sexta-feira, 9 de junho de 2017

ESPERANDO UM SINAL 6ª PARTE



- És virgem!

Nicholas saiu da cama e vestiu os boxers. Alisia olhou para ele, tentando perceber porque se importava ele com isso, afinal ela já esquecera! Fixou o vazio e recordou os acontecimentos anteriores.

Depois da surpresa inicial, Nicholas retomou os movimentos e ela esqueceu o desconforto inicial. Pouco depois moviam-se em uníssono. Nicholas levou-a numa espiral de emoções, e quando ela pensava que não podia sentir mais prazer, algo se libertou dentro dela levando-a a agarrar-se a ele. Nicholas abrandou por uns instantes, mas depressa retomou os movimentos até que foi a vez dele estremecer dentro dela.

- Alisia! - Nicholas trouxe-a à realidade - Podes explicar-me como é possível?!

Alisia olhou a figura imponente dele, as pernas pareciam mais compridas, assim como os braços musculados lhe pareciam mais fortes. Os olhos que geralmente brilhavam no rosto por barbear, agora perderam o brilho revelando um negro mais intenso. O seu rosto reflectia um misto de surpresa e culpa, como se o facto de ela já não ser virgem, fosse um crime que ele acabara de cometer.

- Era... - Alisia tentou desdramatizar a situação - E não vejo a importância disso!
- Não vês?! Meus Deus! - Nicholas passou a mão pelo cabelo negro - Se soubesse...
- Sabes agora! - Alisia retirou o lençol e procurou a sua roupa. - Vou...
- Voltar para a cama. - Nicholas puxou-a e colocou uma perna em cima dela -  O seres virgem não altera nada. Apenas preferia saber antes, não te queria magoar.
- Não o fizeste.
- Fico feliz por ouvir isso. Agora diz-me, porque me fizeste acreditar que Priscilla é tua filha?
-  Porque é! - Alisia tentou mexer-se mas ele não o permitiu - Legalmente é minha.
- Adoptaste-a.
- Não. - Alisia mexeu-se e ele afrouxou a pressão.
- Então não entendo.
- Quando a minha avó adoeceu tive de deixar a escola para cuidar dela. Nessa altura eu tinha treze anos.
- Os teus pais não...
- A minha mãe era doente, desmaiava com muita frequência, não podia cuidar dela! - Alisia olhou com os olhos húmidos - Um dia ao passear a minha avó no jardim de casa, ouvimos um barulho e pensámos que era um animal, mas ficámos sem saber que fazer ao descobrir um bebé! Tinha poucos dias! A minha mãe disse que o melhor era entregá-la aos serviços sociais, eles saberiam que fazer. Fui à cidade para a entregar, juro, mas ao chegar tive de aguardar. Enquanto isso, falei com uma rapariga, pouco mais velha que eu que estava grávida que, com a maior naturalidade, disse que ia entregar o bebé que ainda não nascera! Fiquei horrorizada. Como podia dar o seu filho assim?!
- Muitas pessoas não tem condições.
- Ou coração! - Alisia fechou os olhos por instantes - Olhei o rostinho do pequeno ser que levava, finalmente adormecera a chuchar no meu dedo. Pensei que se houvesse forma de eu ficar com ela não hesitaria. Foi quando uma senhora me perguntou se estava segura do que ia fazer. - Alisia limpou uma lágrima - Lembro-me que apenas abanei a cabeça e chorei.  Ela olhou para mim e sorriu ao sentar-se ao meu lado. Acariciou a carinha dela e disse que depois de a entregar não havia volta atrás! Compreendia que fosse muito duro, afinal era muito nova, mas se falasse com a minha família, de certeza que iriam ajudar. - Alisia respirou fundo - Quando me perguntou se a tinha registado, disse que não. Levantou-se e disse-me que era visível a dor que me causava separar-me dela. E perguntou porque não ia ao registo civil registá-la e voltava para casa, falava com a minha família e pensava melhor. Olhei a mulher por uns instantes. Ela pensava que era minha! Se ela acreditava, porque os demais não o fariam?!
- Certamente alguém suspeitou de algo.
- Não, tivemos de vender a casa e mudamos-nos para uma quinta afastada da cidade. Fazia dois anos que mal saía de casa. Ninguém duvidaria. Não pensei muito, também, que havia para pensar?! Aquela criança precisava de uma mãe e eu estava disposta a sê-lo! Assim que quando regressei a casa tinha uma filha.
- Não pensaste nas consequências que daí advinham?!
- Tais como?! - Alisia olhou-o com os sobrolho franzido - Para tua informação nunca me...

Nicholas beijou-a suavemente e depois olhou-a nos olhos enquanto acariciava o seu rosto.

- Esquecendo as legais! Apenas tento perceber como funciona a tua cabeça! Sei que não te arrependes. Mas tens noção que perdeste a tua juventude para cuidar dela. - Nicholas beijou-a novamente - As saídas com as amigas, os namorados...
- Tive um namorado! - Alisia respirava com dificuldade, pois ele estendera os beijos ao seu peito nu.
- Que felizmente não cumpriu o seu dever!
- Felizmente?!
- Assim tenho o prazer de te ensinar.

Alisia estremeceu quando ele lhe beijou o pescoço e lhe acariciou o peito. Alisia deixou-se levar pelas sensações que o toque dele lhe despertava, quando ele se sentou na cama e a sentou nas suas pernas ela agarrou-se a ele. Gostava de fazer amor assim, estava mais próxima dele e sentia que eram um só.

- Acorda bela adormecida. - Nicholas acariciava o rosto dela - Ou queres que Priscilla te encontre aqui?! Por mim tudo bem...
- Oh Deus!!! - Alisia saltou da cama e entrou na casa de banho enrolada no lençol.
- Não queres a tua roupa?! - Nicholas brincava com a situação.
- Claro que quero! - Alisia abriu a porta e apanhou a roupa que ele tinha na mão.
- Precisas de ajuda?!
- Não!
- Que pena!


Quando desceu ouviu a voz de Zoe e foi até à cozinha pensando que ela estava com Priscilla. Mas ao chegar lá Zoe falava com duas raparigas, que desapareceram assim que ela entrou.

- Bom dia Zoe. - Alisia evitou olhar para ele.
- Bom dia menina. - Zoe começou a preparar o pequeno almoço.
- Sabe onde está a minha filha?!
- Ficou no jardim com Less. Acho que estão a tentar ensinar King a caçar.
- Pobre animal!
- Sim... Pobre bicho.
- Zoe... Espero que ela não tenha incomodado.
- Foi um gosto. Não quer que a leve logo?!
- Porquê?! - Alisia olhou para ela com os olhos muito abertos.
- Foi a primeira vez que vi um filme! - Zoe sorriu - Foram brincar para o quarto e deixaram-me ver um filme! Nem queria acreditar! Nunca consigo ver televisão quando ela vem passar uns dias comigo. A sua não é assim?!

Alisia ficou a conversar com Zoe até que a conversa foi interrompida pelo riso histérico da crianças, que entraram em casa a correr atrás de um King assustado. Alisia tentou manter a conversa mas foi impossível, a corrida das crianças estendeu-se à sala e ela teve de ir repreende-las pois Nicholas estava no escritório.
Depois de as acalmar, procurou o livro que tinha deixado na sala. Dirigia-se para o jardim quando ouviu a voz de Nicholas, que acompanhava uma jovem rapariga até à porta, com o braço nos seus ombros.

- Se precisares de algo sabes onde encontrar-me.
- Mas as outras...
- As outras terão...

Nicholas tirou o braço do ombro da rapariga para abrir a porta e viu-a, sorriu para ela mas não continuou a conversa. O que deixou Alisia a pensar quem era aquela rapariga e porque terminara a conversa ao vê-la!

Com o passar da semana Alisia foi esquecendo a conversa, e pensando mais na tristeza que sentia por ter de partir, à medida que o dia da partida se aproximava. Pensava que nos poucos dias que lhe restavam ali e nas poucas noites que passara com Nicholas, quando Priscilla entrou no quarto a correr.


- Mãe, posso ir à praia com Less?!
- Sim, mas tenham cuidado. Eu já vou ter convosco.
- Sabes que já não sou uma bebé.
- Eu sei filha, eu sei.
- Mãe?! - Priscilla parou junto à porta
- Sim...
- Tu gostas de Nicholas?!
- Que raio de pergunta é essa?!
- Less diz que olhas para ele de forma esquisita. Que as mulheres que ele tem aqui, não olham para ele assim.
- As mulheres?!
- Sim... - Priscilla revirou a vista em sinal de impaciência - Zoe... Lita... Pilly?! Não sei se é assim que se chama... E tem mais duas ou três que eu vi! Less diz que elas têm medo dele, mas tu não.
- Porque haveria de ter?! - Alisia guardou a roupa que a filha deixara em cima da cama - E por que não falam sobre a escola em vez de coisas que não vos dizem respeito?!
- Desculpa mãe... - Priscilla olhou para ela envergonhada - A mãe de Less casou com um homem como Mat! Sabias?!
- Não...
- Pois... Ela diz que a mãe gosta de homens mais velhos. Como tu!
- Como eu...
- Tu casaste com Mat, por isso gostavas dele de verdade... Mas eu nunca me vou casar com um velho que me faça chorar. - Priscilla olhou para ela - Nunca vou deixar que me diga que sou uma inútil!
-Priscilla...

Alisia tentou abraçar a filha mas ela saíra do quarto a correr. Sabia que não adiantava sair a correr atrás dela. Quando estava assim, não conseguia falar com ela, Priscilla iria procurar um local isolado e choraria até se acalmar. Era sempre assim, desde que ela casara com Mat... Sentiu o coração encolher-se ao recordar as palavras da filha, ela saber o que Mat lhe chamava apenas podia significar que tinha ouvido as conversas de Mat, ela nunca dissera a ninguém o modo como ele a tratava. Quando saía à rua colocava um sorriso e todos pensavam que ela tinha um casamento de sonho. Mas não era assim...

- Mãe!!!- Priscilla voltou a correr naquele instante.
- Já te disse que não podes andar a correr dentro de casa. Nicholas pode...
- Ele é que pediu... - Priscilla arfou - Ele vai levar-nos à cidade!
- Agora?!
- Uma festa qualquer. Vamos?! Porfa...
- Está bem. Mas não digas porfa!
- Sim mãe!

Alisia trocou o vestido por umas calças de ganga e uma camisa. Apanhou um casaco leve e juntou-se a eles na sala.
Passaram a tarde a passear pelas ruas e jantaram numa esplanada. Quando bebiam café uma rapariga apareceu a correr. Alisia reparou que chorava, e por momentos teve a sensação que já a tinha visto. Mas só podia estar a fazer confusão! Não conhecia ninguém ali! Quando se aproximou deles, Nicholas levantou-se rapidamente e seguiu a rapariga. Ela ficou ali sem saber que fazer, talvez devesse telefonar para a policia ou ir atrás dele. Estava a decidir que fazer quando Priscilla se aproximou a correr.

- Mãe!!! Nicholas... tem sangue...

Alisia não deixou a filha terminar, sentindo o coração pulsar na garganta, correu o mais rápido que pode. Nicholas estava sentado no chão e sangrava da cabeça e do nariz. A rapariga continuava agarrada a ele, quando a viu afastou-se dele e murmurando um obrigada desapareceu. Ao ouvir a voz dela reconheceu-a! Era a mesma rapariga que tinha visto em casa dias antes! Que tinha acontecido?! Qual a relação dele com ela?! E porque ela desaparecia sempre que ela chegava?! Afastou aqueles pensamentos quando Nicholas levou a mão ao nariz tentando parar a hemorragia. Alisia deu-lhe uns lenços de papel que ficaram ensopados imediatamente.

- Tens de ir ao hospital.
- Não é preciso. Vamos para casa.

Nicholas encaminhou-se para o carro e fizeram a viagem sem dizer uma palavra. Ao contrário de Less, que parecia familiarizada com aquela situação, Priscilla estava visivelmente assustada. Enquanto ela não sabia muito bem que pensar de tudo aquilo. Assim que parou o carro, Nicholas subiu e meteu-se no quarto o que a deixou boquiaberta. Zoe juntou-se a elas pouco depois.

- Que aconteceu?!
- Nicholas brigou com um homem! - Less falava orgulhosa.
- Outra vez?! Mas... - Zoe olhou para ela e calou-se - Vou ver se precisa de algo.
- Zoe?! - Alisia chamou-a quando começou a subir as escadas - Esta não é a primeira vez?!
- Não, infelizmente não é.

Ficou ali com a mão no ombro de Priscilla vendo como Zoe subia as escadas. Ouviu uma porta abrir mas não a ouviu fechar. Pouco depois Less e Priscilla foram ver televisão e ela ficou a pensar naquilo. Pouco sabia dele e detestava violência, mas estava na casa dele como convidada, não lhe cabia julgar as atitudes dele. Se não o fazia com as demais pessoas porque começar com ele?! Afinal, dentro de dias regressava a casa. Com isso em mente decidiu subir e ver se ele estava muito ferido. Quando chegou ao quarto dele, a porta estava aberta e ela pode ver como Zoe tentava chegar a ele com um algodão.

- Podes parar com isso?! - Nicholas afastou a mão de Zoe.
- Não, tu é que tens de...

Zoe viu-a e calou-se olhando Nicholas, que se voltou. Alisia sentiu o seu coração saltar do peito ao ver o fio de sangue que corria pelo rosto dele. Tentando controlar as lágrimas dirigiu-se a eles.

- Deixa que eu faço isso. - Apanhou o desinfectante de cima da cómoda e esticou-se para chegar a ele.
- Não é...
- É sim... - Ela interrompeu-o.

 Nicholas tentou afastar-se mas ela segurou-lhe o braço e tentou levá-lo a sentar-se, mas sem êxito. Ela devolveu-lhe um olhar de impaciência e depois olhou para Zoe, que sorria enquanto os deixava a sós.

- Deixa de agir como uma criança e senta-te.
- É apenas superficial.
- Seja como for! Quero ver!
- E que recebo em troca?!
- Uma ferida desinfectada.
- Não sei se gosto da troca. - Nicholas abraçou-a pela cintura - Posso pedir algo em... Ai! Mas que fazes?!
- Desinfectar-te a ferida! - Alisia olhou nos olhos e suavizou a voz - Desculpa, tinhas uma lasca de madeira. Como fizeste isto?
- Bati com a cabeça. - Respondeu secamente.
- Não me vais dizer a verdade?!
- Tu viste o que aconteceu.
- Parcialmente.

Alisia continuou a tratar a ferida esperando por uma explicação que não chegou, quando terminou ele olhava fixamente o tapete.

- Estás bem?!
- Porque não ficas cá?
- Eu estou cá! - Alisia olhou-o assustada, estava a ficar confuso!
- Faltam pouco dias para ires, porque não ficas para sempre?
- Ficar?! - Mas que pergunta era aquela e a que propósito?!
- Sim. Nada te prende lá!  Priscilla é feliz aqui, até fez amigos. Tu também és feliz... Ou não?!
- Qualquer pessoa é feliz se não tiver preocupações.
- É apenas por isso que te faz feliz?
- Entre outras coisas.
- Tais como?!
- Isso não interessa. Sabes que não posso ficar!
- Porque não?!
- Porque aqui não é a minha casa.
- Mas podia ser.

Alisia olhou para ele, tinha o olhar perdido. Aquele convite era efeito da pancada. Ele tinha de ir ao hospital o quanto antes!

- Acho que é melhor irmos ao hospital.
- Não olhes para mim com esse olhar condescendente! Não estou a divagar!
- Pois parece!

Alisia atirou com o algodão para o lixo e guardou o desinfectante. Ele queria que deixasse tudo para ficar ali com ele?! Na sua cabeça formou-se a imagem de Mat quando lhe propôs casamento. Mas Mat prometia-lhe a estabilidade que ela precisava, fazia-a sentir-se segura! No meio dos seus problemas, Mat parecia a resposta... Mas acabou por descobrir que não era e ela jurou que nunca mais voltaria a cometer o mesmo erro!

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