segunda-feira, 17 de julho de 2017

O REFÚGIO 7ª PARTE



Ellen saiu da casa de banho vestindo apenas a roupa interior e olhou para Luc recostado na almofada da sua pequena cama. Com passos sedutores, caminhou até ele sorrindo. Ao chegar perto dele, passou os dedos levemente ao longo da sua perna até ele se arrepiar. Inclinou-se sobre ele e começou a beijar-lhe o corpo com o mesmo à vontade que ele a beijara anteriormente. Quando percebeu que ele estava a perder o controle, Ellen retirou a roupa interior e perante o olhar incrédulo dele, sentou-se sobre ele sussurrando docemente.

- Prometo não te magoar.
- Sei que não o farás.

Luc mantinha as mãos nas nádegas dela, acariciando-a e incitando-a a continuar os ousados movimentos. O ritmo era marcado pelo grau de excitação dele. Ás vezes sorria provocadora e abrandava, ou parava de todo para o obrigar a pedir-lhe que recomeçasse. Brincou com ele até que o seu próprio corpo pediu que acabasse com aquele jogo de sedução. Ellen beijou-o demoradamente enquanto reiniciava os sensuais movimentos. Movimentos que apenas foram interrompidos quando os corpos se deram por saciados.

Ellen sentia como o suor colava o lençol ao corpo dela, sentindo-se incomodada puxou-o para o lado, mas o lençol teimava em permanecer pegado a ela, dando-lhe a sensação de falta de ar. O facto de estarem na cama dela ajudava a intensificar essa sensação. Ellen olhou para Luc que dormia serenamente. Como podia dormir numa cama tão pequena e completamente transpirado?!  Ao vê-lo assim, a falta de ar intensificou-se e Ellen tentou sair da cama para abrir a janela, mas os lençóis enrolaram-se às suas pernas e acabou por cair da cama.
Sentiu uma dor no peito, como se a estivessem a apertar, era tão profunda, tão forte... Fechou os olhos ao sentir uma pontada mais forte e estendeu a mão até ás suas pernas para retirar o lençol. Mas em seu lugar sentiu um braço. Um braço?!

 Assustada abriu os olhos. Ao ver o quarto, iluminado apenas pela penumbra da madrugada, recordou onde estava. Estava na cama de Luc e não na dela! Tinha sido um sonho, um sonho que lhe parecera tão real!
Ao tomar consciência do lugar onde estava, sentiu-se mais desperta que nunca. Tentou levantar-se, mas Luc apertou-a e Ellen sentiu o peito dele nas suas costas. O calor do corpo dele juntou-se ao dela e ela estremeceu ao perceber que Luc também vestia apenas a roupa interior. Ficou imóvel, tentando perceber como acabara ali. Não, isso ela sabia. O que não percebia era como tivera coragem!

A última coisa que recordava com clareza era o beijo de Luc, depois disso, tudo se tornou uma mistura de emoções incontroláveis.

Luc mantinha o corpo dela preso entre o dele e o frigorífico, enquanto as suas mãos a acariciavam por debaixo da camisa e os lábios enchiam o pescoço dela com beijos. Ellen fechou os olhos e deixou-se levar pelo momento. Quando ele lhe deu a mão e a conduziu até ao quarto, ela achou a coisa mais natural do mundo. Assim que entraram no quarto, Luc envolveu-a nos braços e recomeçou a beijá-la enquanto as mãos dele procuravam tirar-lhe a camisola, coisa que conseguiu segundos depois. Os lábios dele percorreram parte do corpo dela levando-a a gemer de desejo. Pouco a pouco, sem parar de a beijar, livrou-se da roupa de ambos e levou-a até à cama, onde percorreu o corpo dela com beijos escaldantes. Ellen julgava enlouquecer de desejo com tanta carícia, quando ele parou e a olhou nos olhos.

- Gostava de te ter conhecido antes.
- Porquê?!
- Uns meros beijos não são suficientes.

Ellen ficara em silêncio, sem saber como interpretar o que ele dissera. Luc deitou-se arrastando-a com ele. Adormecera pouco depois, pois não recordava nada mais, até àquele momento em que acordou acalorada e sentindo o corpo dorido, como se realmente tivessem feito amor por horas.

Afastou aqueles pensamentos, tinha de sair dali e fazer algo para ocupar a mente. Tentou sair da cama mais uma vez, mas apenas conseguiu que ele a aperta-se novamente. Era preferível ficar sossegada, se insistisse em sair da cama, ele iria acordar e ela não se sentia capaz de o encarar sem recordar o sonho. Resignou-se à situação e fixou uma árvore, que com o nascer do dia começava a tomar forma. Podia pensar em mil e uma coisas sem ser nele. Irritou-se ao perceber que o seu cérebro não concordava com ela e negava-se a esquecer Luc e o sonho.


Lera em algum lado que os sonhos eram reflexos de desejos reprimidos. Podia ser, afinal ela desejava Luc!
Desejava-o, mas o desejo que sentia por ele era de tal forma enorme, que se tinha apoderado do seu subconsciente?! E isso, ainda que em sonhos, levara-a a despir-se de toda e qualquer inibição e entregar-se a ele sem pudor!?
Não lhe parecia plausível!  Era apenas um sonho, e não lhe devia dar mais importância que a que tinha! Os sonhos podem ser desejos reprimidos ou adiados, mas não alteram as pessoas! No sonho ela era uma outra mulher, uma mulher sensual que se entregava ao prazer! E ela sabia que nunca seria capaz de se entregar a um homem que mal conhecia, com a ousadia que o fizera no sonho!
Fechou os olhos e respirou fundo sentiu-se agradecida por ser apenas um sonho, se tivesse feito aquelas coisas não sabia como encará-lo! Já  era vergonha suficiente saber que lhe tinha permitido beijar cada milímetro do corpo dela!

 Mexeu-se inquieta, tinha de pensar em algo que não fosse Luc. Tentando esquecer o sonho começou a rever mentalmente o artigo que reescreveria na primeira oportunidade.

" Luc, embora fosse catalogado como um homem frio, era um homem atencioso. Frieza era um rotulo não se aplicava à forma como tratava as mulheres. Os rumores estavam muito aquém do que...



Uma ténue claridade levou Ellen a abrir os olhos. Sentiu-se incomodada ao perceber que Luc sorria olhando fixamente para ela.

- Bom dia.
- Bom dia. - Ellen tentou mexer-se mas Luc não o permitiu - Estás aí à muito tempo?!
- Acho que desde ontem à noite.
- Sabes o que quero dizer.
- Pareces um anjo. - Luc beijou-lhe a testa - Mal posso esperar para ver a tua cara quando fizermos amor.
- Não digas essas coisas! - Ellen tapou a cabeça com o lençol.
- Porque não? - Luc tirou-lhe o lençol - Estás com vergonha!?

Ellen olhou-o sem responder, como explicar-lhe que para ela, era como se já tivessem feito amor!? Que tinha vergonha porque mal o conhecia?!

- És virgem!?
- Claro que não! De onde tiraste essa ideia!?
- Da tua atitude. Pareces uma virgem ofendida.
- Pois lamento informar-te que não sou.
- Nesse caso, não entendo porque ages assim. Somos adultos e sem compromisso. - Luc olhou-a de sobrolho franzido - Ou estás comprometida?
- Não! - Ellen aproveitou a distracção dele e saiu da cama levando o lençol com ela. - Mas se fosse, e tendo em conta o teu historial, duvido muito que isso te impedisse!
- O que queres dizer com isso!?
- Nada. Vou tomar banho.
- Ellen!

Ellen saiu do quarto ignorando-o e arrastando o lençol pelo corredor. Enquanto caminhava para o seu quarto pensava no idiota que devia de parecer. Certamente era a primeira mulher que dormia com ele e saía da cama dele furiosa. Não conseguia perceber porque se sentira magoada, nem porque tinha vontade de chorar ao falar nas mulheres que ele tivera. E segundo as revistas eram imensas! Limpou uma lágrima que caiu teimosamente ao tomar consciência da quantidade de mulheres que tinham passado pela cama dele e aquelas que ainda passariam. Mas apostava que nenhuma dormira com ele! E aí residia o problema, eles dormiram!  Dormira com ele, quando o seu corpo queria muito mais que uns beijos.
Olhou-se no espelho, tinha os olhos brilhantes pelas lágrimas.

- És uma idiota. - Falava para o seu reflexo -  Se ficas assim por um sonho, nem quero imaginar como seria se fosse real. Tens de pensar com claridade, focar-te no motivo que...
- Podes dizer-me o que aconteceu?! - Luc olhava para ela junto à porta.
- Sei que a casa é tua mas, ao menos por educação...
- Deixaste a porta aberta. Nunca forcei a entrada no quarto de uma mulher. Apenas fiquei preocupado contigo.
- Agradeço a preocupação. Mas está tudo bem.
- Depois de te ver falar sozinha, não sei se acredite.
- Mas podes acreditar. Apenas estou a tentar assimilar o que aconteceu.
- O que aconteceu?! Tentas assimilar o facto de dormires na minha cama?
- Que outra coisa podia ser?

Luc sorriu e ela irritou-se. Olhou-o fixamente, se não fosse a confusão mental em que se encontrava também ela acharia a situação no mínimo caricata. Ela enrolada num lençol, encostada à bancada mármore da casa de banho, e ele encostado à porta, vestindo apenas uns boxers. Desejou atirar-se nos braços dele. Sentiu o rubor no rosto. Amaldiçoou-se.  Porque seria que, mesmo em boxers, e com um penso enorme na perna, ela o achava sensual?!

- És a primeira mulher que tenta assimilar o facto de não se passar nada.
- Nada?! - Ellen baixou a vista para o lençol e enrolou um pouco no braço - Para tua informação, eu não durmo em camas alheias. Nem sei porque concordei em dormir contigo!
- Não?! - Luc começou a caminhar na direcção dela - Acho que sabes muito bem,
mas posso relembrar-te.
- Não! - Ellen recuou e bateu com as nádegas na pedra mármore - Podes... eu...
- Posso, o quê?! - Luc colocou a mão no pescoço dela acariciando-o - Sair?! Relembrar-te?!
- Não... Sim! - Ellen fechou os olhos deliciada com o toque dele.

Ellen mordeu o lábio quando ele libertou o lençol da mão dela, e este caiu no chão. A boca de Luc procurou a dela suavemente enquanto, com a ajuda de Luc, as cuecas escorregaram pelas suas pernas. Ellen estremeceu e ele parou de a beijar para a olhar nos olhos.

- Preciso de ti. - Luc sussurrou-lhe.
- Sim...

Luc voltou a beijá-la enquanto a apertava contra ele, fazendo-a sentir a força do seu desejo. Luc apertava-a com tanta força que Ellen estava praticamente sentada na bancada. Entre beijos dificultados, pela respiração ofegante, Luc ajudou-a a terminar de se sentar na bancada e penetrou-a. Ellen agarrou-se ás costas dele, sentindo-se completa. À muito que não sentia uma plenitude assim. A atenção de Luc era dividida entre os movimentos e os beijos que distribuía pelo peito nu dela. Ao ver o reflexo deles na parede de vidro do polibã, Ellen recordou o sonho. O que estava a sentir era muito superior a qualquer sonho ou a qualquer outra sensação que sentira antes.
Luc apertou-a mais fortemente e o corpo dele foi sacudido por espasmos, ao mesmo tempo que ela sentia uma explosão dentro dela.

Luc beijou-a suavemente antes de a ajudar a descer da bancada. Sem dizer uma palavra abriu a torneira e depois entrou com ela no chuveiro. Ao baixar a vista, Ellen viu o penso dele, arrepiou-se ao perceber que ele podia ter aberto a sutura novamente. Ou, apesar da bancada ser baixa, podia ter magoado o ombro.

- Doí-te?!
- Não te preocupes. - Luc abraçou-a e beijou-a sussurrando - Agora está tudo bem.


Ellen lia um livro deitada nas pernas de Luc quando se ouviu o som de um carro. Ela parou de ler e olhou para ele, ainda faltavam alguns dias para que Niel regressasse.

- É Mary. Vem limpar a casa. - Luc levantou-se - Podíamos passear.
- Passear?! Onde?
- Na mata. É um local lindo, para quem gosta de campo.
- Achas que estás apto a caminhar?
- Não me acha apto a caminhar senhora enfermeira?! - Luc puxou-a e rodeou-lhe a cintura - Estou assim tão mal?!
- Sabes que não. - Ellen sorriu - Mas não quero que Niel se...
- Niel não precisa saber. E estás a cuidar muito bem de mim. Reparaste que nunca mais desmaiei?!
- Sim. - Ellen ficou triste momentaneamente, a sua partida estava cada vez mais perto - Bem, sendo assim vamos?


Ellen foi apanhar um casaco enquanto ele foi falar com Mary. Ao chegar à entrada, três mulheres saíam de uma carrinha com sacos e outros aparelhos. Murmuraram um bom dia e entraram em casa sorrindo.

Ellen olhou o céu, estava ligeiramente nublado e uma leve brisa fazia-se sentir. Esperava que não começasse a chover, tomar banho de água gelada não estava nos seus planos. Se bem que um banho com Luc, mesmo que de água gelada, seria certamente memorável. Os corpos molhados tentando aquecer-se junto a uma parede ou mesmo debaixo de uma árvore... As mãos dele percorrendo o corpo sedento dela, levando-a a delirar de desejo...

- Mary diz que vai demorar a manhã toda.

 Ellen permaneceu em silêncio sentindo-se envergonhada dos seus pensamentos e baixou a vista ao perceber que ele a olhava fixamente.

- Está tudo bem?!
- Sim.

 Ellen evitava olhá-lo mas Luc segurou-lhe o rosto e obrigou-a a olhar para ele.

- Que se passa?!
- Nada.
- Nada... Esse rubor é por nada?!
- Acho que foi da mudança de ar.
- Não foi porque nos viram juntos?!
- Claro que não!

Ellen começou a caminhar mas Luc segurou-lhe a mão e puxou-a de encontro ao seu peito.

- Então, não vais colocar nenhum obstáculo se te beijar?!

Ellen olhou-o nos olhos. Porque o faria?! Ela gostava que ele a beijasse, e por ela podia fazê-lo sempre que o entendesse, e na presença de quem fosse. Sorriu ligeiramente e esticou-se para o beijar, pouco depois Luc estreitava-a junto ao corpo e tinha uma mão entrelaçando os cabelos dela.

- Isto responde à tua pergunta?
- Perfeitamente.

Saíram pela parte do muro caído e Luc disse-lhe que podiam ir até à aldeia, pois ficava a cinco minutos por ali. Parou ao perceber que, no dia que chegara, Niel a mandara pelo caminho mais comprido. Quando o disse a Luc este sorriu.


- Então foi propositado?!
- Não propriamente. Niel não sabia se a estrada estava desimpedida.
- Vocês não gostam muito de visitas.
- Os irlandeses somos amigáveis por natureza! - Luc fingiu-se ofendido.
- Fala o homem que afastou quatro enfermeiras com o seu mau feitio!
- Eu tinha um bom motivo.
- As dores não são desculpa!
- Estava à tua espera, por isso as afastei.

Mais uma vez Ellen ficou sem saber que lhe dizer, Luc fazia-a sentir-se especial, como se fosse realmente importante para ele. Mas sabia que não era, era apenas a "enfermeira" que cuidava dele. E sem outra mulher à vista...

- Tens uma bola de cristal?! - Tentou brincar e assim afastar aqueles pensamentos.
- Não preciso. Uma cigana leu-me a sina e vaticinou que depois de um momento trágico, iria encontrar a mulher que mudaria a minha vida.
- E acreditas nisso?!
- Porque não?!
- Sina, cartas e leituras são apenas maneira de tirar dinheiro ás pessoas.
- Leu-me a sina como meio de pagamento. E não digas isso na aldeia ou terás inimigos para toda a vida.
- Então ainda bem que não vou ficar muito tempo.
- Não?!
- Assim que Niel chegar, não precisas mais de mim.
- E se disser que preciso?!
- Estarias a mentir e eu a concordar com a mentira. - Ellen caminhou um pouco e depois olhou para trás - Estavas a dizer que mandaste derrubar o muro, vais fazer obras?!
- Pensei nisso, mas agora não sei. Talvez coloque à venda a propriedade.
- Vais vender a casa dos teus pais?!
- Porque não?! Não sou sentimentalista.
- Eu seria incapaz. Mas a casa é tua. - Ellen sentiu uma tristeza apoderar-se dela - Não tens medo que invadam a propriedade com o muro caído?! Eu teria mandado colocar um portão no dia seguinte.
- Supostamente já devia de estar colocado. Mas o empreiteiro adoeceu e eu tive o acidente. Certas coisas ficaram em segundo lugar.

Luc começou a caminhar e Ellen teve de apressar o passo para o acompanhar. Passearam em silêncio pela mata adjacente à mansão. Ellen sentia que algo tinha acontecido para mudar o humor dele, mas não conseguia perceber o porquê! Talvez fosse mais sentimental do que queria admitir, e separar-se da casa que o viu crescer, não fosse assim tão simples. Ali tinha todas as recordações da sua mãe e da sua infância, era preciso um coração muito duro e frio para não se incomodar com isso. Mas não era assim que as revistas o descreviam?! Um homem frio e duro?! Afastou aqueles pensamentos, não tinha porque preocupar-se com isso. Mais alguns dias e regressava a casa e à sua vida.

 As árvores ainda pingavam o orvalho da madrugada, Ellen estava distraída com a paisagem e escorregou numa pedra. Luc tentou segurá-la mas não conseguiu evitar que ela ficasse sentada no chão.

- Magoaste-te?! - Luc estendeu-lhe a mão - Devia de ter esperado por ti e não deixar-te para trás.
- Não te preocupes. Estou bem. - Ellen aceitou a mão dele e olhou para as calças molhadas. - Bolas, as minhas calças preferidas!
- Prefiro ver-te sem elas.

Ellen olhou para ele, parecia o Luc de sempre. Sorriu-lhe.

- Agora não dá jeito.
- Gostava de te deitar sobre a erva molhada, tirar-te a roupa e beijar o teu corpo sob a luz das estrelas.
- Não à estrelas...
- Posso resolver isso.
- Acredito que sim.

Quando Luc a beijou, Ellen apenas sussurrava. Tinha plena certeza que ele era capaz de fazer aparecer estrelas e a lua também. Na noite anterior ela própria as tinha visto quando fizeram amor.





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