que relaxava os temores voltavam, levando-a a tomar consciência do seu verdadeiro eu! À verdadeira Alexandra, a rapariga pacata e correcta que viera do Alentejo para a cidade, a rapariga que apenas namorara Miguel e nada sabia dos homens!
Bateu com a mão na parede do chuveiro, não, ela não iria desistir de sair com ele! Ia sair e descobrir até onde a noite os levava. Não era isso que faziam as jovens da idade dela?!
Vestiu um vestido preto comprido, com alças finas e decote em v. Optou por colocar nos ombros uma écharpe dourada, os sapatos de salto foram trocados por umas sandálias de tiras, apanhou o cabelo ao alto e prendeu-o com os "pauzinhos" que Maria lhe tinha trazido da China. Usou pouca maquilhagem, não gostava de cores muito chamativas, um rosa ou um castanho brilhante era o máximo que se permitia. Talvez devesse ousar mais, um roxo ou um laranja...

Bateram na porta e olhou o relógio, ainda não era a hora combinada. Foi abrir sem calçar os sapatos, Alec ainda vestia o fato e ficou a olhar para ela uns segundos, mas para ela foi o suficiente para a levar a questionar-se se estava bem.

- Estás linda! - Alec sorriu-lhe - Pronta?
- Ainda não passou uma hora! - Protestou.
- Eu sei, mas terminei mais cedo. Precisava ver-te.- Alec voltou a beijar-lhe a face - E se não saímos acho que o teu batom vai sofrer uns percalços.

Aquelas palavras e o sorriso dele foram suficientes para que as duvidas dela se dissipassem, e sorriu envergonhada.

- Preciso dos sapatos!

Abandonaram o hotel pouco depois, desta vez Alexandra não se sentia apreensiva. Resolvera deixar tudo nas mãos do destino. Saíram de Sintra e Alec conduziu por uns vinte minutos, durante os quais fez questão de saber sobre os pais e a infância dela.

- Ainda sentes a falta deles? - Alec parou num semáforo.
- Da minha mãe sim, tenho imensas. Mas não me recordo muito bem do meu pai. - Alexandra olhou para o trânsito - Onde estamos?
- Em Cascais.
- Cascais?!
- Fica relativamente perto de Sintra. - Alec abrandou a velocidade e entrou num parque - Não tens mais ninguém?!
- Como assim?
- Irmãos, tios, primos...
- Tenho uma madrinha, amiga da minha mãe.
- E trabalhas em Lisboa.
- Por enquanto.
- Com Miguel?!
- Sim. Mas não quero falar disso.
- O seu desejo é uma ordem. - Alec saiu do carro e abriu-lhe a porta - Menina.

Alexandra sorriu perante a vénia dele. Sentia-se especial junto a ele, quando regressasse a Lisboa, ou para o Alentejo, recordaria sempre aquele jantar. Assim como Humphrey Bogart em Casablanca, o filme preferido da sua mãe, dizia "Sempre teremos Paris", um dia ela diria: Sempre teremos Cascais!

- Qual é a piada?! - Alec segurou a mão dela
- Piada?!
- Estavas a sorrir.
- Pensava na minha mãe.
- Teria gostado de a conhecer.
- Ela também teria gostado de te conhecer. - a voz dela saiu embargada pela emoção.
- Vamos mudar de assunto, não quero que fiques triste.

Jantaram num restaurante à beira-mar, embora visse o mar muitas vezes nunca se cansava. Adorava o cheiro do mar, tinha boas recordações dele... talvez por isso se sentira atraída por Alec, ele cheirava a mar! Olhou para ele e sorriu.

- Queres sobremesa?!
- Não! Seria incapaz de comer algo mais.
- Café?!
- Não costumo beber café à noite, tira-me o sono.
- Prefiro que não durmas.

Alexandra ficou vermelha perante o olhar dele, viu-o pedir dois cafés e depois Alec segurou-lhe a mão por cima da mesa. Beberam café em silêncio e depois foram passear à beira mar, Alexandra apoiou-se no braço dele para tirar as sandálias e segurou o vestido. Alec tirou-lhe as sandálias da mão e caminharam pela praia de mãos dadas sentindo a água nos pés, Alexandra não se lembrava da última vez que tinha andando junto ao mar. Era um dos poucos prazeres que tinha e que o ritmo de trabalho lhe tinha arrebatado. Alec, mesmo sem saber, estava a proporcionar-lhe todas as coisas que gostava de fazer. Sentindo um aperto no coração, bem maior que o da sua garganta, suspirou.

- Vou estragar o vestido e tu o fato.
- São apenas roupas, tudo coisas substituíveis.
- Mas eu gosto deste vestido.
- Por algum motivo especial?
- Não sabia que precisava de um motivo.

Alec parou e sentou-se na areia puxando-a para se sentar também.

- O mar é lindo. - Alec olhava para o mar, com uma expressão indecifrável.
- Sim. Transmite calma e paz.
- Mas pode ser muito perigoso.
- Talvez. Mas adoro o mar, este cheiro, ver o por do sol, caminhar na areia...
- Pequenos prazeres...
- Sim. - Alexandra sorriu - Aqui sinto-me mais perto da minha mãe, vínhamos todos os anos ver o mar, acabávamos por ficar a ver o por do sol, um dia até vimos o nascer... Depois passei a vir sozinha.
- Miguel não... - Alec calou-se e depois riu-se - Desculpa, não era minha intenção.
- Não tens porque pedir desculpa. - Alexandra ficou em silêncio por alguns minutos - Miguel prefere a cidade, festas, casinos, discotecas...
- E tu?
- Eu prefiro o mar, o campo, caminhar na natureza, ler um livro, passear com o meu cão no Alentejo, sentar-me junto à lareira ou ficar na cama a ouvir a chuva... - Alexandra calou-se - Deves de achar tudo muito aborrecido.

 Alec levantou-se e deu-lhe a mão para ela se levantar, quando se levantou ele colocou uma mão no pescoço dela atraindo-a para si e beijou-a.

- Por acaso não. Vamos voltar?
- Já?!
- Sinceramente preferia ficar, mas é melhor regressarmos. - Alec voltou a beijá-la - Não vou mentir, quando te convidei pensava em acabar a noite na mesma cama que tu, mas neste momento acho que precisas de espaço para te encontrares primeiro.
- Querias dormir comigo?! - Alexandra tentava ver os olhos dele com a pouca luz que a lua dava.
- Dormir não era bem o que tinha em mente.
- Acredito que não. - Ela não sabia que dizer. - Mas mudaste de ideias.
- Não mudei, ainda quero estar contigo, mas não o quero fazer sem ter a certeza que tu também queres. Ainda pensas no teu noivo...

Alexandra colocou a mão na boca dele impedindo que ele continua-se. Nunca se deixou levar pelo que sentia e muito menos pelo que queria. Naquele instante queria Alec e ele estava ali, ao alcance dela. Bastava dar-lhe um sinal.

- E se eu quiser ficar contigo?!

Alec apertou-a junto a si e pouco depois ela percebeu que ele estava excitado, o que a fez sentir um calor crescente no seu interior. Rodeou o pescoço dele com os braços e deixou-se levar por aquele beijo, enquanto as mãos dele acariciavam os seus peitos por cima do tecido do vestido, da sua boca saiu um gemido rouco e Alec aprofundou mais o beijo.
Quando entraram no carro, Alec telefonou para um hotel e pouco depois entravam no quarto de um hotel ali perto.
Alexandra, meio sem jeito, olhou para ele enquanto ele despia o casaco, Alec caminhou para ela e começou a beijá-la ao mesmo tempo que lhe retirava as alças do vestido, deixou-o deslizar pelo corpo esguio dela, deixando-a em roupa interior. Retirou os paus que prendiam o cabelo dela e observou como o cabelo caía nos ombros nus. Não desviou o olhar dos olhos dela enquanto despia a camisa e Alexandra sentiu a boca ficar seca ao ver o peito musculado dele. Humedeceu os lábios e levou a mão ao peito dele olhando-o nos olhos, ele puxou-a e ela estremeceu ao sentir o corpo dele colado ao seu. Quando as mãos dele percorreram a sua pele nua recordou Miguel e o que lhe dissera, o seu interior foi invadido por um frio que a congelou e ele notou-o.

- Queres parar?!
- Não... É que eu não...
- És virgem?! - Alec parou de a beijar mas não se afastou dela.
- Não, mas só estive com Miguel e não sei se...
- Mas eu sei...

Alec voltou a beijá-la e a chama voltou a acender-se no seu interior, levando-a a esquecer Miguel e tudo o mais. Cada caricia que percorria a sua pele nua, parecia atiçar o fogo que a queimava por dentro, desejando mais. Quando ele lhe retirou o soutien e beijou os seus seios, ela estremeceu. Assim como quando ele a colocou na cama para a cobrir de beijos e caricias, às quais o seu corpo parecia saber como reagir. Por alguma razão isso agradava a Alec, ao perceber isso ela relaxou e entregou-se sem reservas, certa que o seu corpo sabia exactamente o que fazer.

Horas depois Alexandra acordou, Alec dormia a seu lado. Sentiu as faces ficarem quentes ao recordar como a levou à loucura com simples caricias, levando-a a suplicar-lhe que a fizesse dele. Nunca imaginou que pudesse dizer algo assim. Nem que pudesse tomar a iniciativa na segunda vez...  
Ao recordar o que fizera, o seu corpo estremeceu, como se não estivesse satisfeito. Saiu da cama sentindo o calor do desejo voltar, vestiu um roupão que estava na casa de banho e foi para a pequena sala que antecedia o quarto.
Até estar com Alec, pensava que fazer amor era uma espécie de satisfação pessoal para o homem, pelo menos assim fora com Miguel, naquela fatídica noite permaneceu deitada, sentindo como ele entrava dentro dela, uma e outra vez até que minutos depois ele terminou. O que a levou a pensar que se fazer amor era assim, ela não compreendia porquê tanto alarido por uns escassos minutos onde apenas o homem parecia desfrutar. Convenceu-se que fazer amor era uma obrigação conjugal. Aquele calor, que a invadia a cada toque de Alec, nunca estivera presente naquela noite. Com Alec sentira prazer e desejava mais, queria descobrir cada milímetro dele, saber onde ele gostava que lhe tocasse... Sorriu ao recordar como ele estremeceu quando ela lhe beijou o peito, não fora intencional, sentira vontade de o fazer. Mas não esperava despertar o desejo nele, um beijo sucedeu outro e pouco depois entregavam-se novamente um ao outro, e pela primeira vez sentiu-se mulher.


- Por momentos pensei que tinhas saído. - Alec sentou-se ao lado dela.
- Onde iria a esta hora?!
- Para o hotel.
- Não tenho urgência em voltar.
- Fico feliz por ser assim. - Alec recostou-se no sofá e aninhou-a nos seus braços. - Agora diz-me, qual o motivo que te levou a sair da cama.
- Não conseguia dormir.
- Por acaso sou o culpado da tua insónia?
- Em parte sim.
- Isso agrada-me.

 Alec  beijou-lhe o pescoço e ela fechou os olhos, rendida aos beijos dele. Gemeu quando ele lhe percorreu o pescoço com a língua, até chegar à sua orelha, que mordiscou levemente levando-a a estremecer ao sentir o calor invadir-lhe o corpo.

- Alec -Ela sussurrava. - Alec...Por favor...
- Sim?! - Ele desviou a parte de cima do roupão para lhe deixar os seios a descoberto - Queres que pare?!
- Não! - Ela tentou voltar-se mas ele não permitiu, e voltou a beijar-lhe a nuca. - Oh, sim...
- Não?! Sim?! - Alec murmurava junto ao pescoço dela - Diz-me o que queres.
- Quero ser tua.

Alexandra sentiu como os braços dele lutavam para lhe retirar o roupão e deitá-la no sofá sob o corpo dele. Minutos depois, o corpo dele movia-se lentamente sobre o dela e cada movimento era uma doce tortura. O corpo dela juntou-se ao dele nos movimentos, até que mais tarde repousavam cansados nos braços um do outro.

Alexandra acordou, abriu os olhos lentamente, como se tivesse medo de descobrir que sonhara aquela noite. Quando os abriu viu que Alec ainda dormia. Levantou uma mão para lhe tocar mas desistiu, depois daquela noite era melhor não o fazer, sentia o corpo todo dorido.  Ficou de costas a olhar o tecto e a recordar a noite anterior.  Depois de terem feito amor na sala, e de confirmarem que o sofá não era boa cama, regressaram ao quarto onde adormeceram. "Para quem não sabe que fazer não te portaste nada mal". Pensou para si própria. Alec tinha-lhe provado que ela não era como Miguel dissera, assim como lhe tinha provado que o que fez com Miguel, podia ser muita coisa menos fazer amor! Se havia alguém que não sabia dar prazer a outra pessoa era ele, não ela. Teve vontade de sair dali e dizer-lho na cara!

- Em que pensas?!

 Alec olhava para ela apoiado num braço, à quanto tempo ele estava a olhá-la?! Podia ver no seu rosto o que estava a pensar?!

- Em nada. - Alexandra puxou o lençol sobre o corpo nu.
- Está arrependida?!
- Porque dizes isso?!
- Porque te está a tapar. E por alguma razão tenho a sensação que estás a travar uma batalha aí dentro.
- Pode não parecer mas não costumo ir para a cama de estranhos.
- Depois de tudo o que fizemos não sou propriamente um desconhecido.

Alexandra corou perante o olhar dele, e ele riu. Uma gargalhada fresca, e deu-lhe um beijo na ponta do nariz e depois puxou-a de forma a ficar com o corpo junto ao dela.

- Sabes como és deliciosa? - Alec dava pequenos beijos na face dela - És especial.
- Aposto que dizes isso a todas.
- E também sabes como deitar água fria num homem! De certeza que és tão inocente assim?!
- Que queres dizer?! - Alexandra sentou-se na cama, por alguma razão sentia-se ofendida.
- Nada minha doce Alexandra. Mas tens razão, depois desta noite precisamos de sair um pouco, vai tomar um duche enquanto peço algo para comermos. Vou levar-te a conhecer um pouco de Cascais.

Alec sentou-se na cama e quando se inclinou para apanhar os boxers uma cicatriz brilhou no fundo das suas costas. Sentiu um dor no peito e uma vontade louca de chorar. Porque lhe doía tanto ver aquela cicatriz?! Tocou-a suavemente e ele voltou-se.

- Imprudências da juventude.

Alec olhou para os olhos dela, estavam húmidos pelas lágrimas. Levou uma mão ao cabelo dela desviando-o dos olhos e beijou-lhe a testa, pouco a pouco foi descendo até chegar aos lábios dela, Alexandra entregou-se àquele beijo com toda a sua alma, imaginou o que poderia causar aquela cicatriz e uma lágrima deslizou pela sua face.

- Vamos! - Alec afastou-a - Vai tomar duche ou cederei à tentação de ir contigo e não te levo a ver Cascais.
- Não serias capaz.
- Não me provoques!

Alexandra entrou na casa de banho sentindo um aperto no coração, conhecia Alec à poucos dias não devia sentir-se assim. Aquilo não era normal! Não, era normal sim... sempre se preocupou com os demais! Até com os animais!
Lembrava-se de ter chorado quando a mãe telefonou para dizer que o velho Spot tinha morrido. Ele já mal andava, mas era o seu cão, o seu companheiro. Suspeitava que quando nasceu ele já andava a correr pela quinta!  Sim, se chorou por Spot porque não sentir aquela tristeza por ele?!

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