Estavam à dois dias em casa de Nicholas e Priscilla passava o dia na praia, ora acompanhada por Less, a sobrinha de Zoe que se tornara o seu maior amigo, ora sozinha enquanto ela lia um livro. Até King era envolvido nos passeios junto à água. Felizmente Zoe, depois de prometer cuidar bem dele, conseguiu convencê-la a deixá-lo em casa.
- Tudo pronto?! - Nicholas olhou para as duas crianças.
- A máquina! - Disseram ao mesmo tempo.
- Está no quarto. - Alisia olhou para eles sorrindo.
- Prometemos não demorar. - Os dois desapareceram escadas acima.
- Acho bem!
- Tens de apresar todo o mundo?!
- Apenas não quero atrasar-te, certamente tens outras coisas para fazer! - Alisia estendeu a mão para abrir a porta ao mesmo tempo que ele e os dedos tocaram-se, o que a levou a retirar a mão.
- Neste momento, a única coisa que me apetece fazer é beijar-te.
- Oh...
- E penso beijar-te na primeira oportunidade.
Nicholas parou junto ao jardim para que elas descessem, mas assim que as crianças fecharam a porta ela segurou a mão dela mantendo-a dentro do carro. Beijou-a prometendo juntar-se a elas o mais depressa possível. Passaram a tarde no jardim e quando Nicholas chegou para as apanhar, Priscilla e Less ainda andavam a tirar fotografias.
- Ainda não se cansaram?! - Nicholas sentou-se junto a ela. e tentou beijá-la.
- Não! - Alisia afastou-o - Priscilla...
- Acaso achas que ela não sabe o que é um beijo?!
- Prefiro que não veja a mãe dela a fazê-lo!
- Então vou certificar-me que nos próximos estamos sozinhos.
Nicholas juntou-se ás crianças e tirou-lhes imensas fotografias antes de voltarem para casa. Nessa noite foram ao cinema, e quando regressaram Priscilla estava tão cansada que quando a mãe lhe deu as boas noites, ela já não respondeu. Alisia fechou a porta do quarto e desceu para beber café com Nicholas, café que foi substituído pelo beijo prometido.
Depois do pequeno almoço resolveram ir até à praia na companhia de Less. Alisia observava as crianças a brincar na praia junto à casa de Nicholas, que segundo Zoe, tinha recebido uma chamada do escritório e saíra cedo. Quando chegaram à praia nadou um pouco, colocou protector solar nas crianças e tentou ler um livro, mas não conseguia pensar em mais nada sem ser nos beijos de Nicholas. Algum tempo depois, desistiu de lutar contra os seus próprios pensamentos e analisou o que sentia quando ele a beijava.
Se bem que durante essa manhã evitou estar a sós com ele. Não que tivesse medo, apenas não sabia como interpretar os seus sentimentos. Nem o breve namoro, nem o casamento lhe proporcionaram nada que se parecesse com aqueles sentimentos. Não era nenhuma ignorante, sabia bem o que Nicholas pretendia, e se queria ser sincera, quando ele a beijava, ela também queria o mesmo. Não se envergonhava disso, eram desejos perfeitamente normais, mas não esperava vivê-los! O que a levava a perguntar-se, se deveria ceder a ele? Porque não?! Que mal fazia se aceitasse os beijos dele ou algo mais?! Era adulta e sem qualquer compromisso!
Priscilla acenava ao longe e ela acenou de volta, mas quando uma sombra a tapou percebeu que o cumprimento não era para ela.
- Desculpa deixar-te sozinha. - Nicholas sentou-se junto a ela. - Estás a divertir-te?
- Sim. - Tentou ignorar o calor da perna dele encostada à sua - Não tens que nos acompanhar as vinte e quatro horas do dia.
- Não era má ideia.
- O quê?!
- Passar as vinte e quatro horas na tua companhia.
Nicholas olhou-a de uma forma que ela estremeceu, concentrou-se nas crianças tentando não pensar no que englobavam aquelas palavras.
- Hoje à noite à uma peça de teatro na cidade, gostavas de ir?!
- E Priscilla?!
- Zoe fica com ela, acho que Less vai gostar.
- Mas tenho de a deixar...
- Vai estar aqui quando voltarmos. - Nicholas encarou-a seriamente - Quando foi a última vez que tiveste tempo para ti?! Para fazeres algo que gostas? E não me refiro a estar com Priscilla nem a ler livros! E muito menos ao teu passatempo preferido, ajudar os demais.
- Não o faço sempre.
- Apenas a maior parte do tempo.
- Como sabes?!
- Digamos que Priscilla tem umas conversas muito interessantes!
- Tenho de falar com ela... Anda a comentar o que não lhe compete!
- Tu és mãe dela, logo ela acha que és da competência dela.
- Não quando comenta assuntos pessoais!
- Ela é uma criança e foi obrigada a crescer depressa demais! Acho que assim como tu, ela precisa de tempo e espaço. Tempo para ser criança, fazer amigos e conviver com outras pessoas, sem ser as vizinhas que têm idade para avós dela! E que ela detesta! Priscilla merece muito mais do que aquilo que lhe permites...
- Faço o que posso por ela! - Alisia sentiu-se insultada - Não lhe posso dar...
Nicholas beijou-a rapidamente, um beijo que terminou mal tocou os lábios dela, mas foi o suficiente para ela se calar e procurar a filha junto à água.
- Está dentro de água, mas a julgar pela forma como estavas a levantar a voz, não tardava a sair, para vir em teu socorro. Qualquer pessoas vê que se protegem mutuamente. E compreendo que gostes de estar com ela, dado que o teu marido morreu à pouco, mas precisas de viver um pouco. E não pretendia ofender-te, muito menos criticar o que fazes, apenas queria dizer que o facto de a protegeres demais não lhe permite ser a criança que devia ser. - Acariciou o rosto dela - Por isso hoje vamos ao teatro. Se for preciso peço autorização a Priscilla!
Alisia sorriu quando o viu encaminhar-se para a água enquanto chamava Priscilla. Por muito que lhe desagradasse, que a sua filha comentasse a sua vida com ele, sabia que ele tinha razão! Desde que deixara a escola, para cuidar da avó, que não tinha tempo para as coisas que gostava, nem tempo, nem dinheiro. Se ele queria ir ao teatro com ela, iria!
Ao fim da tarde Alisia olhou o seu reflexo no espelho. Felizmente tinha colocado na mala o vestido que usara na festa da escola no ano passado. Naquele ano, ficara encarregada de apresentar o espectáculo de natal, por isso decidiu investir num vestido preto, afinal um bom vestido tem sempre utilidade. Depois de decidir aceitar o convite de Nicholas pensou que era melhor levar algo para se saíssem a algum restaurante, quando fez a mala achou que seria suficiente, mas agora tinha dúvidas, o seu vestido, embora elegante, não se podia comparar com os modelos de alta costura.
O vestido comprido e sem ombros, tinha uma racha lateral que deixava a descoberto boa parte da perna dela. Recordou-se que o vestido tinha luvas até acima dos cotovelos, mas nunca as usara. Colocou a pulseira e a gargantilha que tinha sido da sua mãe e apanhou o cabelo com uma fita. Voltou a olhar-se, gostou do resultado. Enquanto descia as escadas, apenas pensava em não envergonhar Nicholas.
- Uau!!! - Priscilla correu para a mãe.
- Tenho a tua aprovação?!
- Devias de te vestir mais vezes assim.
- Concordo plenamente - Nicholas juntou-se a elas. - Estás linda.
- Obrigada.
- Não está linda... está mais linda! - Priscilla beijou o rosto dela - Vou ver de Less.
- Ela tem razão. Apenas falta uma coisa para ficares perfeita.
- O quê?!
- Isto.
Nicholas beijou-a demoradamente e quando a soltou ela estava aturdida. Não esperava que a beijasse ali onde Priscilla podia ver.
Ao mesmo tempo que o pano descia, no fim do lago dos cisnes, Alisia limpava as lágrimas. Nicholas colocou um braço sobre os ombros dela e juntaram-se à multidão que se encaminhava para a saída.
- Sinto muito. - Nicholas desviou-lhe uma madeixa de cabelo que entretanto se tinha soltado. - Não era minha intenção deixar-te triste.
- Não estou triste! Adorei.
- Ninguém diria. Mas se dizes que gostaste...- Nicholas ligou o carro e misturou-se no trânsito.
- É uma história de amor lindíssima.
- Que te levou a chorar... Já anotei, futuramente nada de coisas do género!
- Futuramente?!
- Claro, penso levar-te mais vezes ao teatro. Ou não gostavas?
- Sim, mas...
- Então, nada de mas.
- Porque parámos?!
Nicholas não lhe respondeu rodeou o carro e abriu a porta para que ela saísse. Alisia reconheceu o som do mar.
- Pensei que depois daquelas lágrimas seria agradável um passeio.
- Mas a esta hora?!
- É uma hora tão boa como outra qualquer. Ou tens algo contra os passeios nocturnos?!
- Nada.
Passearam em silêncio ao longo da calçada, apenas um casal passou por eles com uma criança pela mão. Alisia estava atenta a cada movimento dele, consciente de que estavam ali sozinhos e que se sentia atraída por ele. A calçada deu lugar a uma estreita estrada de terra cheia de buracos e quando ela tropeçou Nicholas segurou-lhe a mão, mas quando o terreno melhorou permaneceram de mãos dadas.
- Quando era jovem gostava de passar aqui as tardes e grande parte da noite.
Nicholas desviou uns arbustos e ela pode ver que estavam no cimo de um rochedo, de onde se avistava a cidade à beira mar. Toda a costa era salpicada de pontinhos luminosos.
- Percebo o motivo! - Alisia olhava extasiada para a costa- É lindo!
- Sim...
Algo na voz de Nicholas levou-a a voltar-se para ele, ele mantinha o olhar nela, quando os olhares se encontraram ele retirou a madeixa que teimava em cair. Ao sentir o toque dele Alisia fechou os olhos e recordou os beijos que tinham trocado. Abriu-os ao sentir a mão dele no seu pescoço, ao ver que ele se aproximava voltou a fechá-los e entreabriu os lábios para receber o tão aguardado beijo. Nicholas beijava-a suavemente, desfez o penteado dela com mestria e entrelaçou os dedos no cabelo. Alisia sentiu como ele a apertava contra o seu corpo, e gemeu sentindo o desejo crescer dentro dela à medida que a mão dele procurar a sua pele. Nicholas afastou-se pouco depois deixando-a desconcertada.
- Nicholas?!
- Aqui não... - E beijou-lhe os dedos antes de os entrelaçar nos dele. - Vamos para casa.
- Para casa?!
- Sim, não somos mais adolescentes e uns breves momentos não chegam.
- Não?! - Não eram adolescentes, mas ela sentia-se uma.
- Não. - Ele sorriu enquanto desviava o arbusto para regressarem - Desejo-te, mas não te quero pressionar, temo que possas fugir.
- Não vou fugir e mesmo que quisesse não sabia para onde. - Ela olhou-o.- Não sei onde estou.
- Não te disse?!
- Não.
- Estamos em Maui, mais precisamente em Kihei.
- Maui?! Mas sabes que isso é...
- Sim... ainda sei onde vivo! - Ele sorriu novamente - Agora temos resorts por todo o lado o que quer dizer que imensos turistas correm por aqui. Sei que a economia vive disso mas... - Nicholas encolheu os ombros - Por isso comprei aquela casa, embora goste de companhia, também aprecio o sossego. Gosto da minha privacidade.
Nicholas debatia o progresso da ilha, se por um lado achava que o progresso era lucrativo, por outro achava que havia muitos aspectos que eram descurados. Ainda falava das alterações que a ilha sofreu a longo dos anos, quando estacionou junto à entrada.
- Por muito que goste de falar da minha terra, prefiro retomar o que deixámos.
- Priscilla...
- Zoe levou-a a dormir no anexo.
- Quer dizer...
- Quer dizer que voltávamos tarde e pedi a Zoe para ficar com ela. a ideia de dormir lá foi dela e de Less.
- Ela sabe que...
- De certeza que queres falar disso?! - Nicholas roçou os lábios nos dela - Posso ir buscá-la se quiseres.
- Não...
Alisia fechou os olhos ao sentir o formigueiro nos lábios e Nicholas beijou-a sem pressa, antes de saírem do carro. Mantendo as mãos entrelaçadas entraram em casa. Alisia sorriu meio sem jeito e Nicholas beijou-a antes de começar a subir as escadas com ela ao colo, depositando-a no chão apenas quando entrou no quarto dele
- Sonho com este momento à tanto tempo.
Nicholas voltou a beijá-la, entre beijos o vestido dela acabou no chão junto ao casaco dele, assim como os sapatos e a restante roupa. Nicholas percorria o corpo de Alisia com beijos e caricias que a deixavam a suspirar de desejo. Alisia arqueou as costas quando ele acariciou a parte de dentro da suas pernas e respirou de frustração quando ele retomou os beijos.
- Nicholas... Por favor!
- Sim...
Nicholas encaixou-se entre as pernas dela, quando Alisia o sentiu dentro dela encolheu-se momentaneamente e ele parou olhando para ela incrédulo! Alisia devolveu-lhe o olhar assustado, mas naquele momento era tarde, muito tarde para voltar atrás.
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