quarta-feira, 1 de novembro de 2017

APÓS O ENTARDECER 15ª PARTE



- Mell?! - Diana parou de brincar e olhou para o chão - Tu vais casar com o pai?
- Sim.

Mellisa prestou mais atenção à expressão de Diana, esta parecia-lhe triste. Era primeira vez, desde que se tinham mudado para o apartamento, que Diana se mostrava cabisbaixa.

- Queres falar sobre isso?
- O quê?!
- Sobre o casamento.
- Não sei...
- Não queres que me case com o teu pai?
- Tenho de te chamar mãe?
- Não! Claro que não. - Mellisa segurou-lhe o rosto de forma a ver-lhe os olhos - O facto de me casar com o teu pai não faz de mim tua mãe.
- Não gostavas de ser minha mãe?!
- Gostaria imenso de ser tua mãe. Infelizmente não sou, mas isso não me fará gostar menos de ti.
- Depois de casares vais continuar a gostar de mim?!
- No meu coração serás sempre a minha princesa.
- Sempre?!
- Sempre... Prometo.
- Gosto de ti.
- Eu também linda. - Mellisa envolveu Diana num apertado abraço - Eu também...
- Está tudo bem? - Joshua juntou-se a elas.
- Sim. Estamos apenas cansadas de esperar por ti.
- Demorei assim tanto?
- Uma eternidade! Não foi linda?!
- Sim. E o pai natal já se foi embora.
- Se não estiver lá, vamos ao Polo Norte procurá-lo.
- Sério?!
- Claro! - Joshua apanhou o casaco dela - O teu cachecol?
- Está no quarto.

Mellisa levantou-se mas Diana adiantou-se.

- Eu vou.
- Não demores. - Joshua olhou para Mellisa - Que se passou?
- Nada.
- Nada... - Joshua franziu o sobrolho - Tens a certeza?
- Absoluta.
- Posso levar este? - Diana mostrou um cachecol rosa.
- Sim. Ficas linda.

Mellisa segurou a mão de Diana e, perante o olhar atento de Joshua, saíram cantando músicas de Natal como duas crianças.
Faltavam pouco mais de duas semanas para o Natal e os centros comerciais estavam cheios de crianças que arrastavam os pais de loja em loja. E Diana não era excepção, depois de verem o pai natal iniciaram a excursão pelas diversas lojas, todas elas cheias de brinquedos.
Depois de percorrerem o que pareceu a Mellisa uma imensidão de lojas, regressaram a casa com Diana levando um enorme urso de peluche debaixo do braço e que a acompanhou até adormecer.

- Não me vais dizer que aconteceu?
- Quando?
- Antes de sairmos. Diana não soltou a tua mão por um segundo.
- Estás com ciúmes da tua filha? - Mellisa evitou responder.
- Devo ficar preocupado?
- Com Diana?
- Contigo. - Joshua ficou sério - A atitude dela para contigo deixou-me apreensivo. Deu-me a ideia que sabe que vais partir a qualquer momento. E como vou de viagem...
- Não tens porque ficar preocupado. - Mellisa interrompeu-o - Quando regressares estaremos aqui à tua espera.
- Amo-te. Ficaria destroçado sem ti.
- Dizes isso porque me queres levar para a cama. - Mellisa tentou brincar apesar do nó na garganta.
- Também - Joshua sorriu levemente - Não tens noção do muito que significas para mim.
- Certamente o mesmo que tu para mim.

Joshua beijou-a ternamente e abraçou-a antes de se dirigirem para o quarto onde mostraram o quanto se amavam.



Mellisa atirou com as calças para cima da cama e reabriu o roupeiro. Não sabia mais que vestir!
Durante a última semana tinha dificuldade em sentir-se bem na sua roupa, a maioria causava-lhe um certo desconforto e acabava por vestir um vestido ou um macacão, mas Joshua chegava nessa noite e trazia com ele uns amigos que lhe queria apresentar.
Quando lhe telefonou do aeroporto pediu-lhe que estivesse pronta para sair pois iam jantar fora.
Meia hora depois do telefonema Diana estava pronta e sentada no sofá, apenas restava ela acertar na roupa. Embora fosse um jantar informal, não queria ir demasiado simples.
Depois de descartar todos os seus vestidos de noite, optara por umas calças pretas de linho e uma blusa branca, mas as calças, apesar de terem um corte amplo faziam-na sentir-se desconfortável quando se sentava, chegando a sentir falta de ar.
Sem mais opções que lhe agradassem, acabou por vestir as calças, afinal apenas se sentia incómoda quando se sentava.
Colocou a blusa por fora das calças para disfarçar o facto que o cinto não chegava a formar o suposto laço e olhou-se no espelho. Não ficava mal de todo e o melhor de tudo era que não sentia qualquer desconforto. Contente com o resultado final juntou-se a Diana na sala onde Joshua já se encontrava com os amigos. Depois das devidas apresentações saíram para o restaurante, devido ao adiantado da hora o trânsito era intenso o que fez a viagem prolongar-se. Mellisa começou a sentir falta de ar e abriu o vidro.

- Estás bem?! - Joshua olhou para ela - Se tens calor posso desligar o ar condicionado.
- Não tenho calor... Apenas preciso de...


 Mellisa sentiu algo frio no rosto e levou a mão até lá. Um tecido molhado cobria a sua testa, ao tentar retirá-lo uma mão forte segurou a sua.

- Sente-se melhor?

 Abriu os olhos lentamente e viu um enfermeiro sorrindo para ela.

- Que aconteceu?!
- Desmaiou. O seu marido está com o médico.
- Diana... - Mellisa percorreu com o olhar a sala de paredes brancas - Onde está?
- Refere-se à sua filha?
- Sim... - Mellisa tentou levantar-se - Onde está?
- Deixe-se ficar deitada. Ainda está...

O enfermeiro calou-se ao ouvir a porta abrir. Um médico entrou acompanhado por Joshua.

- Onde está Diana?! - Mellisa sentou-se na cama apesar dos protestos do enfermeiro.
- Está bem. - Joshua sentou-se junto a ela - Como te sentes?
- Bem. Quero ir para casa, nem sei porque estou aqui.
- Desmaiastes.
- O que é normal dadas as circunstâncias.
- Circunstâncias?! - Os dois olharam para o médico.
- Sim. - O médico sorriu - Vão ser novamente pais.
- Pais?!
- Novamente?!
- Parabéns!

O médico deixou-os a sós e eles olharam-se em silêncio por uns segundos.

- Pais... Deus do céu... - Joshua olhava para ela emocionado. - Vamos ser pais...
- Novamente.
- Pois...novamente. - Joshua beijou-a ternamente.
- Que dirá Diana?!
- Acho que ficará contente. E feliz por saber que não estás doente.
- Pobre criança... Deve estar assustada.
- Um pouco. Foi complicado acalmá-la, não queria deixar a mãe sozinha.
- A mãe?!
- Sim... Adormeceu naquela cadeira. - Joshua acenou para uma cadeira junto à cama - Estava sempre a segurar a tua mão. Estás a chorar?! - Joshua abraçou-a e beijou-lhe as lágrimas - É suposto estares feliz.
- E estou... Não imaginas como estou.


Dezoito meses depois Mellisa e Joshua olhavam Diana que brincava com o irmão. O sol escondia-se no horizonte pintando o mar da costa brasileira de um vermelho alaranjado.

- Acho que será uma boa ama. - Mellisa segurou a mão de Joshua.
- Sim, também acho. Pelo menos até que se canse.
- Espero que não se canse depressa demais. Conto ter ama para os próximos irmãozinhos.
- Próximos...
- Sim, pelo menos mais dois. Achas bem?
- Acho esplêndido.



                                     

                                                   FIM




4 comentários:

  1. Como sempre gostei, além de a uma altura ter andado um pouco perdida. Pois comecei a fazer a história na minha cabeça. Mas ficou muito melhor do que eu imaginei na minha cabeça. Muitos, mas mesmo muitos parabéns , continua para eu poder ler mais.

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    1. Obrigada Pocahontas. Adoro quando mexo com a vossa imaginação ;)
      Beijinhos e conto ver-te por aqui em futuras histórias <3

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  2. Também adorei, até me emocionei. Parabéns!

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    1. Obrigada Serões da Inês. Fico muito feliz por saber que gostaste.
      Beijinhos e até à próxima :) <3

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