Marc não respondia ao seu email e isso mexia com o seu sistema nervoso impedindo-a de dormir. Sentindo-se "abafar" saiu de casa em plena madrugada achando que depois de uma caminhada ia ficar mais calma, mas a única coisa que conseguiu foi molhar-se ao ser apanhada desprevenida por uma trovoada obrigando-a a dar por terminado o seu passeio.
Quando a água quente tocou na pele gelada todo o seu corpo reagiu à diferença de temperatura com pequenas picadas. Tentando acelerar o aquecimento esfregou-se energicamente até o corpo reagir ao calor.
Sentindo-se nervosa demais fez um chá e ficou observando a chuva que caía lá fora. Nesse instante viu-o. Marc parava o carro junto à sua casa. Quando a campainha soou hesitou antes de abrir.
- Podemos falar?
- Bom dia para ti também!
- Desculpa. Bom dia.
- Que queres?
- Como disse anteriormente, falar.
- Muito bem. - Bella desviou-se para ele passar - Entra.
Bella sentiu o aroma do afther-shave dele e as recordações dos dias na neve pareciam mais frescas que nunca.
- Tens alguma dúvida quanto ao fim de semana?
- Nenhuma porque não vou. - Bella sentou-se. - Coisa que saberias se visses o email que te enviei!
- Eu vi. - Ele falava calmamente - Mas não explicaste o motivo que te impede de me acompanhar.
- Tenho outros compromissos. Ou achas que és o único cliente que tenho?!
- Sei que não, mas os outros clientes não me interessam! - A calma dele desapareceu - Vais comigo e ponto final!
- Era o que faltava! - Bella levantou-se exasperada - Não podes simplesmente por e dispor do meu tempo!
- Apenas pretendo que cumpras o que acordámos.
- Nunca faltei às minhas responsabilidades! - Bella olhou-o magoada - Eu não vou mas podes ter a certeza que Graça...
- Nem penses! - Marc olhou para ela com o sobrolho franzido e depois falou mais calmamente - Ora vejamos... Não precisei de ti esta semana, por isso deves-me cinquenta e seis horas, mais trinta e duas da semana passada dá um total...
- Espera aí!
- Oitenta e oito horas. - Marc ignorou o comentário dela - Descontando duas horas para cuidares de Fénix...
- Estás...
- No sábado espero por ti no solar, isto se não queres ver-te a braços com um processo judicial.
- Desculpa?! - Bella olhou-o sem querer acreditar no que ouvia
- Se enviares alguém podes ter a certeza que vou apresentar queixa por incumprimento!
- Incumprimento?!
- Acho que já o tinha mencionado, mas posso sempre refrescar-te a memória. Foste tu que assinaste o contrato por isso exijo que sejas tu e não outra pessoa a realizar todas e quaisquer tarefas que necessite!
- Tenho funcionárias para me ajudarem é mais que normal elas...
- No contrato não menciona outras pessoas, por isso tens duas opções. Ou apareces no sábado e esqueço esta conversa ou terás noticias do meu advogado!
- Tu não serias capaz!
- Não?! - Marc segurou-lhe um braço - Não sabes do que sou capaz para conseguir o que quero.
Dito isto olhou-a furiosamente e saiu deixando-a a assimilar aquela discussão que lhe parecia do mais surreal possível! Quando Graça tocou à campainha ela ainda se sentia como a Alice no país das maravilhas! Só que de maravilhoso aquela situação não tinha nada!
Durante todo o dia não conseguiu esquecer aquela conversa e no fim da tarde sentou-se em frente ao computador disposta a encontrar na internet algo que a apoiasse. Algo que provasse que Marc não tinha razão, mas por muitas páginas sobre leis laborais que abrisse tal não acontecia.
Não entendia muito de leis mas o pouco que conhecia sabia que, se ele o pretendesse, podia apresentar queixa. E se fossem a tribunal possivelmente ele venceria, pois ela não tinha como provar que alguns dos pedidos dele eram absurdos!
Mas como em tudo, absurdo ou não, tudo era relativo, pois ninguém tem as mesmas prioridades e muito menos a mesma perspectiva. O que para uns era urgente para outros podia não ser e vice-versa. E ela tinha-se comprometido a acompanhar os seus clientes sempre que estes o necessitassem. Não lhe restava outra alternativa a não ser fazer o que ele queria. Ou seja, tratá-lo como se fosse o seu único cliente. Aquela situação lembrou-lhe uma frase que o pai dizia muitas vezes. " O normal da vida é cometeremos erros. O essencial é tirar de cada um uma lição e não voltar a cometê-los"
E ela tinha aprendido aquela. Contratos nunca mais! Ou então iria a um advogado para lhos redigir e com tudo muito bem explicado! Nem que este tivesse cinquenta páginas!
Sentindo-se desanimada desligou o computador e sentou-se a ver as notícias.
Bella terminou o banho e vestiu a camisa de Marc sobre a pele nua. Quando entrou no quarto olhou para Marc que a esperava na cama e lhe seguia os movimentos sorrindo. Sabia o que ele queria, sentindo-se extremamente sedutora começou a tirar a camisa e a caminhar lentamente em direcção à cama. Marc beijou-a apaixonadamente e deitou-a na cama onde lhe percorreu o corpo com as mãos... Os lençóis de seda pareciam gelo sob a pele nua... os beijos queimavam como fogo mas iam aumentando o seu desejo... de repente Marc parou e saiu da cama... Bella estendia a mão tentando alcançá-lo mas ele estava cada vez mais distante... Tentou chamá-lo mas não conseguia pronunciar o seu nome. Doía-lhe a garganta, o coração batia descompassado... Marc estava longe do seu alcance... Nunca mais o veria... Acordou sentindo uma dor incontrolável.
Ao ver a lareira percebeu que mais uma vez adormecera no sofá e voltara a sonhar com ele. Lágrimas de frustração caíram pelo seu rosto perante a falta de controle dos seus próprios sentimentos. Por entre as lágrimas olhou para o relógio. Nove da noite! Tinha toda uma noite de insónias ou sonhos eróticos pela frente!
Sentindo a cabeça latejar fez café e sentou-se a olhar as chamas com a chávena na mão. Apesar de tudo sentia-se atraída por Marc. Sorriu sarcasticamente ao recordar os poucos homens que tinham passado pela sua vida, os poucos com quem tinha partilhado a mesma cama! Bruno, casado e crápula! Marc, solteiro, arrogante e que pensava que tinha nela uma escrava!
Ela tinha um dom... Só podia! Um dom para se sentir atraída por homens que não prestam! Ou seria mais uma maldição?!
Enquanto arrumava o sofá pensou que estava na hora de mandar fazer uma chave para Graça.
Ia subir para tomar banho e vestir-se quando o som da campainha ecoou na casa silenciosa. Olhou para o relógio, ainda era muito cedo para Graça chegar, isto se esta não sofresse do mesmo mal de Marisa que chegava sempre uma hora antes. Apertando o roupão abriu a porta.
- Mário! - Bella admirou-se de ver o antigo colega de escola - Aconteceu algo à tua mãe?!
- Graças a Deus está bem. Isto é, para a idade dela.
- Ainda bem. Entra. - Bella olhou para a chuva que caía copiosamente - Então que fazes aqui?! O dia convida a ficar em casa.
- É mesmo. De preferência em pijama e enroscado no sofá a ver televisão.
A referência ao pijama recordou-lhe que ainda não se tinha vestido.
- Desculpa a indumentária! Ia agora mesmo vestir-me.
- Eu é que peço desculpa por vir incomodar-te tão cedo.
- Não te preocupes. - Bella ofereceu-lhe uma chávena de café e indicou o sofá.
- Obrigada.
- Como está Elisa?
- Vai indo. - Mário baixou a vista - Ainda não se mentalizou mas com o tempo chega lá.
- Algum problema?
- Não necessariamente. - Mário serviu-se de mais café - Elisa foi despedida...
- Sinto muito.
- E... - Mário olhou para ela e disse repentinamente - Sabes que a minha mãe já tem uma certa idade. E que por isso te contratámos.
- Sim...- Bella não estava a gostar daquela conversa.
- Por isso pensámos em levar a minha mãe para viver connosco. Elisa pode cuidar dela, os miúdos já não precisam tanto de nós e agora...
- Mário! - Bella percebia o que ele queria dizer e o muito que lhe estava a custar dispensar os serviços dela. Conhecia-o desde os tempos de criança, sempre fora honesto e cumpridor da sua palavra. Se havia homens de carácter, ele era um deles. - Não precisas explicar.
- Devo-te ao menos uma justificação!
- Sei que pensas assim mas é desnecessário.
- De verdade que entendes?
- Claro que sim. - Bella colocou a mão sobre a dele - É uma perfeita idiotice continuares a pagar-me quando Elisa está desempregada.
- Temia que ficasses ressentida.
Depois de assegurar a Mário que não ficava ressentida e que iria visitá-los quando fosse a Coimbra acompanhou-o à porta. Graça estava a chegar quando eles se abraçavam em jeito de despedida.
- Estou a ver que a noite foi boa. - Graça sorriu quando ela entrou em casa.
- Depende do ponto de vista. - Bella agarrou as chávenas ignorando o comentário dela - Mário veio dispensar os nossos serviços.
- Porquê?!
- Porque a mulher está desempregada e agora pode cuidar da mãe dele.
- Ou seja menos um cliente.
- Assim parece.
Bella entrou na cozinha para lavar as chávenas e perdeu-se nos seus pensamentos enquanto olhava a chuva. Não tinha pensado na possibilidade de ficar sem uma boa parte dos seus clientes. Se todos optassem por viver com os familiares, depressa ficava em apuros económicos. Se bem que tinha a limpeza das casas do sr Abreu e as limpezas...
- Bella. - Graça aproximou-se dela e falou como se estivesse a contar um segredo.
- Sim?!
- O dr Garcia está ali. Diz que tem urgência em falar contigo.
- Acredito que sim! - Bella respondeu sarcástica e continuou a olhar para a pia.
- Não o vais receber?
- Vou, mas não agora! Diz-lhe que tenho algum tempo livre ás onze. - Bella olhou para a água na pia e lembrou-se que o contrato a obrigava a fazer o que ele queria. Ele insistia em que fosse ela a tratar de tudo o que lhe dizia respeito. Muito bem! Ela falaria com ele, mas desta vez teria de esperar e falariam enquanto ela trabalhava - Deixa, eu vou falar com ele.
- Não queres ir vestir algo?
Bella olhou para o seu pijama e sorriu. Mesmo que não tivesse dormido com Marc, duvidava que houvesse alguém na vila que não a tivesse visto de pijama! Nos primeiros dias na aldeia achava estranho as pessoas irem em pijama deitar fora o lixo, comprar pão, levar os cães à rua... Todas as tarefas que fossem realizadas nas imediações da própria habitação não requeriam outra vestimenta, que em pleno inverno e no melhor dos casos era acompanhado de um roupão. Com o tempo teve de concordar que era muito prático e ela mesma tinha adoptado o pijama como parte da sua indumentária nas tarefas domésticas. O que horrorizava Marisa e a julgar a sua expressão, Graça também não gostava muito.
Bella agarrou um casaco e dirigiu-se à sala. Marc estava sentado no sofá no mesmo lugar onde ele a tinha...
"Concentra-te Bella Martins! " Ordenou-se e fechou os olhos afastando aqueles pensamentos.
- Bom dia! - Bella colocou o casaco em cima do sofá.
- Bella...
Marc acenou com a cabeça e olhou-a de cima a baixo e um sorriso formou-se ao ver o pijama ás riscas verdes. Bella notou que ele estava mais calmo, o olhar estava triste, como se algo o incomodasse. Tentou não pensar nisso.
- Graça disse que precisas falar comigo.
- Sim. Se não esperares mais ninguém agradecia que pudesses dedicar-me algum tempo.
- Que queres dizer com isso?
- Apenas que vi sair um homem quando estava chegando.
- Estás a falar de Mário?! - Bella olhou para ele perguntando-se se já estava ali quando Mário chegou.
- Não sei. Apenas o vi sair e fiquei inseguro quanto à minha visita matutina.
Bella olhou para ele tentando perceber o que tinha provocado aquela mudança de atitude.
- Mário veio prescindir dos meus serviços.
- Sinto muito.
- Obrigada. - Bella não sabia como reagir perante aquele novo Marc - Eu preciso sair mas podemos falar. Isto se quiseres esperar enquanto me visto. Graça pode servir-te um café.
Sem lhe dizer nada mais subiu e demorou mais que o habitual. Sabia que estava a testar a sua paciência mas saber que ele estava na sala à espera dava-lhe um certo prazer e saboreava aquele momento como se de uma pequena vitória se tratasse.
Vestiu as calças de ganga pretas e uma camisola cinza e apanhou o cabelo com um elástico. Enquanto descia parecia-lhe ouvir vozes... Em francês?!
- ...oui maman... Je te le promets.
Ao vê-la desligou o telemóvel e olhou-a seriamente.
- Graça saiu.
- Eu sei. - Ela olhou para o relógio.
- Podemos falar agora?
- Por mim tudo bem, desde que não te importes de me acompanhar.
- Acompanhar-te? - Marc olhou-a com o sobrolho franzido.
- Sim. Tenho horários a cumprir e estou no limite, mas podemos falar.
- Preferia falar aqui.
- Eu também preferia muita coisa mas a vida não é como queremos! - Bella recordou as palavras dele e acrescentou ironicamente - Por isso tens duas opções: Vens e falamos ou ficas e falamos outro dia.
Bella notou que ele hesitava, podia ver isso no seu olhar mas ao vê-la agarrar no casaco respirou fundo e segui-a.
Caminharam lado a lado em silêncio e Bella sentia o silêncio como uma faca pendendo sobre a sua cabeça mas não ia dar a entender que aquela situação a incomodava!
A vivenda do sr Fernando apareceu ao fundo da rua como um oásis no deserto e Bella respirou fundo ao tocar à campainha.
- Olá Bella. - O sr Fernando olhou para Marc e sorriu - Novo ajudante? Acho muito bem teres um homem a ajudar-te.
- Bom dia sr Fernando. Como está?
- Acho que aquele gel que me deste é milagroso, já não me doem tanto as costas.
- Eu não lhe disse?! E Timi e Milly?
- Agitados como sempre. Esperam a tua vinda com mais ansiedade que eu! Tu bem tentas esconder mas eles sabem o que lhes trazes.
O sr Fernando soltou uma gargalhada e entrou em casa deixando a porta aberta. Bella olhou para Marc quando ele voltou as costas para a porta.
- Eu não o fazia.
- Porquê?!
Mas ela não teve tempo de responder pois nesse instante dois enormes bulmastife castanhos saíram a correr de casa e quase o derrubaram. Um deles parou junto a Marc cheirando-o enquanto o outro dava voltas junto a ela parecendo ignorar a nova visita.
- Não te disse?! - O sr Fernando reapareceu com as trelas - Timi parece-me mais gordo. Não achas?
- É impressão sua... Eu acho que está na mesma.- Bella acariciou o animal ignorando a dissimulada repreensão do sr Fernando - Mas seja como for, ele é lindo de qualquer forma. Bem, já voltamos.
- Até já. - O sr Fernando acariciou os animais - E vocês portem-se bem.
Segurando as trelas Bella começou a caminhar em direcção ao portão.
- Espera. - Marc retirou uma trela das mãos dela. - Que queria ele dizer com aquilo?
- Com o quê?
- O facto de tentares esconder algo.
- Oh... Isso. - Bella sorriu - Biscoitos para cão. Trago sempre alguns. Como achas que os consigo controlar?
Por uns minutos caminharam pela vila num quase silêncio, que era apenas quebrado por alguns latidos.
- Não entendo! - Marc parou junto a ela enquanto ela acariciava Mily.
- O quê?
- O que leva uma pessoa da idade dele a ficar com dois cachorros deste porte. Quantos anos tem? Setenta?!
- Setenta e dois.
- Dios mio!
- E encontrou-os no contentor do lixo. Estavam dentro dum saco e quase não respiravam...
- Mas quem faz uma coisa dessas?!
- Infelizmente muita gente.
Bella olhou para os animais e levou uma mão ao bolso. O gesto não passou despercebido aos animais que se sentaram olhando para ela. Bella tirou-lhes as trelas e deu um biscoito a cada um antes de os ver desaparecer pelo campo.
- Às vezes pergunto-me o que será deles o dia que o sr Fernando falecer.
- Como assim?
- Eles são apenas uns cachorros e o sr Fernando... - Bella encolheu os ombros - Como tu mesmo disseste, tem uma certa idade e eles precisam de quem os ame e de espaço. Pensei ficar com eles mas...
- Quando isso acontecer podem ficar no solar.
- No solar?! - Bella olhou para ele tentando perceber de onde saíra aquele Marc.
- Claro. À imenso espaço e acho que seriam felizes lá.
Nesse instante, como se percebessem que falavam deles, aproximaram-se e Mily começou a cheirar Marc. Ao ver como ele acariciava o animal desejou ser ela o alvo daquelas carícias, queria sentir as mãos dele no seu corpo...
Não tinha como negar o que se passava no seu interior. Desejava-o! Desejava-o tanto que o peito parecia explodir de dor e desejo! Temendo revelar com o olhar o que sentia afastou-se com Timi.
Naquele momento recordou Marisa. Esta vivia com um homem que não amava mas que a satisfazia sexualmente. Casara muito jovem tentado encontrar a felicidade junto do homem que amava mas este não nutria o mesmo sentimento por ela e como um canalha tinha-se aproveitado desse amor e depois de lhe deixar a conta bancária vazia desaparecera. Desiludida com os homens jurou nunca mais se apaixonar. Marisa dizia inúmeras vezes que o companheiro a irritava pela atitude algo "mole" mas que pelo menos sabia com o que podia contar.
Olhou novamente para Marc. Estaria ela também condenada a sentir o fogo do desejo mas não a doçura do amor?! Seria ela como Marisa?!
- Está tudo bem? - Marc colocou a mão no seu ombro - Estás a pensar em Mário?
- Em Mário?! - Bella olhou-o e sentiu um desejo enorme de se atirar nos braços dele. - Porque estaria a pensar nele?!
- Não sei. Diz-me tu.
- Marc... - Bella estava consciente das sensações que a mão dele transferia para o seu ombro - Por favor, não tenho cabeça para enigmas. Dormi mal e não estou com disposição para discutir.
- Ainda bem...
Sem desviar o olhar do dela Marc aproximou-se lentamente da boca dela e depositou pequenos beijos ao seu redor antes de a beijar profundamente. Bella não resistiu e entregou-se àquele beijo que se tornava mais exigente.
- Senti a tua falta. - Marc afastou a boca ligeiramente - Não sabes como...
E voltou a beijá-la. Bella sentiu uma ponta de felicidade e rodeou o pescoço dele aproximando-o mais dela. Pouco depois foram forçados a parar por uma leve chuva.
- Acho melhor regressarmos.
- Sim. Não querias falar comigo?
- Pode esperar até ao momento em que me expulses novamente da tua casa.
Marc sorriu ao mesmo tempo que segurava a mão dela e com a maior naturalidade caminharam lado a lado seguidos por dois animais molhados mas felizes.
Bella olhou para Marc, este dormia e o sol estava quase a nascer, mas desta vez não o ia acordar. Não estava preocupada com o que as pessoas podiam pensar. Era livre e ele também.
Saiu da cama lentamente e ao ver a camisa dele, recordou o sonho e não resistiu, vestiu-a. Sorrindo pela sensação que lhe proporcionava desceu.
Havia uma coisa que queria fazer e estava decidida a isso. Ligou o computador e procurou a planta da sua casa. Precisava separar o escritório da restante habitação. Por uma questão de privacidade e porque era mais prático. Marisa tinha uma chave de casa e tinha de arranjar outra para Graça pois para terem acesso ao escritório, assim como ao local que usavam como armazém para os produtos de limpeza, tinham de passar pela sala. Se conseguisse arranjar uma licença para...
- Vais comprar casa?! - Marc beijou-lhe o pescoço.
- Não. - Bella fechou os olhos ao sentir o desejo percorrer o corpo - Quero fazer obras.
- Obras...
- Sim. Abrir uma porta.
- Para me expulsares mais depressa?! - Ele voltou a cadeira e olhou-a fixamente.
- Não... Para ter mais privacidade. - Bella sorriu provocante - Mas se quiseres ir avisa. Tenho a tua camisa.
- Acho que vou ficar mais um pouco... Para ajudar-te. - Marc beijou-a - A tirar a camisa....
- Oh... E eu a pensar que falavas da porta!
- Desiludida?!
- Muito...
Bella despiu a camisa e colou o corpo ao dele mostrando como estava desiludida com ele. Pouco depois Marc subia as escadas aos tropeções pelos beijos que iam trocando pelo caminho até ao quarto.
As conversas no andar de baixo anunciavam a chegada de Marisa e Graça. Bella dirigiu-se à cama e beijou o ombro de Marc.
- Tenho de descer, tu podes ficar se quiseres.
- E se descer?!
- Desces... - Ela beijou-lhe os lábios e ele segurou-a - Agora deixa-me, tenho uma viagem agendada e preciso resolver umas coisas antes.
- Vou obedecer...contrariado! Espero receber alguma compensação pelo sacrifício.
- Prometo pensar no assunto.
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